É praticamente uma tradição da propaganda tratar a gente como imbecil, mas não é sempre que a gente vê algo TÃO acintoso assim.
A partir de músicas e falas de John Lennon -- creio que especialmente de "Imagine" -- já foram feitas coisas ruins, bregas e/ou forçadas o suficiente pra fazer o antigo inglês se twist and shout na sepultura.
Ainda assim, me parece que propaganda de fusão de banco somehow just wins the fucking prize.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
domingo, 23 de maio de 2010
novidade
Postado por
Marcílio, o gêmeo malvado
Como certas coisas não mudam nunca (ainda bem!), na minha visita à nossa redação carioca rolou mais uma lomnga conversa sobre Laerte, morte do Glauco, e outros autores de tirinhas da Folha. Não sabia que o Gabriel conhecia o trabalho do João Montanaro, por não ser assinante, esquecendo talvez seja mesmo provável que os agaquéfilos já tivessem notícia.
O João é um menino de 14 anos que começou, no ano passado, a publicar tirinhas na contracapa da Folhinha. Me impressionou a boa qualidade do trabalho, e achei muito adequado que a Folha desse espaço para alguém interessante "meio que" na faixa etária dos leitores. "Meio que" porque a Folhinha visa um público ainda mais jovem, mas enfim...
Hoje a Folha estreiou um novo modelo gráfico para o jornal...e mais, reformulou alguns cadernos - o metido à besta (mas bom) "mais" deu lugar a um caderno curto chamado "ilustríssima". Alguns colunistas se foram, outros chegaram, mas a minha surpresa foi a promoção do João Montanaro para a página 2, na charge editorial:
Vi essa charge sem saber que era dele, mas reconheci a assinatura e fui procurar no caderno que explicava as mudanças e tá lá...ele vai publicar com alguma frequência no espaço que é meio propriedade do Angeli, que publica em dias alternados - merecidamente, o cara se tornou um mestr das charges.
Agora, o legal é que a idéia é muito bacana, mostra que o João é um cara antenado - provavelmente leitor do jornal. Não é tão impressionante ver meninos nessa idade discutindo política e ciência (conheci alguns no meu tempo), mas a Folha dar esse espaço foi, na minha opinião, uma aposta acertada. Espero vê-lo na ilustrada em breve. Vai ser interessante acompanhar essa novidade desde tão cedo...literalmente.
terça-feira, 18 de maio de 2010
Macaquice
Postado por
Gabriel G;
Teasers de um filme que eu ainda quero ver... My Playground, de Kaspar Astrup Schröder, que acompanha dois grupos de Parkour "interagindo" com a arquitetura e o espaço urbano.
Fiquei sabendo desse filme pelo livro Yes is More, que acabei de ler este fim de semana, e que relata as aventuras do escritório de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group), autor de algumas das obras que aparecem nos vídeos. (ainda vou fazer um post sobre esses caras)
Fantástico pra quem aprecia arquitetura e pra quem gosta de lembrar que nós, primatas, fomos feitos pra usar o mundo tridimensionalmente -- ou seja, pra fazer macaquice.
Fiquei sabendo desse filme pelo livro Yes is More, que acabei de ler este fim de semana, e que relata as aventuras do escritório de arquitetura BIG (Bjarke Ingels Group), autor de algumas das obras que aparecem nos vídeos. (ainda vou fazer um post sobre esses caras)
Fantástico pra quem aprecia arquitetura e pra quem gosta de lembrar que nós, primatas, fomos feitos pra usar o mundo tridimensionalmente -- ou seja, pra fazer macaquice.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
fora de contexto
Postado por
Marcílio, o gêmeo malvado
"Aborto é violência contra a mulher", diz presidenciável petista Dilma Rousseff
Achei estranho ler essa chamada, na primeira página da UOL. Mas na verdade, nada virou de cabeça pra baixo, a Dilma continua achando que o aborto é uma questão de saúde pública - como pensa, aliás, o Temporão, o ministro das grandes bolas. A chamada passa a impressão de que a ex-ministra estaria se posicionando contra o aborto, já que agora é candidata...mas, ufa, é só uma declaração totalmente fora de contexto. A reportagem, pra quem quiser, está aqui.
sábado, 8 de maio de 2010
MOEBIUS
Postado por
Gabriel G;
(por Gabriel)
Hoje completa 72 anos um dos maiores desenhistas fantásticos das histórias em quadrinhos e do cinema Sci-Fi do Século XX... o quadrinhista francês Jean Henri Gaston Giraud , mais conhecido como Moebius.
