segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Caras da Folha

(por Marcelo - inventor do acarajé e 162a. encarnção de Obtusa, faxineira do faraó Ramsés II)

prefácio:

Dia desses escrevi pro Gabriel, solicitando um post a respeito do aniversário de 50 anos de Brasília...eu mesmo havia pensado em escrever algo, mas a resposta do Gabriel me chamou a atenção para uma questão: o que falar sobre Brasília que já não tenha sido abordado, especialmente nessa semana festiva.  A semana passou, eu não consegui pensar em nada, até hoje.

Minha família assina a Folha de São Paulo desde que eu era criança, e eu cresci lendo esse jornal.  Com todos os problemas que de vez m quando mencionamos aqui, a ausência de um jornal me fazia uma falta danada, de forma que na primeira oportunidade, fiz uma assinatura aqui em São Paulo. Rapidamente comecei a notar as diferenças entre as versões paulista e nacional: nada de muito novo, eu já sabia que era assim, só que não recebia os suplementos paulistanos -o guia da Folha, que tem sido muito útil; e a revista da Folha, dedicada ao cotidiano da cidade.  Acontece que recebi uma surpresa no meu jornal de hoje: uma tal revista serafina.  É uma revista esquisita, de formato grandão - tão larga quanto, só que mais "baixinha" que a piauí.  O mais estranho, foi ver o índice.  A seguir, os títulos das colunas e os temas:

ícone: Grace Kelly 
fino: Sílvio de Abreu 
ensaio: imagens de Brasília (comento essa daqui a pouco) 
passagem: hotel-butique no sul da Itália 
gastronomia: o mais antigo restaurante de Portugal 
fina: Cecília dos Santos - a tia que cuida do chá da ABL (essa é engraçada, também comentarei depois)
fino: um forrozeiro em ny
especial 2 anos: artistas convidados recriam as capas de serafina
capa: Rita Lee (não li, mas as fotos são ótimas)
design
entrevista: Verne Troyer (o Mini-me de Austin Powers)
moda.....
fino: sobre um jogador francês que abandonou a carreira depois de assumir a homossexualidade
no Rio...
vintage: opiniões de Amaury Jr. sobre a evolução do próprio pensamento sobre as elites
Bom, ao terminar de dar essa primeira olhadelha na revista minha reação foi:

"caralho!  tem uma "Caras" da Folha!"

Fui ler o texto do Beto: muito bom, ele encontrou no meio de um ambiente que é chique por obrigação

 a história da tiazinha que organiza o chá dos imortais...recheado com declarações engraçadinhas dessa senhora, e alguns comentários com o humor que ele já trazia da piauí.  Pra vocês terem uma idéia, o título da história é: "a dieta da imortalidade - de como Cecilia dos Santos aprimorou o chá da Academia Brasileira de Letras".

Só que a chamada é a seguinte:"Cecilia dos Santos faz sua pequena revolução gastronômica na ABL" Hehehehe!!!  Trdauz bem o espírito da história: o sentimento de dever cumprido da d. Cecilia, cujas mudanças no chá da ABL tiveram grande aceitação por parte dos imortais e de sua preocupação com os efeitos do cardápio sobre a saúde dos velhinhos.

Um trechinho:

 "A comida era muito pesada", ela lembra, explicando o porquê da mudança. "Como os acadêmicos estavam reclamando e o dr. Montello gostava do meu trabalho, ele resolveu pedir minha supervisão." De pronto, Cecília achou por bem mudar o jogo de pratos. "Disse à dona Ivone, mulher do dr. Montello, que a louça estava muito velha." Comprou um jogo novo, azul, na Luvaria Gomes. "Todo o mundo me perguntava se vinha da China." Em seguida, exerceu seu choque de ordem naquele que era o problema mais grave: o cardápio. "Dei uma sofisticadazinha. Coloquei fruta, suco, bolo." Ela conta que a resposta foi imediata. "O dr. Montello me chamou à mesa, levantou o polegar em sinal de aprovação e disse: 'É assim mesmo que eu quero'.
(...)
Três anos atrás, quando assumiu o comando da Academia, Marcos Vilaça se viu movido por um furor de modernização (que acabou eclodindo em homenagens recentes ao sambista Martinho da Vila e ao treinador Joel Santana (não necessariamente patronos da língua nacional). Entre as medidas adotadas, Vilaça determinou que deveria haver alguma oferta alcoólica, atendida com uma garrafa de vinho do Porto. Em seguida, passou aos comes, como conta o acadêmico e gramático Evanildo Bechara: "Nosso presidente, na primeira gestão, introduziu o bolo de rolo. E, na segunda, o queijo-coalho. Os outros presidentes não eram tão ligados à mesa assim".

 Eu vi uma reportagem com a homenagem ao Joel Santana, coisa engraçadíssima...realmente não é um "patrono da língua nacional".

Bom, a segunda coisa que me fez parar pra ver, foi o ensaio fotográfico especial de Brasília.  E aí me veio à mente o que o Gabriel tinha dito.

Título da matéria: BRASILIDADES - o olhar de cinco fotógrafos em imagens inéditas quem (sic) ampliam detalhes da arquitetura de Brasília, 50


Detalhe: as fotos podem ser inéditas, mas os olhares não.  Eu acho que tenho umas cinco fotos praticamente idênticas às que foram publicadas (treze).  Essa dos anjos da catedral, em especial, é idêntica, e fiquei pensando que o cara tem que ser muito ingênuo se acha que ninguém pensou nisso antes:


anjos 2

Caramba, né?  Mas tudo bem, a questão não é essa...mas sim o que o Gabriel disse: é muito difícil achar novidades sobre um tema tão discutido, como é difícil encontrar ângulos originais em monumentos tao fotografados.

Concluindo: serafina é uma revista e celebridades mesmo, não vi nada que me despertasse a vontade de uma segunda olhadela, mas como é mensal e estará sobre a mesinha até o fimdo mês, é possível que eu ainda leia alguma outra coisa.  A presença do Beto (Roberto Kaz), foi uma surpresa agradável, eu sabia que ele tinha se mudado da piauí pra Folha, não sabia muito bem onde ele estava alocado.  O texto dele me lembrou de um dos primeiros publicados na Bundas, sobre a vida suntuosa dos "Silva", se não estou enganado.  Só que muito, muito sutil, a ponto de caber na serafina.

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