sexta-feira, 20 de abril de 2007

Brasil!!! Brasil!!!

14.210.480.006.034.800%

(Quatorze quatrilhões duzentos e dez trilhões quatrocentos e oitenta bilhões seis milhões trinta e quatro mil e oitocentos porcento)

Essa é a nossa inflação acumulada de 1961 a 2006. Campeões mundiais absolutos, sem a menor chance pra ninguém mais.

Ranking Mundial:

1) Brasil: 14.210.480.006.034.800%
2) Argentina: 256.376.764.519.163%
3) Peru: 216.144.603.134%
4) Uriguai: 2.001.304.983%
5) Turquia: 98.325.454%
6) Chile: 81.234.245%

Interessante notar que a inflação da Argentina, que "ainda" está na casa dos trilhões, e não dos quatrilhões é 55 vezes menor que a nossa.


E as menores inflações no mesmo período:

1) Noruega: 916%
2) Suécia: 922%
3) Austrália: 1.018%
4) Dinamarca: 1.018%

A inflação da Noruega foi 15.513.624.460.736 de vezes menor que a nossa...umas 15,5 trilhões de vezes menor.

Brincadeira, né?


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quarta-feira, 18 de abril de 2007

acerca da classe média brasileira

"Viver é tudo aquilo que a gente faz além de sobreviver."


No seguinte sentido: no Brasil, a grande classe conhecida por classe média não vai muito bem das pernas. Provavelmente a classe média com a qual tenho contato está melhor que a classe média geral.

Enquanto a classe média burguesa e a classe média do funcionalismo público conseguem algum lazer na vida, creio que o grosso da classe média não faz muita coisa mesmo - não pode viajar, não pode comer em restaurantes...enfim, só pode sobreviver, fazer um churrasquinho e alugar DVDs mesmo. Nada de errado com isso, as pessoas são felizes e tudo mais...só que há um certo comodismo desse pessoal, uma certa falta de perspectiva de que as coisas possam melhorar, de que um dia eles possam viajar pra longe, sei lá.

A grande maioria da classe média vive um pouquinho acima dos pobres. Talvez a gente possa subdividir a classe média contando quantas vezes essas famílias podem se fuder na vida sem que se tornem de fato pobres. Por exemplo: um membro da família internado em UTI por um longo período sem plano de saúde + 1 carro roubado + 1 membro da família tem a perna direita amputada e precisa de uma prótese cara + 1 tentativa de abrir um negócio mal sucedida + 1 incêndio que destrói 1/3 da casa...enfim, provavelmente poucas famílias aguentem uma sequência tão grande de merda acontecendo. Mas muitas famílias podem se lascar com uma ou duas desgraças acontecendo. Ou seja, a base da classe média anda na corda bamba mesmo - e sem sombrinha.

P.S. tudo isso saiu de uma discussão com o Alécio



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O brasileiro e o respeito à vida

Numa recente pesquisa Datafolha:

- a eutanásia é reprovada por 57% dos brasileiros

- 63% entre os mais pobres - até 2 salários mínimos, 38% entre que ganham mais que 10 salários mínimos;
- 60% entre os menos instruídos, 40% entre os mais instruídos.

- a pena de morte tem o apoio de 55% dos brasileiros (maior índice da história da pesquisa, realizada anualmente desde 1991).

- 64% entre que ganham mais que 10 salários mínimos, 52% entre os mais pobres - até 2 salários mínimos.

- Por região: o Sul tem o maior índice pró-adoção da pena: 66% são favoráveis, contra 57% no Norte e Centro-Oeste, 54% no Sudeste e 48% no Nordeste.



Isso, combinado ao resultado do apoio à ampliação da lei do aborto nos dá um retrato interessante do Brasil. Cada um por si.


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quinta-feira, 12 de abril de 2007

O mundo assombrado pelos demônios

Falou a Kirsten Dunst, "o mundo seria melhor se todos fumassem maconha".













