quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

A MARVADA PINGA



                           
Já ouvi uma e outra vez que a bebida faz as pessoas falarem o que realmente pensam.
Mais ou menos. Na verdade, a bebida faz a gente falar 
o que dá na telha. Eventualmente, isso coincide com o que realmente se pensa.
E mesmo em caso de escolhas e falas extremamente sinceras, aquilo que você vê em estado ébrio não é o que veria sóbrio. E isso também leva a respostas que dificilmente seriam 
o que realmente se quer mas se reprime na vida sóbria.

Estava sóbrio em minha casa (uma das muitas que já morei) com alguns amigos bem bêbados (que também moravam nessa casa). Na verdade, estávamos todos na laje, de frente pra rua, olhando todo mundo de cima e ocasionalmente mexendo com um(a) ou outro(a) transeunte. Cena memorável.
Em um momento meio gozação com fundo de verdade e meio verdade com fundo de gozação, o mais alto deles sussurrou para uma grande amiga dele (e minha) que queria comê-la. Assim, com essas palavras. Sem sal nem cozimento.
Como eu estava ao lado dela naquele momento exato, e era o único homem sóbrio no local (assim como ela era a única mulher — 
at all — no meio de vários marmanjos bêbados) ela se vira e me pergunta se eu estava vendo o que ela tinha que agüentar.

Ê tempo bom que não volta mais.











(Ah, é. Esta aqui é uma foto proveniente da ocasião... mas ou menos o ângulo que um hipotético transeunte na rua veria as ocorrências narradas)

 (Tempo bão mesmo.)

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