quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"passivo-agressivo"

Quem acompanha o Wilbor de vez em quando pode ter percebido que geralmente é o Marcelo que coloca a questões de religião e ciência aqui. Tendo vivido num meio mais crente que eu (e sendo mais combativo), essa questão se tornou um ponto sensível para ele. Meu ateísmo geralmente é mais calmo; mas há momentos em que eu entendo bem a revolta do Marcelo. Vou narrar três "gentilezas" que presenciei.

1. Em espaço urbano
Já vi outras vezes, porque esta andou virando lema por aí.
A primeira vez que vi foi na estrada entre Maringá e Cianorte, na traseira de num carro:

"Deus sem você é DEUS.
Você sem Deus é NADA."

...Uau. Logo assim, do nada. Que gentileza. Valeu.
Descobri que há versões de estadia fixa, como esta placa que encontrei na web:


(bem, me pergunto em que diabo de terreno essa placa estava?)

2. Virtual
O e-mail a seguir eu já recebi umas três vezes. Mais do que uma questão de crença, o problema  é sobretudo o insulto à minha inteligência.


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VOCÊ FICARIA DE PÉ?



Havia um professor de filosofia que era um ateu convicto.



Sempre sua meta principal era tomar um semestre inteiro para provar que

DEUS não existe.

Os estudantes sempre tinham medo de argüi-lo por causa da sua lógica
impecável.
Por 20 anos ensinou e mostrou que jamais haveria alguém que ousasse
contrariá-lo, embora, às vezes surgisse alguém que o tentasse, nunca o
venciam.

No final de todo semestre, no último dia, fazia a mesma pergunta à sua
classe de 300 alunos:
- Se há alguém aqui que ainda acredita em Jesus, que fique de pé!

Em 20 anos ninguém ousou levantar-se.

Sabiam o que o professor faria em seguida....Diria : - Porque qualquer
um que acredita em Deus é um tolo! Se Deus existe impediria que este giz
caísse ao chão e se quebrasse.
Esta simples questão provaria que Ele existe, mas, não pode fazer isso!
E todos os anos soltava o giz, que caia ao chão partindo-se em pedaços.
E todos os estudantes apenas ficavam quietos,
vendo a DEMONSTRAÇÃO.

A maioria dos alunos pensavam que Deus poderia não existir. Certamente,
havia alguns cristãos mas, todos tiveram muito medo de ficar de pé.

Bem.... há alguns anos chegou a vez de um jovem cristão que tinha ouvido
sobre a fama daquele professor. O jovem estava com medo, mas, por 3
meses daquele semestre orou todas as manhãs, pedindo que tivesse coragem
de se levantar, não importando o que o professor dissesse ou o que a
classe pensasse. Nada do que dissessem abalaria sua fé...
ao menos era seu desejo.

Finalmente o dia chegou. O professor disse:

- Se há alguém aqui que ainda acredita em Jesus, que fique de pé!
O professor e os 300 alunos viram, atônitos, o rapaz levantar-se no
fundo da sala.

O professor gritou:
- Você é um TOLO!!! Se Deus existe impedirá que este giz caia ao chão e
se quebre!
E começou a erguer o braço, quando o giz escorregou entre seus dedos,
deslizou pela camisa, por uma das pernas da calça, correu sobre o sapato
e ao tocar no chão simplesmente rolou, sem se quebrar.

O queixo do professor caiu enquanto seu olhar, assustado, seguia o giz.
Quando o giz parou de rolar levantou a cabeça... encarou o jovem e...
saiu apressadamente da sala.
O rapaz caminhou firmemente para a frente de seus colegas e, por meia
hora, compartilhou sua fé em Jesus. Os 300 estudantes ouviram,
silenciosamente, sobre o amor de Deus por todos e sobre seu poder
através de Jesus.
Muitas vezes passamos por situações em que acreditamos que "nosso giz"
vai quebrar, mas Deus, com sua infinita sabedoria e poder faz o
contrário, por isso, você tem duas opções:

1 - Apagar esta mensagem e esquecer a história ou,

 2 - Passar a seus amigos, cristãos e não cristãos, dando-lhes a coragem
que precisamos todos os dias ao nos levantarmos.

EU ESTOU DE PÉ!!!!!!!
E VOCÊ ME ACOMPANHA????????

Abraços.

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Obviamente, continuei sentado.

