quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Inferninhos artificiais

Só pra futura referência.

Você que estiver lendo isso: já pensou que, enquanto você faz aí o que quer que esteja fazendo, tem alguém pensando SERIAMENTE no potencial do emprego da realidade virtual e da estimulação sensória artificial como instrumento de castigo penal?

Alguém aqui já pensou no significado que um hamurábico “olho por olho e dente por dente” adquire quando se puder fazer um assassino, um estuprador ou um seqüestrador (excluídos aí os malucos totais e completos) saberem e sentirem EXATAMENTE os efeitos de seus atos sobre suas vítimas?

(certamentente existem volumes de discussão e de ficção a respeito. Se não vier por aí nenhuma hecatombe mundial nos próximos 20 anos, isso ainda será algo discutido publicamente a sério)


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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Versão definitiva

Eu já apresentei uma versão anterior desta montagem. Já era uma versão cortada da montagem original de 3 fotos. Mas depois de uma série de edições e mudanças, esta é a versão que agora adorna minha casa num quadro de 60 x 40 cm...





Em prol da beleza, da unidade e do impacto, resolvi mandar a verdade fotográfica às favas e acrescentar coisas que não estavam na foto via photoshop (inclusive a tonalidade de verde).
A "queima" do negativo do filme é real -- em uma parte da borda da foto. (consegue ver qual é?)


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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!"


Vinícius de Moraes


Faço minhas as palavras do poetinha. Fim de férias, fica a saudade dos amigos que ficam por aqui (Ceará) e a alegria de retornar para os amigos do lar.

Esse blog é uma coisa que me é muito cara - um espaço de amizade. Aqui mantenho viva uma das minhas amizades mais antigas, com o co-autor deste espaço. E sei que 95% das pessoas que lêem são amigos. E quem me conhece sabe o apreço que tenho pelos meus.

Um grande abraço a todos vocês!

P.S. Um abraço especial para um colaborador eventual e muito querido deste blog. Laerte, você sabe do carinho que eu e o0 Gabriel temos por ti, estamos pensando seriamente em te atender e aumentar seu espaço aqui...não sei se você sabe, mas você tem sido elogiado por muita gente. Eu tinha certeza que você tinha futuro nesse negócio de tirinhas...rsrsrs!! Tamos esperando o convite pra cervejinha, viu?


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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Brasil - o planeta dos macacos

Essa animação é excelente, o Tchê mandou pra mim recentemente. Aliás, as outras coisas desse cara também são ótimas.

A única coisa estranha é o fato de que a nossa população é toda feita de macacos...eu não acredito na má-fé do autor, mas que isso incomodou muita gente que comentou o vídeo no youtube.



A tempo: o povo brasileiro é capaz de preconceitos muito piores contra sua própria gente. E é consciente disso.


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Bullshit

Penn & Teller são uma dupla de mágicos/comediantes/céticos americanos. O que há de particular nas rotinas desses dois, é que as apresentações, que são excelentes, são todas feitas para ilustrar e mostrar como é fácil enganar as pessoas.

O papel exercido pela dupla é muito, mas muito mais interessante que o do "Mister M"...esses dois são da linhagem de gente como Houdini e James Randi...são céticos desmascaradores de charlatões.

Recentemente descobri um programade TV de Penn & Teller, chamado de Bullshit. Neste episódio específico, os dois falam da bíblia, embora os assuntos não sejam necessariamente ligados ao sobrenatural. O outro episódio que eu vi tratava da rejeição à crianças que tenham "tendências ao ateísmo ou homossexualismo" por parte dos escoteiros nos EUA, que são financiados, em grande parte nos EUA pela malfadada Igreja Mórmon.

Infelizmente não achei legendado.

Parte 1:



Parte 2:



Parte 3:



Sim...Penn é o falastrão, o "Teller" é o cara que, ironicamente, nunca abre a boca.


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especial de 1245 dias - grátis: 1 tirinha bônus

No dia de hoje, 12 de fevereiro de 2009, Wilbor se revolta completa 1245 dias de vida, sempre construindo o socialismo pra você e com você.


Para celebrar data tão especial, não podia deixar de postar aqui uma genial série de 20 tirinhas, publicadas originalmente na Folha de São Paulo (jornalzinho que sempre passa a perna na gente - cuidado!) entre Dezembro de 2008 e Janeiro do presente ano. Só não postei antes porque fiquei sem photoshop e não queria colar 20 imagens separadamente.


Vale muito a pena.









Tirinha bônus:


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Patativa do Assaré



O peixe


Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino

A isca avista, ferra-a insconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,

Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!


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O Vaqueiro

Eu venho dêrne menino,
Dêrne munto pequenino,

Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senhô.
Eu nasci pra sê vaquêro,
Sou o mais feliz brasilêro,
Eu não invejo dinhêro,
Nem diproma de dotô.

Sei que o dotô tem riquêza,
É tratado com fineza,

Faz figura de grandeza,
Tem carta e tem anelão,
Tem casa branca jeitosa
E ôtas coisa preciosa;
Mas não goza o quanto goza
Um vaquêro do sertão.