Moebius foi um artista de amplitude imaginativa e visual incrível. Acima de tudo um criador de mundos.
Entre os seus mundos mais impressionantes, e entre meus favoritos, estão as grandes metrópoles futuristas de suas ficções científicas. No cinema, podemos ver seu trabalho nas magníficas metrópoles e figurinos de Blade Runner e O Quinto Elemento... assim como nas roupas espaciais de Alien ou na estética computadorizada de Tron. Sua influência pode ser vista no design da cidade-planeta de Coruscant em Star Wars e em muitos outras.
A influência que teve no mundo dos quadrinhos de fantasia durante o seu auge beira o incalculável; me arrisco dizer que, durante um certo período, ele pode ter sido O artista gráfico de ficção científica mais influente do mundo. Sua influência pode ser vista entre as muitas referências do Ronin de Frank Miller (imagem aí à direita); nos espaços e cenários mais fantásticos do erótico italiano Milo Manara; em certas coisas dos japoneses Hayao Myiazaki (Nausicaa, eu penso) e Katshiro Otomo (certas facetas da Neo-Tokyo e das máquinas de Akira); em fases jovens de vários artistas brasileiros da geração 70-80, como Mozart Couto; e muitos, muitos outros artistas do mundo todo.
Eu admirei muito Moebius na adolecência. Fiquei alguns anos afastado, quase sem ler mais e, recentemente, voltei a olhá-lo com admiração e prazer ao descobrir seu já bem antigo Tenente Blueberry. Blueberry, que antecedeu a consagração do artista na ficção científica, foi uma respeitada série de faroeste que eu já conhecia mas nunca tinha lido realmente (não tinha o mínimo interesse em faroeste na adolescência) até este ano, quando comprei um da fase tardia -- e mais bem desenhada -- da série. Me impressionei ao ver uma dimensão bela e desconhecida pra mim de um artista que eu já tinha como conhecido: o estilo muda muito, mas ainda assim ele está lá.
A verdade é que, apesar de seu campo de fama e excelência ser a fantasia, Moebius transitou por praticamente todos os gêneros ficcionais -- humor, terror, western, sci-fi, fantasia, super-heróis, erótico, infantil, policial -- sem preconceito e sempre com sua própria abordagem. Aliás, é possível dizer que uma característica comum sua é a mescla dos campos: histórias de fantasia sci-fi que incluem humor desbragado, erotismo e/ou terror, por exemplo.
Em pequenina homenagem, dois videozinhos (mais fácil que escolher e postar uma porrada de imagens...). Este primeiro é um slideshow de um conjunto de obras suas:
Este segundo, mostra o velho mestre em ação... é fantástico ver alguém tão versado e dominador de dezenas de técnicas clássicas e modernas de ilustração, transitar com tanta desenvoltura e naturalidade pela tela virtual.
Mas acho que quem lembrar do design de Moebius para o filme Tron (lá de 1982!!) não vai estranhar tanto isso.
Mais homenagens ao mestre francês:
http://kafekultura.blogspot.com/2009/01/moebius-vises-do-futuro.html
http://zooart-zooblog.blogspot.com/2008/11/quarta-feira-feliz-023.html
http://lambiek.net/artists/g/giraud.htm
Hoje completa 72 anos um dos maiores desenhistas fantásticos das histórias em quadrinhos e do cinema Sci-Fi do Século XX... o quadrinhista francês Jean Henri Gaston Giraud , mais conhecido como Moebius.
Moebius foi um artista de amplitude imaginativa e visual incrível. Acima de tudo um criador de mundos.
Entre os seus mundos mais impressionantes, e entre meus favoritos, estão as grandes metrópoles futuristas de suas ficções científicas. No cinema, podemos ver seu trabalho nas magníficas metrópoles e figurinos de Blade Runner e O Quinto Elemento... assim como nas roupas espaciais de Alien ou na estética computadorizada de Tron. Sua influência pode ser vista no design da cidade-planeta de Coruscant em Star Wars e em muitos outras.
(Ronin, de Frank Miller) |
A influência que teve no mundo dos quadrinhos de fantasia durante o seu auge beira o incalculável; me arrisco dizer que, durante um certo período, ele pode ter sido O artista gráfico de ficção científica mais influente do mundo. Sua influência pode ser vista entre as muitas referências do Ronin de Frank Miller (imagem aí à direita); nos espaços e cenários mais fantásticos do erótico italiano Milo Manara; em certas coisas dos japoneses Hayao Myiazaki (Nausicaa, eu penso) e Katshiro Otomo (certas facetas da Neo-Tokyo e das máquinas de Akira); em fases jovens de vários artistas brasileiros da geração 70-80, como Mozart Couto; e muitos, muitos outros artistas do mundo todo.
