sábado, 6 de fevereiro de 2010

o inferno somos nós


...Ó: além de comprido e tagarela, este post contém... spoilers!!



Graças à estratégia de ampliar o escopo de indicados, o Oscar deste ano tem entre suas "nominações" duas histórias de ficção científica envolvendo relações de alteridade entre humanos e alienígenas e nas quais o grande vilão é o trio trio ganância-arrogância-ignorância humanos, em uma de suas encarnações preferidas no cinema: o complexo capitalista/militar.

Ambos os filmes têm:
- alienígenas ágeis e perigosos;
- superarmas e cenas de ação;
- milicos cruéis e empresários inescrupulosos;
- um protagonista humano que se transforma em um alienígena;
- ........ e armaduras de batalha pra nerd nenhum botar defeito.

Apesar de tantos pontos em comum, porém, os dois filmes -- Avatar e Distrito 9 -- são tão absurdamente diferentes que acho que muitos nem sequer lembrariam de compará-los. (até porque acho que os públicos de ambos são consideravelmente diferentes).

Nenhum dos filmes é exatamente novidade em argumento ou tema. Avatar, exemplar da tradição fantasia-blockbuster, é um aglomerado de clichês com roupagens novas, hiperprodução deslumbrante e final feliz daqueles para os quais o termo "hollywoodiano" deve ter sido cunhado. O filme exibe a tenacidade técnica, a capacidade visual e a senilidade conceitual da carreira de um diretor top da indústria, James Cameron.

Distrito 9, por sua vez, é o "debut" de um diretor australiano no grande circuito, Neil Blomkamp, com locação não-mainstream (África do Sul) e nenhum ator famoso. O filme pode ser relacionado à linhagem mais "desagradável" do ciberpunk, da ficção científica "murro no estômago" (embora o filme não seja despido de alguma redenção final), e que compensa a inexperiência do diretor com efeitos muito bons e uma ambição considerável.

Nas duas histórias, o inferno não são os alienígenas, mas nós mesmos, "humanos". Mas onde Avatar é até otimista e moralizador, Distrito 9 é trágico mesmo.

Pocahontas reloaded

No que se refere à alteridade, em Avatar temos o popular mito do bom selvagem reloaded. As metáforas ecológicas de harmonia e pureza se adaptam à "era da informação", com direito a:

- índios e animais com cabo USB;
- animais e florestas brilhando inteiras com LEDs;
- controle de corpo wireless;
- cut/paste de almas de um corpo pra outro;
- árvore mainframe (cheia de fibras ópticas);

... E por aí vai. (Avatar, nesse sentido, é quase um filho bastardo do ecologismo com o ciberpunk... :))

O que me chamou atenção é que a natureza do mundo de Avatar é fabulosa no sentido mais literal-- de fábula. A natureza de Pandora é perfeita num sentido que a nossa nunca foi e nunca será, é preciso ressaltar. A harmonia "conectada" preconizada no filme simplesmente inexiste em nossa biosfera, em qualquer nível. Em sua Pandora, Cameron lança mão de uma conexão bio-energético-espiritual literal entre toda a vida no planeta.

Claro, a fantasia era algo esperado: Avatar, apesar do "realismo" buscado na ação, é estruturalmente uma fábula aventurosa maniqueísta, pertencendo à ampla linhagem que inclui desde Star Wars a Harry Potter (e dá-lhe Disneys no meio!). Aqui, a retórica "populista" sobre ecologia e natureza é a base moral do filme; essa moral já é parte forte de nosso mainstream ideológico (como qualquer propaganda de banco pode atestar) , e o filme a ressoa e reforça. Pra mim, porém, essa investida do filme no caminho de fábula ultra-contemporânea escancara o quanto essa moral tem uma base idealizada e inconsistente.

É evidente a alegoria do filme para a nossa própria "natureza" terrestre ameaçada -- e também para o cruel extermínio histórico dos índígenas. Mas aqui é necessário retomar um ponto crucial: a má compreensão da ciência e da evolução. Como muitos pensadores já apontaram, o que a evolução (e a História também) nos ensina é que o meio ambiente não é uma linda harmonia de equiíbrio ameaçado pela ganância, pela hubrys humana, mas uma catástrofe em motocontínuo em meio à qual padrões de vida se estabelecem durante alguns períodos. E mesmo os índios existentes na Terra nunca foram essas santas criaturas em harmonia com a natureza, mas pessoas desenvolvendo suas culturas com uma grande dependência em relação ao meio (o que geralmente leva a algum grau de respeito simbólico por este).

