terça-feira, 29 de janeiro de 2008

gente estranha fala cada coisa

saindo do bar ontem ouvi a seguinte frase:

"...é verdade, eu preciso de muita coragem para deixar de comer cadáveres."

Olhei pro meu cunhado que me perguntou se eu tinha escutado a mesma coisa...fiquei aliviado, sou meio surdo e às vezes penso que ouvi coisas que nunca foam ditas, mas foi isso mesmo. Quem disse a frase foi uma mulher com aparência hipponga, numa mesa com umas outras 4 pessoas.

Quem resolveu a coisa foi a minha irmã, que caminhava logo atrás e ouviu mais um pedaço da conversa: tratava-se de uma carnívora se justificando para um grupo de vegans.

Eu JAMAIS deixarei de comer cadáveres, por mais que eu tenha dó dos bichinhos.



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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Pra que serve o Design

No último sábado 21, estive pela primeira vez em uma cerimônia de colação de grau na qualidade de professor.
No dia 24, eu olho a primeira página da indefectível TRIBUNA DE CIANORTE e vejo isto:





(Pra quem quiser saber, o Prefeito da cidade é a figura embaixo do "U" e o magnífico Reitor é o entre o "E" e o "M". Nada foi provado ainda.)




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Maravilhas da Internet

Não são maravilhosas as respostas automáticas de sistema de pesquisa na web? Quem mais poderia nos agraciar com isto:

> Procurando Nazista?
Compare e ache o melhor preço de nazista aqui no shopping UOL.
www.shoppinguol.com.br


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Angeli para arquitetos





Pra quem estudou o modernismo (acho que a maioria dos arquitetos brasileiros), esta tirinha é excelente.



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domingo, 27 de janeiro de 2008

Parabéns!

Hoje, 29 de janeiro: dia do jornalista católico.


Nossos parabéns, a humanidade agradece.



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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Reconhecimento

Foi noticiado no último dia 15, no Portal do Governo do Maranhão.
O Monstro Souza, livro escrito por Bruno Azevêdo e projetado visualmente por mim, ganhou o Primeiro Lugar no Prêmio Gonçalves Dias de Literatura de 2006, na categoria "Engenho e Arte".

Este é o segundo prêmio de literatura que o livro ganha no Maranhão. Se bem que, na ocasião anterior (em que ganhou um segundo lugar) o livro era consideravelmente diferente de sua atual versão.



Esta acima é a capa que foi usada no livro na versão para o concurso.
A imagem abaixo é a capa que eu queria que fosse usada.



Detalhe: o prêmio, além do dinheiro (e glória) recebido por Bruno, será a publicação do livro custeada pelo Estado do Maranhão.
Porém... há grande probabiliadade de que não teremos de apelar para as magras finanças públicas neste ano.

Assim que as probabilidades virarem um contrato, ponho todos a par.



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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Comprei-a-a.

Vi pela primeira vez há uns nove anos. Fiquei animado com a de um colega no ano passado, e mais ainda com os depoimentos de Scott Mcloud dizendo quen só usava dessas ferramentas agora.

Bem.
Após uns meses de desejo e indecisão, comprei uma Tablet.
Duzentas e poucas pilas. Dois mil e cacetada níveis de pressão.

Este é o segundo desenho que fiz com ela.



Ainda estou testando. Mas a variedade de traço que ela possibilita, mesmo sendo um modelo relativamente simples e baratinho, é empolgante.

Aqui embaixo, um detalhe ampliado do desenho.





A technologia promete.




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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Pitombas!

Reproduzo aqui o interessante manifesto literário (feito em contexto maranhense, bem entendido, mas que não se confina aos limites da ilha ludovicense) de meu grande amigo Bruno, do O PUTAQUEPARIU!.



MANIFESTO PITOMBA
(Bruno Azevêdo)


01. porque a palavra, já que dita, não é palavra, antes de ouvida.

02. porque se há de ser dito, e se convém que se ouça, que seja dito com cacofatos e microfonias, pra que, assim, quem ouça também diga.

03. porque haja uma leva de gente, por fatalidade geográfica, no mesmo tempo e à mesma inação.

04. porque a informação não se pertence e a posse de ter é a posse de dar e é essa posse que reivindicamos.

05. porque a palavra há de existir para além de quem a diga, mas não para além dela, porque a palavra está para além de nada.

06. porque pra além do caroço, que é quase tudo, existe a casca, que se quebra, e existe a polpa, que se quer.


pitomba!