Eu admirei muito Moebius na adolecência. Fiquei alguns anos afastado, quase sem ler mais e, recentemente, voltei a olhá-lo com admiração e prazer ao descobrir seu já bem antigo Tenente Blueberry. Blueberry, que antecedeu a consagração do artista na ficção científica, foi uma respeitada série de faroeste que eu já conhecia mas nunca tinha lido realmente (não tinha o mínimo interesse em faroeste na adolescência) até este ano, quando comprei um da fase tardia -- e mais bem desenhada -- da série. Me impressionei ao ver uma dimensão bela e desconhecida pra mim de um artista que eu já tinha como conhecido: o estilo muda muito, mas ainda assim ele está lá.
A verdade é que, apesar de seu campo de fama e excelência ser a fantasia, Moebius transitou por praticamente todos os gêneros ficcionais -- humor, terror, western, sci-fi, fantasia, super-heróis, erótico, infantil, policial -- sem preconceito e sempre com sua própria abordagem. Aliás, é possível dizer que uma característica comum sua é a mescla dos campos: histórias de fantasia sci-fi que incluem humor desbragado, erotismo e/ou terror, por exemplo.
Em pequenina homenagem, dois videozinhos (mais fácil que escolher e postar uma porrada de imagens...). Este primeiro é um slideshow de um conjunto de obras suas:
Este segundo, mostra o velho mestre em ação... é fantástico ver alguém tão versado e dominador de dezenas de técnicas clássicas e modernas de ilustração, transitar com tanta desenvoltura e naturalidade pela tela virtual.
Mas acho que quem lembrar do design de Moebius para o filme Tron (lá de 1982!!) não vai estranhar tanto isso.
Mais homenagens ao mestre francês:
http://kafekultura.blogspot.com/2009/01/moebius-vises-do-futuro.html
http://zooart-zooblog.blogspot.com/2008/11/quarta-feira-feliz-023.html
http://lambiek.net/artists/g/giraud.htm
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Nostalgia
Postado por
Gabriel G;
(por Gabriel)
Faz tempo que tenho burilado um texto sobre Frank Miller -- ou melhor, sobre o quão fuleiro e preguiçoso esse autor/celebridade/guru "pop" e "cult" dos quadrinhos tornou-se desde fins da década de noventa. Quem leu meus textos anteriores sobre adaptações das obras dele pro cinema (Sin City e 300) já viu um prenúncio disso.
(desculpem não conseguir uma versão em português. Eu tentei muito!)
Notem que a cena tem uma clara inspiração cinematográfica -- notável no close gradual que retrata o progressivo alheiamento do protagonista em relação ao seus colegas e ambiente de trabalho na cena, isolado por seu terror.
Ainda assim, a despeito do efeito "cinematográfico", esse trecho se vale de um tipo de simultaneidade temporal simplesmente impossível para o cinema. Me refiro aqui às várias conversas no interior do Jornal. Tente imaginar essas conversas ocorrendo ao mesmo tempo num filme: seria necessário se valer de estratégias narrativas fragmentárias que, mesmo que ficassem interessantes, quebrariam a progressão.
A maneira como as conversas paralelas e simultâneas se conectam ao andamento da trama central da cena -- o assassinato "testemunhado" por telefone -- é o tipo de pequena "poesia" que os cabras muito bons dos quadrinhos sabem oferecer.
Infelizmente, Miller é hoje um autor muito menos inteligente e interessante do que já foi. E, como disse, pretendo falar mais sobre isso no futuro.
Faz tempo que tenho burilado um texto sobre Frank Miller -- ou melhor, sobre o quão fuleiro e preguiçoso esse autor/celebridade/guru "pop" e "cult" dos quadrinhos tornou-se desde fins da década de noventa. Quem leu meus textos anteriores sobre adaptações das obras dele pro cinema (Sin City e 300) já viu um prenúncio disso.
Mas este post não é desse sobre isso. É sobre quão bom Miller já foi.
