sábado, 14 de julho de 2007

Que Maravilha!!!

Pois é, fizemos uma campanha caríssima e elegemos o bendito Cristo Redentor uma das 7 maravilhas do mundo.

Nada contra a estátua. Monumentos tendem a nos deixar meio deslumbrados mesmo, mesmo sendo de um gosto extremamente questionável, mas como costuma dizer uma amiga minha: "gosto é que nem braço, tem gente que não tem".

Pode ser bom pro turismo no Brasil (pro Rio de Janeiro, pra ser mais específico), mas que foi injusto, isso foi.

Pra colocar o Cristo entre as 7 maravilhas do mundo, foram deixados de fora coisas como Stonehenge, os moai da Ilha de Páscoa, a Acropolis, o Kremlin, a Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel. Estas duas últimas tão questionáveis quanto o Cristo...na minha pinião, aliás, a estátua de NY é muito mais bonita que o Cristo.

Essa votação pegou muito mal na Europa, e a campanha "Vote no Cristo" foi duramente criticada em outros países. Algumas autoridades brasileiras disseram que isso é inveja, embora ninguém tenha questionado a escolha da Muralha da China, Machu Picchu ou do Coliseu, portanto, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

Agora, a nova eleição mundial elegerá as 7 maravilhas naturais do mundo. Aí acho que temos chance de eleger honestamente as Cataratas do Iguaçu.


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2 comentários:

Gabriel G; disse...

A questão do Cristo é que brasileiro ADORA uma votaçãozinha via internet. Parafraseando o Pompeu Toledo: pra essas coisas, o povo se mobiliza.

Mas sobre o Cristo... recomendo a leitura de um texto do Contardo Calligaris que saiu na folha há um tempo, que expressa minhas opiniãoes. Essa "eleição" do Cristo -- e a competição das "novas 7" como um todo -- é mais uma ampliação de fronteiras do Império Mundial da Babaquice.

(não estou falando dos EUA, não; embora eles sejam o maior propagardor mundial de babaquice, o imprério geral os transcende)

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Concordo Gabriel...é pura jogada de marketing, não tem legitimidade alguma. Vou postar aqui um texto do carioca Cony acerca do fato...na verdade, à nossa (brasileiros) falta de capacidade de autocrítica:



O coaxar das rãs

RIO DE JANEIRO - Animal urbano, sempre ouvi falar em coaxar de rãs, mas nunca soube exatamente o que era isso. Até que li, num jornal aqui do Rio, uma referência ao "coaxar de rãs" a propósito das críticas que estão sendo feitas, ao Rio em geral e ao carioca, em particular, por conta do Cristo Redentor, que foi considerado uma das sete maravilhas do mundo.
Alguma culpa o Rio deve ter para purgar tanta e tamanha esculhambação vinda de outros Estados tão ou mais maravilhosos. A cidade assumiu a pretensão e folgou com a eleição -certo. No passado, ela já havia assumido por conta própria a condição de maravilhosa, contrariando a esposa de dom João 6º, que, quando aqui chegou, em 1808 (vai fazer 200 anos daqui a pouco), considerou a velha aldeia colonial um burgo infecto, indigno de hospedar uma corte européia que estava fugindo de Napoleão.
E naquele tempo não havia balas perdidas nem a polícia promovia chacinas matando supostos marginais. E ninguém havia poluído a paisagem com uma estátua grosseira, de braços abertos, num gesto que parece pedir "me tirem daqui, não tenho nada a ver com esta cidade amaldiçoada e leviana".
Somando tudo isso, desconfio que as rãs são sábias e seu coaxar, além de justo, é necessário para dar, a nós cariocas, um pouco de vergonha que nos falta pelo fato de termos nascido num chão de pecado e luxúria. O carioca é folgado por vocação e imprestável por opção. Nem as balas perdidas acabarão com a sua raça. Não precisa de um Cristo Redentor, mas de um anjo exterminador.
Um dia, arrancaremos do morro aquela estátua que consagra o nosso provincianismo mal informado e ali colocaremos um mastro com enorme cueca -e teremos então o aplauso das rãs que louvarão nossas artes e ofícios.


publicado no dia 15 de julho de 2007, Folha de S. Paulo