quarta-feira, 28 de abril de 2010

efemérides

(por Marcelo - 31, blogueiro comprometido em jamais falar de um certo profeta)

No último domingo fui ao parque do Ibirapuera, onde rolou um show em homenagem aos 100 anos de Adoniran Barbosa.  Céu bonito, show agradável que reuniu no mesmo palco Demônios da Garoa, Língua de Trapo, Jair Rodrigues e artistas-intelectuais como Arnaldo Antunes, e o Roger, do Ultraje a Rigor (mas isso talvez seja segredo, sei lá).

O que me espantou foi a presença de Ernesto Paulelli, o "Arnesto" do samba de AB.  Um senhor de 95 anos, visivelmente emocionado.  Encantou a todos com uma desafinada, rouca e mal captada versão de "Samba do Arnesto", entoada na companhia de Roger.

Enfim, um programa muito agradável.

A segunda celebração foi uma que deixei passar: em 2009 Paralamas e Titãs, duas das minhas bandas preferidas, completaram 25 anos.  Fizeram uma série de shows juntos, eu tinha lido sobre e me esqueci...até que vi hoje alguns videos no YT.

Confesso que também achei a idéia um tanto piegas, mas foi legal ver as duas bandas juntas. ..gostaria de ter ido a um desses shows.  Aqui o video de "Diversão":



Herbert Vianna, que nunca foi um cantor brilhante (mas um belo guitarrista e uma das melhores cabeças no rock nacional), já não é mais o mesmo, mas ainda assim, foi bacana vê-lo.  Como os Titãs não são mais os mesmos, até porque foram muitos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Caras da Folha

(por Marcelo - inventor do acarajé e 162a. encarnção de Obtusa, faxineira do faraó Ramsés II)

prefácio:

Dia desses escrevi pro Gabriel, solicitando um post a respeito do aniversário de 50 anos de Brasília...eu mesmo havia pensado em escrever algo, mas a resposta do Gabriel me chamou a atenção para uma questão: o que falar sobre Brasília que já não tenha sido abordado, especialmente nessa semana festiva.  A semana passou, eu não consegui pensar em nada, até hoje.

Minha família assina a Folha de São Paulo desde que eu era criança, e eu cresci lendo esse jornal.  Com todos os problemas que de vez m quando mencionamos aqui, a ausência de um jornal me fazia uma falta danada, de forma que na primeira oportunidade, fiz uma assinatura aqui em São Paulo. Rapidamente comecei a notar as diferenças entre as versões paulista e nacional: nada de muito novo, eu já sabia que era assim, só que não recebia os suplementos paulistanos -o guia da Folha, que tem sido muito útil; e a revista da Folha, dedicada ao cotidiano da cidade.  Acontece que recebi uma surpresa no meu jornal de hoje: uma tal revista serafina.  É uma revista esquisita, de formato grandão - tão larga quanto, só que mais "baixinha" que a piauí.  O mais estranho, foi ver o índice.  A seguir, os títulos das colunas e os temas:

ícone: Grace Kelly 
fino: Sílvio de Abreu 
ensaio: imagens de Brasília (comento essa daqui a pouco) 
passagem: hotel-butique no sul da Itália 
gastronomia: o mais antigo restaurante de Portugal 
fina: Cecília dos Santos - a tia que cuida do chá da ABL (essa é engraçada, também comentarei depois)
fino: um forrozeiro em ny
especial 2 anos: artistas convidados recriam as capas de serafina
capa: Rita Lee (não li, mas as fotos são ótimas)
design
entrevista: Verne Troyer (o Mini-me de Austin Powers)
moda.....
fino: sobre um jogador francês que abandonou a carreira depois de assumir a homossexualidade
no Rio...
vintage: opiniões de Amaury Jr. sobre a evolução do próprio pensamento sobre as elites
Bom, ao terminar de dar essa primeira olhadelha na revista minha reação foi:

"caralho!  tem uma "Caras" da Folha!"

Fui ler o texto do Beto: muito bom, ele encontrou no meio de um ambiente que é chique por obrigação

 a história da tiazinha que organiza o chá dos imortais...recheado com declarações engraçadinhas dessa senhora, e alguns comentários com o humor que ele já trazia da piauí.  Pra vocês terem uma idéia, o título da história é: "a dieta da imortalidade - de como Cecilia dos Santos aprimorou o chá da Academia Brasileira de Letras".

Só que a chamada é a seguinte:"Cecilia dos Santos faz sua pequena revolução gastronômica na ABL" Hehehehe!!!  Trdauz bem o espírito da história: o sentimento de dever cumprido da d. Cecilia, cujas mudanças no chá da ABL tiveram grande aceitação por parte dos imortais e de sua preocupação com os efeitos do cardápio sobre a saúde dos velhinhos.

