terça-feira, 27 de outubro de 2009

Small Town News

De vez em quando, passeio pela versão digital de "O Diário do Norte do Paraná", jornal de maior circulação da nossa linda cidade verde. Vou ao site na maior boa vontade, já que raramente assisto o telejornal local e a Folha de São Paulo, por alguma razão, não costuma dar muito destaque aos fatos no Norte Central Paranaense.

Pra não ser injusto, ainda que o jornal seja uma porcaria, mal escrito e feio; todo dia tem alguma coisa que mereça ser lida, pelo conteúdo factual. E geralmente tem coisa engraçada - algumas vezes pela falta de pauta do jornal, outra por falta de pauta na cidade, e ainda umas tantas outras por conta de erros grosseiros na informações, e outras, simplesmente, por se tratarem de "Small Town News".

"Small Town News" é um quadro do Letterman, no qual o apresentador lê notícias de diários de cidadezinhas americanas. Confesso que nem parei para tentar pensar em nome melhor para esse post.

Artista maringaense quer superar Van Gogh e entrar para o livro dos recordes (alguém sabia que Van Gogh era recordista mundial de alguma coisa?)


O auxiliar de circulação Balabunel Antunes (nome fictício) quer entrar para o Guiness, o livro dos recordes. Antunes não pretende realizar a conquista com alguma façanha bizarra, como tantas que figuram na célebre publicação

O que é um "auxiliar de circulação"? Uma artéria? Uma ciclovia? Não é melhor se dedicar a isso?

Artista autoditada, Antunes quer se tornar o detentor do recorde de artista com o maior número de autorretratos do mundo. O recorde atual pertence a um gênio da arte: Vincent van Gogh, com 42 autorretratos.

Antunes pretende desenhar cem autorretratos feitos com a técnica do grafite para colocar seu nome na próxima edição do livro e já mandou a proposta para o Guiness. “É um processo complicado e agora aguardo o retorno”, conta. Até agora, Antunes já fez 22 autorretratos e acredita que em dois meses termine os 78 restantes.

O cara teve a idéia de bater o recorde depois de fazer quantos? 22? 15? 1? O que o impediu de já ter feito os cem? Como serão os outros 78? Como serão os outros 21? Será que ele troca de camiseta? Será que ele vai desenhar a camiseta direito?

Além do autorretrato, Antunes faz pinturas em azulejo com os dedos, projetos de móveis, charges, cartuns e desenhos. Ele aprendeu todas as técnicas sozinho. “Desde os 12 anos que eu gosto de desenhar. Comecei a praticar sozinho, recebia algumas dicas, ia lendo e estudando. Acho que o mais difícil é ter a disciplina para fazer isso”, diz.

Ah, ele desenha desde os 12...e já fez 22! Temos que exigir que ele termine antes de 2016, para evitar que o seu recorde ofusque as Olimpíadas do Rio. Não sei se ele está pensando em fechar os cem com o melhor da série. Nesse caso, eu sugiro uma cômoda, com um autorretrato pintado a dedo.

Como artista plástico, Antunes acredita que ainda deve melhorar seu traço e deixar seu trabalho mais vendável. Em 2008, ele fez, no Shopping Maringá Park, uma exposição de suas pinturas em azulejo.

Ele acredita que deva melhorar seu traço.

“Isso me deu boa divulgação e pretendo voltar com força total no ano que vem com um trabalho em tela mais abstracionista e surrealista. Atualmente ,ainda estou produzindo no tempo livre que tenho do trabalho, mas o grande objetivo é sobreviver da arte”.

Ô judiação!


1) Parece um retrato falado. Ele podia viver disso, tipo, vai na praia e ao invés de oferecer caricatura, cobra para fazer um desenho dele próprio, a partir da descrição fornecida pelos clientes. Um moleque mais safado prega-lhe uma peça: "ah...tem um narigão...uma orelha maior que a outra...e desenha uma birruga aí!" Mas pra isso tem que ter capacidade de auto-humor, como o Jorge, do Blorge.

2) Se o Guinness aceitar isso como um recorde...seria muita sacanagem bater o recorde logo em seguida? Basta desenhar 101 autorretratos! Ele simplesmente não vai pensar em ter mais um de reserva...

3) Olhem bem para o desenho. Sou só eu, ou alguém mais acha que o rapaz faz uma auto-imagem muito positiva de si?


P.S. Espero, de verdade, que Balabunel não leia isso. O post é malvado, eu sei, mas, em minha defesa, eu jamais diria essas coisas na cara dele.