é pedra de responsa



O fato: "O melhor amigo do meu pai era Carl Sagan, o astrônomo. Ele era o maior fumante de maconha e era um gênio".



(essa é pro Marcelo, fã do Sagan...)
(eu, por minha vez, sou fã da Kirsten desde Entrevista com o Vampiro)


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Deep Thoughts

I
Às vezes eu penso
Um dia o Pedro Bial vai morrer
já fico mais tranqüilo
II
Se o Bial for pro inferno (se?)
Vai pro paredão toda semana
Big Brother Baal
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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Filisteus



Outro dia na aula uma aluna perguntou se ESTE DESENHO do Egon Schiele era uma gozação, algo insultoso
Porquê?
Por causa do sovaco cabeludo da mulher
E eu NUNCA tinha nem percebido aquele sovaco cabeludo, quanto mais me incomodado com ele, quanto mais achado que ele estava sendo sarcástico com sua modelo

Mostro um desenho magnífico e tudo que olham é o cabelo no sovaco
Mas que geração mais fresca, tchê!


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DEUS É FIEL

Eis uma moda de adesivos de carro, cartazes e pintura de muros que realmente me irrita. Tudo bem com “Deus é amor”, “Jesus te ama”, “Jesus é o caminho”.
Mas “Deus é fiel” é uma frase estúpida e desrespeitosa.
Só é aceitável como slogan do Curíntcha.


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terça-feira, 10 de abril de 2007

E uma surpresa:

No mesmo dia em que a pesquisa sobre o aborto foi publicada, saiu uma outra a respeito da união civil entre homossexuais:

"49% da população é contrária à legalização da união homossexual, enquanto 42% são favoráveis à medida, 7% se dizem indiferentes ao assunto, e 2% não sabem opinar.
(...)
52% dos entrevistados são contra a adoção de crianças por casais de homossexuais. Outros 43% são favoráveis à possibilidade. Indiferentes e pessoas que não souberam responder somam 6%."

Estranho né? Eu jamais pensaria que aborto é mais tabu que casamento gay. E mais tabu que adoção por casais gays...nesses assuntos a população está bem dividida...

Dá o que pensar. Talvez o país seja mais hipócrita, machista e burro do que homofóbico, muito embora na minha opinião, essas sejam coisas um tanto indissociáveis e frutos da mesma semente. Mas vai entender que não entende porra nenhuma...

Talvez coisas da mídia, talvez coisas da moda...mesmo sem o tão discutido beijo gay em uma das novelas da globo.


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Pro dia nascer feliz

Gostei muito do nosso novo ministro da saúde, o médico sanitarista José Gomes Temporão. Não só por conta da posição dele a respeito da questão do aborto, mas desde que li algo sobre ele. O cara parece ter mais contato com a realidade da saúde brasileira, um senso social raro entre os políticos - mesmo porque ele não é um deles.

No último domingo, saiu uma pesquisa na Folha mostrando que a maioria dos brasileiros - 65% - defendem que a legislação sobre o aborto continue como está. No dia seguinte, em entrevista ao mesmo jornal, o ministro analisa este dado como sendo decorrente da falta de debate a respeito do tema, mas deixando transparecer que ele é favorável à descriminalização da prática.

Dois trechos relevantes:

"O resultado da pesquisa não me surpreendeu porque acho que a sociedade brasileira sempre debateu o tema de maneira superficial. Meu objetivo, quando toquei nesse tema há cerca de duas semanas, era chamar a atenção para um debate que sempre foi feito dentro de um contexto moral, filosófico ou religioso, mas não no contexto de saúde pública. "

" Essa é uma questão que suscita muitos debates entusiasmados e apaixonados, mas que colocam um véu sobre as questões que, para nós, sanitaristas, são importantes, como as situações que levam mulheres e casais a passarem por esse sofrimento. Para subsidiar esse debate, temos que aperfeiçoar nosso conjunto de informações para que possamos ter uma discussão mais aprofundada. No ano passado, o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 2.000 abortos legais e 220 mil curetagens pós-aborto na rede. Não posso afirmar com segurança a percentagem desses 220 mil procedimentos que foram feitos em decorrência de um aborto espontâneo ou de abortos realizados em condições inseguras. Essa é uma informação relevante para a discussão."