Um trechinho:

 "A comida era muito pesada", ela lembra, explicando o porquê da mudança. "Como os acadêmicos estavam reclamando e o dr. Montello gostava do meu trabalho, ele resolveu pedir minha supervisão." De pronto, Cecília achou por bem mudar o jogo de pratos. "Disse à dona Ivone, mulher do dr. Montello, que a louça estava muito velha." Comprou um jogo novo, azul, na Luvaria Gomes. "Todo o mundo me perguntava se vinha da China." Em seguida, exerceu seu choque de ordem naquele que era o problema mais grave: o cardápio. "Dei uma sofisticadazinha. Coloquei fruta, suco, bolo." Ela conta que a resposta foi imediata. "O dr. Montello me chamou à mesa, levantou o polegar em sinal de aprovação e disse: 'É assim mesmo que eu quero'.
(...)
Três anos atrás, quando assumiu o comando da Academia, Marcos Vilaça se viu movido por um furor de modernização (que acabou eclodindo em homenagens recentes ao sambista Martinho da Vila e ao treinador Joel Santana (não necessariamente patronos da língua nacional). Entre as medidas adotadas, Vilaça determinou que deveria haver alguma oferta alcoólica, atendida com uma garrafa de vinho do Porto. Em seguida, passou aos comes, como conta o acadêmico e gramático Evanildo Bechara: "Nosso presidente, na primeira gestão, introduziu o bolo de rolo. E, na segunda, o queijo-coalho. Os outros presidentes não eram tão ligados à mesa assim".

 Eu vi uma reportagem com a homenagem ao Joel Santana, coisa engraçadíssima...realmente não é um "patrono da língua nacional".

Bom, a segunda coisa que me fez parar pra ver, foi o ensaio fotográfico especial de Brasília.  E aí me veio à mente o que o Gabriel tinha dito.

Título da matéria: BRASILIDADES - o olhar de cinco fotógrafos em imagens inéditas quem (sic) ampliam detalhes da arquitetura de Brasília, 50


Detalhe: as fotos podem ser inéditas, mas os olhares não.  Eu acho que tenho umas cinco fotos praticamente idênticas às que foram publicadas (treze).  Essa dos anjos da catedral, em especial, é idêntica, e fiquei pensando que o cara tem que ser muito ingênuo se acha que ninguém pensou nisso antes:


anjos 2

Caramba, né?  Mas tudo bem, a questão não é essa...mas sim o que o Gabriel disse: é muito difícil achar novidades sobre um tema tão discutido, como é difícil encontrar ângulos originais em monumentos tao fotografados.

Concluindo: serafina é uma revista e celebridades mesmo, não vi nada que me despertasse a vontade de uma segunda olhadela, mas como é mensal e estará sobre a mesinha até o fimdo mês, é possível que eu ainda leia alguma outra coisa.  A presença do Beto (Roberto Kaz), foi uma surpresa agradável, eu sabia que ele tinha se mudado da piauí pra Folha, não sabia muito bem onde ele estava alocado.  O texto dele me lembrou de um dos primeiros publicados na Bundas, sobre a vida suntuosa dos "Silva", se não estou enganado.  Só que muito, muito sutil, a ponto de caber na serafina.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Comentário artístico

(por Gabriel)

Eu quase nunca discuto Arte Pública no Wilbor, embora tenha feito um mestrado a respeito. Mas, de vez em quando, algumas coisas têm de ser noticiadas... Como a "intervenção" temporária e clandestina de Eduardo Srur em uma das "Vacas" de São Paulo.

CowParade_Intervencao_Srur.jpeg

É o melhor comentário que já vi sobre essa babaquice de grife que é a Cow Parade.

Cara-dura

(por Gabriel)


Não é nenhuma novidade, a esta altura dos acontecimentos. Ainda assim, sempre é meio chocante ver certas coisas admitidas francamente no nosso "quarto poder".
Do que estou falando? 
Da declaração de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo (grifos meus, como sempre):
A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.

... UAU.

Isto certamente levanta algumas questões, não?
Para quem não estranhar nada na declaração, creio que este texto de Washington Araújo torna-se sumamente necessário.

Ho, ho, ho!!!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Apenas um doce travesti

Em homenagem ao aniversário de Tim Curry...


Sweet Transvestite from memo alo on Vimeo.

O "clássico" The Rocky Horror Picture Show é praticamente inassistível para a absoluta maioria das pessoas (eu mesmo provavelmente nunca vou querer ver de novo). Mas essa cena -- uma das melhores que Curry que  fez em toda a sua carreira no cinema -- vale o filme.

