terça-feira, 31 de julho de 2007

complementando o post do Marcelo

.... a foto do detalhe do bolo da filha do picolé.
De chuchu.



E.. adivinha onde foi a festa civil? hein? hein?

Olhaí. 


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domingo, 29 de julho de 2007

Folha se Revolta

Sou leitor da Folha de São Paulo há muitos anos. Nesse tempo todo, adquiri uma necessidade de me manter informado, ler o jornal se tornou um hábito diário.

A Folha já foi um jornal com tendência centr-esquerdista, mas isso já faz muito tempo. No governo Lula, a folha tem se mostrado um jornal virulento, qualquer fato negativo é usado para bater no que eles chamam de "lulo-petismo".

Ainda assim, pra quem não lê o jornal (o caderno principal), o jornal pode parecer isento, e de vez em quando soltam alguns artigos ironizando a elite brasileira, como se não fosse esta a grande responsável pelo consumo da imprensa escrita no país. Menos frequentemente, aparecem coisa engraçadíssimas.

Na edição de hoje, saiu essa charge engraçadíssima do Angeli:

Genial, né? A elite protesta contra "o estado das coisas"

Exatamente embaixo dessa charge, um artigo do Clóvis Rossi, indivíduo em processo de mutação há uns anos, falando sobre o "Movimento Nossa São Paulo", movimento apartidário, de gente como ele, que "cansou" da situação atual, ou seja, "do estado das coisas".

Não sei se alguém pensou nisso, se a coincidência era inevitável, já que na Folha, Angeli e Clóvis Rossi fazem parte de um seleto grupo de imexíveis, publicam o que bem entendem. Obviamente, Rossi é muito mais imexível que Angeli, e reflete bem o que pensa o conselho editorial do diário.

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Outro "ataque" as elites, foi uma nota da coluna social incluída no caderno Brasil, por se tratar de casamento de gente VIP, a filha do Alckmin. Vou transcrever aqui uns trechos curiosos:

Sophia Alckmin "fecha" mosteiro paulistano para receber vips em cerimônia

Com um pincel de blush na mão esquerda e um tubo de spray na direita, o maquiador Marcos Proença junta-se aos repórteres e fotógrafos que cercam o Ômega preto à chegada da noiva, Sophia Alckmin, e do pai dela, Geraldo:
"Vim para finalizar a Sophia", explica Proença, com os braços suspensos e os cotovelos flexionados em forma de asa, sem decidir se olha para a cliente ou para os flashes.

(...)

Seguranças barram a entrada de quem não é convidado, como se o mosteiro de São Bento fosse uma balada:
"A Carla já vai vir conversar com vocês", eles informam aos repórteres. Carla quem?

(...)

Um amigo de Sophia chamado Mateus Mazzafera chega. Repórteres de sociedade informam que "ele trabalha na Vogue Itália": mas faz o quê? Não importa.

(...)

Não é fácil se informar com os setoristas de festas. Uma mulher de cabelos ruivos e armados, olhos bem abertos, com a expressão de quem ouviu um segredo assustador e nunca mais se recuperou, é muito fotografada descendo de um jipe importado. Quem é? Não importa. (hahahaha!!! Gabriel, desenha isso e cola aqui)

(...)

"Vimos muita gente entrando", diz o gaúcho Carlos Longa, em visita à cidade com a mulher. "O Serra, o Maluf, Deus me livre, a Ana Maria Braga, a Regina Duarte.."
"Dona Regina Duarte sempre foi uma patroa muito humana" (???), assegura a faxineira Benedita Campos, 66.
Hebe Camargo é a primeira a sair da igreja. Por quê? "Porque o casamento acabou!", responde, alterado, o sobrinho da apresentadora, Cláudio Pessutti. Numa atitude típica de papagaio de pirata, Pessutti protege a tia dos fotógrafos: como se fosse uma tortura, para Hebe Camargo, lidar com o assédio deles.
"Por que vocês não entraram na igreja?", pergunta Hebe aos repórteres, com sua expressão mais distraída.

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Que comédia!







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(agora, uma alteração do post original feita em 15/08/2007 por Gabriel)

... Atendendo a pedidos...

... eis uma primeira interpretação.



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sexta-feira, 27 de julho de 2007