Olha no que deu:

10 de abril:

Grupo hostiliza ministro durante ato contra o aborto

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, enfrentou ontem uma manifestação contra o aborto, em Fortaleza.
O protesto -organizado por lideranças religiosas e políticas, inclusive um deputado petista- foi em resposta a recentes afirmações do ministro, que é favorável a uma discussão sobre o tema e já defendeu a realização de um plebiscito para decidir por sua liberação ou não.

(...)

Com um carro de som e diversas faixas, como "Por um Brasil sem aborto" e "O Ministério é da Saúde ou da morte?", os manifestantes desviaram o foco de atenção do evento, em que o ministro iria falar de um programa de ginástica.
Enquanto Temporão discursava, entre vaias, os manifestantes gritavam: "Diga não ao aborto e sim à vida".
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E aí, dá pra esperar que algum político, concorrendo a cargo majoritário defenda a descriminalização do aborto antes que um debate mais profundo seja feito? O problema é: os caras não tem cara nem de promover a discussão, as igrejas do país não querem permitir nem que se discuta. Por isso mesmo há uma relação direta entre religiosidade e desenvolvimento.

E o foda é a hipocrisia sobre isso tudo...estamos falando em descriminalizar o aborto. Ou seja: mulheres que fazem o aborto são criminosas. E a pulga atrás da minha orelha direita me diz que tem muita mulher abortando. Filhos de padres, inclusive.

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Pra finalizar, uma engraçada sequência de notícias sobre o tema (calma, só os links):


22 de março de 2007

Bebê anencéfala será ícone em ato contra o aborto

Para médicos, vida social de bebê anencéfala é impossível (pra mim também!)





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O Vaticano e a verdade

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1004200721.htm

"O Vaticano divulgará nesta semana estimativa segundo a qual 84,5% da população brasileira era composta de católicos em 2005 -o que representa 155,6 milhões de pessoas.
A estimativa, antecipada pela BBC Brasil, contraria dados do IBGE. Segundo o censo demográfico de 2000, mais recente estatística oficial, 73,8% dos brasileiros eram católicos naquele ano."

Devem estar certos...quem diabos o IBGE pensa que é?


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Take that!

Café e cigarro previnem contra mal de Parkinson, diz estudo

da Ansa, em Roma

Nas famílias em que um membro sofra do mal de Parkinson, as pessoas que fumam cigarros e bebem café têm menos chances de desenvolver a doença, segundo pesquisadores da Duke University Medical Center, em matéria publicada pela revista "Archives of Neurology".

De acordo com os cientistas, tanto fatores genéticos quanto ambientais podem influenciar o desenvolvimento da patologia.

Estudos anteriores já haviam sugerido que fumantes e consumidores de café teriam um risco menor de sofrerem do mal de Parkinson, mas este é o primeiro estudo que analisa especificamente o consumo dessas substâncias nas famílias já afetadas pela doença.

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Vejam como são as coisas...da minha infância prá cá, descobri que ovos não fazem mal, que chocolate é bom para o sistema imunológico, que vinho faz bem pro coração, que maconha é excelente pra tratar glaucoma e agora essa. Claro, tudo em quantidades limitadas, já diz o povão que a diferença entre a drOga e o remédio é a dose.

Pra mim, tudo muito óbvio: ser feliz faz bem pra saúde. Com uma ressalva:

SEJA FELIZ COM MODERAÇÃO



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Monday sucks!

O congresso é como uma caixa de chocolates...a gente nunca imagina qual será o próximo bombom...hoje o dia em Brasília rendeu muita coisa, não consegui conter a minha alegria com os rumos da nação. Orgulho demais, meu deus!