PS: procurando um vídeo de boa qualidade da cena no youtube -- e não consegui achar nada melhor que o que postei aqui! -- me deparei com este trecho de Family Guy tirando sarro do filme "O Chamado"... Lembram? "The Ring"?




sábado, 17 de abril de 2010

A "pequenina" tragédia da esquina

(por Gabriel)

Caíram as chuvas na semana passada, a partir da segunda-feira. Terça-feira a cidade já amanheceu em calamidade pública. Muitos me ligaram e escreveram, preocupados. Não sofri nada, nem engarrafamento. Aqui da minha rua, uma pessoa poderia ignorar totalmente tudo o que ocorreu no Rio.

Uma semana depois, esta última terça-feira. Despertador programado pra despertar às 6:15.
Às 5:45, acordo com um barulho muito alto e gradual, de coisa quebrando.

(penso, em sono: que diabo de caminhão de obra é esse? Quem está quebrando a calçada? E a essa hora?)
Minha esposa fica preocupada, e fala ainda na cama que a árvore na frente do prédio deve estar caindo.
Imagina, digo eu.
Vou lá na janela.
Aí pego a máquina fotográfica e vou pra sacada.











Não tive tempo pra digerir, tive que ir trabalhar. No dia seguinte, estava a notícia lá no site G1. As fotos da reportagem (tiradas por outros moradores da rua) talvez dêem uma idéia melhor do acontecido.

Foto: Carlos Ivan Miranda/VC no G1

Foto: Carlos Ivan Miranda/VC no G1

Foto: Vc no G1

(ironicamente, meu prédio não aparece em nenhuma imagem... esta última foi certamente tirada da frente dele.)
Felizmente,  essa queda tão grand não ocasionou vítimas e nem grandes perdas de patrimônio (só a calçada, o encanamento e o pobre monza bege). Nem os fios de eletricidades foram muito afetados, graças à árvore e os prédios da quadra em frente que serviram de anteparo à vítima tombada.

Mas bem: muitas árvores caíram nas chuvas cariocas noticiadas com assombro na semana passada.
Esta NÃO foi uma delas. Suas raízes, desproporcionadamente superficiais para uma copa tão imensa, já estavam fragilizadas fazia tempo; a gota d'água foi um estúpido vazamento de água que, durante dias a fio, carcomeu a terra em que suas raízes estavam já precariamente agarradas.

Era uma árvore linda e gigantesca. Devia ser velhíssima. Era uma das coisas mais legais da rua.
Sua copa ficava na altura do playground de nosso prédio, e o deixava muito mais bonito e agradável.
Eu literalmente imaginava filhos hipotéticos brincando no playground sob a sombra e a vista dessa copa, e ficava feliz.

O que restou foi uma grande clareira e dois enormes montes amorfos de madeira que até agora não foram retirados.

Merda.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A igreja católica e a pedofilia

(por Marcelo, bicampeão paraibano de dominó estilo livre)

Me chamou a atenção, na semana da páscoa que a igreja - mais precisamente o Vaticano - se pôs numa postura defensiva que eu nunca havia presenciado antes.  O motivo era a novidade de que o irmão do papa poderia ter se omitido em vários casos de abuso de menores ocorridos contra os meninos do coral da catedral de Regensburgo, o mais antigo do mundo, dirigido por ele entre 1964 e 1994.  Não pesam contra Georg Ratzinger acusações pessoais de abuso sexual, mas a omissão configura um crime (ou pecado) quase tão grave.  À época dos escândalos, o atual papa comandava a "Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé", a equivalente moderna da "Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício", o tribunal da Santa Inquisição Católica, que existiu entre 1542 e 1965.  Joseph Ratzinger era, portanto, o chefe do órgão encarregado pelas investigações de delitos desse tipo.

Esse fato e as consequentes críticas geradas levaram Raniero Cantalamessa, o pregador de Bento XVI a comparar as acusações contra o papa ao holocausto.  Foi tão infeliz que menos de uma semana depois dessa declaração se viu obrigado a pedir desculpas públicas.

Mais recentemente surgiram acusações de que o papa teria conhecimento dos fatos, mas resolveu não agir.  Um indicativo disso é o fato de que em 1996 decidiu não punir o padre pedófilo Lawrence Murphy, que confessou ter molestado mais de 200 jovens.  Tal fato implica em suspeitas diretas contra o próprio papa.

Por fim (e estou omitindo boa parte da evolução da história pelo bem da economia textual), o Vaticano encontrou o vilão, ou melhor, os vilões da história toda: os homossexuais.  E descartaram qualquer relação da prática do celibato com os fatos.

Bom, aqui termino com o relato dos fatos e passo à segunda parte do texto.

Gostaria de tratar, em primero lugar, da relação entre pedofilia e homossexualismo, vista como a causa disso tudo pelo Vaticano, e posteriormente, da relação entre celibato e pedofilia, hipótese rejeitada pela igreja.