O diabo veste Nike

Competições do porte de uma Olimpíada, Copa do Mundo e até mesmo os jogos pan-americanos colocam em pauta diversas discussões acerca do esporte e da competitividade humana, em várias escalas.
Por muito tempo, os jogos olímpicos foram utilizados politicamente no jogo de forças entre o mundo capitalista e os comunistas, como propaganda de excelência em esportes, e utilização da comoção provocada pelos resultados dos atletas que representam cada país.
Outro dia li uma reportagem sobre a Suécia, notoriamente um dos países mais prósperos do mundo, tanto economicamente quanto socialmente. Por aquelas bandas, o esporte é visto como fator importante para a qualidade de vida da população, principalmente sob o ponto de vista da saúde. Resultado: anos e anos de investimento na difusão de diversas modalidades fizeram da Suécia uma potência em diversos esportes. Esse investimento todo não teve como finalidade o esporte de alto desempenho, mas sim a difusão do esporte como “coisa saudável”.
Como justificar então, o investimento no esporte de alto rendimento, qual é a importância de medalhas olímpicas para um país?
Simples: o tamanho da indústria dos esportes, das marcas, da mídia e todos os produtos relacionados. Pra exemplificar, pensemos nos esforços brasileiros para entrar no mercado mundial de lançamento de satélites. Esse mercado movimenta cerca de 30 bilhões de dólares por ano, o que o torna muito atraente para qualquer país que seja. Pois bem...o futebol, sozinho, movimenta por ano 250 bilhões de dólares/ano!!!
O esporte no Brasil movimenta 31 bilhões de reais/ano, ou 3,3% do PIB nacional, com 500 mil trabalhadores ligados diretamente ao esporte. É muita coisa, não dá pra ignorar.
Pensando nas leis de mercado, é fácil justificar um boleiro ganhar 50 milhões de dólares por ano...ele gera muito mais dinheiro para a indústria da bola. Se O Milan não oferece o preço de mercado, o Barcelona vai oferecer; se a Adidas não paga, a Nike paga e a adidas deixa de vender milhões em chuteiras e camisetas com a assinatura o tal jogador.
Perguntem aos líderes da República Popular da China se eles tem qualquer intenção de melhorar as condições de trabalho das milhões de crianças que costuram as camisetas Nike. Perguntem se vão tomar qualquer atitude que afaste de seu território as fábricas das grandes indústrias esportivas. Perguntem se não estão investindo uma fábula de dinheiro para realizar as próximas olimpíadas, no ano que vem. E perguntem se não interessa ganhar o maior número de medalhas de ouro possíveis. Perguntem à população de Barcelona se a cidade não melhorou depois da realização das olimpíadas por lá. Perguntem porque uma empresa investe milhões para fazer uma roupa para nadadores que se assemelha à pele do tubarão. Perguntem o que significa para a Speedo um Michael Phelps bater 7 recordes mundiais usando um maiô deles.
Muita, muita grana.
Agora, voltemos para o nosso Pan. Qual é o valor dessa festa toda, da pagação de pau para recordistas que serão fracassos numa olimpíada? É o desenvolvimento no Brasil, de uma indústria que emprega muita gente, e que no final de sua cadeia produtiva - o atleta - , é extremamente democrática. Por mais demagogia que possa estar implícita nisso, esporte é uma boa alternativa para um país tão rico e desigual como o nosso. Esporte educa, promove inclusão social e faz bem pra saúde das nossas crianças e velhinhos.
Por isso tudo, penso que as críticas feitas à toda grana investida no Pan e ao real mérito dos nossos atletas são um pouco e deslocadas do momento e situação apropriados. Esses atletas, desde que mantido o investimento no esporte, podem ser precursores da profissionalização da carreira de esportista. Como questionar o valor de um gari que ganha uma medalha num esporte obscuro, sem qualquer apoio, e tem nesse momento a sua única chance de se tornar notório? O que estaria fazendo o Vanderlei Cordeiro de Lima - o maratonista brasileiro derrubado na maratona das última olimpíadas - se não fosse atleta?
Não é querer que não se investigue o que fizeram com a grana do Pan além das obras, mas o momento de discutir isso e a crueldade das fábricas da Nike na China é qualquer outro que não o meio das competições, entre atletas que se dedicam ao seu esporte tanto quanto qualquer profissional. Vanderlei não tem nada com isso. Assim como os atletas americanos não podem responder pelos desmandos do Bush em cima do pódio, enquanto (não) escutam o hino de seu país.

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Porrada.

Esse aqui eu tirei do blog do Luís Nassif.


Relaxa, top top top, e goza. É ouro!
Por Juca Kfouri

Impressiona como o país cada vez mais se acostuma a fingir e a viver, e a morrer, das próprias mentiras

PEGUE-SE QUALQUER exemplo, mas fiquemos com os mais recentes.

No esporte, para começar.

O milésimo de Romário é um bom caso.

O Pan-2007, outro.

Ora, todos sabemos que o Baixinho, fabuloso, maior jogador que uma grande área já viu, criou um objetivo para ele mesmo e todos entraram na festa. Viva!

Mentira inofensiva. Mas mentira. Mentirinha, digamos.

Com o Pan é mais grave, pelo uso do dinheiro público sem a menor cerimônia, um dinheiro que os passageiros que cruzam o país pelos ares agradeceriam se o vissem mais bem gasto.

E aí a falsidade é grave, porque mata.

Em torno do Pan, a omissão é medalha de diamantes.

Thiago Pereira, que é um nadador digno de todo respeito e não tem a menor culpa do que se omite, é tratado como quem superou Mark Spitz.

E, friamente, é verdade.

Mas meia verdade, muitas vezes pior que a mentira pura, por mais difícil de ser desmascarada.

Ora, Spitz, ao ganhar cinco ouros no Pan de Winnipeg, em 1967, simplesmente bateu três recordes mundiais, como bateu outros sete ao ganhar mais sete medalhas de ouro em Munique, nos Jogos Olímpicos de 1972.

Compará-lo a Pereira não honra nenhum dos dois.

Fiquemos por aqui, para falar do que é mais chocante, porque sempre com a cumplicidade da mídia.

A tragédia da TAM, que obscureceu o Pan, é rica em ensinamentos.

