quarta-feira, 18 de agosto de 2010

isso não é um tweet

Abri uma conta no twitter ainda no comecinho da coisa.  Mesmo sem entender muito pra que  servia o tal microblog, resolvi me inscrever, pelo menos pra não ficar muito pra trás no tão dinâmico universo da internet.  Pelo mesmo motivo entrei no orkut e no Wave, a grande promessa não concretizada da Google.

Como não vi muita graça no twitter, acabei não acompanhando muito de perto a evolução da criatura, de forma que as minhas considerações aqui são altamente discutíveis.

Pretendo aqui discutir o "fenômeno twitter" enquanto subproduto de outra coisa: a transição da internet de um meio cuja principal forma de aquisição de informação era a leitura, para um meio em que a palavra escrita vem sendo substituída por imagens e vídeos.  Minha opinião é de que isso está relacionado com um processo muito simples: o de que as coisas tendem a evoluir sempre na direção mais provável  de acordo com características de um ambiente favorável - conceito importante, apesar de óbvio.

Esse texto começou de uma discussão sobre o meu aborrecimento com o twitter com uma das leitoras mais assíduas do blog, a @sandramilk - twitteira de carteirinha.  Essa discussão foi muito interessante, e acredito que a Milk poderá defender seu ponto de vista por aqui, se quiser, utilizando até mais que 140 caracteres.  A intenção não era discutir se twitter é legal, se é uma ferramenta válida para divulgação do que quer que seja, se aproxima as pessoas ou não.  Eu estava mesmo a me queixar das coisas que aparecem na minha tela toda vez que abro o site - e olha que só faço isso para divulgar postagens desse blog.

Pra resumir, podemos colocar da seguinte forma:

Eu acho um twitter um troço bobo.

Milk gosta muito do twitter.

Pronto.  Se não tentarmos justificar o twitter como algo que revoluciona o universo da internet de forma benéfica, não há o que discutir.  Gosto de muitas coisas bobas também - o twitter só não é uma delas.

Imediatamente percebi - não por conta da contra-argumentação da Milk, mas pela minha própria necessidade de ser ponderado na discussão - que o twitter atingiu um status de coisa sagrada.  Criticar o twitter pode, potencialmente, ofender muita gente, e eu percebi o porque disso: o twitter tem sim uma utilização louvável: pode servir para divulgar eventos culturais e aquilo que encontramos de bacana na nossa navegação pela net.  Dessa forma, seria injusto falar dos twitteiros como uma coisa só - não são.

Quando os blogs apareceram no universo da internet, causaram certa estranheza - porque ler o que "um qualquer" está escrevendo?  Logo os blogs se transformaram, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, num importante nicho de discussão paralelo à "imprensa oficial". - a ponto de se atribuir à blogosfera a eleição de Obama.  Em tese - e isso obviamente não é verdade - os blogueiros são independentes, escrevem sobre o que bem entendem e não estão, nesses espaços, vinculados à censura institucional.  Ainda assim, os blogs nasceram como "diários virtuais públicos", e esse modo ainda está bastante presente.  Num segundo momento, a blogosfera se converteu em uma espécie de observatório da imprensa.  Nos blogs que discutem qualquer coisa, uma boa parcela dos posts são reflexo daquilo que foi discutido na imprensa tradicional.

Pois bem, qual é a crítica ao twitter?  No princípio do site, a utilização foi caracterizada por uma substituição dos "diários virtuais públicos".  As pessoas twittavam - e ainda o fazem - sobre as pequenas coisas de seu cotidiano.  O que estão fazendo, pensando, comendo, escutando enquanto tomam banho...enfim, frivolidades.  Da mesma forma que não consigo me interessar ou ver grande relevância no que Pedrinho está escutando enquanto lê Paulo Coelho; não me interessa o que William Bonner ou qualquer famoso faça em sua casa.  Mas aparentemente é o tipo de coisa que interessa a muita gente.  William Bonner tem quase 800 mil seguidores e Kaká 1,7 milhões!!

A forma "louvável" de utilização do twitter são os posts do seguinte tipo:

"jlgoldfarb
Conferências Bienais Allen Debus Participação de historiadoras da França e do México e lanç livro sobre Simão Mathias http://bit.ly/do4JGo"

Esses posts de utilidade pública são twittados e retwittados pelos seguidores e são uma boa forma de nos informarmos sobre fatos e, de quebra, pegar umas boas dicas para um programa cultural de fim de semana.