Aparentemente, vários casos de pedofilia de fato envolvem relações homossexuais.  Essa idéia é reforçada por alguns casos que de vez em quando surgem na mídia, o mais recente deles sendo a história do pedófilo que matou 6 jovens em Luiziânia, Goiás.

Para ativar a nossa memória de médio prazo, gostaria de lembrar aqui do penúltimo caso de pedofilia bastante explorado pela mídia no Brasil.  Coincidentemente envolveu a igreja, mas em outras circunstâncias. Provável que nem todo mundo esteja lembrado, mas houve um caso de uma menininha que era sistematicamente estuprada pelo padastro dos seis aos nove anos, até que por fim engravidou.  Esse caso se tornou notório por conta da excomunhão da mãe e dos médicos que posteriormente procederam com o aborto.  Não vou me alongar no assunto porque já foi comentado nesse post.

A relevância deste caso se justifica nesse post do Gabriel: a idéia de que as leis dos homens, numa sociedade multicultural não devem ser seguidas, caso firam as "leis de Deus", estabelecidas pelos velhinhos do Vaticano.  Tanto no caso da menininha estuprada, quanto nos recentes casos de padres não punidos pela igreja, percebemos que o "estupra mas não mata" é válido.

Voltando às relações entre pedofilia e homossexualismo, cabe ainda lembrar de um outro fato: talvez a forma mais comum de pedofilia da qual temos notícia  sejam os casos de prostituição infantil, que acontecem aos montes, todos os dias nas cidades brasileiras.    É um problema sério em vários lugares do Brasil, tanto em cidades pequenas, como Pontes e Lacerda, Mato Grosso, como já me foi relatado por um amigo muito próximo que trabalha, entre outros lugares, na vara da infância e adolescência, quanto nas grandes cidades turísticas, onde a demanda é, em muitos casos, de turistas europeus.  Estranho que nesses casos geralmente os abusos ocorram por parte de homens contra meninas.  Certamente ocorrem também casos envolvendo meninos, mas se levarmos em consideração os casos de prostituição infantil divulgados na mídia, não me lembro de nenhum.

A partir disso, acredito que podemos aferir que a grande maioria dos casos de pedofilia são praticados por HOMENS, e que aparentemente as meninas são vítimas mais constante que os meninos.  Isso é exatamente o que poderíamos esperar de um cenário em que pedófilos podem ser igualmente hetero ou homossexuais, inseridos em populações onde os homossexuais são minoria.  A propósito, alguém se lembra de algum caso famoso que envolvesse uma PEDÓFILA?  E uma pedófila abusando de uma menininha?  Mas deve ter, claro.

Quanto à relação entre o celibato e a pedofilia, a questão é um pouco mais nebulosa.  Parto de algumas afirmações que me parecem claras, a análise é feita sobre algumas percepções que podem não serem verdadeiras, ainda que me pareçam ser  condizentes com a realidade.

Partindo do princípio de que a pedofilia é uma patologia psiquiátrica que acomete muito mais os homens do que as mulheres (provavelmente por razões evolutivas), podemos deduzir que em um meio exclusivamente masculino, ela ocorra com uma frequência maior que na média da sociedade ou em meios exclusivamente femininos.

A abstinência sexual voluntária não é um comportamento "normal" não só entre os homens, mas entre os animais.

Se na igreja os casos de pedofilia tem ocorrido com uma frequência maior que na média da sociedade (como será demonstrado mais à frente), sendo a pedofilia um desvio de ordem sexual, e tendo a igreja a norma do celibato como única diferenciação de ordem sexual entre seus sacerdotes e a população "comum"...bom, parece existir alguma relação sim.

Porque então, nos casos de pedofilia cometidos por sacerdotes há, aparentemente, um número maior de abusos contra meninos do que contra meninas?

Aqui vem uma hipótese meramente especulativa, conforme alertamos antes:

Será que um meio exclusivamente masculino, composto por homens comprometidos com um comportamento sexual anormal (o da abstinência) atrai uma proporção de homossexuais maior que a média encontrada na população?  Talvez porque homossexuais sejam mais reprimidos sexualmente? Se isso for verdade, talvez justifique um número maior de abusos contra crianças maior contra meninos que contra meninas, em relação ao que é esperado na média da sociedade.

Por fim, será que o simples compromisso com um comportamento sexual antinatural não atraia pessoas com uma relação estranha com a sexualidade, hetero ou homossexuais?  Acho que dá pra perceber onde quero chegar com isso.

Passo agora a tratar de um outro assunto, que de alguma forma está relacionado ao tema que trato aqui.  Recentemente, e por coincidência, tive acesso a dois sites de grupos extremistas católicos.  O primeiro foi descoberto acidentalmente pelo Gabriel, pois foi anunciado no nosso blog através do Google Adsense, essa ferramenta que coloca propagandas no canto superior do site.  Aparentemente o Google "pensa" que este espaço é bom para divulgar propagandas de grupos religiosos, já que tratamos de assuntos relacionados ao tema com alguma frequência...não foi o primeiro caso.  Agora, só falta o Google aprender a interpretar o que "lê", pois acho que os anunciantes não estariam de acordo com o conteúdo publicado aqui.