Porque esse texto é um insulto?
Porque sua única "qualidade" é ser... temente a Deus. Todo o resto -- lógica, honestidade argumentativa -- é pure crap. Se você inverter a historinha -- colocando o professor como crente e o menino como ateu -- ela funcionaria. Ela tem locais pré-determinados de "bom" e "mal": o mal é estúpido e impositivo, o bem é resistente e digno... argh.
(Se inventar estorinha vale, posso inventar outra em que o giz cai e se parte... e o resultado? O minininho fica temporariamente calado e envergonhado; mas no final, continua achando que "é Deus testando sua fé". Fim. Êêêêê.)

3. Institucional
A chave de ouro foi este vídeo aqui, parecidíssimo com a historinha do e-mail que acabei de veicular.



Eu o chamei de "chave de ouro" porque não se trata de um simples e-mail de pessoas crentes, mas de um vídeo de propaganda institucional. E um vídeo institucional do Ministério da Educação e Ciência da Macedônia.


Alôu. Devo repetir?


Um vídeo institucional do Ministério da Educação e Ciência de um país fazendo uso mentiroso e sem-vergonha de uma figura de autoridade científica (Albert Einstein) -- pra proferir uma argumentação que, na verdade, é de Santo Agostinho!!
Ou seja, critica-se a "arrogância atéia" por meio do uso falacioso de um sofisma -- sofisma porque fundado na analogia. Atenção, meus caros: analogia nunca é "prova" de coisa alguma, mas apenas recurso retórico (ver uma crítica aqui). Presta-se a um só tempo um desserviço ao pensamento lógico e às histórias da ciência e da teologia.


E isso pra defender.... a volta da religião à escola


Tenho medo de pensar no que raios essa "volta" significa.
a) proibir professores ateus de achincalharem seus alunos? ( imagino que deva ser suuuper comum lá na macedônia!)
b) proibir professores ateus manifestarem suas opiniões a respeito?
c) proibir professores ateus at all?
d) tornar obrigatórias disciplinas de religião na escola?
e) tornar obrigatórias rezas diárias na escola?
f)  ou... tornar obrigatório o ensino de criacionismo em aulas de biologia como "uma outra teoria científica"?




Religion is science?
- MY ASS.


A não ser que a Macedônia seja um país hipercientífico onde pobres crianças cristãs sejam discriminadas com freqüencia (hahahaha), esse vídeo é puro veneno.
Prestem atenção: o professor ateu é mostrado como  imbecil (até eu teria vontade de dar um tapa na orelha dele, de tão tosca a sua argumentação) e cruel com as pobres crianças -- as quais, obviamente, já nasceram crentes. A fé delas é sempre algo "natural", que vem "de dentro"... nunca algo que lhes foi ensinado por pais ou padres. Ou seja, ao invés da questão ser representada como realmente é -- uma guerra entre "professores" -- o que se apresenta é a Guerra da desonestidade atéia contra a boa e natural inclinação, inerente às crianças, de acreditar em Deus...Minha nossa, é pra vomitar. E não por causa de quem está certo ou não; a minha questão nem precisa chegar a ser essa. O que há de doente nessa história é sua lógica enviesada: a própria forma como o outro é apresentado. Porque "outro"? Porque, obviamente, trata-se de obras de crentes para outros crentes: e o outro -- no caso, o ateu -- é apresentado como inerentemente agressivo, autoritário. (Eu pergunto: qual a força política da Igreja na Macedônia? ...)


Mas isso, obviamente, não me surpreende. E não é pela desonestidade que permeia a propaganda (embora ela seja desonesta, como já indiquei). Não, o buraco é mais embaixo: para os crentes hardcore, a existência de um não-crente por si só é agressiva. Você não precisa sequer ser um polemizador ou alguém realmente agressivo, não precisa entrar em conflito: sua escolha, sua inclinação, é por si só um insulto. 
Se você não sabe disso, é porque você não é ateu nem nunca externou esse conhecimento a pessoas muito religiosas. Nem haveria como ser de outro jeito: se seu modo de vida é a condição última e irretorquível para a decência e a salvação da alma, é simplesmente inaceitável estar fora desse modo de vida. Conclusão previsível: não há diálogo possível com alguém incapaz de suspender ou relativizar minimamente sua própria posição (a não ser, é claro, o "diálogo" da conversão -- ou melhor, da submissão).


A mesma discussão vale para a reação a homossexuais, a feministas, etc: eles é que são os agressivos, sempre. Eles é que ficam por aí incomodando, exigindo que você os aceite, que que você seja como eles; eles é que querem dominar, impor sobre os pobres "normais" e "decentes" o "matriarcado" ou a "ditadura gay"...
(Laerte, como sempre)


Nessas horas, a fala do Dawkins comparando o movimento gay com os ateus me parece especilmente relevante. O lema realmente é importável: "we're here, we're queer, get used to it."