Começou não é de hoje, com o escândalo do Sivam, no governo anterior, e continuou impávida e colossal de lá para cá.

Uma frase debochada e ultrajante da ministra do Turismo, um gesto raivoso e moralmente pornográfico do assessor presidencial, um pronunciamento vazio e perplexo do presidente que nunca havia visto uma sucessão de acontecimentos tão caóticos nos aeroportos nacionais e pronto!

Tudo continua como antes, a não ser, é claro, para quem morreu e para quem ficou por aqui, na saudade.

Ora, nem Romário é um artilheiro comparável a Pelé nem Pereira é o novo Spitz nem este governo é mais ou menos culpado que o anterior.

Somos todos responsáveis, ou quase todos, que continuamos a voar como voamos, a votar como votamos, a festejar como festejamos e a reclamar mais dos que são rigorosos do que daqueles que são complacentes.

Dar ao Pan-2007 sua verdadeira dimensão é, para muitos, sintoma ou de bairrismo ou de mau humor.

E a crise aérea vira exploração política.

Mas o que se vê na TV no Pan, e o que se viu e ainda se verá na TV sobre o avião da TAM, é de dar vergonha de como se faz jornalismo/sensacionalismo no Brasil.

O ufanismo sem limites e a demagogia sentimentalóide não nos levarão a lugar algum, a não ser neste em que estamos, do caos, da falta de perspectiva e da acomodação cúmplice e criminosa.

Os resultados superdimensionados do Pan-2007 inevitavelmente se inevitavelmente se transformarão em frustração quando Pequim chegar, no ano que vem.

Ou alguém acredita mesmo que o Brasil superou o Canadá, que é mais saudável e pratica mais esporte que o país norte-americano?

Brasileiro com muito orgulho?

Quadro de medalhas: 200 mortos.

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quinta-feira, 26 de julho de 2007

Em tempo: TAM, SBT e Ana Paula Padrão

Assisti a um programa jornalístico do SBT que nunca havia visto antes (um tal de “Realidade” ou algo assim). Era sobre a catástrofe da TAM. O primeiro bloco – apresentado por Ana Paula Padrão em (tenho quase certeza) escrito por ela-- foi surpreendente e impressionante pela clareza e racionalidade de argumentação: explicou de maneira geral os aspectos e fatores da crise aérea e do acidente, evitando sentimentalismos, sensacionalismos e intrumentalizações políticas.
Nos outros blocos, com outros jornalistas, a coisa piorou. Mas o primeiro continuou nítido na minha cabeça.
Não sou uma pessoa que acompanha muito notícias, nem um entendido de jornalismo. Mas dei-me conta de que nunca tinha visto antes, em toda minha vida, uma reportagem tão bem feita sobre um assunto relevante, delicado e atual no telejornalismo brasileiro. E tornei-me ainda mais consciente de como esse tipo de cobertura é rara nesta terra.
E no SBT, caramba!!

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segunda-feira, 23 de julho de 2007

que somos nós?

Há uns 100 anos, Monteiro Lobato sentenciava:

"Um país se faz com homens e livros."

Como a gente chama então um lugar feito só de homens? Todas as pesquisas que eu vi na vida, indicam que o brasileiro lê muito pouco, cerca de 1,8 livros por ano. Segundo o questionário sócio-econômico do Enade, os universitários brasileiros (nossa elite intelectual), lêem no máximo 2 livros por ano.

Só pra efeito de comparação: na Argentina se lê 8 livros por ano, nos EUA 11, em alguns países da Europa, esse número chega a mais de 30 livros por ano.

Óbvio que não podemos comparar países tão distintos, mas o número no Brasil é baixo demais. Brasileiros não gostam de ler, muitos acham chato e muitos outros acham legal mesmo o fato de nunca ter lido um só livro.

O motivo dessa discussão é o seguinte: como esperar que o país tenha massa crítica em algum ponto da história? Como é possível qualquer desenvolvimento intelectual na ausência da leitura?

Toda e qualquer crítica feita por quase todo e qualquer brasileiro (afinal, nem todo mundo lê 1,8 livros/ano), só pode estar baseada nas mídias escrita, falada, televisionada, ou no que outras pessoas viram - e interpretaram. Eis um terreno fértil pros pouquíssimos formadores de opinião nesse país.

Grandes idéias raramente são transmitidas oralmente, exceção feita aos grandes professores e intelectuais nas parcas palestras que a vida nos oferece. Dificilmente conteúdos discutidos em salas de aula serão suficientes para uma formação intelectual aprofundada.

Infelizmente, a solução não está próxima, ainda que houvesse um grande aporte de verbas para a educação imediatamente, os resultados serão colhidos em no mínimo vinte anos. Já o gosto pela leitura, esse certamente demora mais, especialmente tendo que lutar contra o atual paradigma de que leitura é um negócio chato, pra gente chata e que não tem tanta importância assim; além da disputa com a preferência nacional, preguiçosa e burra, pelos programas de TV, orkuts, games, doces e objetos brilhantes.


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vai com as outras

Opinião pública é uma merda mesmo (auto-referência sem vergonha mesmo).

Impressionante a facilidade com a qual se consegue manipular quase toda uma população, valendo-se para isso de meios lícitos ou não.

