terça-feira, 13 de abril de 2010

os limites do corpo humano

Quem me conhece sabe que não gosto de acordar cedo.  Eu sempre acordo, caso tenha compromissos, mas se tiver a opção de continuar na cama, podem apostar que é lá que eu estarei.

Uma característica dos não-matutinos, é uma relativa aversão ao sentimento de felicidade que acomete aqueles que não só acordam cedo, mas que gostam de fazê-lo.  De qualquer forma, aqui em São Paulo eu tenho acordado mais cedo do que gosto.

Bom, domingo de manhã.


Acordei as sete e meia com um barulho infernal.  O barulho incluía alguma música que eu nao reconheci, mas que não era do meu gosto, umas batidas estranhas, janela tremendo e muita, mas muita gente gritando.  Honestamente pensei quer talvez fosse um terremoto, e me pus a raciocinar que em São Paulo era muito difícil, e que se acontecesse eu poderia continuar dormindo mais um pouco que logo passaria e depois eu ficaria sabendo pelos telejornais...acho que passei uns 10 minutos decidindo se levantava ou não pra ver o que estava acontecendo de fato, mas como estava realmente impossível, abri a janela, peguei meus óculos e abri a minha janela.

O barulho todo era proveniente de uma maldita corrida de rua, e já há alguns dias tenho visto propagandas da Maratona Internacional de São Paulo.  Mas não era.  Essa só vai acontecer no dia 2 de maio, e pra meu desgosto, também passa aqui na frente.  Era a meia-maratona não-sei-do-quê.

Essas corridas geralmente começam bem cedo, acho que pra não atrapalhar muito o tráfego e pra não colocar o pessoal pra correr 42km debaixo do sol do meio dia, sei lá...mas todas, ou quase todas começam de manhã.

Bom...isso tudo pra mostrar o seguinte: essa corrida, aparentemente é um evento menor, de forma que não vi pessoas na rua.  Exceto uma!

Havia uma mulher, que eu tenho quase certeza que era a Dilma Roussef, torcendo enlouquecidamente por TODOS os competidores que passavam...e olha que era muita gente.  Ela fazia uma dancinha que combinava palmas, sincronizadas com um movimento lateral de vai e vem, alguns gritos de incentivo e muita disposição.

Eu comecei a achar graça, e resolvi pegar a câmera pra tirar umas fotos dos corredores e fazer uns videos.  As fotos não vem ao caso, e nem a corrida em si.  Mas nesse tempo todo, percebi que haviam se passado uns trinta minutos e não parava de passar gente.  A largada é feita em etapas: cadeirantes, gente nuns triciclos, crianças, idosos, mulheres, homens...não sei bem a ordem ou se essas eram as categorias, mas era de fato muita gente.  Enfim, eu disse trinta minutos.

Trinta minutos depois, ainda passava muita gente, e a Dilma continuava lá embaixo, com a mesma disposição em incentivar os corredores (ah sim, só pra explicar a gritaria misturada no barulho geral: como o percurso envolve a passagem por baixo do túnel da Valdemar Ferreira, é óbvio que numa corrida dessas a coisa a se fazer quando se vê no escuro é gritar, claro!).

Agora vem o video da Dilma.  Depois a conclusão.



Eu voltei a olhar uns vinte minutos depois disso.  O grosso dos corredores já tinha passado, mas de vez em quando apareciam grupos de dois ou três retardatários.

Dilma continuava lá.

Não com a mesma energia, mas o engraçado, é que ela continuava fazendo exatamente a mesma coisa: gritava, dava os passinhos laterais e batia palmas.  Só que num ritmo muito mais lento.  Peguei os binóculos e vi que ela estava muito suada...um cara do boteco aqui embaixo levou um copo de água, que ela tomou e devolveu.  Quando passava um tempo pouco maior sem passar ninguém, ela QUASE parava...olhava pros lados, talvez pra ver se não tinha ninguém olhando, e voltava a fazer a sua coreografia, nesse ponto já muito mais lenta, mas exatamente a mesma.

Ela só saiu de lá quando a organização da prova retirou as fitas que demarcavam o percurso e os carros voltaram a transitar na avenida.  Ela simplesmente tomou a direção do corredor de ônibus, entrou em um deles e foi embora.

Não pude filmar ela já no fim de suas energias, porque as baterias da minha câmera acabaram muito antes das baterias da Dilma.  Ela certamente fez mais esforço físico que alguns dos atletas (pelo menos daqueles que escolheram o trajeto mais curto, de 5 km.  Mas depois de um certo tempo acompanhei tudo com os binóculos.

Pra mim, foi um estudo antropológico, bastante interessante mesmo.  Ri pra cacete.  Quando acabou isso tudo, já eram 9 horas.  Não consegui mais dormir.

3 comentários:

Gabriel G; disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!!!

Cara, ainda não consegui ver o vídeo (aqui na Rural o youtube e outros não pegam), mas já ri pra caramba lendo o texto!

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

O video vale a pena, volte mais tarde!

Marcel disse...

KKKKKKKKKKKKKK!!!!!!