O Gabriel, nesse post, chamou atenção para o site do "Instituto Plinio Correia de Oliveira", que além de acusar o Plano Nacional de Direitos Humanos de um plano de perseguição religiosa contra o catolicismo promovido pelo "Fundamentalismo Ateu", revela em sua primeira página que "estão ferindo a dignidade do papa para atacar a santa igreja".

Na mesma linha, só que com um site maior e mais absurdo, está a "Montfort Associação Cultural", que me foi apresentada pelo Marcel.  O site também dedica um grande espaço à defesa do papa e também acusa o laicismo pela decadência da sociedade moderna.  Duas coisas me saltaram aos olhos nesse site.  Primeiro, um artigo intitulado "A alegria de um papa sofrendo", em que depois de ressaltar a impressionante serenidade com a qual o papa vem lidando com toda essa balbúrdia, sendo capaz, apesar de tudo, de "sorrir com alegria sobrenatural".

Bento XVI: sorriso com alegria sobrenatural

A segunda coisa que me impressionou nesse site, foi o seguinte artigo: "Teoria da Evolução: uma mentira sesquicentenária", escrito por um tal Fabio Vanini, um débil mental portador de um diploma de biologia, autorizado, portanto, a "confirmar" que a teoria da evolução não passa de um monte de mentiras e hipóteses não-comprovadas.  Achei curioso, porque até então eu pensava que esse tipo de bizarrice fosse exclusiva dos protestantes fundamentalistas.  Até hoje, todos os padres que conheci afirmavam que o Gênesis era uma coisa simbólica...vejo agora que esses grupos católicos não só acreditam de fato no criacionismo como morrem de raiva do Concílio Vaticano II, na opinião deles um marco da abrandamento das posições católicas que contaminou a igreja.  Ratzinger é uma espécie de "salvador da pátria" pra esse pessoal.

E pra quem acha que Ratzinger é um retrocesso em relação a seu antecessor, é bom lembrarmos que esse bicho era o homem de confiança de João Paulo II.   Aliás, é a pior consequência do polonês ter vivido tanto tempo.  Com o tempo que ficou no pontificado, João Paulo II foi capaz de "renovar" boa parte do colégio de cardeais, que por fim, é responsável por eleger o papa.  Ou seja: Ratzinger é exatamente o papa que Wojtila queria.  Sem por nem tirar.

Outra pérola do grupo Monfort é o artigo "Pedófilos, quem?",de onde extraí a seguinte citação:

"Na Alemanha foi comprovado que houve, desde 1995, 210 mil denúncias de abusos a menores. Dessas 210 mil, 300 envolveram de alguma forma padres católicos. Ou seja, menos de 0,2%. Isso significa que, por serem poucos, esses casos devem ser minimizados? Longe disso. Já disse e repito: um único caso que seja de pedofilia é sempre vergonhoso e imperdoável.
O problema é que se está procurando partir de casos isolados para engrossar uma campanha de descrédito e de infâmia contra a Igreja Católica e seus dignitários, tornando mais profundo o difuso anti-catolicismo ocidental que já vai se tornando um dos inexplicáveis fenômenos do nosso tempo."

Bom, quanto aos casos de pedofilia na igreja serem fenômenos isolados que a imprensa insiste em procurar, fiz uma rápida pesquisa e cheguei num dado muito interessante: segundo dados oficiais do anuário católico divulgado pela Ceris (Centro de Estatística Religiosa e Investigação Social), órgão da CNBB; na Alemanha há um padre para cada 4.500 habitantes, o que representa 0,02% da população.  Dessa forma, se os dados utilizados pelo grupo Monfort estiverem certos, de que "apenas" 0,2% dos crimes de pedofilia são cometidos por padres, podemos concluir que um padre, na Alemanha tem uma chance 10 vezes maior de abusar sexualmente de uma criança que a média da população.

Bom, até esse ponto, me restringi a relatar os casos e traçar algumas relações.  Agora passo a opinar mais diretamente.

A pedofilia é um fenômeno amplificado na igreja católica (pelo menos na igreja alemã, mas não parece ser uma exclusividade germânica).  Isso agora parece estar claro, e se estamos certos ou errados acerca das causas disso é outro papo.  Provavelmente tal coisa ocorre há muito tempo na igreja, e provavelmente sempre foi  muito bem escondido, provavelmente através de ameaças psicológicas por parte dos padres e também pelo acobertamento da igreja, que obviamente não se beneficia com esse tipo de exposição.