Inquestionável que as imagens do Marco Aurélio Garcia são ofensivas, especialmente pra quem tem alguma relação com alguma vítima.

A questão é que quem obteve aquelas imagens sabia muito bem o que estava fazendo, qual seria a repercussão. O que está acontecendo afinal? Tenho a impressão de que atualmente convivemos com uma imprensa golpista mesmo, que para sua infelicidade, não tem conseguido, até então, um fato que realmente destrua o seu alvo.

Lula deve ser discreto perto de janelas, porque agora não dá mais pra pensar que essa foi a primeira vez que um cinegrafista apontou suas lentes para dentro do Planalto.

Enfim...

- Alguém pensa que o Marco Aurélio Garcia comemorou o acidente?

- Alguém pensa que a reação dele é fora do normal, quando se vive numa situação de defesa o tempo todo? Não foram as primeiras reações ao acidente levianas, ao apontar o governo federal como primeiro responsável pelo acidente?

- Alguém mais já fez, em particular, alguma coisa da qual se envergonharia caso fosse exposto publicamente? Alguma boa pessoa?

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Infelizmente, as coisas funcionam assim mesmo, é a grande merda da semi-educação. É o que faz da classe média brasileira um perfeito espelho dos conselhos editorias de Globo e Veja. O mesmo vale para aqueles nas classes mais altas - nunca antes tão favorecidos e tão revoltados. Só que tão educados quanto a classe média.



A tempo: esse foi o acidente aéreo mais chocante que já vi. Considerando que o 11/09 não foi bem um acidente.


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domingo, 22 de julho de 2007

ESTUPIDEZ

Não sei

se o mundo está ficando mais estúpido

ou

Se a estupidez está ficando mais evidente

ou

Se o mundo está ficando estúpido de um jeito diferente

ou

Se eu estou ficando mais consciente da estupidez

ou

Se eu estou ficando mais ranzinza





O pior é que as opções não se excluem


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SALDO DA SEMANA

1 Trote-seqüestro telefônico

Pra lá de 200 mortos entre passageiros e funcionários da TAM

69 medalhas no Pan

1 “flagra” ilícito de “top top” brasileiro

1 ACM a menos


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Relembrando...



Trata-se de um texto antigo, referente ao 11 de setembro, e que fui achar só hoje no site do Observatório da Imprensa.
Como trata de um assunto que é de meu particular interesse -- num âmbito específico, charges, e num âmbito amplo, relações entre arte e política -- achei muito adequado colocá-lo aqui.
A idéia de compreensão e "ataque não-agressivo" é especialmente interessante.
O autor é o excelente Spacca, veterano quadrinhista brasileiro.

TRAÇOS DE FOGO
O chargista perplexo e a arte da guerra
Spacca
A charge, como o nome indica, tende a ser agressiva, ao contrário da crônica, que se caracteriza por uma prosa amena (por que será que a crônica tem esse nome? só porque retrata os tempos, o cotidiano? e se os tempos provocam uma crônica contundente, ela deixa de ser crônica para tornar-se aguda?).
A quase totalidade dos chargistas americanos, como era de se esperar, produziu imagens com vigoroso sentimento bélico, retratando a nação ultrajada e ofendida. No dia seguinte ao ataque terrorista aos EUA, segundo a amostra reunida no site , das 50 charges que vi pelo menos umas 30 mostravam a Estátua da Liberdade chorando. Retratavam ao mesmo tempo a comoção ante o terror da destruição e o sentimento de ultraje, de indignação moral equivalente a uma bofetada em público, em escala mundial.
Em outro desenho, os "pais da nação" choravam – Washington, Jefferson, Ted Roosevelt e Lincoln. Comparações (indevidas) com Pearl Harbour. A palavra "infâmia" constava de diversos desenhos. Poucos eram, definitivamente, charges. Sou obrigado a considerá-los charge por causa de seu amplo uso como tal, mas à maioria falta humor ou pelo menos uma "sacada", uma ligação inesperada entre duas idéias que ilumina o leitor com o prazer de uma descoberta ou revelação.
Em uma delas, somente, vemos a Estátua chorando pelo efeito de uma fumaça que sai da tocha; e na tocha está um pequeno terrorista segurando uma bomba, de cujo pavio sai a fumaça. Isto é uma charge. As outras são alegorias, propaganda política.
Um cartunista americano de Sacramento está sendo duramente repreendido por ter criado esta imagem:


Rex Babin superpôs, às cenas terríveis de Manhattan em chamas, a famosa imagem da menina Kim Phuc e outras crianças fugindo do bombardeio de napalm no Vietnã.
Veteranos de guerra enfurecidos lembram que essa cena antológica registrava, na verdade, um bombardeio feito por um avião sul-vietnamita, fato confirmado pelo fotógrafo Nick Ut e pelo correspondente da UPI Christopher Wain. Mas ela ficou guardada na memória coletiva como símbolo do conflito e principalmente do caráter da intervenção americana. A charge de Babin usa este ícone para reverter os sentimentos patrióticos, sugerindo que os EUA estão colhendo em seu território os frutos de seu expansionismo.
Segundo seu "teor bélico", podemos classificar as charges em três tipos:
** Charge de guerra ou propaganda
Aqui o chargista expressa uma idéia simples ou um sentimento na forma de uma alegoria. A associação de idéias reforça uma ideologia ou visão de mundo. São desta espécie as charges patrióticas como as da Estátua da Liberdade chorando ou ultrajada (os veteranos do Vietnã criticaram inclusive as que mostram a Liberdade prostrada; para eles os desenhistas deveriam mostrá-la forte, em posição de combate), e também as charges palestinas representando Bush como um demônio, o capitalista ou "judeu internacional" sugando o sangue do proletário etc. Há uma tendência em usar um desenho forte e pesado, com recursos de desenho clássico ("realismo socialista") ou expressionista. São idéias simples, maniqueístas e freqüentemente sem humor.
** Charge de guerrilha
Neste tipo, o chargista procura subverter uma visão dominante por meio da ironia. Ele faz a representação de uma idéia, atitude ou opinião para, em seguida, desmontá-la pelo absurdo ou pelo ridículo. A charge de Rex Babin é um ótimo exemplo.Com certeza ela é mais inteligente do que a charge de guerra, mas a diferença está principalmente na estratégia: o objetivo também pode ser propagandístico, na medida em que busca, além de fazer rir, convencer. O alvo não é necessariamente o conservadorismo das "classes dominantes"; o humor de guerrilha pode investir contra a opinião pública, contra dogmas da esquerda, fanatismos religiosos etc.
** Charge anarquista ou "do caos"
Aqui a intenção declarada é "ver o circo pegar fogo". O chargista defende seu sagrado direito de zombar de tudo, de não levar nada a sério, a não ser sua própria liberdade de expressão, cruel e irrestrita. Ele parece não se comover diante de nada. Bom exemplo é a charge de Arionauro , em que uma mãe tenta fazer seu filho tomar uma colherada de mingau dizendo "olha o aviãozinho"... enquanto o bebê olha aterrorizado o Boeing pela janela. Ou o cartum que circulou na internet sobre o "terrorista português", que passou no meio das duas torres, deixando as asas para trás e caindo no mar, gritando "Ai, Jesus". Sem compromisso com nada, o humorista prefere perder o leitor eventualmente ofendido do que a piada. Ele agride ocasionalmente, sem intenção real de ferir quem foi alvo de sua charge; exige que o ofendido não leve a sério e ria também.
Henfil conseguia jogar nas três posições: vide sua campanha pró-Diretas com Teotônio Vilela (charge de propaganda), o humor de guerrilha com a Turma do Zeferino e o humor anarquista com o Fradim (às vezes engajado contra as hipocrisias, às vezes simplesmente irracional).
Na cobertura chargística nacional do Terror nos EUA, Ique desenhou uma fumaça em forma de caveira. Uma alegoria. Aroeira e Paulo Caruso desenharam Bush como a Estátua da Liberdade; no cartum de Aroeira, a explosão abre uma fenda na cabeça de Bush, indicando talvez um abalo na sua administração (previsão equivocada, a popularidade do presidente americano disparou).
Harmonia e compreensão
Glauco, na Folha de S. Paulo, usou um recurso clássico da "charge de guerrilha": pegar qualquer assunto e aproveitar para falar mal de FHC. Na charge de 12/9, porém, foi muito feliz: desenhou o presidente no telhado com uma carabina, enquanto uma voz (Dona Ruth, certamente) sai do palácio: "Fernando, vem dormir!". Esta charge genial refere-se tanto ao documento em que FHC oferece o sangue brasileiro a Bush quanto retrata nossa própria pretensão e insignificância diante dos acontecimentos.
Estes três posicionamentos bélicos podem apontar um quarto caminho para o chargista, que expresso assim: será possível uma charge não-agressiva? Poderá uma charge ser expressiva, contundente, forte, sem que precise atacar alguém, defender uma facção ou distribuir farpas indiscriminadas?
Sim, isto é possível, e talvez aponte para uma superação da charge como conhecemos.
Fazendo uma comparação da charge com as artes marciais japonesas, o criador do aikidô, O-Sensei Morihei Ueshiba (1883-1969), foi praticante de diversas lutas até que desenvolveu um caminho que une arte marcial, pedagogia e iluminação. O aikidô conserva o espírito de combate dos samurais, mas busca a superação do desejo de competir (não há competição no aikidô, apenas demonstração de técnicas), a harmonia entre quem ataca e quem defende (quem defende sempre "ganha", porque entra em harmonia com o movimento de quem ataca e o domina), a compreensão.
Atacar agressivamente não leva à compreensão, pois já se inicia com a certeza de que se está com a razão. É preciso unir o ataque ao desejo de conhecer.
No caso da charge, não se trata de simplesmente atacar os EUA ou os terroristas ou, pior, os árabes ou a religião islâmica. É uma história cheia de nuances, e a charge ainda é um instrumento tosco, simplificador. Atirar para todos os lados é a saída mais fácil para não ser injusto, mas ainda assim o chargista compactua com uma insensibilidade cínica pós-moderna.
O chargista Angeli, na Folha do dia 13/9, desenhou a si mesmo simplesmente atônito em sua prancheta, o estúdio em ruínas como as torres gêmeas, e o título "No comments".
Pode parecer apenas mais um "Angeli em crise". E é – somos todos nós em crise. Precisamos desse silêncio sem comentários para fazer uma reflexão. Virão charges críticas a Bush, aos militares, aos extremistas, à opinião pública etc; mas agora o chargista está perplexo. Ele não reagiu, não julgou, não contra-atacou... Está fazendo a coisa mais sensata no momento, que é aguardar. Aguardemos.