Da minha vida eu me orgúio,
Levo a Jurema no embrúio
Gosto de ver o barúio

De barbatão a corrê,
Pedra nos casco rolando,
Gaios de pau estralando,
E o vaquêro atrás gritando,
Sem o perigo temê.

Criei-me neste serviço,
Gosto deste reboliço,
Boi pra mim não tem feitiço,
Mandinga nem catimbó.

Meu cavalo Capuêro,
Corredô, forte e ligêro,
Nunca respeita barsêro
De unha de gato ou cipó.

Tenho na vida um tesôro
Que vale mais de que ôro:

O meu liforme de côro,
Pernêra, chapéu, gibão.
Sou vaquêro destemido,
Dos fazendêro querido,
O meu grito é conhecido
Nos campo do meu sertão.

O pulo do meu cavalo
Nunca me causou abalo;
Eu nunca sofri um galo,

pois eu sei me desviá.
Travesso a grossa chapada,
Desço a medonha quebrada,
Na mais doida disparada,
Na pega do marruá.

Se o bicho brabo se acoa,

Não corro nem fico à tôa:
Comigo ninguém caçoa,
Não corro sem vê de quê.
É mêrmo por desaforo
Que eu dou de chapéu de côro
Na testa de quarqué tôro
Que não qué me obedecê.

Não dou carrêra perdida,
Conheço bem esta lida,
Eu vivo gozando a vida

Cheio de satisfação.
Já tou tão acostumado
Que trabaio e não me enfado,
Faço com gosto os mandado
Das fia do meu patrão.

Vivo do currá pro mato,
Sou correto e munto izato,
Por farta de zelo e trato
Nunca um bezerro morreu.
Se arguém me vê trabaiando,
A bezerrama curando,
Dá pra ficá maginando

Que o dono do gado é eu.

Eu não invejo riqueza
Nem posição, nem grandeza,
Nem a vida de fineza
Do povo da capitá.
Pra minha vida sê bela
Só basta não fartá nela
Bom cavalo, boa sela
E gado pr’eu campeá.


Somente uma coisa iziste,
Que ainda que teja triste
Meu coração não resiste
E pula de animação.
É uma viola magoada,
Bem chorosa e apaxonada,
Acompanhando a toada
Dum cantadô do sertão.

Tenho sagrado direito

De ficá bem satisfeito
Vendo a viola no peito
De quem toca e canta bem.
Dessas coisa sou herdêro,
Que o meu pai era vaquêro,
Foi um fino violêro
E era cantadô tombém.


Eu não sei tocá viola,
Mas seu toque me consola,
Verso de minha cachola
Nem que eu peleje não sai,
Nunca cantei um repente
Mas vivo munto contente,

Pois herdei perfeitamente
Um dos dote de meu pai.

O dote de sê vaquêro,
Resorvido marruêro,
Querido dos fazendêro
Do sertão do Ceará.
Não perciso maió gozo,
Sou sertanejo ditoso,
O meu aboio sodoso
Faz quem tem amô chorá.


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2009 - ano do centenário de nascimento desse gênio cearense da poesia oral


P.S. Eu conhecia muito pouco o Patativa. Tinha lido umas duas ou três coisinhas e conhecia o cara da estátua do Dragão do Mar, aqui em Fortaleza onde este blogueiro goza de suas justas e longas férias. A primeira poesia publicada aqui, eu vi num CD chamado "Viva Patativa", que é um belíssimo trabalho patrocinado pela Caixa...a segunda (assim como a primeira) me foi apresentada por um primo meu, esse sim conhecedor mais profundo do poeta.

Impressiona a compreensão que o cara tinha da realidade do sertanejo nordestino, o humor e politização dos textos.


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acabando?

Segundo entrevista dada pelo economista Stephan Kanitz, a crise financeira acabou, pelo menos no Brasil. A declaração, como era de se imaginar, provocou muitas reações, a maioria delas no sentido de ridicularizar a tese.

Podemos imaginar que, de fato, se pensarmos isoladamente no Brasil o pior da crise já tenha passado. A indústria automobilística começa a dar sinais de recuperação, o resultado final do PIB/2008 provavelmente será muito positivo, o 3° trimestre, que foi quando a crise começou não foi afetado...

O problema disso tudo, é o fato de que o Brasil está longe de ser auto-suficiente, aliás, como todos os países nos dias de hoje. Precisamos da saúde financeira dos compradores, especialmente porque com a crise que não passou no resto do mundo, fica mais difícil vender aço, petróleo e comida, coincidentemente os carros-chefe da nossa pauta de exportação. Dessa forma, fica difícil para a Vale, a Petrobras e outras pequenas empresas brasileiras, responsáveis por grandíssima parte do que representa o Ibovespa continuarem garantindo a boa saúde do setor financeiro nacional.