Se agora chegou-se ao ponto de haver um papa envolvido nesse tipo de escândalo, é de se questionar qual será a reação do restante da igreja.  Até agora, estão se defendendo e defendendo Ratzinger, mas imaginem se for provado que o papa de fato soube dos casos e resolveu não agir?

Os padres, além do voto de castidade fazem também os votos de pobreza e de obediência.  Acreditam também na santidade do papa e na sua infalibilidade.  E acreditam que o colégio de cardeais ao escolher o novo papa, o fazem sob influência do próprio Espírito Santo.

Em caso de comprovação das denúncias, penso que a renúncia ou expulsão de Ratzinger do pontificado seria necessária, caso essa igreja ainda pense em resguardar algum fiapo de moral - digo nos tempos atuais, a história da igreja católica é grotesca e imperdoável.  Conheço padres inteligentes e bem intencionados...esses ficam numa posição muito, mas muito desconfortável ao se submeterem à liderança de um homem que acobertou inúmeras denúncias de pedofilia.  Como proceder?

Duvido que isso aconteça (a queda de Ratzinger), mas não custa especular...primeiro que ele  provavelmente não seria preso, caso fosse julgado e condenado desses crimes, pois tem status de Chefe de Estado.

Pra quem não é católico, como eu, não tem tanta importância, mas imagino que uma renúncia ou exoneração do papa traria, no mínimo, uma série de questões teológicas inéditas e de difícil solução: os cardeais que escolheram Ratzinger são mais ou menos os que estão aí...como ficaria a infalibilidade deles para escolher um outro papa?  E como ficaria a infalibilidade do próprio papa?  E além disso tudo: como ficam os milhões de fiéis pelo mundo todo tendo um bandido acobertador de estupradores de crianças como líder espiritual?

Já adianto: ao que parece, ainda tem muita água pra rolar...a cada dia surgem novos fatos, e pelo menos o cso do padre Lawrence Murphy (tinha que ser Murphy!!!), parece associar diretamente Ratzinger a um caso real de omissão.  Se for verdade, as consequências serão devastadoras e a igreja católica se verá atingida como nunca antes.  Se não for verdade, o fato é que esse tipo de crime tem acontecido com uma frequência muito grande na igreja católica, e isso não pode ficar por isso mesmo.

Essa igreja é particularmente nojenta.



P.S. Uma notícia que acabo de ver: no site oficial do Vaticano tem um link, logo na página de abertura, chamado "Abuso de menores: a resposta da igreja".  Aparentemente ontem incluíram uma recomendação nova: casos de abusos sexuais contra menores cometidos por sacerdotes devem ser encaminhados à polícia.

Esse link tem cara daqueles selos: "como estou dirigindo?"

Trecho inserido posteriormente:

Em relação ao que eu escrevi, a respeito de uma possível prisão e julgamento do papa, acabou de sair no site da Folha uma matéria interessante.  Richard Dawkins (biólogo) e Christopher Hitchens (filósofo e cientista político), ambos professores da Universidade de Oxford, estão movendo na justiça inglesa e na Corte Penal Internacional uma ação contra o papa, em que pedem a prisão do pontífice por crimes contra a humanidade.

A argumentação vai exatamente no sentido do que escrevi, pois os dois questionam justamente o fato de que o papa não é um chefe de Estado reconhecido pela ONU.  Obviamente uma condenação aqui é muito improvável, como reconhece o advogado que move a causa, mas caso viesse a ocorrer, a prisão poderia ocorrer na visita de Raztinger á Inglaterra, agendada para o mês de setembro.

Nessa matéria consta ainda um fato que eu não conhecia: uma carta de 1985, quando o então cardeal Joseph Ratzinger se nega a destituir o padre norte-americano Stephen Kiesle de suas funções, para preservar o "bem da igreja universal".


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os limites do corpo humano

Quem me conhece sabe que não gosto de acordar cedo.  Eu sempre acordo, caso tenha compromissos, mas se tiver a opção de continuar na cama, podem apostar que é lá que eu estarei.

Uma característica dos não-matutinos, é uma relativa aversão ao sentimento de felicidade que acomete aqueles que não só acordam cedo, mas que gostam de fazê-lo.  De qualquer forma, aqui em São Paulo eu tenho acordado mais cedo do que gosto.

Bom, domingo de manhã.


Acordei as sete e meia com um barulho infernal.  O barulho incluía alguma música que eu nao reconheci, mas que não era do meu gosto, umas batidas estranhas, janela tremendo e muita, mas muita gente gritando.  Honestamente pensei quer talvez fosse um terremoto, e me pus a raciocinar que em São Paulo era muito difícil, e que se acontecesse eu poderia continuar dormindo mais um pouco que logo passaria e depois eu ficaria sabendo pelos telejornais...acho que passei uns 10 minutos decidindo se levantava ou não pra ver o que estava acontecendo de fato, mas como estava realmente impossível, abri a janela, peguei meus óculos e abri a minha janela.