Estamos aqui; somos diferentes*; se acostumem.


* Além de "homossexual", "queer" tem originalmente vários significados: "estranho", "distorcido",  "desalinhado", etc.

14 comentários:

Gabriel G; disse...

Esse post tá engatilhado há uns 3, 4 meses (desde que vi o vídeo em questão), mas não tive tempo de finalizá-lo antes pela hardicoriedade deste último semestre...

Não quis mudar muito o texto original, mas há algumas coisas que eu acrescentaria à minha discussão . Colocadas as semelhanças, é necessário também colocar as diferenças entre o tipo de luta do agrupamento e movimento dos ateus e o dos homossexuais... afinal, por parte de muitos dos ateus há sim um movimento a favor da supressão da posição contrária (a religião), coisa que não vejo no movimento gay.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Muito interessante.

Eu já vi essas plaquinhas "você sem Deus é nada" em muitos lugares: adesivos de carros, aquelas coisinhas nas rabeiras de caminhões, camisetas.

Mas também escutei a mesma coisa dita várias vezes no meio de conversas:

"Afinal, a gente não é nada sem Deus, né?"

Normalmente a resposta é um aceno de cabeça afirmativo.

A segunda "gentileza" eu não tinha visto, ninguém me enviou esse e-mail, mas não me espanta. É um conto muito bobinho. A questão que me chama atenção é a seguinte: como o giz pôde entrar dentro da manga do professor e rolar por dentro da camisa e das calças? Se o professor costumasse usar a camisa por fora das calças, o giz cairia no chão; se a camisa estiver por dentro das calças, o giz pararia dentro da camisa. Resposta: o professor em questão usava camisa por dentro de calças largas - e suspensórios!

O vídeo do Einsteinzinho é uma coisa...eu já tinha visto e até pretendia postar aqui, mas acho que preferi esperar - provavelmente porque eu me seguro pra não transformar o blog num espaço monotemático do meu lado.

Cara, esse vídeo é tão absurdo que é difícil acreditar que seja mesmo algo oficial do governo da Macedônia - não porque eu não acerdite que os astutos macedônios jamais fariam isso, mas porque é estranho mesmo...mas é obviamente bem produzido.

Mas porque um filme de uma campanha voltada para a população macedônico seria falado em alemão e traria a mensagem final em inglês? A única coisa em macedônio é o nome do Einstein. Eu procurei "Бог постои" que significa "Deus existe" em macedônico, e a única versão que encontrei desse comercial é essa, com legendas em inglês e português.

Pode até ser verdade isso, mas tá estranho.

De qualquer forma, não invalida o argumento do texto. Dawkins acusa essa tentativa dos religiosos de "trazer Einstein para o seu time", assim como já tentaram com o Stephen Hawking, que por sorte está vivo e teve que escrever, no seu último livro, o que pensa disso tudo. O próprio Dawkins diz que gostaria de ter seus momentos finais de vida filmados, para que posteriormente não aleguem que no final ele se rendeu a Deus - o Sagan foi acusado disso, apesar do relato, em contrário, de sua esposa, Ann Druyan.

Quanto à questão da luta dos ateus ser parecida com a luta dos gays, acho que essa relação é um dos acertos do Dawkins - você notou, claro, que o nosso blog está linkado na campanha "Out" do Dawkins, né?

Mas você tem razão: no movimento ateu realmente há o desejo, por parte de uma corrente, da supressão da posição contrária...mas acho que é natural que seja assim, porque na causa gay não há contraposição original entre ser homossexual ou hetero...as duas coisas existem e não seria posição natural dos heterossexuais querer a extinção dos gays. Já na religião, há a crença de que cada uma delas seja a verdade absoluta, a crença na danação eterna, etc...enfim, tem certos traços de uma luta entre obscurantistas e iluministas, por mais que existam religiosos moderados (a maioria) e que a religião possa existir como coisa benigna.

Belo post.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Gabriel, eu sei que a intenção do seu comentário sobre o motivo do meu ateísmo combativo foi só pra introduzir o fato de que você não costuma militar nessa frente, mas eu vou aproveitar a deixa pra explicar de onde eu acho que venha a minha militância.