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domingo, 13 de janeiro de 2008

brasilidades

Já faz algum tempo que percebi que o afastamento sempre propicia pontos de vista interessantes acerca de tudo aquilo que nos parece normal em nossas vidas. Notei isso pela primeira vez de forma mais contundente quando estive nos EUA e passei a pensar no quanto algumas palavras em português não se parecem nada com o objeto que designam, uma que me chamava muito a atenção era a palavra "feijão"...não me preguntem porque, mas na época me soava estranho.

Muito tempo antes, ouvi pela primeira vez a expressão "cagando e andando", que uso bastante. Foi no TV Pirata, Cláudia Raia pintada de azul (não tenho certeza disso), com seis braços (disso eu tenho certeza), dizia:

"Eu sou a Deusa Caganda e Andanda" - como se fosse uma daquelas divindades hindus. Achei muita graça, embora àquela época não conhecesse a expressão.

Esses dias, estava explicando pra uns amigos da Suécia algumas expressões comuns no Brasil, e quando cheguei no "cagando e andando" os caras acharam muita graça. "Cagando e andando" realmente é o ápice do "não ligar". O sujeito está tão nem aí que sai andando e ainda caga um pouquinho. Ou bastante.

As risadas são pertinentes, é realmente muito engraçado.

Depois disso não consegui pensar em nenhuma expressão brasileira mais divertida, pictórica e exata.

Sugestões?



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sábado, 12 de janeiro de 2008

Saí para Cearar...volto assim que terminar

Caros amigos...a vida é difícil mesmo. Neste exato momento estou nas minhas difíceis férias no Ceará, visitando os lugares mais horrorosos possíveis, como Jericoacoara, Canoa Quebrada...

Assim que eu resolver essa parada volto a publicar com aquela frequância de sempre: de vez em quando.

Quem lê este blog sabe que a maior parte do que se escreve por aqui é produto da observação dos autores: esquisitices desse mundo, relações estranhas entre coisas simples...já aconteceu tanta coisa por aqui que daria um livrinho bem vagabundo, mas o álcool e a agenda lotada de compromissos tem me impedido até de pensar em postar algo.

Será corrigido. Logo. Mas agora não porque to saindo pra comer caranguejo.



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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Império da Babaquice

Olhando uma edição da revista de turismo Viaje Mais (ano 7, nº79, dezembro 2007, Brasil R$6,90 Europa € 2,50), encontro uma reportagem sobre aquela extravagante fantasia Sci-Fi Árabe que chamam de Dubai (pô, até o nome parece saído de Star Wars) ....



... e aí me deparo com esta:




Deixa eu ampliar:









AAARRRRRGH!!!!



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Victor Hugo







... ah, bem.



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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Juro que queria ver essa

Daniel Clowes, Art "Spiegelmaus" e Alan Moore... nos Simpsons!

Descobri isto no blog do Eddie Campbell, mas os merdinhas da FOX tiraram do youtube antes de eu ver.



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Num foi nóis que disse não!

cash advance
(Se bem que isso também pode dizer que esta droga é tão confusa e complicada que só um gênio entende)




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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Retrospectiva literária 2007 -- 2

PAGE, Martin. Como me tornei estúpido. Rio de janeiro: Rocco, 2005


Um livro superfrancês e superdivertido para os que fazem parte ou aspiram à “intelectuália” sem perder aquela que, segundo Voltaire (era ele mesmo?), era o antídoto para a vaidade: a capacidade de rir de si mesmo. Não vou falar muito do livro de Martin Page, mas apenas vou me limitar a colar dois trechos longos que adorei ler nesse livrinho tão curto.

O primeiro trecho transcrito abaixo me chamou atenção pela imensa afinidade que me fez sentir em relação ao delicado protagonista do romance. (em outras palavras: parece eu, só que mais francês e mais “mariquinhas”.