O barulho todo era proveniente de uma maldita corrida de rua, e já há alguns dias tenho visto propagandas da Maratona Internacional de São Paulo.  Mas não era.  Essa só vai acontecer no dia 2 de maio, e pra meu desgosto, também passa aqui na frente.  Era a meia-maratona não-sei-do-quê.

Essas corridas geralmente começam bem cedo, acho que pra não atrapalhar muito o tráfego e pra não colocar o pessoal pra correr 42km debaixo do sol do meio dia, sei lá...mas todas, ou quase todas começam de manhã.

Bom...isso tudo pra mostrar o seguinte: essa corrida, aparentemente é um evento menor, de forma que não vi pessoas na rua.  Exceto uma!

Havia uma mulher, que eu tenho quase certeza que era a Dilma Roussef, torcendo enlouquecidamente por TODOS os competidores que passavam...e olha que era muita gente.  Ela fazia uma dancinha que combinava palmas, sincronizadas com um movimento lateral de vai e vem, alguns gritos de incentivo e muita disposição.

Eu comecei a achar graça, e resolvi pegar a câmera pra tirar umas fotos dos corredores e fazer uns videos.  As fotos não vem ao caso, e nem a corrida em si.  Mas nesse tempo todo, percebi que haviam se passado uns trinta minutos e não parava de passar gente.  A largada é feita em etapas: cadeirantes, gente nuns triciclos, crianças, idosos, mulheres, homens...não sei bem a ordem ou se essas eram as categorias, mas era de fato muita gente.  Enfim, eu disse trinta minutos.

Trinta minutos depois, ainda passava muita gente, e a Dilma continuava lá embaixo, com a mesma disposição em incentivar os corredores (ah sim, só pra explicar a gritaria misturada no barulho geral: como o percurso envolve a passagem por baixo do túnel da Valdemar Ferreira, é óbvio que numa corrida dessas a coisa a se fazer quando se vê no escuro é gritar, claro!).

Agora vem o video da Dilma.  Depois a conclusão.



Eu voltei a olhar uns vinte minutos depois disso.  O grosso dos corredores já tinha passado, mas de vez em quando apareciam grupos de dois ou três retardatários.

Dilma continuava lá.

Não com a mesma energia, mas o engraçado, é que ela continuava fazendo exatamente a mesma coisa: gritava, dava os passinhos laterais e batia palmas.  Só que num ritmo muito mais lento.  Peguei os binóculos e vi que ela estava muito suada...um cara do boteco aqui embaixo levou um copo de água, que ela tomou e devolveu.  Quando passava um tempo pouco maior sem passar ninguém, ela QUASE parava...olhava pros lados, talvez pra ver se não tinha ninguém olhando, e voltava a fazer a sua coreografia, nesse ponto já muito mais lenta, mas exatamente a mesma.

Ela só saiu de lá quando a organização da prova retirou as fitas que demarcavam o percurso e os carros voltaram a transitar na avenida.  Ela simplesmente tomou a direção do corredor de ônibus, entrou em um deles e foi embora.

Não pude filmar ela já no fim de suas energias, porque as baterias da minha câmera acabaram muito antes das baterias da Dilma.  Ela certamente fez mais esforço físico que alguns dos atletas (pelo menos daqueles que escolheram o trajeto mais curto, de 5 km.  Mas depois de um certo tempo acompanhei tudo com os binóculos.

Pra mim, foi um estudo antropológico, bastante interessante mesmo.  Ri pra cacete.  Quando acabou isso tudo, já eram 9 horas.  Não consegui mais dormir.

sábado, 10 de abril de 2010

Tudo de bom

(por Gabriel)

Esse Adsense é um negócio engraçado. Nos "anúncios Google" aí no topo da barra à esquerda, já vi que qualquer coisa pode aparecer anunciada aqui no blog, o que traz um certo detalhe insólito interessante pro caráter do nosso Wilbor.

Aí, agorinha, eu abro o blog e vejo esse anúncio:
Perseguição Religiosa
Protesto contra o novo Programa de Direitos Humanos do Governo - PNDH3


Fui checar o link.

É tudo de bom.

.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O papa me pegou

(por Gabriel)

Manhã da quinta-feira passada. Abri o browser e li, nos destaques de manchetes da imprensa:

Bento XVI diz que cristãos devem cumprir leis, exceto...


"...exceto quando estas contrariam as Leis de Deus", já fui eu completando, me achando espertinho. Imaginando que não ia ver nada de novo, cliquei no link para a matéria d'O Globo.