Por outro lado, dá pra imaginar que o pior já tenha passado: o pacote americano foi aprovado, não com os US$900 bilhões que chegaram a ser cogitados, mas com quase US$800 bi, que convenhamos, é dinheiro pra cacete. Como ninguém sabe quanto dinheiro pode ser necessário para resolver o problema, essa quantia, a princípio, parece ser razoável. Agora, se os americanos vão financiar imóveis ou salvar o rabo dos banqueiros, não importa muito, desde que seja feito o que é necessário. Salvar banqueiro, infelizmente, vai além de salvar o sujeito dono de banco, isso porque um citibank quebrando é um fenômeno bastante desagradável pro mundo todo.

Por aqui, fico satisfeito com a política de manter a recuperação do0 salário mínimo.

Se o governo faz isso por altruísmo, capacidade de visão social ou em benefício da candidatura da Dilma é outro fator que não importa tanto. Obviamente um cenário econômico onde a própria população se encarrega de jogar dinheiro na economia é favorável para todo mundo - dos banqueiros às empregadas domésticas - mesmo porque ganhando R$465,00 não dá a ninguém a possibilidade de poupança, o que significa dinheiro entrando diretamente no comércio mesmo.

Aparentemente, a coisa vai se desenrolar como eu e outros respeitados economistas previam: a crise é braba, pode levar mais algum tempo mas passa. E com uma possibilidade até razoável de que aqui passe antes que em outros países, como na Zona do Euro, EUA, Japão, Índia e China.

Nunca antes na história desse país.


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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

hosana nas alturas

Descobri o blog do Laerte. Já tava aí faz um tempo, mas eu não conhecia.


MANUAL DO MINOTAURO. Endereço antigo e endereço atual.


Hooray.


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3 momentos materialistas e dialéticos

1.
Essa é a relação do trabalhador com sua própria atividade humana como algo estranho e não pertencente a ele mesmo, atividade como sofrimento (passividade), vigor como impotência, criação como emasculação, a energia física e mental pessoal do trabalhador, sua vida pessoal (pois o que é a vida senão atividade?) como uma atividade voltada contra ele mesmo, independente dele e não pertencente a ele. Isso é auto-alienação (...) .

O animal identifica-se com sua atividade vital. Ele não distingue a atividade de si mesmo. Ele é sua atividade.
O homem, porém, faz de sua atividade vital um objeto de sua vontade e consciência. Ele tem uma atividade vital consciente.
Ela não é uma prescrição com a qual ele esteja plenamente identificado. A atividade vital consciente distingue o homem da atividade vital dos animais: só por esta razão ele é um ente-espécie. Ou antes, é apenas um ser auto-consciente, isto é, sua própria vida é um objeto para ele, porque ele é um ente-espécie. Só por isso, a sua atividade é atividade livre. O trabalho alienado inverte a relação, pois o homem, sendo um ser autoconsciente, faz de sua atividade vital, de seu ser, unicamente um meio para sua existência.

Karl Marx
Manuscritos Econômico-filosóficos


2.
(…) O espetáculo é o herdeiro de toda a fraqueza do projeto filosófico ocidental, que foi uma compreensão da atividade dominada pelas categorias do ver; assim como se baseia no incessante alargamento da racionalidade técnica precisa, proveniente deste pensamento. Ele não realiza a filosofia, ele filosofa a realidade. É a vida concreta de todos que se degradou em universo especulativo.
A filosofia, enquanto poder do pensamento separado, e pensamento do poder separado, nunca pode por si própria superar a teologia. O espectáculo é a reconstrução material da ilusão religiosa. A técnica espetacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou-os somente a uma base terrestre. Assim, é a mais terrestre das vidas que se torna opaca e irrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga em si a sua recusa absoluta, o seu falaccioso paraíso. O espetáculo é a realização técnica do exílio dos poderes humanos num além; a cisão acabada no interior do homem.

Guy Debord
A Sociedade do Espetáculo


3.
(...) toda essa pregação sobre a tolerância, o amor ao próximo e assim por diante é, em última instância, uma estratégia para evitar o encontro com o próximo.
Toda essa obsessão que temos hoje com as diferentes formas de assédio - o fumo, o assédio sexual, social etc. - consiste, simplesmente, em como manter o próximo a uma distância apropriada. ... Mais uma vez, temos aí o próximo como o Real: um Real possível demais, e é isso que é traumático. Com a intromissão desse Real, a obsessão quase central de nossa época passou a ser a de como manter uma distância conveniente. Eu diria que também é por isso que as causas humanitárias são tão populares. Elas não são uma simples expressão de amor ao próximo, são exatamente o oposto. Ou seja, a função do dinheiro, nas doações para causas humanitárias, é idêntica à função do dinheiro tal como isolada por Lacan na psicanálise: o dinheiro significa que eu pago a você para que não tenhamos nenhum envolvimento.

(...) essa é a função suprema da doação de dinheiro a causas humanitárias: é para que [as pessoas] fiquem por lá.

Slavoj Zizek
Arriscando o Impossível