Genes de gato:

Nossos queridos e felinos deputados, no mesmo dia em que discutem seu reajuste de R$ 12.847 para R$ 16.250 decidem que não querem mais trabalhar na segunda-feira. A justificativa é de que ninguém fazia coisa nenhuma mesmo na segunda, as sessões eram muito improdutivas e existe uma demanda popular nos estados por audiências com os deputados.

Aparentemente o congresso "tradicionalmente" já não realizava votações nas segundas, coisa que mudou quando Chinaglia assumiu a presidência da casa.

Bom...

1 - Porque não fazem nada na segunda? Que tradição é essa? Onde não se trabalha nas segundas?

2 - As sessões de segunda eram improdutivas? E isso é culpa de quem? Quem está lá e não produz?

3 - Demanda nos estados? Não sei como é nos outros estados, mas não vejo nos noticiários paranaenses muita ação por parte dos deputados localmente. Mesmo porque os representantes dos estados são os senadores. Deputados são representantes do povo. Deduzo que de agora em diante os deputados estarão em seus escritórios regionais escutando as demandas populares. Segunda vou lá pedir pra que liberem o resto do povo do serviço nas segundas...ninguém gosta, né? Ah, e claro, trabalhando menos todo mundo devia receber mais, é a lógica, não é mesmo?

Dá pra entender...deve ser muito solitário ficar em Brasília, em plena segunda-feira fazendo porra nenhuma recebendo uma pequena fortuna (termo estranho).


Um Jeitinho Muito Brasileiro:


Chinaglia, além de tentar fazer os caras trabalharem nas segundas, suspendeu as contratações de assessores pelas lideranças partidárias atendendo a um pedido do PR. Qual a solução encontrada pelos nobres deputados para compensar a "falta" de cargos especiais?

Aumento nas verbas de gabinete. Muito lógico. Cada deputado recebe além de seu salário uma verba de R$50.800,00 para pagar salários de até 26 assessores!!! Com o reajuste, esse valor passaria para R$65.100,00, ou 28,15%. Justo.

Por fim, a explicação de tudo isso:

Uma explicação: os caras chegaram no fundo do poço, não tem mais como a imagem do congresso piorar, então resolveram avacalhar de vez. Saiu uma pesquisa - muito óbvia - da CNT/Sensus:


Tá, o congresso tá em último, só pra variar...e vejam a esperança que toma o povo logo após as eleições: a quantidade de pessoas que acham que o Congresso é a instituição mais confiável do país subiu de 0,4% para 1,1% - 175%. E a igreja é a coisa mais confiável desse país (para o nosso bem educado povão). É pra chorar mesmo.


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quinta-feira, 5 de abril de 2007

´cause I´m free!!

Não me reprimo. Eu gosto de esportes, o Pan vem aí e vocês nerds que se fodam. Que passem o mês de Julho morrendo de inveja da felicidade que nós mortais sentimos ao derrotar os inimigos (ops, adversários).

Gostar de esportes tem um quê de aceitar a nossa primitividade: escolhemos um time, um país, um atleta, e esperamos que ele "se vingue" dos rivais por nós. Aí podemos comemorar e zombar dos perdedores. "O importante é competir" o caralho...

Horrível, não? Não. É tão bom quanto qualquer outro comportamento instintivo, como boa comida ou sexo. Ganhar é bom, perder nem tanto. Eu, por exemplo, sou um perdedor meio ruim. Não me entendam mal, eu me comporto super bem, como é de se esperar. Mas a derrota fica na cabeça...meu consolo é o fato de que tem gente muito pior.

Agora, estando no Brasil, coma como os brasileiros. Não tem nada, ABSOLUTAMENTE NADA melhor que ganhar do corinthians. Talvez porque tenha muito corinthiano mesmo, mais gente pra tirar um sarro no dia seguinte.