Ainda assim, vejo isso como um movimento de divulgação cultural que não promove, de fato, um aumento no consumo de cultura.  Pelo contrário, acho que direciona as pessoas para determinadas coisas.  Normalmente quem está atrás de programação cultural, dicas de filmes e livros, já o faz através de outros meios: sites especializados, blogs, jornais, revistas, guias culturais e dicas de amigos.  Mais: se a intenção é dar dicas para os amigos já consumidores de cultura - ou pior, para todo mundo - pode se tornar um negócio meio pé-no-saco.  A minha experiência de internet, por exemplo, sempre foi a de um espaço com muito conteúdo no qual eu posso navegar livremente.  Nada contra dicas de amigos, especialmente aqueles nos quais confio cultural e intelectualmente, mas acho meio chato passar uma parte do dia dando dicas do que ver na internet.  A razão é a seguinte::

A quantidade de conteúdo na rede é enorme.  Não me impressiona que qualquer pessoa encontre 10, 20 ou 100 coisas que valham a pena ser vistas todos os dias.  A experiência de navegação livre quase sempre nos leva por caminhos inusitados e interessantes, e pra mim essa é a parte mais interessante de surfar na rede.  Considerando que nossos amigos consumidores de cultura, por mais próximos que sejam dos nossos gostos pessoais também devam achar interessante explorar a rede, porque induzir à uma reprodução de suas experiências pessoais de navegação?  Quero achar as minhas próprias coisas, porra!  De qualquer forma, quero evitar a radicalização...boa parte das boas coisas que vejo na internet diariamente vem de dicas de amigos, geralmente via e-mail.

Muita gente já deve ter passado pela experiência de estar em um grupo de pessoas com um laptop assistindo vídeos no youtube.  Existem dois tipos de experiências desagradáveis nessa situação:

1) tem alguém comandando o que vai ser visto, e vai passando os vídeos que achou legais pra cacete;

2) as pessoas combinam que deve haver um rodízio: cada um mostra um vídeo.

No primeiro caso, normalmente quem se diverte mais é quem está mostrando.  A pessoa ri daquilo que já riu quando viu pela primeira vez e fica ansioso pelas reações dos companheiros.

No segundo caso as pessoas, lá pelas tantas, estão mais preocupadas em pensar no que vão mostrar para os amigos do que com aquilo que estão assistindo no momento.

Em ambos os casos, não se conversa.  Eu adotei o seguinte como regra: quando pego o laptop para tocar música, ele vira um rádio.  Prefiro conversar com amigos a ver vídeos e prefiro nem usar o google para dirimir dúvidas que surjam num debate qualquer, por mais que esteja morrendo de vontade de mostrar que opinião tal está embasada nisso ou naquilo.  Pelo mesmo motivo me irritam as pessoas que costumam dar mais atenção ao celular que aos amigos.  Pra que pensar em redes sociais quando se está socializando com pessoas reais?

Quanto às dicas que recebo, se vejo que o e-mail foi endereçado a mim, ou a mim e a um grupo reduzido de pessoas, como um grupo de estudos de Pedologia, abro e leio.  Se for individual melhor ainda: sinal de que o remetente viu alguma coisa que achou que seria interessante pra mim.  Agora, as dicas twittadas são coisas que as pessoas acham que "todo mundo deve ver".  Devo reafirmar aqui que sei que muitas pessoas fazem isso com as melhores intenções possíveis, escolhendo muito bem aquilo que recomendam ao mundo...mas são uma minoria.

Alguém disse que o twitter "é muito mais do que 140 caracteres".  É apenas a porta para um universo que se abre à nossa frente.  É uma maneira de colocar a questão, mas na minha opinião, é um esforço intelectual para transformar em algo mágico uma coisa muito comum: os links!!  Twitter então se resume a isso: links com pequenos comentários.  Bom, obviamente um tweet tem que ser mesmo muito mais que 140 caracteres, mesmo porque 140 caracteres de fato não servem para informar ninguém de coisa alguma, pelo menos se desejamos que exista qualquer nível de profundidade no conteúdo que pretendemos divulgar.  Agora, é bom lembrarmos que justamente aquelas pessoas que lêem mais tendem a ser mais independentes  e ter apreço pela busca do conhecimento do que aquelas que não lêem.  E certamente já liam antes do twitter surgir na face da Terra.  Pra não deixar de lado a tradicional acidez, diria o seguinte: muchachos, peguem as suas preciosas dicas e enfiem na sua própria pasta de favoritos e nos e-mails particulares dos amigos mais próximos.  Ou no meu e-mail, se acharem que eu, particularmente, possa me interessar.

