sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O entendido

Fui na Rio ComicCon 2011 no último sábado. Muitas coisas a comentar, mas vou me ater apenas a um episódio.
Fui sozinho. Encontrei alguns conhecidos, conversei aqui e ali, mas fiquei na minha, só olhando, durante a imensa maior parte das 6 horas em que perambulei pela Estação Leopoldina, onde o evento ocorreu.

Havia uma exposição especial homenageando o superlativo Will Eisner. Foi uma das últimas coisas que entrei pra ver. Por muito acaso, justamente quando eu estava pra sair da exposição, fui abordado por um repórter que me perguntou se eu gostava muito de Will Eisner.
Sim, bastante.
Poderia dar uma aulinha pra gente?

(no fundo da minha cabeça havia uma risada de filme de terror canastrão)

Enfim, ele ligou a cãmera e soltei o verbo.
Mas esqueci depois de perguntar pro cara de qual canal era!! Fiquei sem saber, achando que se bobear era coisa da internet mesmo.
Não era. Saiu um trechinho no SBT Manhã. De qualquer jeito, posso dizer que nessa reportagem ao menos eu fui O cara entendido de Will Eisner... hehehe.


Para ir direto à parte de Eisner e à minha (minúscula) fala, é só ir direto ao minuto 2:25. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reebok define sua bunda

Eis que, casualmente numa World Tennis, dei de comprar um tênis reebok a um preço ok. Na compra, o atendente desliza na sacola plástica um brinde: uma revista da própria World Tennis (cuja existência foi uma surpresa pra mim. Todo mundo tem revista hoje?)
Folheando a revista enquanto espero o almoço, dou de cara assustado com a propaganda desse tal Reetone, do qual eu, obviamente, nunca havia ouvido falar (embora fosse coisa lá do início do ano).

"os tênis easytone, com tecnologia de deslocamento de ar, foram desenvolvidos para definir os principais músculos dos glúteos e das pernas a cada passo"

(uau, reciclagem e tênis de ginástica. Salve o planeta enquanto define sua bunda)

(Confesso que, intelectual metido a besta, não pude evitar de automaticamente extrapolar as implicações semânticas da palavra "definir": só não sabia se ia pro lado do fetiche/espetáculo/mercadoria ou pro biopoder/técnica-subjugando-corpos. Ficou Foucault e Debord em queda de braço em um canto da minha mente, enquanto o resto prestava mais atenção -- confesso-- nas fotos de moças surfistas na mesma revista da World Tennis.)

A coisa toda é: tendo acabado de comprar um reebok, o primeiro pensamento que me surgiu ao ver o anúncio foi: "cacete, não dá mais nem pra comprar um sapato sem que queiram ir mexendo na sua bunda!"
Carta hipotética à empresa:
Cara Reebok,
Eu só queria comprar uma porra dum Tênis.  Deixe minha bunda em paz.














Obs 1: Não, eu não comprei um tênis com esse sistema. Ok?

Obs 2: A Reebok foi processada por propaganda enganosa por causa desse tênis. Ha, ha, ha.

Obs 3: Sei que o blog anda lacônico até para nossos comuns padrões de intermitência. Sorry.

Obs 4. Sei bem que a maior graça deste post vem da repetição da palavra bunda.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ciência para crianças - respondendo perguntas imbecis

Não custa citar Carl Sagan mais uma vez: "não existem perguntas imbecis."

Quem me conhece pessoalmente já me ouviu dizer que esse é um capítulo que penso ser fundamental na obra prima do astrofísico americano.  Será leitura obrigatória nas minhas futuras e imaginárias aulas, provavelmente na abertura do semestre.

Esse texto é uma reflexão sobre o analfabetismo científico norte-americano - nós estamos em situação pior, garanto.  Independentemente das políticas educacionais e da quantidade de recursos investidos na educação, Sagan identifica um problema que parece estar na raiz do analfabetismo científico, seja aqui, seja lá, seja em qualquer lugar: em algum momento de nossas vidas, somos reprimidos em nossa vontade de fazer perguntas.  Pior ainda: somos reprimidos nas perguntas mais fundamentais: os "porquês".

Normalmente a repressão à pergunta mais importante de todas, tem início na ignorância dos pais - uso o termo "ignorância" em seu sentido mais literal, o do não conhecimento.  Quando a ignorância se alia à impaciência, temos um resultado desastroso.

Exemplos de perguntas "imbecis":

- Por que as coisas caem pra baixo?
- Por que o céu é azul?
- Por que a gente não ouve com a boca?
- Cachorro pensa?

