E as críticas:
- "Um dos melhores filmes de 2010! Misterioso, sonhador, delicado e mágico."
(Peter Bradshaw - The Guardian)
- "Belo e perturbador realismo contemplativo e uma linguagem altamente poética."
(Alcino Leite Neto - Folha de S. Paulo)
- "De um lirismo mágico, é o cinema dos sonhos."
(Rodrigo Fonseca - O Globo)
Bom. Das críticas acima, só me serve um trechinho: perturbador. Honestamente, eu não saberia explicar sobre o que é esse filme. No meio da história eu achei que fosse acontecer alguma coisa, mas não aconteceu.
Começa com um boi fugindo, uns macacos de olhos vermelhos (que é o filho perdido do tio Boonmee, que está morrendo de alguma coisa no fígado), e termina com um monge saindo do corpo. No meio de tudo isso, tem uma cena de um bagre fazendo sexo com uma princesa.
Bem...pouco antes do final eu estava pensando se devia assistir de novo, talvez seja algo genial, mas resolvi que seria melhor não fazer isso. O filme não é genial, não lembra "Sonhos" do Kurosawa e esses críticos de cinema estão atingindo o ápice da pretensão humana.
10 comentários:
Marcelo,
Estivemos conversando sobre este filme, não assisti, mas notei uma inconsistência nos comentários que você trouxe no post.
Um fala em "lirismo mágico" e outro em "realismo contemplativo"...
O filme deve ser no mínimo estranho. Se um acha que se trata de realismo intrínseco, este é algo que nos convida a um pensamento interior ou faz uma autoanálise. Ai podendo surgir algo fantástico em prol da análise, como seria o caso do Brás Cuba no livro de Machado de Assis, o que me parece que não ocorre neste caso.
O lirismo mágico é algo de um mundo a parte ligado há um imaginário, onde os personagens falam por si, sem interferência do meio, que não seja o mundo criado em que eles vivam. È o lirismo fantástico visto por vezes no Senhor dos Anéis (diferente do realismo fantástico de Guimarães Rosa onde parte-se do contidiano e se tem experiências fantásticas). É algo distituido da realidade, não faz convite a reflexão ou ligação com a realidade, em que pese, poder ter algumas lições de ou interpretações aplicáveis a realidade ou de fundo moral. Pode-se dizer que é uma verdade em si mesma.
Em suma, esses caras nem entenderam o que falar do filme... Pura pretensão mesmo...
(mas agora vou ter ver o filme, droga, tudo culpa sua Marcelo...!).
Marcel,
Essa inconsistência nos comentários é próprio das críticas de cinema. Não acho que os caras tenham parado pra pensar muito no que escreveram.
Quanto à sua vontade de ver o filme, deixo a dica de vovo: releia o título do post. Sério.
Abraço!
Então, baixei o filme..
Assisti só os cinco primeiros minutos e me parece que a classificação mais acertada (se é que isso existe) tratar-se de um realismo fantástico meio Guimarães Rosa, mas estas classificações de arte/literatura/cinema não servem para nada a não ser tentar sistematizar algum tipo de conhecimento.
Bom, o filme, a priori, me pareceu um filme mais "artístico", estou querendo dizer, um filme que não é para ser entendido e sim passar qualquer tipo de sensação que for possível passar...
Macaco dos olhos vermelhos...kkkkk... é engraçado e absurdo, como parece que foi a intenção.
Não estou dizendo que a obra foi brilhante pq só assisti cinco minutos e nem discordando do Marcelo pura e simplesmente, mas estou polemizando por polemizar...kkkkk!
Eu vi muita gente falando bem do filme e pode ser pura vaidade e pretensão mesmo...
Mas por exemplo, mas isso é muito intimo se considerarmos o cinema realmente a sétima arte...
Eu, p.ex., não gostei do filme "Onde os Fracos não têm vez" e este foi unânime em ser um ótimo filme.
Hehehe...lembrei dessa tirinha do Laerte:
http://verbeat.org/laerte/2010/04/cao-07.html
Mas eu imaginei que esse texto pudesse levar mais alguém a querer assistir. A intenção não foi essa, eu escrevi porque fui ao cinema com muita expectativa por conta dessas críticas positivas.
Quanto à classificação - que de fato não serve pra nada - concordo contigo. É um realismo fantástico, mas um bem ruinzinho.
Realismo fantástico chato é um troço meio sem razão de ser.
Guimarães Rosa certamente virá pegar seu pé quando estiver dormindo...rsrsrs!
Guimarães Rosa foi um dos grandes do mundo no estilo, mas jamais foi desinteressante.
Eu gostei de "onde os fracos nao tem vez". Mas esse filme é como qualquer outro, não tem segredo, é fácil gostar ou não; é também fácil de acusar de pretensioso e pseudo-intelectual, como são muitos dos filmes dos Coen: "Um homem sério", "Queime depois de ler"...(lembrando disso, eu gosto bastante da dupla).
Já o "tio Boonmee que pode recordar de suas vidas passadas"...é difícil achar qualquer coisa desse filme, se maravilhar com ele então...mas isso pode ser oobtusidade minha.
Como dizia o Sagan, "fenômenos extraordinários requerem explicações extraordinárias". Ou seja, quando um sujeito aclama o filme como o melhor de 2010 e dá uma justificativa tão incompreensível quanto o filme, eu só posso achar que é pretensão mesmo.
Outro exemplo de "genialidade artística":
http://arteum.terra.com.br/up_img/noticias/arte/grande/659.jpg
Onde os fracos não tem vez, é como outro filme, com alguns lances diferenciados... Mas não o acuso de ser pretensioso, só não gostei viceralmente falando, sem nenhuma racionalização mesmo. Assisti e não gostei só...
Então, eu entendo o que você diz sobre o filme, mas vou ter de assistir pra falar mais alguma coisa... Talvez nem consiga terminar, mas vamos ver...
Desculpa Guimarães, foi só a título de analogia sem maiores pretensões...
"é também fácil de acusar de pretensioso e pseudo-intelectual, como são muitos dos filmes dos Coen: "Um homem sério", "Queime depois de ler"...(lembrando disso, eu gosto bastante da dupla)."
Opa. Marcelo, só pra esclarecer a ambiguidade da redação, você quis dizer que:
1. Alguns filmes dos Coen são pretensiosos e pseudo-intelectuais;
ou
2. Alguns filmes dos Coen são fáceis de serem acusados de serem pretensiosos e pseudo-intelectuais?
Fiquei meio em dúvida.
Opção 2, eu gosto muito dos Coen (aliás, já conseguiu ver "um homem sério"? A história do dentista é um dos melhores momentos do cinema).
Mas eu entendo porque muita gente fica na opção 1.
A redação ficou ambígua mesmo.
Ahh bão. Ufa. É que eu adoro o "queime depois de ler".
Ainda não vi "um homem sério"! Mas vou ver.
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