Eu acho que sou, de fato, um ateu combativo e militante. Eu imagino que um mundo sem religiões seria um mundo melhor, e embora eu não possa provar isso, há uma relação IDH x ateísmo que não parece ser coincidência:

http://wrevolta.blogspot.com/2009/11/o-ateismo-no-mundo.html

Lembro que certa vez conversamos sobre isso e concluímos que eu me sentia traído, já que acreditava em Deus e depois percebi que estava sendo enganado, mas eu acho que isso é simplificar um pouco. Eu não gosto muito da idéia freudiana de que a minha posição seja a de um ateu militante combativo porque eu fui "intelectualmente molestado por irmãos Marista"...rsrsrs!!!

Já o Allan Sieber, esse sim, tem um viés antirreligioso obviamente influenciado por uma criação muito religiosa. Lembrei daquela HQ que você me mandou, sobre a vida adventista dele.

Meus pais aparentemente acreditam em Deus, mas minha família está longe de ser católica...ninguém lá em casa frequenta ou frequentou missas, fez catequese ou crisma, mas fomos batizados porque a pressão católica do pessoal do Ceará era forte: a família da minha mãe era católica pra cacete. Já a família do meu pai era budista/seicho-no-iê.

O meu grande contato com a religião foram os anos de colégio Marista, onde participei, por um bom tempo, de um grupo de jovens.
A escola em si nunca forçou a barra com a religião, mas quem escolhia fazer parte desses grupos tinha, obviamente, mais contato. Ainda assim, mesmo nesse período eu não frequentava missa...acho que considerava desnecessário, já que o tal Deus podia me ouvir da cama mesmo. Agora, eu de fato acreditava em Deus, e essa crença foi perdendo lugar não por uma opção, mas porque foi perdendo sentido mesmo.

Ou seja: meu ateísmo é uma posição intelectual, filosófica e científica - como é pra maioria dos ateus. O despeito é porque eu sou assim mesmo, um cara chato e insistente...rsrsrs! Mas acho que o meu ateísmo é militante porque ao longo dos anos fui ficando cada vez mais chocado com os caminhos obscuros pelos quais as religiões conduzem a humanidade e porque eu sinto essa agressividade direcionada aos ateus de forma geral. Por fim, tem a ver também com o meu apreço por debates.

Ah, olha só isso: no último mês eu fui vítima dessas "gentilezas" duas vezes, coisa a que não acontecia há muito tempo:

Uma colega, uspiana, doutoranda, inteligente, soltou, no meio de uma conversa que a gente era tudo igual, acredita nas mesmas coisas...porque afinal, "o cara só é ateu até ter uma dor de barriga". Claro que essa pessoa esqueceu que recentemente eu tive um tumor na cabeça e não fui pedir a Deus que me livrasse dele - mesmo porque ele teria permitido que esse tumor aparecesse em primeiro lugar...

Só posso concluir que das duas uma: ou o ateu se converte quando se sente desesperado em face da morte, ou é tão cretino que não admite que Deus exista nem mesmo em face da morte, situação na qual, merece mesmo ir pro inferno. Eu não costumo me sentir ofendido com essas coisas, porque são meio normais, mas fiquei chocado com obtusidade dessa ideia e de que essa pessoa, com tanta educação formal, simplesmente se negue a acreditar que alguém possa ser ateu de verdade!

Outra recente foi uma conversa com um outro colega da USP, na qual o cara me dizia que é agnóstico e eu quis saber o porque disso, e recebi como resposta o seguinte:

"É que eu acho que o ateísmo é uma posição tão ignorante quanto a crença em Deus". É quase justificável, já que não se pode provar a inexistência de Deus, mas é claro, também não podemos provar a inexistência de qualqer outra coisa (como o bule do Bertrand Russell).

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Ué, o meu avatar foi censurado?

Gabriel G; disse...

Que estranho essa do Avatar! Não sei o que aconteceu!!
Tente recolocar o arquivo.

Gabriel G; disse...

Marcelo, essa história da sua colega foi foda! É JUSTAMENTE aí que mora o "passivo-agressivo": mesmo sem ser diretamente ou conscientemente agressiva, a pessoa diz coisas ou assume posições que, no fundo, estão te chamando de imbecil, de desonesto consigo mesmo ou -- pior -- de alguém que na verdade nem sequer deveria existir.

Pra mim é a argumentação pobre revestida da solene posição auto-imbuída de superioridade moral da "fé" que me é insuportável. Às vezes, internamente contra-ataco com minha própria auto-imbuída posição de superioridade intelectual, mas tento me segurar.

