terça-feira, 26 de maio de 2009

o dia do nerd

Pra quem não sabia, ontem, 25 de maio, foi comemorado por milhões de joves na internet o "dia do orgulho nerd". That´s right! Segundo o suplemento da folha para adolescentes, o "folhateen", os nerds são hoje considerados mais uma das tribos urbanas, ao lado de indies, emos, punks, hipongas and so on...

Infelizmente o contepudo do Folhateen é exclusivo para assinantes, e por isso transcrevo aqui a matéria:


Sou nerd, mas tô na moda Jovens enfrentam preconceitos e celebram hoje, ao redor do globo, o Dia do Orgulho Nerd
Fotos Eduardo Anizelli/Folha Imagem

Jéssica, vestida de personagem de "Resident Evil 4', o game DIOGO BERCITO DA REPORTAGEM LOCAL Esqueça o menino raquítico de óculos fundo de garrafa carregando livros de física quântica embaixo do braço: a tribo dos nerds é, atualmente, muito mais variada do que isso. Mais variada e mais articulada também. Eles comemoram hoje, no mundo inteiro, o Dia do Orgulho Nerd e mostram que nem todos têm vergonha de serem apaixonados por assuntos como tecnologia de ponta e histórias em quadrinhos -apesar do preconceito de que são alvo, muitas vezes. O filme "Guerra nas Estrelas", outra vedete dos nerds, é a razão da data da comemoração -foi no dia 25 de maio de 1977 que estreou o primeiro longa da saga. Desde 2006, a data foi adotada para a celebração. O termo "nerd" não tem uma definição muito rígida. Pode ser usado para se referir a quem estuda demais, mas serve também para falar de quem é aficionado por coisas como RPG (jogos de interpretação de personagem) e computadores. "O nerd é uma pessoa obcecada por um determinado universo", explica Maria Stela Graciane, socióloga e coordenadora do curso de pedagogia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). Mas, se não é novidade que existem nerds, por que só recentemente eles decidiram dar as caras, com direito a dia de se orgulhar e tudo o mais? Talvez porque foi só agora que eles encontraram uns aos outros. "Com a internet, há facilidade para se agrupar", explica Maria Stela. Assim, o fã de "O Senhor dos Anéis", que não tinha com quem dividir sua paixão pela trilogia na escola, encontra em fóruns de discussões on-line uma multidão pronta a discutir o sexo dos elfos. E percebe que não está sozinho. No caso de Itamar Portela, 22, moderador da comunidade "Orgulho Nerd", no Orkut, a paixão "obsessiva" é por tecnologia. "Desde que conheci um Pentium 286, me apaixonei", brinca. Hoje, passa 90% do seu tempo livre na frente de um computador -e trabalha na frente de outro, projetando fiações elétricas. Nerds como Itamar, fascinados por tecnologia, são conhecidos pelo nome de "geeks". No caso de Jéssica Campos, 21, o termo que se usa é "otaku" -ela é fanática por cultura pop japonesa. Aos 18, apesar das críticas dos pais, fez seu primeiro "cosplay" (fantasiar-se de um personagem), em um evento voltado a fãs de mangás e animês. "As pessoas queriam ser fotografadas comigo", conta. Dois anos depois, ela representou o Brasil no mundial de "cosplay", no Japão. Ficou em primeiro lugar. Jéssica não liga para chacotas ("Não vêm de pessoas de mente aberta", diz) e já está pronta para concorrer mais uma vez com seu arsenal de 32 fantasias, a maioria feita à mão. Desde o berço
Outro que não liga muito para críticas é o "geek" Carlos de Moura, 15, que trabalha para a mãe de um amigo na LAN house que, inclusive, ajudou a montar. "Não consigo ser "cool", nasci tímido!", brinca. Já Thawan Pires Costa, 21, fã de "Guerra nas Estrelas", vê as brincadeiras com menos bom humor. "Tornei-me antissocial para não ser mais alvo de chacota", diz. Mesmo assim, não esconde suas paixões e fala delas com orgulho: "Tenho uma armadura de Storm Trooper de colecionador, mas nunca tirei da caixa para ela não se desvalorizar", gaba-se. O preconceito de que Thawan reclama é real, e a socióloga Maria Stela alerta: "Não é exclusivo dos alunos. Pode vir de pais e de professores também". Mas nem sempre vem. "Hoje, respeitamos mais os nerds, [o rótulo] pode ser até um elogio", diz Nicolle Alanis Fernandes, 13, que não se inclui no grupo. "Admiro eles, são muito inteligentes", completa Julia Oliveira de Albuquerque, 12. Para Vera Lucia Cruz Malato, coordenadora do departamento de orientação educacional do Colégio Bandeirantes, "os bons alunos se orgulham de ser assim". "Muitos são estudantes profissionais", brinca. ENCONTRE A SUA TURMA Há vários tipos de nerd; você é um deles? >>GEEK
É o nerd aficcionado por tecnologia. Tem o computador mais potente que pode comprar e vive antenado nas novidades da internet. Conhece os sites bacanas antes de todo mundo >>OTAKU
Sabe o nome dos bairros de Tóquio de cor e salteado e, possivelmente, se veste com as roupas dos personagens favoritos >>TREKKER
Assistiu (mais de uma vez) a todos os episódios do seriado Jornada nas Estrelas e, no fundo, gostaria de fazer parte da tripulação da nave Enterprise >>TOLKENIANO
Acredita que o mundo está divido entre quem leu "O Senhor dos Anéis" e quem ainda vai ler. Fala élfico fluente e tem noções da língua dos orcs >>RPGISTA
É fanático por RPG (jogos de interpretação de personagem) e não sai de casa sem seus indispensáveis dados de vinte faces >>COLECIONADOR DE HQ
A coleção de histórias em quadrinhos destes nerds inclue clássicos e raridades, como a edição do casamento do Homem-Aranha