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quinta-feira, 19 de julho de 2007

PUTAQUILAMERDA

ou A CIDADE NÃO PÁRA

Fazia tempo que eu não me espantava espacialmente com algo.
Aquele tipo de espanto que se tem em presença do tamanho desmesurado, das grandes escalas. O espanto do "sublime".
Espanto, que, notem bem, independe da qualidade intrínseca, política ou estética, da coisa em questão. Uma vez atingida a massa crítica, o BIGNESS -- já falou o Koolhaas em uma situação completamente distinta...-- a coisa em questão está além do bem e do mal.

Estava de carona indo do Brooklin pra pinheiros. Aí vejo Berrini, Águas Espraiadas & cia: favelas, arranha-céus, pistas e agora isto:



http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/index.php?p=14242


A apoteose do apoteótico.
Quem liga pro Cristo no Rio? Sum pólo faz sua própria "maravilha" visível da Lua. Sua mini Torre Eiffel (de concreto, claro).

A largura da base é de 76 m. Pronto, vai ter 138 m de altura. O "segundo marco mais alto da cidade, ficando atrás somente do prédio do Banespa, que tem 10 metros a mais", e é uma PONTE. Na berrini & cia, óf córsi.



Caralho.


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quarta-feira, 18 de julho de 2007

Foda-se doutor!

Chega de Excelências, senhores!
FAUSTO RODRIGUES DE LIMA
EM 13/6 , um juiz do Paraná desmarcou uma audiência porque um trabalhador rural compareceu ao fórum de chinelos, conduta considerada "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário". Não muito antes, policiais do Distrito Federal fizeram requerimento para que fossem tratados por "Excelência", tal qual promotores e juízes.
Há alguns meses, foi noticiado que outro juiz, este do Rio de Janeiro, entrou com uma ação judicial para obrigar o porteiro de seu condomínio residencial a tratar-lhe por "doutor".
Tais fatos poderiam apenas soar como anedotas ridículas da necessidade humana de criar (e pertencer a) castas privilegiadas. No entanto, os palácios de mármore e vidro da Justiça, os altares erguidos nas salas de audiência para juízes e promotores e o tratamento "Excelentíssimo" dispensado às altas autoridades são resquícios diretos da mal resolvida proclamação da República brasileira, que manteve privilégios monárquicos aos detentores do poder.
Com efeito, os nobres do Império compravam títulos nobiliárquicos a peso de ouro para que, na qualidade de barões e duques, pudessem se aproximar da majestade imperial e divina da família real.
Com a extinção da monarquia, a tradição foi mantida por lei, impondo-se diferenciado tratamento aos "escolhidos", como se a respeitabilidade dos cargos públicos pudesse, numa república, ser medida pela "excelência" do pronome de tratamento.
Os demais, que deveriam só ser cidadãos, mantiveram a única qualidade que sempre lhes coube: a de súditos (não poderia ser diferente, já que a proclamação não passou de um movimento da elite, sem nenhuma influência ou participação popular). Por isso, muitas Excelências exigem tratamento diferenciado também em sua vida privada, no estilo das famosas "carteiradas", sempre precedidas da intimidatória pergunta: "Você sabe com quem está falando?".
É fato que a arrogância humana não seduz apenas os mandarins estatais.
A seleta casta universitária e religiosa mantém igualmente a tradição monárquica das magnificências, santidades, eminências e reverências. Tem até o "Vossa Excelência Reverendíssima" (esse é o cara!). Somos, assim, uma República com espírito monárquico.
As Excelências, para se diferenciarem dos mortais, ornam-se com imponentes becas e togas, cujo figurino é baseado nas majestáticas vestimentas reais do passado. Para comparecer à sua presença, o súdito deve se vestir convenientemente. Se não tiver dinheiro para isso, que coma brioches, como sugeriu a rainha Maria Antonieta aos esfomeados que não podiam comprar pão na França do século 18.
Enquanto isso, barões sangram os cofres públicos impunemente. Caso flagrados, por acaso ou por alguma investigação corajosa, trata a Justiça de soltá-los imediatamente, pois pertencem ao mesmo clã nobre (não raro, magistrados da alta cúpula judiciária são nomeados pelo baronato).
Os sapatos caros dos corruptos têm livre trânsito nos palácios judiciais, com seus advogados persuasivos (muitos deles são filhos dos próprios julgadores, garantindo-lhes uma promiscuidade hereditária), enquanto os chinelos dos trabalhadores honestos são barrados. Eles, os chinelos, são apenas súditos. O único estabelecimento estatal digno deles é a prisão, local em que proliferam.
A tradição monárquica ainda está longe de sucumbir, pois é respaldada pelo estilo contemporâneo do liberal-consumismo, que valoriza as pessoas pelo que têm, e não pelo que são. Por isso, após quase 120 anos da proclamação da República, ainda é tão difícil perceber que o respeito devido às autoridades devia ser apenas conseqüência do equilíbrio e bom senso dos que exercem o poder; que as honrarias oficiais só servem para esconder os ineptos; que, quanto mais incompetente, mais se busca reconhecimentos artificiais etc.
Numa verdadeira República, que o Brasil ainda há de um dia fundar, o único tratamento formal possível, desde o presidente da nação ao mais humilde trabalhador (ou desempregado), será o de "senhor", da nossa tradição popular.
Os detentores do poder, em vez de ostentar títulos ridículos, terão o tratamento respeitoso de servidor público, que o são. E que sejam exonerados se não forem excelentes!
Seus verdadeiros chefes, cidadãos com ou sem chinelos, legítimos financiadores de seus salários, terão a dignidade promovida com respeito e reverência, como determina o contrato firmado pela sociedade na Constituição da República.