A maioria dos adultos provavelmente não têm respostas para essas perguntas, ou, ao menos, não têm respostas satisfatórias.  Não há qualquer problema em desconhecer as respostas dessas perguntas, desde que se assuma o papel de auxiliar a criança a buscar as respostas, ou pelo menos, que a reação não seja no sentido da censura.  Não é incomum ouvir um adulto dando uma bronca numa criança após o terceiro "porquê" ou simplesmente dando a bronca "pare de perguntar bobagens" ou qualquer coisa parecida.  Vejam bem, provavelmente esses adultos também tiveram suas perguntas censuradas, e em algum ponto da vida, passaram a achar que certas perguntas não devem ser feitas porque são "muito bobas".  Respostas piores ainda são as seguintes:

- Porque sim.
- Porque eu tô dizendo.
- Porque Deus quis.

A criança teria, em tese, uma segunda chance de ter suas perguntas respondidas: a escola.  Porém, o ambiente escolar pode ser, muitas vezes, ainda mais repressor.  Além da possibilidade de alguns professores não serem capazes de responder perguntas básicas sobre ciência - normalmente professores do ensino fundamental têm formação científica muito fraca - os colegas sabem identificar, quase que imediatamente, as "perguntas imbecis".

A não ser quando percebemos esse ciclo vicioso, essa censura às perguntas mais fundamentais nos acompanha para o resto da vida.  Não é raro que estudantes universitários deixem de fazer perguntas básicas por vergonha de serem considerados burros.  Não consigo me lembrar, no momento, de nenhum exemplo recente, mas estou certo de que alguns colegas da graduação em Geografia não compreendiam conceitos básicos, como "bacia hidrográfica", "orogênese" ou "território"...certamente alguns quiseram perguntar o significado disso tudo e acharam melhor não o fazer.  Algumas dessas pessoas serão professores de Geografia, e certamente se um dia forem questionados sobre coisas básicas, não saberão responder de forma clara; terão como saídas a esquiva, a reprimenda ou a enrolação.  Não que eu pense que ninguém pode ser honesto e dizer que não sabe como definir o que é "rio", mas estou assumindo que a vasta maioria dos geógrafos que não foram capazes de perguntar durante a graduação não estarão dispostos a assumir, numa sala cheia de estudantes do ensino fundamental, que não sabe explicar porque rios existem.

Hoje fiquei sabendo, através de um artigo de Hélio Schwartsman, que Richard Dawkins lançou um livro de ciência para crianças:



O título, em inglês é: "The magic of Reality: How we know what´s really true".  O livro ainda não foi lançado no Brasil, mas muito provavelmente será traduzido, e o título ficaria assim, em tradução literal: "A magia da realidade: como sabemos o que é realmente verdade".

As ilustrações parecem ser muito bonitas, e a versão para iPad tem animações e joguinhos...devem ser extras fantásticos, mas acho que a versão em papel já será suficiente e de grande valia pra muita gente.

Segundo o pouco que li, a abordagem de Dawkins consiste em mostrar o quão elegantes são as explicações científicas para as perguntas propostas, e certamente como essas respostas são mais satisfatórias que os mitos que foram criados para explicar os mesmos fenômenos (que também são apresentados).  Dawkins é capaz de explicar a biologia com uma habilidade rara, o quadro da evolução pintado por ele é uma obra de beleza ímpar.  Posso dizer o mesmo do Cosmos de Sagan e Hawking e da mente de Nicolelis.

Morando em São Paulo pude acompanhar visitas escolares guiadas a muitos museus, e testemunhei muitas vezes o encantamento das crianças quando recebem respostas precisas e informações bem dadas sobre as coisas que vêem.  Muitas vezes resolvi parar a minha própria visita para acompanhar as visitas das crianças, ouvir suas perguntas e as respostas dos guias dos museus paulistanos - normalmente excelentes.  Tem sido uma experiência gratificante e creio que vai me ajudar a entender quais são as perguntas que ficam entaladas nas gargantas dos adultos e nunca são feitas.  Me faz entender melhor a razão pela qual os bons professores não deixam de repetir as coisas bobas e óbvias muitas vezes antes de mergulhar nas coisas mais complexas.

Mesmo sem ter lido (comprarei com certeza), sei que esse livro de Dawkins constitui uma obra fundamental para a alfabetização científica - não só infantil, mas também de adultos.  Praquelas pessoas que sentem que não há mais clima para perguntar a razão pela qual as coisas não caem pra cima, certamente vale a pena ler junto com seus filhos.

Bacana né?


P.S. Vai ter gente achando (de novo) que o Dawkins é abusado e arrogante...que essas pessoas fiquem falando sozinhas ou entre si, que eu já não levo mais a sério gente que acha que evolução ou deriva continental sejam "só idéias".  Vão acusar Dawkins de tentar doutrinar crianças...pra deixar claro: "doutrinar" crianças com fatos científicos tem nome: educação.  Moralmente questionável seria ensinar mitos e histórias não comprovadas como se verdade fossem, não é mesmo?  Há quem faça isso.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

capas quase perfeitas


Essa é exemplar no quesito "identidade": exprime a essência da publicação.

VEJA: a revista do mauricinho revoltado.