Bom...de acordo com a classificação oficial o Gabriel é o meu amigo mais nerd. Nerd à sexta potência, já que faz parte, ou pelo menos transita por todas as categorias acima descritas. Pra ser justo, o Gabriel não se enquadra em "geek"...mas na minha opinião, o conceito de geek está errado no artigo. "Geeks" pelo que vi nos EUA são os caras esquisitos, extremamente tímidos e relativamente desprovidos de habilidades sociais. Geeks podem pertencer a qualquer outra categoria de nerds. Aqui embaixo, uma listagem mais completa dos nerds, e como "geek" serve pra denotar uma porção de tipos de nerds (se é que não tem quase o mesmo sentido):

Deixo aqui também a minha confissão de nerd. Talvez eu possa ser confundido por conta do gosto por esportes, mas não se enganem: tenho no PC uma infinidade de estatísticas de futebol - especialmente do São Paulo. E a minha coisa com a Geografia vai além de "trabalhar com o que gosta".

A coisa tá tão em voga que tem seriado americano: "The big bang theory". É divertido, mas certamente muito mais divertido pros nerds. E os óculos de armação grossa estão na moda.

Acho que a internet é a vingança dos nerds, é o meio em que os geeks se tornam autoridades respeitadas. E o nerd Bill Gates tem algo com isso - pero no mucho.

Pesquisando sobre os nerds na web, encontrei algumas coisas interessantes (tá, ambas na Wikipedia, mas vá lá):

Segundo uma definição de Lia Portocarrero, "...é o rapaz (ou moça) que nutre alguma obsessão por algum assunto a ponto de a) pesquisar; b) colecionar coisas; c) fazer música; d) escrever sobre (normalmente acompanhado de pesquisa); e) não sossegar enquanto não descobrir como funciona; f) não dormir enquanto o programa não rodar."
Segundo Paul Graham, "Existe uma relação entre ser esperto/inteligente e ser nerd, ou melhor, há uma correlação inversa maior ainda entre ser nerd e ser popular. Se ser esperto parece fazer a pessoa não popular" de forma analoga vem a conotação pejorativa.
Outro ponto interessante, que carece de debate: falta termo adequado em português para nerd. Na minha opinião, CDF é outra coisa, simplesmente descreve aqueles alunos muito esforçados e/ou estudiosos, que podem ou não ser nerds. Podem ser só esforçados.

Bom, seja como for, parabéns aos nerds do mundo.


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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Exercício (2)



(Cumprindo com minha proposta até agora...
Esta é uma tira da série que, por enquanto, chamo de PARALELOS. Espero produzir mais delas ainda este ano... )


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domingo, 17 de maio de 2009

Propaganda



Clique ma imagem para aumentar e vê-la inteira.
Esse é um desenho da Marininha, que fez o design de personagens e quadros-chave da animação curta-metragem "Dayane e Zé Firo". Aqui Marina desenhou os personagens misturados à equipe de produção (ela é quinta, da equerda pra direita)

Eu acompanhei alguns momentos do processo de realização, e fiquei bem animado. Adoro o desenho da Marina.

Segue o trailer no post abaixo.

Ainda não vi o resultado final. Pretendo vê-lo no FEMINA 2009, aqui no Rio.


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trailer Dayane e Zé firo


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sábado, 16 de maio de 2009

Sir Ney is the man

Pra quem pensa que o cabra era inofensivo ou se limitava a sua dominação local... parece que tem dedo (dedão) até na CPI da Petrobras... e não é por pouco não.


Vinte anos depois...
[sarneyangeli.jpg]


Como falou o bruno: parece piada.