Sobre Antoine:

Tinha poucos amigos, porque padecia dessa espécie de anti-sociabilidade que resulta da demasiada tolerância e compreensão. Os seus gostos não-exclusivos, disparatados, baniam-no dos grupos que se constituíam a partir de desgostos comuns. Se ele desconfiava da anatomia odiosa das multidões, era sobretudo a sua curiosidade e paixão desprezadoras de todas as fronteiras e clãs que faziam dele um apátrida no seu próprio país. Em um mundo em que a opinião pública está confinada nas pesquisas às possibilidades sim, não e sem opinião, Antoine não queria preencher nenhum quadradinho. Ser a favor ou contra era para ele uma insuportável limitação às questões complexas. Além disso, possuía uma delicada timidez à qual se aferrava como a uma reminiscência infantil. Parecia-lhe que um ser humano era tão vasto e tão rico que não poderia haver maior vaidade neste mundo que estar demasiado seguro de si com respeito aos outros, com respeito ao desconhecido e às incertezas que cada um representava. Por um momento teve medo de perder a sua singela timidez e juntar-se ao bando dos que nos desprezam se não os dominamos; mas, graças a uma vontade obstinada, soube conservá-la como um oásis da sua personalidade. Apesar de ter recebido numerosos e profundos ferimentos, isso nada lhe tinha enrijecido o caráter; ele guardava intacta a sua extrema sensibilidade, que, como uma fênix, renascia mais pura que nunca cada vez que era maltratada e morta. Enfim, se acreditava razoavelmente em si mesmo, esforçava-se por não acreditar demasiadamente, por não concordar facilmente com o que ele próprio pensava, pois sabia como as palavras do nosso espírito gostam de nos prestar serviço e nos reconfortar logrando-nos.
(p. 14)

Aqui abaixo, o final do texto de Antoine dedicado a introduzir e explicar a seus amigos a razão de querer se tornar estúpido.
“Evidentemente, os intelectuais não são os únicos a quem compete a inteligência. Em geral, quando alguém começa a dizer ‘não é para ser demagíogico, mas... ‘ é efetivamente para ser demagógico. Por isso, eu não sei dizer muito bem o que poderia ser interpretado como condescendência. Estou convencido de que a inteligência é uma virtude compartilhada pelo conjunto da população, sem distinção social: há igual porcentagem de pessoas inteligentes entre os professores de história e os marinheiros-pescadores bretões, entre os escritores e os datilógrafos... Isso o sei pela minha própria experiência, à força de me aproximar de brain-builders, pensadores e professores, intelectuais idiotas e, ao mesmo tempo, de pessoas normais, inteligentes sem certificado de inteligência, sem a aura institucional. Eu não posso dizer outra coisa. É tão contestável quão impossível é um estudo científico. Encontrar alguém inteligente e sensato não é função do diploma; não há teste de Q.I. para revelar o que se poderia chamar bom senso. Eu ´penso e repenso no que dizia Michael Herr, roteirista de Nascido para Matar, no seu magnífico livro sobre Kubrick: ‘a estupidez das pessoas não deriva da sua falta de inteligência, mas da sua falta de coragem’.”
“Uma coisa que se pode admitir é que, freqüentar grandes obras, servir-se do seu próprio espírito, ler livros de gênios não asseguram a ninguém inteligência, mas tornam isso provável. Naturalmente, há pessoas que terão lido Freud, Platão que saberão fazer trocadilhos com os quarks e ver a diferença entre os falcões-peregrinos e um peneireiro, e que, todavia, serão renomados imbecis. Não obstante, potencialmente, estando em contato com uma multidão de estímulos e deixando o seu espírito freqüentar uma atmosfera enriquecedora, a inteligência encontra terreno favorável para o seu desenvolvimento, exatamente da mesma maneira que uma doença. Pois a inteligência é uma doença.”
(p.63-65)
Comment je suis devenu stupide
( ...detalhe: enquanto pesquisava imagens para este post, descobri que já existe peça de teatro feita para esse livro – com aquela adorável moça, a Paula Picarelli -- e blog dedicado a ela.
...É duro ser desinformado!)


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Retrospectiva literária 2007 -- 1: O LADO B DA LUA

(inicio neste post uma curta série comentando os livros mais interessantes que eu li e 2007 (que não são livros lançados nesse ano, entendam bem.
E este post vem também com um pouco da históra de um relacionamento...)


HARRIS, John. The Dark Side of The Moon: os bastidores da obra-prima do Pink Floyd. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2006.