Mas o Pan vem aí, de 13 a 29 de julho, e eu já escolhi a atleta patrocinada pelo Wilbor: A Fátima aqui, que competirá no tiro com arco, entre os dias 24 e 28 de julho. Sem choro, Gabriel, eu me proclamo editor de esportes do blog. E falei primeiro.

Fátima, WSR está contigo e não abre, mesmo que o Gabriel não queira! Ouro pra nós, menina, e se não der pra ganhar, acerte um pombo em pleno vôo, sei lá...



Tudo é Fátima!!!



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Sobre as descobertas imperiais...

O fim das descobertas imperiais”, é um dos mais belos textos do gajo Boaventura de Sousa Santos, no qual se discute, basicamente, conceitos de dualidade. Assim não existem governantes sem governados, como não existe o conceito de certo sem o errado, é também impossível falar nos descobridores sem falar nos descobertos. Desta maneira, é justamente sobre os conceitos atribuídos às descobertas e aos descobertos que se calca a imagem do descobridor. Ao fazer as descobertas, o descobridor descobre a si próprio, ou pelo menos passa a viver sob a luz de um conceito que só funciona sob a luz do contraste entre dominadores e dominados.

Falando especificamente sobre as tais "descobertas imperiais", ou seja, as descobertas do império do Ocidente, o autor destaca três descobertas fundamentais, que levam à uma compreensão aprofundada sobre aspectos do próprio Ocidente, até mais que dos descobertos, que no caso em questão são os orientais e o Oriente; o selvagem, sob a forma de povos indígenas das Américas; e por fim, a descoberta da própria natureza, e como a exploração desta, agora transformada em "recurso natural" revela aspectos fundamentais da cultura ocidental.



O Oriente


A primeira grande descoberta imperial é a descoberta do Oriente. É justamente a dualidade imposta por essa descoberta que leva à compreensão de que havia um Ocidente. De fato, o Oriente representa uma civilização alternativa à ocidental, caso diferente dos indígenas americanos. O imperialismo vive de subjugar seus dominados, diminuindo sua cultura, costumes, língua, religião. Nada mais conveniente para o Império Ocidental fazer a comparação com o Oriente nos dias de hoje, uma vez que o mundo vive a era da globalização, claramente ocidental.


O Oriente representa assim um contraponto à civilização ocidental moderna. Boaventura dos Santos afirma claramente essa tese ao afirmar que: “Para o Ocidente, o Oriente é sempre uma ameaça, enquanto o Sul é apenas um recurso. A superioridade do Ocidente reside em ele ser simultaneamente o Ocidente e o Norte.”
Feita a "descoberta imperial", é necessário reafirmá-la constantemente, para deixar sempre evidente a supremacia ocidental. Por isso, o imperialismo ocidental lança mão de discursos maniqueístas, da demonização do Oriente - vide o papo do W. Bush. Fica mais evidente perceber o quanto somos "democráticos, modernos, racionais e dinâmicos", quando observamos nos telejornais imagens de barbárie ocorrendo no oriente. Cenas de atentados terroristas, fanatismo religioso, malucos barbados orando de bundas pra cima, voltados para Meca enquanto outros clamam pela morte dos infiéis (categoria que inclui a nós todos). É como olhar para marcianos atrasados.

Por outro lado, é necessário lembrar que o mundo árabe tem uma concepção igualmente negativa do mundo ocidental, de um mundo “bárbaro, arrogante, intolerante, pouco honrado nos compromissos”. O fanatismo religioso e o fundamentalismo estão presentes também na nossa história. Basta lembrar das barbáries cometidas pela igreja católica, da Santa Inquisição, da prática da simonia, das próprias cruzadas e recentemente dos conflitos entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Barbárie e desbunde não são exclusividade oriental.