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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CQC (apud Arnaldo Branco e Marjorie Rodrigues)



É um alívio quando alguém expressa bem algo que nos incomoda e que não conseguimos ainda articular suficientemente bem.
Eu e muitos outros temos sentido há tempos um buraco no humor brasileiro, a falta de uma verve política interessante. Bem, no meio disso o tal do CQC do Marcelo Taz, franchise de um programa argentino homônimo, começou a dar o que falar.
Fui assistir e, sinceramente, não fiquei impressionado. Aí comecei a ler opiniões de outros bloggers que também não ficaram (como a Marjorie).
(Aliás: embora eu tenha dedicado esta tira meio hermética ao Ali Kamel, foi um texto pseudo-inteligente do Danilo Gentilli, do CQC, que medeu ganas de finalmente fazê-la... texto bem criticado aqui.)

A melhor crítica ao programa que vi foi feita num longo texto da Marjorie Rodrigues.
Mas a formulação definitiva, o punchline, eu vi no texto "O mito do humor inteligente", do Arnaldo Branco:


"Às voltas com acusações de hermetismo de gente que nunca viu um filme dele, Woody Allen sempre responde quando perguntam porque costuma ser confundido com um intelectual: “É que eu uso óculos”. Aqui acontece algo parecido: nós confundimos humor raso com inteligente por causa do adereço, é por isso que os caras do CQC usam terno. Do contrário, todo mundo perceberia que aquilo é um programa ordinário de pegadinha que sacaneia político em vez de empregada doméstica."


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Pequeninas matinais

1. Bastardos Inglórios é tudo de melhor que se pode esperar do Tarantino.
O filme INTEIRO é bonito, tenso, extremamente engraçado e radicalmente imprevisível.


2. Não sei se você já se viu pensando nisso ao acordar. É provável que não. Mas pense: o moinho de vento é uma coisa genial. Especialmente se você pensar que ele já está aí há mais de mil anos.

Sério. O cara que desenvolveu esse engenho (provavelmente algum Persa) merece todo o nosso respeito tecnológico.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Arnaldo Branco


Andei descobrindo uns bons textos na na coluna Mal Necessário, que o escritor Arnaldo Branco tem na revista eletrônica Zé Pereira.

Aqui abaixo, faço uma seleção de frases e citações que julguei particularmente interessantes.
(Os grifos exagerados, obviamente, são todos frutos de meu mau-gosto e ansiedade.)


"hoje somos dedicados a nos adorar, mas nunca nos sentimos tão inadequados. Todo mundo agora é blasé, mas todas as músicas são sobre namoradas que não retornam a ligação. Todo mundo é cínico nesse smart ass contest que é a internet, mas na hora de lidar com problemas reais, dá-lhe prozac.

Os hippies foram acusados de fugir da realidade, mas interferiram nela e caíram no ridículo porque não se davam conta dele. Hoje o twitter nos pergunta diariamente o que estamos fazendo, e a resposta invariavelmente é nada."




"(...) perdoamos os delitos daqueles que representam - mesmo que muito mal - nossas inclinações políticas. Como o material humano é de péssima qualidade, às vezes somos obrigados a conviver no mesmo cercado doutrinário com filhos da puta da pior espécie, só porque concordam conosco sobre a questão do desarmamento ou algo assim.
(...) Também é interessante ver como as editoras, sempre ligadas na questão da segmentação de mercado, lançam publicações que só investigam um dos lados para satisfazer cada tipo de leitor.
No país que desmoralizou a faixa seletiva de ônibus e a coleta seletiva de lixo, o sistema de indignação seletiva definitivamente pegou."


"Ser considerado um sujeito metido a besta já foi uma tarefa mais difícil: você tinha que ter um certo grau de erudição ou ostentar hábitos de consumo incompatíveis com a faixa salarial do carinha que te acusava de metido. Hoje é só dizer que não sabia que a Fernanda Lima estava grávida, quanto mais de gêmeos.
Fofoca já foi considerado algo digno somente de vizinhas gordas e bichas caricatas de programa de auditório, hoje é uma unidade de negócios."
http://www.revistazepereira.com.br/gossip-world/


Está na moda ser de direita, até porque paga melhor, mas todo cuidado é pouco quando a certeza de se estar com a razão prejudica a boa e velha observação imparcial. Todo mundo que acha que o Mercado é sábio como a Natureza e autoajustável igual tinha que passar pela experiência de ter a mãe doente com um plano de saúde que não cobre sua enfermidade por uma brecha jurídica qualquer.
E adoro quando esses caras apontam a incoerência de sujeitos como o Niemeyer, comunista convicto e podre de rico. Quando vejo meus amigos que são totalmente a favor do Capital mas não tem onde caírem mortos, penso: sou muito mais o dilema do velho."
http://www.revistazepereira.com.br/tempos-dificeis-para-um-stalinista/


"hoje em dia qualquer idiota se acha qualificado para odiar a Humanidade. (...) Tem a ver com a decadência do ensino, com a democratização dos meios de comunicação e as leis contra o castigo físico enquanto método disciplinar."