Mais do que virtuose do desenho, Miller era um excelente narrador, que construía histórias e cenas de forma inteligente, inovadora e tensa. Para exemplo de que Miller já deu no couro, peguei uma cena que sempre gostei muito, da história "Born Again" (que aqui foi publicada com o nome "A Queda de Murdock")
Eu poderia pegar trechos fantásticos de Ronin, de Elektra Assassina ou de Elektra Vive, Hqs na qual Miller teve liberdade criativa e gráfica, para ilustrar o melhor de Miller. E talvez eu ainda o faça... mas, ao invés de ir logo no filé, achei mais legal colocar esta HQ abaixo. Isso porque o trecho tem as seguintes características:
Eu poderia pegar trechos fantásticos de Ronin, de Elektra Assassina ou de Elektra Vive, Hqs na qual Miller teve liberdade criativa e gráfica, para ilustrar o melhor de Miller. E talvez eu ainda o faça... mas, ao invés de ir logo no filé, achei mais legal colocar esta HQ abaixo. Isso porque o trecho tem as seguintes características:
- não foi desenhado por Miller, mas por David Mazzuchelli (um cara muito, muito bom, mas relativamente discreto em suas habilidades), de maneira que dá pra separar bem o que é o traço do autor e o que é a "arquitetura" narrativa proposta por ele;
- foi feito não em uma "graphic novel" ou qualquer formato de HQ que costume receber reverência ou que permita maiores liberdades artísticas, mas no interior de uma ordinária revista seriada de super-herói -- no caso, do Daredevil (aqui, "Demolidor", herói que rendeu um filme horrível com Ben Affleck). Pra quem não sabe, na década de 80 a qualidade gráfica de um gibi de super-herói (sem falar da qualidade temática) era muito mais limitada do que hoje (é só ver a paleta muito limitada e plana de cores, sem os degradês computadorizados que hoje são feijão com arroz). Assim, fez-se um ótimo trabalho partindo-se de consideráveis limitações de espaço, de tempo, de conteúdo e de impressão.
- É um trecho consideravelmente simples do ponto de vista do "lay-ouy", e se adapta muito bem ao formato "barra de rolagem" do blog. Originalmente, a seqüência se estendia por quatro páginas; aqui, eu as juntei todas numa única faixa contínua -- que, na minha opinião, funcionou.
Resuminho da história anterior à cena:
O personagem central desta cena é o jornalista Ben Urich, que trabalha no Dayly Bugle (o" Clarin Diário", aquele jornal no qual o Homem-Aranha trabalha, lembram?). Um amigo de Urich e protagonista da história toda, Matt Murdock (o Daredevil, Demolidor), foi incriminado injustamente e desapareceu. Urich estava investigando a armação, e ia entrevistar um policial corrompido, o qual iria "entregar o jogo" sobre seu envolvimento com um grande mafioso, o Kingpin ("Rei do Crime"), na empreitada de destruir Murdock. No meio da conversa com este, no estacionamento de um hospital, uma imensa enfermeira surge (a mesma que aparece no trecho abaixo). Deixando claro que trabalha para Kingpin, ela mói o policial cagüeta de porrada e quebra os dedos da mão direita de Urich (ameaçando fazer bem mais caso ele não fique quieto).
Desde então, o policial ficou hospitalizado e inconsciente; e Urich, em estado de choque, vive apavorado e não consegue trabalhar direito, ao mesmo tempo que não consegue falar a ninguém sobre o que ocorreu.
Então, numa tarde na redação do Clarin, o telefone toca na mesa de Ben Urich...
(desculpem não conseguir uma versão em português. Eu tentei muito!)
Notem que a cena tem uma clara inspiração cinematográfica -- notável no close gradual que retrata o progressivo alheiamento do protagonista em relação ao seus colegas e ambiente de trabalho na cena, isolado por seu terror.
Ainda assim, a despeito do efeito "cinematográfico", esse trecho se vale de um tipo de simultaneidade temporal simplesmente impossível para o cinema. Me refiro aqui às várias conversas no interior do Jornal. Tente imaginar essas conversas ocorrendo ao mesmo tempo num filme: seria necessário se valer de estratégias narrativas fragmentárias que, mesmo que ficassem interessantes, quebrariam a progressão.
A maneira como as conversas paralelas e simultâneas se conectam ao andamento da trama central da cena -- o assassinato "testemunhado" por telefone -- é o tipo de pequena "poesia" que os cabras muito bons dos quadrinhos sabem oferecer.
Infelizmente, Miller é hoje um autor muito menos inteligente e interessante do que já foi. E, como disse, pretendo falar mais sobre isso no futuro.
sábado, 1 de maio de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)