Por conta disso, não vejo o twitter como uma ferramenta que levará mais gente a ler.  Acho, aliás, que a internet caminha por um outro caminho.  Pra mim, o interesse pela leitura só pode ser despertado pelo próprio objeto de leitura, e pra isso, tem que se começar.  Acho mais fácil convencer alguém a ler algum livro relatando, oralmente ou textualmente o que nos encantou em livro tal.  E isso não se faz com 140 caracteres.  A não ser que isso leve as pessoas para um texto maior.  Não vejo a necessidade do intermediário nesse caso - ou de mais um intermediário, já que blogs, jornais, revistas e TV adoram nos dizer o que ler: mas dispõem de espaço para justificar.

Já quanto a pensar o twitter enquanto rede social...não pensei muito sobre o assunto (aliás, pensei menos ainda, esse texto não é algo tão bem pensado), mas acho que os sites de relacionamento social fazem um papel melhor.  Foram construídos para isso, são munidos de várias outras ferramentas , fotos, grupos de discussão...e eu também não vejo graça em limitar meus comentários ou recados a 140 caracteres.

Pensando nessa coisa do tamanho dos tweets, fui procurar outros textos que fossem críticos ao twitter e descobri o site Woofer.  Woofer significa "latidor", enquanto Twitter significa "piador".  Um "tweet", ou uma postagem no twitter seria um "piu" de passarinho, enquanto um "woof", um latido.  Ao contrário do twitter, que limita as postagens a 140 caracteres, o Woofer limita as postagens a um mínimo de 1400 caracteres.  Confesso que as coisas que li não são lá muito empolgantes, mas o exercício de escrever um pouquinho mais, ainda que sem muita qualidade, me parece algo a ser incentivado.  Para se ter uma idéia de escala: até aqui, esse post tem 10.606 caracteres.  Meus 140 caracteres se esgotaram lá em cima, na parte destacada em negrito.

Dito tudo isso, tirei como conclusões preliminares: o twitter não se justifica como meio eficaz de divulgação da leitura.  Ou melhor, pra divulgar serve, mas creio que não é um instrumento eficaz para ampliar a base de leitores de forma geral, ainda que possa sim ampliar a base de leitores de um escritor que se dedique muito à publicidade no twitter...agora, acho quem os leitores arrebanhados nessa estratégia serão, em sua maioria, gente que já lê.  Se todos os escritores fizerem igual, acho que o cenário geral permanece meio como está.  Também não é exatamente uma rede de socialização como facebook e orkut.  Aliás, não vejo o que pode ser feito por lá que não possa ser feito em outros meios.  Qual é a vantagem então?

A quantidade de pessoas dispostas a ler mensagens curtinhas, de até 140 caracteres.

Nesse ponto, passo a explicar o twitter como subproduto de outra coisa: preguiça.

Nada contra o ócio, aliás, sou grande fã.  Só não a ponto de encontrar no Google 20 outros textos críticos ao twitter e twittá-los todos em sequência...escolhi escrever esse texto até grandinho...mas é o que me diverte, também não acredito na força deste post para mudar qualquer coisa.

É inegável que todo conteúdo na internet compete por tempo.  Isso ocorre porque por mais que muitas horas de vídeos sejam colocados no youtube a cada segundo, nós só temos 24 horas no dia.  E só temos algumas horas de navegação todos os dias, de forma, que duas horas vendo vídeos equivalem a duas horas em que não fizemos outras coisas na internet.

A internet era, até bem pouco tempo atrás, uma mídia em que se lia coisas.  Os sites tinham, basicamente, informação escrita, ocasionalmente ilustrados por uma ou outra imagem.  De qualquer forma, as fotos jamais foram protagonistas na internet.  Isso mudou drasticamente com o surgimento do youtube.  E pra não ficar nas meias-palavras, o aumento do tempo vendo vídeos em detrimento do tempo de qualquer outra coisa na internet significa exatamente o seguinte: a gente quer ver TV.

Deve haver alguma estatística que mostre qual é a porcentagem dos tweets que encaminham as pessoas para vídeos.  A julgar pelo meu próprio Twitter, imagino que seja bastante coisa.  Mesmo divulgadores de cultura e formadores de opinião optam por esse caminho frequentemente: sabem que a informação em vídeo tem uma chance muito maior de ser vista e repercutida que um texto longo como esse.

