sábado, 17 de julho de 2010

Gente Paulistana 1: duo Hodgkin & Giffoni

As outras que me perdoem, mas São Paulo e Rio de Janeiro são, sem a menor sombra de dúvida, as cidades culturalmente mais ricas do país.  São cidades enormes e cheias de microcosmos, antigas e modernas, que contam com uma enorme quantidade de equipamentos culturais.
Aproveitando o fato do Wilbor ser justamente um blog do eixo, vou iniciar uma série de postagens sem qualquer garantia de regularidade, divulgando trabalhos dessa gente interessante que a gente encontra pela cidade.  O video a seguir é do duo Hodgkin & Giffoni.  Conheci o Daniel Giffoni num bar de jazz, e esse video.



Pra quem quiser ouvir mais, aqui vai o link do myspace do duo.

8 comentários:

sandramilk disse...

Ontem estava passeando pelo Wilbor e selecionando uns posts para mostrar a um amigo que conheceu este blog via texto recente sobre BSB ....
Deparei-me com este post que amei!!!!!
Ao mesmo tempo fiquei incomodada com a afirmação sobre as cidades culturalmente mais ricas do Brasil...
Não sabia ao certo como expressar uma incomoda discordância que me corroía, sem parecer bairrismo... Hoje esta resposta me veio mesmo que eu não consiga expressá-la toda em palavras...
Recebi uma newsletter de uma amiga querida e escritora cearense Socorro Accioly(http://as-borboletas-de-fevereiro.blogspot.com/) que me levou a um blog de fotografias (http://imagemparada9.blogspot.com/)de uma jóia rara que é o Samuel, que também conheci adolescente na Fundação Casa Grande.
A emoção tomou conta de mim. Passeando pela Imagem Parada,pela poesia desvelada em curtas palavras e inenarravéis fotografias...
O sabor do pertencimento a esta riqueza cultural me fez rechaçar sua fala. A matemática das duas grandes metropoles e sua concentração de vida cultural não faz sentido para mim... Não diante de tudo que já experimentei viajando pelo Ceará. Bairristicamente esta terra sempre me parecerá mais rica que outros lugares... Sempre com alguma surpresa me aguardando...
Poderia discorrer horas sobre elas... Quem sabe você topa um desafio (estilo repentistas) para "medirmos" estas riquezas .... rsrsrsrsrsrsrsrs

Too emotional!!!!! But I can't deny it!!!


PS para o Marcelo: mais alguém para seguir no twitter....kkkkkk

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Oi Milk,

O que eu escrevi aqui não foi em função de bairrismo e não tem a intenção de julgar valor e qualidade dos produtos culturais, mas de simples constatação de que cidades maiores concentram mais coisas.

Lembro de dois mapas no Atlas do Hervé Thery que mostra bem como Rio e Sao Paulo "roubam para si" mesmo a produção cultural de outros centros do Brasil:

No primeiro, o local de nascimento de um número "x" de escritores brasileiros. Esse mapa é bem distribuído, os escritores nascem em qualquer lugar seguindo uma distribuição mais ou menos proporcional ao tamanho das populações, comos seria de se esperar.

O segundo mapa mostra onde morreram esses mesmos escritores, e dessa vez, a concentração no eixo Rio-São Paulo é muito clara.

Conheço o Ceará e adoro esse lugar, você deve saber disso. Sei ainda do orgulho justificado que os cearenses tem por sua produção cultural, sem dúvidas muito rica. Uma coisa muito peculiar daí é o envolvimento da população com essas raízes culturais.

Lembro de um filme que vi que conta a história dos cearenses que foram para a Amazônia durante o ciclo da borracha. Boa parte dos relatos era contado através das cartas escritas por senhoras que faziam esse serviço, e a facilidade do discurso oral é de fato diferenciado por aí - isso foi facilmente notado por todos os meus colegas paulistas e paranaenses. Esse filme é belíssimo (produção paulistana da TV cultura...rsrsrs!!).

Não se trata aqui de comparar o valor do que se produz por aqui e por aí - daí a matemática de dizer o que é melhor de fato não faz sentido. Mas tenho certeza de que se compararmos a quantidade de produção cultural, Rio e São Paulo dão de goleada em qualquer outra cidade do país. Ainda mais se pensarmos em diversidade cultural. Me parece que a gama de coisas que podem ser vistas nesse eixo RJ-SP é mais ampla - da cultura caipira à erudita, todos com muitos exemplos.

Isso se explica, como já apontei, em parte pelo tamanho das cidades e de suas populações, mas também, no caso de São Paulo, pelo fato de que o investimento em cultura é o maioir do país, comparável com a estrutura dos grandes centros mundiais. Li na Folha há alguns anos que o SESC-SP tem mais recursos que o MinC.

Portanto, para concluir, acho que devo explicar melhor o que quis dizer:

O valor da produção cultural de Rio e São Paulo podem sim ser contestados. Uma música produzida aqui não vale mais ou menos que uma produzida aí, o mesmo raciocínio vale para artesanato, artes plásticas, teatro...mas creio que a declaração de que "o meu é melhor" pode também ser apropriada por baianos, mineiros, pernambucanos, gaúchos. Como não é possível chegarmos no consenso de uma escala de valor para qualidade, não tem sentido essa discussão.

Se formos falar em tamanho de produção cultural, mantenho o que disse antes. nenhuma outra cidade brasileira tem uma oferta cultural comparável a Rio e São Paulo.

sandramilk disse...