Sou desconfiado com histórias e livros sobre bandas (mesmo sem ter lido nenhum antes). Embora tenha ficado empolgado quando soube do lançamento deste acima referido, um dia peguei-o numa livraria, folheei rapidamente e não fiquei muito impressionado. Não sei bem o porquê. Acho que esperava superfotos, sei lá. Embora fosse sem dúvida alguma uma das bandas mais importantes para meu desenvolvimento pessoal e musical, eu andava afastado do Floyd já havia alguns anos... A fase se querer saber tudo sobre a banda já ocorrera aos 15-17 anos (parcialmente sanada então por publicações que hoje sei serem insuficientes). Talvez me parecesse meio anacrônico naquele momento querer um livro sobre a banda, talvez eu tivesse medo de ser alguma vontade não-declarada de retornar à adolescência.
(fatos: a primeira fita cassete que gravei, aos 11 anos, foi de The Wall. O primeiro LP adulto que tive também, aos 12, foi The Wall. O primeiro CD que tive não foi do Floyd -- foi do Simply red -- mas por uma simples questão de ordem na qual os presentes de natal de 1993 foram abertos. E vários outros fatos com Floyd...)
....mas como everything under the sun is in tune...

... na semana de meu aniversário, em abril, comprei pela primeira vez uma Rolling Stone brasileira -- que um amigo meu dissera ser uma revista "boa pra caralho" -- e ela tinha a Marisa Monte na capa. A reportagem sobre a Marisa Monte não era lá essas coisas (laudatória demais, na minha opinião); mas dentro (e anunciada na capa), havia uma ótima reportagem especial sobre... Pink Floyd. Pois bem: numa viagem (que visava ir de encontro à minha namorada, com quem comemoraria meu aniversário) li a reportagem da RS avidamente. Eu sabia (ou achava que sabia...) já várias e várias coisas sobre a história da banda; mas a reportagem, muito bem escrita, trazia informações para mim novas, curiosas e relevantes para se compreender melhor o que realmente foi a banda -- e mais importante, para qual foi a gênese do som da banda.
Fui tomado de uma súbita saudade do Floyd, e de um desejo de reouvi-lo, com outros ouvidos... já com a compreensão mais ampliada que hoje tenho do que eram os anos 70. O interessante dessa saudade é que havia a possibilidade de satsfazâ-la facilmente: além de uma discografia em Mp3 (cortesia contemporânea pirateada que minha mãe me deu no início do ano), eu poderia revisitar os meus próprios CDs do Floyd, que estavam na casa de minha namorada...
E no meu aniversário, como que a responder a meu renovado interesse, minha graciosa querida me dá de presente justamente o livro do qual eu antes havia desistido.



Sem propriamente resenhar o livro, vamos apenas à impressão geral: é um livraço.

A qualidade da pesquisa, da argumentação e dos detalhes revelados é cativante. A estrutura explicativa do livro, digna de uma (ótima) dissertação de mestrado, procura mostrar The Dark Side Of The Moon como não apenas o "melhor álbum e seus segredos", mas como um momento-chave na história do Floyd.

Ou seja: não é apenas a história de um álbum, é antes a história completa das origens e da "essência" do Pink Floyd vista a partir do que seria sua criação e seu momento mais relevante.

Só pra dar o gosto de um dos pontos de argumentação mais interessantes: Pink Floyd ´até hoje uma banda com fama de "intelectualizada", "hermética", "viajante", "psicodélica". Na compreensão de John Harris, entretanto, a beleza e sucesso de The Dark Side Of The Moon, não seriam metáforas obscuras ou mistérios escondidos nas vozes de conversa que povoam o disco -- nem em teorias estapafúrdias de conspiração como as que ficavam juntando "o Mágico de Oz" com o disco (embora eu recomende fazer a junção dos dois, é divertidíssimo). O sucesso e mérito de Dark Side estariam no fato de ser o álbum
mais cristalino e bem amarrado e, justamente, o mais claro e direto da banda em termos musicais e poéticos.

Efim, este livro de John Harris foi uma descoberta, muito melhor do que eu esperava. Foi um dos livros que mais gostei de ler em 2007.

Recomendado para:

1. Qualquer grande fã do Floyd.

2. Fãs de rock e de música em geral que gostam de saber como esta é feita e em que meio cresce;

3. Fãs da décadas de 60/70 e do cenário (contra)cultural que se formou então;

4. Interessados no processo de criação e desenvolvimento de obras artísticas em geral;


5. Fãs de uma pesquisa jornalística bem-feita, bem acabada e que não se perde na polêmica fácil e nem no discurso laudatório, na puxação de saco;

6. Interessados nos motivos que fazem um disco fora de época e estranhamente intelectualizado estar entre os mais vedidos mesmo depois de 35 anos de seu lançamento.


7. Fãs tradicionais ou futuros do fabuloso, seminal e -- a esta altura -- clássico álbum do Pink Floyd.

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There's no dark side of the Moon, really. It's a matter of fact it's all dark.



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