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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mais um momento materialista e dialético


O Estado, diria Gramsci, é “mais ou menos aquilo que o Foucault vai dizer daqui a algumas décadas sem me dar o devido crédito por ter dito isso primeiro, careca miserável”. Não é só o que o Hegel chamava de sociedade política, o Estadinho lá, com seu congressinho, seu presidentinho, sua policinha, capitão Nascimento, Sarney, essas coisas. É isso também, bem entendido. Mas também é a articulação disso tudo com a sociedade civil, a escola e as academias que elaboram e desenvolvem a visão de mundo dominante, o saber assim produzido, os sindicatos reformistas e partidos social-democratas que mantém o conflito sob controle, a mídia que fixa os limites do debate, a família que transmite os valores dominantes e consagra hierarquias, etc. Se você conquista o Estado czarista, você caia ele de vermelho e os burocratas que obedeciam o czar obedecem você. Mas de nada adianta conseguir uma adesão puramente externa (quem é que era contra o Stalin na frente dele?) em termos de ideologia, sentimentos, valores, saberes. Ou você consegue convencer, sensibilizar, justificar-se, descrever a realidade, ou você, cedo ou tarde, ao invés de impor sua visão de mundo, vai ser lentamente colonizado pelos dominantes conquistados.

Vi a referência para esse excelente texto sobre Estado, poder e o conceito de Hegemonia em Gramsci no blog do Idelber Aguiar. O texto inteiro está no Blog Na prática a teoria é outra. Vale MUITO a pena: claro, direto e simples ao explicar várias coisas cabeludas.

Claro, não falo isso na condição de entendido que julga (pois entendo pouquíssimo), mas na condição de leitor que de repente entendeu melhor um monte de coisas (ou assim o acha).

O interessante é que a primeira vez que ouvi falar insistentemente de Gramsci foi pelas paranóias de um ídolo dos neo-direitecas, e só agora, anos depois, é que vi -- também na web -- alguma explicação boa sobre o assunto.


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terça-feira, 5 de maio de 2009

NO JUMP YES DANCE





Tanto eu como o Marcelo estamos planejando há tempos falar do que anda aparecendo de experimentalismo nos espaços jornalísticos para quadrinhos. E quando penso a respeito, essa História em Quadrinhos acima sempre me vem à mente.

Essa é uma das HQs mais belamente e genialmente non-sense que eu já vi.
Ou melhor: nonsense não é o termo mais adequado. Embora algumas coisas pareçam gratuitas, há metáforas bem visíveis. O mais certo seria falar aqui em simbolismo ou "surrealismo".

Na minha leitura, Laerte procura construir aqui, com o humor e estranhamento que lhe são característicos, uma alegoria sobre tempo, morte e arte.

Percebam que, enquanto os acontecimentos da vida do Minotauro são mostrados, a caveira é mostrada sempre com um "enquanto isso:".

É visível que, na última linha de quadros, o minotauro troca de lugar com a caveira; mas percebam que ele faz isso rompendo a sarjeta -- o espaço branco entre quadros, que é mecanismo de seqüenciação e passagem do tempo. Ao fazer isso, ele,no outro lado do penhasco, está "fora do tempo": e a forma de Laerte mostrar isso é a maneira como a caixa de texto recordatória de "enquanto isso", que antes indicava o tempo de maneira automática em nossa leitura, torna-se de repente um objeto estranho nas mãos algo surpresas do Minotauro.

Minha viagem: a morte é o eterno "enquanto isso". Não é outra coisa que significa "nós que aqui estamos por vós esperamos". Não importa o que esteja sendo feito por você em qual ponto do mundo, enquanto isso os mortos continuarão mortos.

Outra viagem minha: qual seria o vale que o Minotauro quer pular? Eu creio que é o "vale da morte", esse mesmo que aparece em oração. O sábio-ânfora informa ao minotauro que não se vence a morte na busca pura pelo objetivo (pular), mas no ato estético (dançar)

O ato estético do Minotauro, a dança, é o que conquista a morte. E ao mesmo tempo em que o Minotauro pula fora do tempo, seu espectro "morto" se anima e pula dançante para o lado dos "vivos". A Arte é a imortalidade, é o fora-do-tempo: no ato estético temos o "enquanto isso" em nossas mãos, enquanto aquilo que é finado permanece animado.

O contraponto do ato estético está na mulher assistindo televisão. O programa de televisão aqui não é "arte", mas uma distração; e percebam que Laerte não se referiu a programinhas Big Brother ou Faustão, mas a ficções comerciais mais interessantes (...eu e a Dani sempre assistimos House e The Big Bang Theory...)

Vida, morte e arte acontecem lá fora, mas a resposta da mulher alheia a tudo diante da televisão é sempre um "assim que acabar...".


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