Abaixo as Excelências!
FAUSTO RODRIGUES DE LIMA , 36, é promotor de Justiça do Distrito Federal.
Folha de S. Paulo, 16 de julho de 2007
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O brilhantismo do texto não está em sua redação, que talvez seja um pouco juvenil...mas o fato de apontar essa característica brasileira do respeito monárquico. Achei o artigo excelente, mesmo porque eu nunca fui adepto dos trajes formais e nunca entendi a lógica em usá-los. Não sei bem o que significa estar "bem-vestido", embora não considere que me vista mal...já fui barrado no fórum por falta de calças (calma, estav de bermudas), em bailes de formatura novamente pela falta de calças (dessa vez, calça social), e até de bares nessa provinciana cidade de Maringá.

Já li, numa comunidade do orkut de um bar conhecido aqui da cidade uma discussão a respeito de permitir ou não a entrada de pessoas trajando bermudas, regatas ou bonés...99% dos argumentos eram favoráveis à proibição, alegando que "isso é roupa de malaco". O texto se refere exatamente à esse tipo de preconceito: o preconceito contra pessoas que não se importam com a pompa exigida pela sociedade, contra quem se recusa a usar calça e camisa dentro de um bar lotado em dias em que a temperatura do lado de fora passa dos 30 graus à noite.

Já conversei com amigos meus a respeito disso...todo mundo aparentemente concorda com o fato de que no Brasil se vive formalismo demais à toa, embora com ressalvas: "Ah, mas aí, quem trabalha tem que usar camisa, né? Pra parecer profissional". Outra comum: "É, mas a gente nota que as pessoas respeitam mais a gente quando estamos de terno". Ok, concordo um pouco com a segunda assertiva, mas ela não deveria implicar em achar que quem não está de terno seja merecedora de menos respeito. Quanto a parecer profissional...bem!

Além disso, tem a questão dos doutores, excelências e pronomes de tratamento em geral, discussão já velha e batida, que infelizmente nunca resolveu coisa nenhuma (e nem vai). Gostaria de ser tão otimista quanto o promotor que escreveu o texto acima e acreditar que no meu período de vida ainda verei gente de chinelos nos fóruns e juízes sendo chamados de "senhor", como todos nós, mortais.


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sábado, 14 de julho de 2007

Tudo é Fátima!!


Quem acompanha o blog já sabe quem é a atleta oficial de WSR:

Fátima Rocha

Se Fátima tivesse nascido entre 20 de fevereiro a 20 de março, talvez acabasse em uma piscina. Mas não. Estava escrito nas estrelas e ela acabou nascendo no mês de dezembro. Em sua época de faculdade de desing industrial, ela decidiu levar bastante a sério a origem do seu signo, Sagitário, e acabou se tornando uma arqueira da seleção brasileira que competirá nos Jogos Pan-Americanos de 2007.

"Sempre tive muita curiosidade sobre o meu signo do zodíaco, o Sagitário, que é um centauro arqueiro. Fui atrás para descobrir o que era e conheci o tiro com arco", conta. Conheceu e se apaixonou. Tanto que conseguiu conquistar o Campeonato Brasileiro por seis vezes consecutivas, desde 1998 quando ela começou no esporte até 2003.

Foi no ano da sua última conquista nacional que ela conseguiu uma vaga para competir no Pan de 2003. Primeira colocada no ranking nacional, apenas ela e o atleta Leonardo Lacerda conseguiram a vaga em uma delegação que foi a mais reduzida dos brasileiros: apenas dois atletas e um técnico.

Única arqueira brasileira no Pan, ela recorda da pressão que sentia durante as competições. "Em 2003, éramos só eu e o Léo, então era toda responsabilidade em cima de nós dois". Resultado: Fátima caiu na primeira rodada.

Talvez por conta de toda essa pressão Fátima acabou com uma séria lesão no ombro. Mesmo assim, ela não desanimou e, quatro anos depois, volta otimista para competir no seu segundo Pan. "Este ano teremos uma equipe completa, com a cobrança diluída entre os atletas, não será aquela pressão toda de novo. Concentração e calma são essenciais em uma competição, se você fica nervoso, esquece..."

Além da pressão diluída, Fátima conta com a vantagem se morar no Rio e conhecer o local onde serão disputadas as provas. "Muito calor significa pouco rendimento. Aqui no Rio já conheço a reação do vento, a intensidade da luz, e tudo isso influencia", avalia a carioca.