Um ponto interessantíssimo levantado pelo autor é o que analisa que o Ocidente, não satisfeito em combater o Oriente em “território inimigo”, cria os seus próprios Orientes em território ocidental, transformando os kosovares, por exemplo, em apenas minorias étnicas, mas não islâmicos. Muito sagaz.


O Selvagem


Problemas diferentes, soluções diferentes. O Oriente é o contraponto do Ocidente enquanto civilização. A História oficial fez com que fosse assim, e as atitudes e ações adotadas em relação ao Oriente são no sentido de ridicularizar e diminuir os valores que fazem deles uma civilização, para que o Ocidente possa se sair vitorioso numa comparação.

Quanto ao Sul, a relação é outra: somos inferiores, somos selvagens, somos bichos, desalmados correndo pelados pelas selvas tropicais. Isso foi muito difundido, os Jesuítas foram enviados para essas terras de animais para catequizar alguns, preparar essa terra de ninguém para os seus donos naturais – os europeus. Relação parecida com a da África, negros e índios tem tantos privilégios perante Deus quanto os calangos que comiam. O que é o carnaval ou qualquer outra expressão cultural latina para o Império senão uma brincadeira exótica? Certamente nada que vá produzir cultura que preste.
Aí vem a teoria da “escravatura natural” de Aristóteles para explicar tal relação: alguns homens foram feitos para mandar e outros para obedecer. Os últimos, percebendo a sua inferioridade em todos os aspectos ficariam felizes por serem tutelados por seres superiores.

Não há, portanto, na relação Norte-Sul uma história de disputa por modelos de civilização, progresso, prosperidade. A relação é simplesmente de senhores e escravos, de homens e bichos. Por isso não existe qualquer preocupação histórica com o Sul. Simplesmente não somos relevantes do ponto de vista de civilização. Já quanto à exploração dos recursos que possuímos, a história é diferente. Veremos a seguir.


A Natureza


Essa seria a terceira grande descoberta do milênio (passado). A descoberta da natureza enquanto recurso econômico, enquanto insumo, enquanto capital. Os selvagens simplesmente convivem com a natureza por não a visualizarem como bem, como algo a ser explorado. A veem simplesmente como parte da paisagem dos lugares onde vivem.

O Ocidente enxerga na natureza, "o exterior a ser domesticado", e consequentemente, explorado. O próprio selvagem, com seus rudimentares conhecimentos sobre o funcionamento dos sistemas em que se encontram servem de ferramenta para a exploração dos recursos naturais, muitas vezes levando os cientistas dos grandes laboratórios à verdadeiras "minas de ouro biológico".

A natureza, por ser tão capaz de expressar algo coerente quanto seus habitantes selvagens, não pode ser compreendida, pois não tenta se comunicar. Daí a ciência e suas explanações sobre a natureza. Daí a exploração irracional dos recursos naturais. Daí a situação atual, totalmente calamitosa e cruel.


Finalmente


Essa é uma boa idéia a respeito da imagem que a civilização ocidental tem de si. Tal imagem é construída justamente sobre as diferenças com o resto do mundo, daí as comparações com civilizações diferentes, povos inferiores e exploração desordenada dos recursos naturais. Todas essas ações perversas dariam ao ocidente uma margem de superioridade em todos os aspectos.

 Ao fazer a comparação com o Oriente, o Ocidente sente-se tornar avançado, tecnológico, racional. Ao se comparar com negros e índios, o Ocidente sente-se tornar superior fisicamente, espiritualmente e intelectualmente . E por fim, muito disso é devido à essa exploração irracional de recursos que não pertencem aos exploradores.



Vale lembrar que a "história oficial" é escrita pelo Ocidente. Vale lembrar que debaixo dos nossos narizes temos guerras civis no Haiti, na Colômbia, problemas sérios de ideologia política, como Cuba. Até bem pouco tempo atrás tínhamos conflitos religiosos como os da Irlanda do Norte, (lembram do IRA?). Enfim, trata-se apenas uma roupagem ocidental dos mesmos problemas.