Por isso registrei o TOO EMOTIONAL!!! Você tem razão quanto ao volume de produção.
Sei também que não se trata de afirmar que a cultura das metropoles tem mais valor.
Tentando traduzir as emoções : este volume não importa muito para mim , talvez porque o significado do pertencimento seja mais forte.
Das muitas viagens que fiz pelo país em função do meu trabalho anterior,a riqueza cultural sempre me surpreendeu.
Falo aqui talvez de um sabor diferente que a experiência cultural tem a partir do argumento que você menciona do envolvimento da população com suas raízes.
I MESSED IT UP!!!!

Foi a emoção de sentir o significado do que a Socorro escreve e porque de certa maneira também considero o Samuel como meu guri... Como alguém que vi crescer e encontrar uma forma particular de expressar sua vida, sua poesia , diante de tantas adversidades. Talvez seja a força, o sentido e o significado disso que me deixaram tão mobilizada.
I apologize.

sandramilk disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Eu realmente estava em outro planeta... Lembro de já termos discutido estas questões... Juro que fiz a primeira delação pensando que o post tinha sido do Gabriel... por isso a disputa repentista...rsrsrsrsrsrs
Sei o quanto você preserva suas raízes daqui.
Aguardo ansiosa pelo post sobre o twitter ...Pena que vc não reagiu a minha provocação...rsrsrsrsrs Mas estou pensando sobre o que conversamos... Faxina hoje no following também fiz....rsrsrsrsrsrs

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Hehehehehe!!

Nada pra se desculpar...eu só não queria que ficasse parecendo que eu disse que a cultura daqui tenha mais valor que a de qualquer outro lugar.

Ainda assim, é importante registrar que há sim uma diferença entre os lugares do Brasil, lugares com mais ou menos identidade cultural e isso é o que se espera mesmo.

Eu já fiz tanto a defesa da produção cultural cearense quando morava no Paraná que acabei enchendo o saco de algumas pessoas, só que não tenho dúvidas de que o interior do Paraná ainda luta por uma identidade cultural que é secular no sertão cearense.

Na mesma situação de forte identidade cultural podemos citar São Paulo, Rio, Minas Gerais, Rio Grade do Sul, Bahia, Pernambuco (aliás, a região nordeste de forma geral)...que ninguém se sinta excluído, mas não citarei todos os estados.

Eu pretendo escrever sobre essa coisa da identidade cultural das pessoas com a sua terra em um futuro post, analisando uma das categorias geográficas, a paisagem - entendendo esta como a leitura sócio-cultural do espaço pelo homem; em contraposição ao conceito de território, de apropriação sócio-econômica do espaço...mas vou deixar pra depois de finda a correria da Fapesp e concurso.

beijos.

sandramilk disse...

Só para registrar em nenhum momento me pareceu que você atribuiu um valor a cultura de um ou outro lugar .
Subsidio o próximo post indicando o documentário O SEMEADOR DE LIVROS (trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=9yhjDC8UoGs) sobre o potiguar José Xavier Cortez.

Se quiser uma indicação por estado posso tentar.... rsrsrsrsr

Mas é muito interessante tratar desta questão da identidade cultural.

Se vc pensar por exemplo que temos um Programa Nacional do Livro Didático que ainda não contempla efetivamente esta questão da identidade regional.

Considerando ainda que muitas vezes estes são os livros que a população tem oportunidade de ter contato.

Considerando ainda que o direito a cultura ainda não é entendida como prioridade ( vide dificuldade de termos percentuais significativos de investimento na política cultural nas 3 esferas de governo).

Bom teria muitos outros considerandos a fazer... Mas como é possível esta construção ????

Quem trabalha nesta área de projetos culturais tem a vivência da diferença que esta identidade faz no desenvolvimento humano.

É preciso fomentar esta discussão. Provocar políticas que atendam este direito de conhecer e valorizar as raízes que nos constituem como vindos de algum lugar e nos abrem também a possibilidade de ser cidadãos do mundo como Moreno(o do psicodrama).

beijos

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Ah sim...não reagi à provocação do twitter ainda...o post tá feito e programado pra sair amanhã de manhã.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

A questão da prioridade que se dá à cultura é muito interessante. Tive uma experiência de participação da gestão pública quando produzi a montagem dos Saltimbancos a 4 vozes.

A lei de incentivo à cultura de Maringá naquele ano destinou R$200 mil para 40 projetos, ou seja, míseros 5 mil por projeto. Esse foi um valor que impossibilitou muita coisa, projetos de maior escala. Não tenho o dado oficial, mas no mesmo ano o investimento de Londrina, segundo o pessoal de lá foi superior a 4 milhões de reais. Considerando que Maringá tem um PIB per capita maior que o de Londrina, fica clara a diferença - mais clara ainda quando olhamos para os eventos que acontecem em uma cidade de outra.

Voltando à questão anterior, uma coisa interessante a colocar é que me parece que no Ceará a elite cultural se volta muito à produção local, o que reforça a minha impressão de que há um aligação muito forte aí com as raízes culturais.

O Rio também tem isso, co a valorização do choro, do samba e da bossa; enquanto em São Paulo aparentemente a população mais elitizada consomem coisas que tem raízes fora daqui - ainda que produzidas em São Paulo. Assim, a cultura caipira do interior do estado não é tõ valorizada quanto o samba (Adoniran Barbosa não chega aos pés do status que Tom Jobim tem no Rio, por exemplo). Falando em cultura metropolitana, entendo que Fortaleza também é metrópole. Rio e São Paulo se enquadram no que muitos autores chamam hoje na geografia urbana de megalópole ou metrópole global. E me parece que São Paulo vive mais essa coisa global, cosmopolita que o Rio - não colocando isso como vantagem, mas como peculiaridade. De qualquer forma, essas diferenças regionais no Brasil são o que dão "sabor" e conferem diversidade ao país, e deveria ser entendida como elementos fundamentais daquilo que chamamos de cultura brasileira.