E aí tive ligeira surpresa:


Opa! "Injustiça"? Estaria o papa falando do mundo político secular?
Estaria se pronunciando contra a tortura e a guerra? Estaria incitando as pessoas a sublevarem (desobedecer leis!) contra governos repressores?
Bem, certamente ele não estaria defendendo as Farc ou coisa parecida. De que "injustiça" falava o Santo Padre?

Aí eu fui ler o primeiro parágrafo:

Cidade do Vaticano, 1 abr (EFE).- O papa Bento XVI disse, nesta quarta, durante a Missa Crismal que os cristãos devem cumprir o que prevê o direito, "mas não devem aceitar injustiças, mesmo que estejam previstas em lei, como, por exemplo, quando se trata do assassinato de crianças inocentes ainda não nascidas".

....aaaaahhh bão.
É o bom e velho papa de sempre. Bentinho e nossa imprensa tupiniquim, sempre nos pregando peças!

.... Depois é que me toquei: não é que, sutilmente, o malandro disse justamente o que eu achava que ele ia falar no meu primeiro palpite?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

histórias únicas e histórias muitas

(por Gabriel)

Muito bonita essa fala da escritora Nigeriana Chimamanda Adichie. Tem 18 minutos, e para mim valeu o tempo gasto. É um pouquinho "we are the world"; mas, no fundo, é muito sobre a raiz narrativa do preconceito, que vem de se conhecer apenas uma única história a respeito de uma dada coisa (povo, nação, pessoa, etc.)



Afora a beleza presente na retórica, na voz e na própria figura da escritora, me tocou a identificação de infância no início da fala: o quanto minhas histórias não eram minhas histórias, e como as histórias que eu produzia eram cunhadas em histórias externas a minha realidade do dia-a-dia; e também a forma como a pobreza da nossa "realidade social" aparecia na vida da infância de uma criança de classe média filha de professores. Já sobre ouvir os preconceitos mais bizarros sobre sua terra de origem, bem, o Marcelo pode falar bem mais a respeito, tendo morado nos States um tempo.

Mais indiretamente, me lembrei também de outra coisa que ouvi, aqui no Brasil: o caso de uma escola de periferia no sudeste em que 90% das crianças eram negras, e entre os personagens de HQ que elas desenhavam nas paredes para decorar o ambiente não havia um único negro. Que coisa, heim, Maurício de Souza? Jeremias nenhum se sustenta sozinho. Mas, enfim, o assunto não é tanto racismo, mas sim as narrativas que moldam nossa visão sobre as coisas.

Não consegui não me identificar com a questão, não pensar no Brasil. Claro, alguém dirá, o Brasil não é a África; mas o ponto aqui é que a África não é a "África" -- não existe qualquer coisa unívoca que atenda por esse nome de "África" com o qual vestimos nossa ignorância sobre um continente gigantesco.

Minha questão: o Brasil não é o "Brasil". Nós produzimos, exportamos e compramos preconceitos e mistificações desde sempre. Muitos outros termos também são freqüente caso do achatamento conceitual que chamamos de "estereótipo": "mulheres", "árabes", "usuários de drogas", "terrorismo","populismo" e pos aí vai.
All Violence is an Illustration of a Pathetic Stereotype, 1991
(Obra de Barbara Kruger)

Pulando (muito) pro assunto da política: faz tempo que eu penso mesmo essa onda de popularidade do Brasil e de Lula no exterior entra nisso: na verdade, não sabem quem é o Lula, para além de uma narrativa estreita, única. Ninguém precisa fazer uma idéia real do que é o Brasil -- da multiplicidade de Brasis -- pra gostar dele; de certo modo, basta ele estar em alta na mídia. E no momento está, na mídia lá de fora. Aqui dentro, é outra história, mais complicada e sacana; mas digamos é impossível separa a popularidade lá fora com o fato de medirem o Brasil que vêem agora em contraposição às imagens e histórias estreitas que tinham dele antes. Lula, o cinema e o não-naufrágio do país na crise trouxeram "outras histórias" do país lá pra fora.

Temos mais que tirar proveito disso, claro!  E o Lula e a diplomacia brasileira vêm tirando. Propaganda é a alma do negócio nesse esquemão. Mas penso: se pautar pela popularidade ou impopularidade do país -- ou de qualquer coisa -- nunca é suficiente. Como disse a escritora, o problema de estereótipos não é o fato de serem mentirosos, mas de serem incompletos. We're not bananas anymore -- mas ainda podemos voltar a ser, então todo cuidado é pouco.

Não quero dar uma de pós-moderno de butique e dizer que "não existe 'verdade'". As coisas acontecem e existem para além de nossas histórias a respeito delas. Mas uma vez que só podemos ver coisas complexas como sociedade e história a partir de narrativas parciais, onde estaria "a verdade"?
Talvez em algum espaço no campo de batalha das histórias conflitantes?