Recordemos ainda que não se sabe se esse atraso observado no Oriente médio se deve, ao menos em parte, aos conflitos que não cessam na região. Os governos teocráticos talvez sejam garantia de atraso, mas até que ponto? E até que ponto a população Oriental deseja ser ocidentalizada? Será que a homogeneização cultural é quista por lá? Será que seria se houvesse igualdade social e acesso ao ensino? São todas questões muito complexas, derivadas das questões deixadas pelo autor no final do texto e que só podem ser respondidas com o tempo.
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Some Dream Girls












Thora Birch em Ghost World

















Fernanda Takai























Björk




















Christina Ricci



Yeah, I'm a creep

I'm a weirdo

What the hell am I doing here?


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quarta-feira, 4 de abril de 2007

Itapuã

Sexta-feira passada estava ouvindo a “Itapuã” de Toquinho, cantada por um punhado de gente embriagada e da minha idade (eu incluso) . Me dei conta de que nunca estive lá, mas que, só por essa música tão “antiga”, tenho uma impressão paradisíaca desse lugar do qual não conheço nem uma só foto.
Mas fiquei triste em ouvi-la.
Não foi por causa desse “desconhecimento” que acabei de apontar — esse é antes motivo de alegria, pois é o poder e a glória da grande arte e da grande fantasia, nos brindar com paraísos e infernos imaginários (mesmo quando baseadas em existências reais, são imaginários, são a “sagrada mentira” da não-vida da arte).
Fiquei realmente triste porque me dei conta que, hoje, uma música bela e simples e tão marcante dessas não poderia ser composta sem ser imediatamente apropriada, comprada ou mesmo planejada para se encaixar em uma campanha turística.
Pense bem nisso. Não é extremante plausível?
Tudo tem que ser vendido. Tudo tem que ser anunciado. Tudo tem que ser útil – tem que embalar, entreter, veicular, convencer, vender. Não se pode perder tempo algum – o que é por definição contrário ao espírito dessa música.
Aquela delicadeza tranqüilidade espontâneas correm o risco de se tornarem simples atributos da “ignorância” e da “ineficiência”. Tornam-se cada vez mais impossíveis – ou melhor, inviáveis. Já percebeu como hoje quase já se aboliu a diferença entre “inviável” e “impossível”?
E o que me deixa puto é que acha-se normal isso.
Apesar da liberdade potencial inédita na história da humanidade, talvez nunca tenhamos sido tão desesperadamente presos.
É um mundão grande e vasto, eu sei. Mas às vezes me parece um mundinho de merda.

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HEAVY METAL

Nego, nunca fui fã da Alanis Morre Sete.
Mas ela ganhou meu respeito com esse clip aí.
Esse é pra quem saca Black Eyed Peas [gostosa-se-esfregando-nos-caras-vestidos-que-nem-cafetão que deu de tocar música brasileira, até]... que é todo mundo, acho




[Nunca postamos vídeos neste Blog até agora. É uma escolha; afinal, é o subterfúgio número um dos blogs em decadentes e sem assunto. Nós simplesmente ficamos um tempão sem escrever... mas ESSE é um que eu não pude evitar.

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segunda-feira, 2 de abril de 2007

A long, long time ago...

Opinião Pública

Certo dia um amigo me disse: pô!
Com um certo espanto, respondi: pois é...
Recebendo de volta um: como?
De pronto mandei um : assim.

Os boatos voam, e o mundo: porque?
Aí eu me irrito: não interessa...
Mas nesse ponto, já está nos jornais: foi assim.
Me obrigando a rebater: calma lá!

Indignados, me cobram: e então?
Didaticamente eu explico: veja bem:
Mas as opiniões já estão formadas: qualé!?
Então bate um desespero: peraí...!

Ninguém mais quer saber: mata! mata!
Eu tento fugir: mamãe!
Já me amarraram: queima! Queima!
Só me resta pensar: que merda...
Maringá, 2003



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