Tem um trecho do que você falou que, pra mim, recoloca um pouco a relevância da comparação com a questão gay: "eu de fato acreditava em Deus, e essa crença foi perdendo lugar não por uma opção, mas porque foi perdendo sentido mesmo." É exatamente isso: você não deixa de acreditar em Deus porque você é "teimoso" ou ranheta: você NÃO CONSEGUE acreditar. Simplesmente NÃO ACREDITA, a idéia não faz mais sentido; e uma grande fonte da minha revolta, ao menos, vem justamente do fato das pessoas não conseguirem entender esse dado tão simples.

No caso da questão gay: a pessoa não é só um "pervertido" que por fraqueza moral se deita com pessoas do mesmo sexo: ele TEM tesão por pessoas do mesmo sexo, ponto. Não dá pra tratar isso como "desvio" ou "doença".
Claro que aqui há uma diferença fundamental, novamente: ao contrário do que pensam os homofóbicos, homossexualidade não é contagiosa -- mas não posso dizer o mesmo do ateísmo, hehehehe.

Agora, uma concessão: até acredito que existem sim muitos que se dizem ateus por aí que, na hora H, começam a rezar ou depois viram "born-again". A vida é dura e o ser humano é um bicho fraco mesmo, fazer o quê. Mas existem ateus e ateus -- revoltados ou conciliadores, combativos ou na deles, convictos de verdade ou ruidosos-mas-só-aparentemente-convictos (eu tinha um post muito antigo e longo sobre isso, aliás, que talvez um dia eu coloque).

Dizer que todo ateu só é ateu de fachada pra mim é como dizer que todo padre é um falsário ou um molestador de criancinha. O fato das pessoas não verem a ofensa disso é sinal claro da "marginalidade" do ateísmo...

Gabriel G; disse...

A propósito: queria deixar claro também que, apesar de por vezes salientar nossa diferença de postura ou ênfase, acho ótimo e importante a tua postura combativa, e ela tem colocado muitas ótimas questões pra mim nesses anos -- sem falar que influenciaram minha própria adesão a um ateísmo mais declarado.

Aliás, foi bom mesmo você ter explicado melhor, porque meu comentário no post sobre sua revolta podia ser interpretado de outra forma... vou eu também deixar mais claro aos leitores: quando eu comentei que você tinha vivido num mundo "mais crente que o meu", me referia principalmente ao estado do Paraná!
Os dois anos que fiquei morando aí me surpreenderam com o conservadorismo religioso médio da população, superior ao dos outros lugares em que eu tinha morado.

Por outro lado, eu também me referia ao tipo de situação que sempre acontece com você, hehehe... como esse episódio da sua colega, por exemplo!
Lembro do coral de que você participava, que queria cantar músicas irritantes como "foi Deus" e etc... :)
Não sei se você teve um certo azar ou eu é que fui meio sortudo, mas sempre me parecia que você foi colocado mais em situações religiosamente revoltantes que eu! :)

Gabriel G; disse...

Ah, e eu já tinha notado a "The Out campaign sim, e gosto da presença do link lá. Até pela sutileza dele!
(Aliás, tem um outro post que estou "a finalizar" há uns 5 meses chamado "saia do armário"... uma hora termino!)

Fábio Aguilera disse...

Obrigado pela citação do meu blog, caro companheiro!

Gabriel G; disse...

... e por acaso, entro no blog da Marjorie e encontro mais um causo que se encaixa perfeitamente no tipo de ocorrência aqui discutida...: http://marjorierodrigues.com/?p=240

Gabriel G; disse...

... e vem o Papa pedindo respeito:

"No seu primeiro discurso em solo espanhol, o Papa pediu respeito aos católicos e à juventude. 'Muitos jovens, por causa da sua fé em Cristo, sofrem discriminação", afirmou, acrescentando que "são maltradados, querendo separá-los dele (Cristo), privando-os dos ícones da sua presença na vida pública.' O Rei espanhol Juan Carlos I, presente no aeroporto, completou afirmando que o mundo passa por uma 'profunda crise de valores'".
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5302085-EI8142,00-Bento+XVI+pede+respeito+aos+catolicos+na+chegada+a+Espanha.html

(Pois é, umas semanas atrás a câmara de São Paulo também achou que os heterossexuais andavam sofrendo muita discriminação!...)

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Cara, essa visita do papa à Espanha é das coisas mais interessantes dos últimos tempos.

Gabriel G; disse...

Atualizando anos depois, uma discussão boa sobre o mesmo vídeo...ou, mais especificamente, sobre a construção simbólica presente nessas "historinhas de professor ateu".
http://www.snopes.com/religion/einstein.asp

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Bom você ter postado aqui, acabei relendo a coisa toda. Belo post, bela discussão.