Ah, o Arnaldo Branco também é o criador do CAPITÃO PRESENÇA.


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Iluminados


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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Breganejo Blues (PROPAGANDA)

Foi lançado em Belo Horizonte, no último dia 08, o livro Breganejo Blues, do meu grande amigo Bruno Azevêdo.

Pra quem quiser saber sobre o que se trata, vai a descrição que o autor fez para o press-release:


Breganejo Blues é uma novela policial que mistura quadrinhos, música brega, histórias de corno e bang-bang. É sobre uma dupla sertaneja que, para alavancar a carreira, decide armar a morte de um de seus integrantes. Ou sobre uma dupla sertaneja que, como já era de se esperar, tem um integrante gay que, por sua vez, tem uma mulher de fachada que, por sua vez, é comida pelo outro integrante da dupla que, por sua vez, às vezes come inclusive o companheiro. Isso sem falar das fãs, que eventualmente engravidam e recebem uma grana para o aborto. É sobre a viúva do companheiro gay, que não sabe que o falecido na verdade está vivo, se mudou pra São Luís do Maranhão e pretende retomar a carreira de cantor como cantora, após uma bem-sucedida operação de mudança de sexo. É também sobre um taxista que, na verdade, é um detetive que só investiga casos de corno e é fã do X-9 brasileiro Bechara Jalkh e do mocinho de faroeste Tex!


O lançamento teve algumas repercussões, inlcuindo aqui, aqui e no Omelete. Há também a entrevista com o Bruno n'O Globo:

Eu acompanhei o desenvolvimento do livro durante os últimos anos (alguma hora talvez eu conte a história de como conheci esse projeto), e dei alguns palpites na editoração dessa versão impressa . Mas o produto final é inteiro do Bruno: ele escreveu, diagramou e CUSTEOU o livro, que foi publicado de maneira totalmente independente, inaugurando o selo "Pitomba!" (que é uma referência ao manifesto pitomba).

O desenho da capa é do excelente Júlio Shimamoto, que curtiu tanto a parada que fez o trabalho sem combrar.

Agora o livro, ainda sem uma resenha, encara o desafio da distribuição...
Até o Chico Buarque foi cooptado para fazer propaganda no lançamento.




Eu agarantcho: o livro é BOM PRA CARAMBA.

Além de baratim e rápido de ler.
Vai aqui um trechinho para vocês terem idéia do tipo de prosa policial e farsesca que Bruno constrói aqui:


Expliquei tudo:

Que não sabia que ele tinha armado a morte do companheiro porque a dupla não dava mais porra nenhuma e eles precisavam reaparecer. Que eles inventaram tudo pra ganhar grana de um monte de imbecis apaixonados, baratas e leitoras de Carícia. Disse que não sabia nada sobre o Gugu e o cemitério e a Adailtur e a mulher de fachada do companheiro viado dele, que ele comia a mulher de fachada do companheiro viado e até o companheiro viado de vez em quando. Que as músicas eram todas de um carinha do interior do Amapá que ele tinha ameaçado de morte até a décima geração se abrisse a boca, falei que não sabia de nada do caixa dois dos jabás. Falei que não sabia de nada das remessas de coca que ele trazia no jatinho das turnês, que não sabia nada do delegado da polícia federal que era seu segurança nessas viagens, não falei das fãs grávidas que ele pagou aborto, não falei nada, nada mesmo.

A gente fala merda pra caralho pra não morrer.


.......


Agora... uma auto-propaganda.

Breganejo Blues tem uma edição virtual lançada quase simultaneamente pela editora Mojo Books.
O design visual completo dessa edição é de minha autoria, e o desenho da capa é do Pablo Meyer.


O livro é gratuito, e pode ser baixado aqui.

Aviso: a versão virtual e a versão impressa possuem algumas diferenças de conteúdo mesmo.
Meu conselho? Dê uma lida na edição virtual. (de preferência, tente prestar atenção no design da coisa... :))
E aí COMPRE a impressa. Que, na minha opinião, ficou no final um produto mais bem acabado e instigante.
É só mandar um e-mail pro Bruno que ele te envia. Mande!


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domingo, 4 de outubro de 2009

Maracanã explodiu Alderaan

OU
"isso já deve ter ocorrido a algum nerd carioca ao ver as onipresentes propagandas do Metrô Rio Século XXI em todas as estações..."







(... interessante que o Maracanã é o único elemento nesse "rio-ideal-deathstar" que não fica na Zona Sul. Não por acaso, ele é justamente o canhão laser destruidor de mundos...)



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quinta-feira, 1 de outubro de 2009

piada da madrugada

Madrugando agora de pouco no Orkut, um link me joga pra comunidade dedicada ao filósofo Georg Lukács...

... e aí caio em um fórum com esta pergunta: "é verdade que George Lucas está produzindo um novo Star Wars ?"

Pois.


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