À parte da discussão disso tudo ser bom ou ruim, a questão é que o ambiente da rede favorece esse tipo de coisa. Se fôssemos analisar à luz do Darwinismo Dawkinsiano, poderíamos dizer que o twitter é bem sucedido porque ele é exatamente adaptado ao meio da internet no atual período: o tempo rápido do mundo moderno e a busca de algum reconhecimento público.  Dessa forma, quer-se ver o máximo de coisas possíveis nesse pequeno tempo, e se somos cultos, porque não dar uns conselhos e ter uma pequena legião de seguidores repercutindo aquilo que você retwittou?  O twitter é um meme bem sucedido porque atingiu uma "EEE" - estratégia evolutivamente estável.

Por fim, uma reflexão sobre o curto tempo que temos online.  Será que é tão curto assim?  O que dá pra ler em uma hora de vídeos?  E se vamos ler algo e a internet propicia um mundo a ser explorado, porque abrir mão de descobrir, por nós mesmos, os caminhos que podem nos levar a coisas diferentes?  Porque seguir os passos da navegação de outras pessoas?  Isso me parece uma homogeneização de um processo, que só tem a se beneficiar da criatividade de navegação da cada usuário.  Twitter é muito bom pra quem produz o conteúdo  escondido nas 140 letrinhas e o divulga.  Certamente é um grande veículo de publicidade, dado o seu alcance...pra quem só lê (lê o que?) ou repassa, não sei.

Espero que não pareça que a minha intenção foi a de ofender os usuários do twitter  (nem sabia que podia fazer isso), mas sim, levantar a discussão a respeito dos motivos que fizeram com que esse site se tranformasse em algo dessa proporção.  Eu entendo que aqueles que sentem que trabalham em prol da cultura através do twitter  discordem, e temos uma boa chance de ver ótimos argumentos contra tudo isso que eu disse, e espero que apareçam.  Eu sei do potencial ofensivo desse texto porque o twitter parece estar se tornando uma unanimidade - digo parece porque conheço um bom número de pessoas muito íntimas da internet que não aderiram à onda; mas já vejo surgir um movimento de pessoas que pensam que esse tipo de comunicação pode revolucionar o mundo.  Eu não vejo assim, e penso que estão erradas.  O filósofo americano Daniel Dennet, ao comentar as reações dos leitores ao seu livro "Breaking the Spell", disse que testou os seus argumentos com vários grupos de pessoas, buscando torná-los o menos ofensivos possíveis, mas notou que isso era impossível: "não há uma maneira bacana de dizer às pessoas que elas estão perdendo seu tempo".

Não penso que as pessoas estejam perdendo seu tempo no twitter.  Pelo menos não mais do que eu perco  o meu tempo fazendo outras coisas na internet (youtube, orkut...).  Só não acho que se deva confundir lazer com "grandes serviços prestados ao público geral" - excetuando-se, claro, a função de marketing do twitter, quanto à eficácia disso não há discussão, ainda que ninguém pense que os twitteiros possam desempenhar um papel tão decisivo nas eleições daqui como fizeram os blogueiros nas eleições americanas.  O mesmo vale para a blogosfera nacional.  Agora, assumindo o uso do twitter como lazer e diversão, não temos nada a discutir.  Por mais saudoso que eu possa vir a me tornar da época em que a internet era um troço para ser lido...e mais ainda, da época em que as pessoas liam livros grossos.



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5 comentários:

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Eu disse que desconhecia dados sobre a parcela dos tweets que direcionam as pessoas para vídeo. Continuo msem uma referência mais precisa, mas na última quarta (18/08/2010) uma reportagem na Folha revelou que 81% dos acessos ao aplicativo de videos do twitter (twitcam)são do Brasil:

http://www1.folha.uol.com.br/tec/784559-brasil-e-responsavel-por-81-dos-acessos-ao-twitcam.shtml

Gabriel G; disse...

Eu e o Marcelo já conversamos um pouco sobre isso. Vou registrar rapidamente algumas das minhas discordâncias.

Eu, como o Marcelo, tenho Twitter há tempos e não faço uso nenhum nem gosto de usar. Mas acho que a análise do Marcelo, embora muito correta pra falar da frivolidade da qual o twitter é veículo, é incompleta por não considerar o que, pra mim, é a real novidade dele. Se não me engano, esse post veio de uma discussão com a Milk; o que proponho aqui é o deslocamento dessa discussão.