E para Fátima, o nível exato de concentração é fundamental. Porém, nada concentração em exagero. Segundo ela mesmo tiro com arco é a "arte do querer sem querer. No nível de preparação que ela considera ideal, Fátima, que checa seu horóscopo no final do dia para ver se "bateu" só pode esperar ler a palavra ouro nos dias 24 a 27 de julho.

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Fátima de Carvalho Rocha

Data e local de nascimento:
09/12/1968, no Rio de Janeiro (RJ)
Peso/Altura:
64 kg / 1,74 m
Residência:
Rio de Janeiro (RJ)
Prova:
Arco recurvo
Participações no Pan:
Santo Domingo-2003
Orkut:
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=7997852880015232798

Vão lá, deixem sua mensagem de apoio à noss aarqueira!!

*As competições da Fátima vão do dia 24 a 28 de julho.



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Que Maravilha!!!

Pois é, fizemos uma campanha caríssima e elegemos o bendito Cristo Redentor uma das 7 maravilhas do mundo.

Nada contra a estátua. Monumentos tendem a nos deixar meio deslumbrados mesmo, mesmo sendo de um gosto extremamente questionável, mas como costuma dizer uma amiga minha: "gosto é que nem braço, tem gente que não tem".

Pode ser bom pro turismo no Brasil (pro Rio de Janeiro, pra ser mais específico), mas que foi injusto, isso foi.

Pra colocar o Cristo entre as 7 maravilhas do mundo, foram deixados de fora coisas como Stonehenge, os moai da Ilha de Páscoa, a Acropolis, o Kremlin, a Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel. Estas duas últimas tão questionáveis quanto o Cristo...na minha pinião, aliás, a estátua de NY é muito mais bonita que o Cristo.

Essa votação pegou muito mal na Europa, e a campanha "Vote no Cristo" foi duramente criticada em outros países. Algumas autoridades brasileiras disseram que isso é inveja, embora ninguém tenha questionado a escolha da Muralha da China, Machu Picchu ou do Coliseu, portanto, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

Agora, a nova eleição mundial elegerá as 7 maravilhas naturais do mundo. Aí acho que temos chance de eleger honestamente as Cataratas do Iguaçu.


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Rio 2007

Um dia desses o Gabriel me mandou um e-mail denunciando vários esquemas de corrupção envolvendo a realização do pan do Rio. Confesso que não tinha muita novidade pra gente boba como eu, que acompanha a imprensa esportiva...essas coisas já vêm sendo denunciadas há uns dois anos.

O que acontece então? Porque ninguém interviu nisso?

Sem querer defender o gevorno Lula nesse post específico, mas um argumento joga a favor do atual presidente: o evento foi pleiteado e conquistado ainda na era FHC. Não é desculpa, pois a infinita maior parte da dinheirama gasta no evento é desse atual governo.

Acho que realmente o governo federal ficou refém desses jogos, como já vem sendo dito há muito tempo. A prefeitura do Rio, à época da candidatura assumiu com a maior parte do ônus dos jogos, pra depois não ter como bancar e ameaçar o governo federal com a má reputação que um fracasso nos jogos poderia trazer.

Passado isso tudo, eu estava pronto pra torcer, sempre achei que os carnavalescos do Rio seriam capazes de organizar uma abertura à altura daquelas que assistimos em olimpíadas.

O que me chocou (ou não), foia falta de civilidade e educação por parte da platéia presente na cerimônia de abertura, no Maracanã: vaias ao presidente da república, às delegações da Bolívia, Venezuela e Estados Unidos.

Absurdo.

O que tem os atletas venezuelanos a ver com o que pensa ou faz Hugo Chavez? Ou americanos com o Bush? O Pan supostamente é a olimpíada das Américas, e o que se viu hoje foi pura falta de espírito olímpico, pura ignorância mesmo.

Quanto às vaias ao Lula...é preciso saber distinguir o homem que exerce o cargo do cargo. Quando um chefe de estado discursa na abertura de jogos, o faz representando todo o povo do país. Queiram ou não, Lula foi eleito democraticamente, com ampla maioria e apresenta bons índices de aprovação.

O problema é que esses ingressos custam caro, quem vai à uma abertura de jogos panamericanos geralmente faz parte de uma elitezinha semi-educada, leitora de veja, eleitores dos Collors, ACMs e Malufs da vida.

Quem vaiou Lula ontem, esqueceu que está pagando ingresso num evento que representa um enorme desvio de dinheiro público. As mesmas pessoas que vaiaram Lula aplaudiram efusivamente o Nuzman e o César Maia, como se estes fossem heróis. As mesmas pessoas que vaiaram o Lula elegeram o casal Garotinho pro governo do seu estado...não sei se ainda entra nessa história o fato de Lula ser "paulista".

De qualquer forma, atitude muito infeliz de nossa parte, televisionado para o mundo todo, justamente num momento em que o Brasil vem lutando para recompor sua imagem no exterior, com algum sucesso.

Se a organização do Pan está envolvida em esquemas de desvio de recursos ou não, é outra história. Os atletas não tem nada com isso, e obviamente, estão todos muito felizes em competir num evento desse porte em casa. Só espero que passado o fuzuê todo se investigue muito bem o que aconteceu e que os responsáveis sejam punidos.

Quanto à falta de educação, civilidade e cidadania do nosso povo...sei lá o que fazer.


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