Pra resumir sinceramente: acho que discutir o Twitter a partir do problema do "incentivo" ou "desincentivo" à leitura é algo muito secundário.
Se você considerar o Twitter um blog onde só se pode escrever 140 caracteres de cada vez, bem, NÃO TEM como não achar uma bosta sem sentido. Só que acho que não é essa a novidade dele, não é isso que gerou a badalação.

O real impacto do twitter não pode ser compreedida sem considerar a relação dele com celulares e mídias móveis miniaturizadas.
É uma questão não de conteúdo, mas de dinamismo e de número: velocidade e massa. Seu celular apita avisando atualizações de uma miríade de fontes diferentes onde quer que você esteja. Essa conjugação trouxe uma nova dimensão ao termo "estar conectado" -- a conexão coletiva (um monte de gente fica sabendo de uma só vez)e multidirecional (qualquer um pode colocar) em tempo real (atualiza-se muito, muito rápido, até pela limitação de caracteres).

Então a novidade do Twitter, para além das intermináveis inutilidades que a imensa maioria das pessoas escrevem, é propiciar uma rede coletiva de notícias em tempo real. Uma rede massiva em tempo real como twitter possibilita sim movimentações coletivas e sociais inéditas na história da humanidade.
Isso me veio à cabeça agora, após ler o último texto da Umbudsman da Folha de São Paulo comentado pelo Idelber Avelar: http://www.idelberavelar.com/archives/2010/09/uma_saudacao_e_uma_correcao_a_ombudsman_da_folha.php
O que esse texto me trouxe à mente? que sem uma plataforma nos moldes do twitter, jamais teria-se conseguido deixar a Folha de São Paulo constrangida em uma madrugada de deboche. Pra quem não sabe do que eu falo nem conhece os "Dilmafacts", aconselho a leitura do texto.

Já mencionei que eu mesmo detesto o Twitter? Pois é, detesto mesmo, não uso nem tenho saco. Vou falar no próximo comment sobre, aí sim, o que vejo de nocivo no uso que se faz do Twitter, indo mais pro lado do que o Marcelo colocou.

O twitter virou uma onda, uma moda acompanhada de badalação chatíssima e de uma unanimidade e pretensão perigosas. Sim, fica-se sim perdendo um enorme tempo com ele.
Mas só quis deixar claro primeiro que sei e valorizo o seu potencial como instrumento comunicativo de "guerrilha" cultural e disseminação coletiva.

Gabriel G; disse...

Apesar de tudo o que eu disse, o twitter de certa forma é mesmo mais um inimigo mortal da leitura de "livro grosso". Mas não porque ele é uma "escrita" superficial de só 140 caracteres, nem porque ele mais espalha links para vídeos que para textos.

O twitter é "inimigo" por causa disso o Twitter é um aparato de maximização da "conexão", e LER UM LIVRO É NECESSARIAMENTE ESTAR "DESCONECTADO".
Leitura, raciocínio, apreciação estética são experiências que exigem alguma desconexão, um silêncio, uma total concentração num mundo interno. Mas não é só de livros que estamos falando aqui: as pessoas vão aos poucos perdendo a sua capacidade de ver filmes "lentos" também, ou de ouvir música "lenta e velha" -- em suma, fruir qualquer obra ou mídia que exija um pouco mais de dedicação (ou, como chamava Marshall McLuhan, mídias "quentes"). Estamos falando de uma crescente abandono da IMERSÃO COGNITIVA abstrata.

Isso não é de hoje, claro. Já foi dito por muitos, como Marshall McLuhan. Mas esse é o fato: gerações e gerações de pessoas com déficit de atenção... Esse, enfim, é um drama longo do qual o twitter é só um capítulo mais recente.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Perfeito.

Outro veículo, esse mais interessante, da conectividade 24 horas são os serviços de geolocalização como o foursquares, que tem cercsido num ritmo até mais rápido que o twitter, segundo reportagem publicada hoje na Folha.

Gabriel G; disse...

Hehehe... só porque eu citei o Idelber falando do Twitter, ele agora escreve outro post fanalando que está meio "cansado" do Twitter... "A coisa ali é de uma velocidade estonteante. Facilita a circulação de informações, mas nem sempre estimula o raciocínio mais sofisticado e crítico."

http://www.idelberavelar.com/archives/2010/09/velocidade_serenidade_e_politica.php