Buscando sustentação em imagens reconhecíveis e "mitos" inconscientes (a là Star Wars), o filme também acaba enveredando por um etnicismo meio piegas e batido na caracterização dos indígenas: o que poderia chegar a ser a brilhante retratação de uma sociedade completamente estranha vira aquele transe-chacoalhar brega debaixo da árvore sagrada.

Quem percebeu que os Naavi infiltrados foram baseados em atores brancos e todos os Naavi "nativos" foram baseados em atores negros?


"Miséria é miséria em qualquer canto"

Distrito 9, com seu tratamento de "documentário", é também uma metáfora, mas uma que tem um tanto mais a ver com a ficção científica de raiz, hardcore, na minha opinião. Apesar dos elementos deslavados de ação, é um filme herdeiro de um Sci-Fi mais sombrio como Blade Runner -- e, claro, como "a Mosca". Uma linhagem que procura chocar e fazer pensar pelo choque, sem medo de apelar para o asco.

Avatar faz alegoria ao ocidente que vai à terras virgens explorar; o "humano" é o verdadeiro estranho. Em Distrito 9, ao contrário, o alienígena é que é enfiado em "nosso" mundo. E não é o outro "idealizado" de Avatar, mas uma simbolização de todos os "outros" com que se convive no mundo globalizado das migrações: os desagradáveis, os "sujos, feios e malvados", the people of no account. Na caracterização da realidade dos alienígenas e ao trato dos humanos para com estes, há alegoria escancaradas: às favelas, ao apartheid sul-africano, ao discurso assistencialista hipócrita e mal-disfarçadamente racista.

Enquanto o "outro" de Avatar nos colocaria em contato com um nosso "verdadeiro eu", aquele "puro" que seria oculto pela civilização corrupta, os "outros" de Distrito 9 nos oferecem... nós mesmos. No aqui e agora: sujos, mesquinhos, encrenqueiros e amedrontados -- numa palavra, miseráveis. Aqui, como em Avatar, há uma maldade na civilização: mas é a maldade da segregação e da exploração, do tipo civilizatório que lucra com a manutenção e controle da miséria alheia, que extrai força justamente de manter outros alijados da civilização.


O ponto de suprema coincidência dos dois filmes está no fato de que em ambos o protagonista não só passa para o "outro lado", mas se transforma fisicamente nesse "outro" da humanidade ao qual é apresentado e, por isso, torna-se peça-chave da trama. E é nessa coincidência maior que se exprime mais fortemente a oposição entre as duas ficções.


Em Avatar, como o "outro" é esse "índio cósmico" puro e belo mesmo nos padrões humanos, e como o protagonista é um aleijado sem direção na vida, ele se transforma por vontade própria, descobrindo a beleza de ser esse "outro" que nada mais é que um "verdadeiro eu" reencontrado, o velho sonho do romantismo moderno. (...Sem falar que o protagonista não apenas ajuda a salvar os Naavi: ele é a salvação encarnada, ele realiza "antigas profecias".)

Já em Distrito 9, o protagonista é um burocrata de vidinha pacata e arranjada que é jogado para fora de sua humanidade -- legal e corporal -- contra sua vontade. Passa experimentar não a "dignidade primitiva" de avatar, mas a mais total miséria e desumanidade daqueles que, vivendo de restos, são privados da coesão civilizatória. Enquanto os idealizados "aliendígenas" de Avatar só podem encontrar equivalente efetivo na produção ficcional (Peri, Iracema e por aí vai), os "favelienígenas" de Distrito 9 podem ser encontrado em várias partes do mundo.

É muito fácil admirar os Naavi, belos, ágeis, altivos e nobres. Só sendo muito estúpido, medroso, preconceituoso, ganancioso. Se lidar com o outro fosse assim tão fácil, tão simples de decantar em bom e mal! Distrito 9, por outro lado, nos dá insetos asquerosos, grosseiros e ignorantes de 1,80 metros e nos lembra -- por nosso próprio asco ao início do filme -- que a aparência é uma primeira barreira poderosíssima. E é na superação dessa barreira -- indo do estranhamento a uma empatia e soliedariedade completamente desesperadas, a "empatia dos fodidos"-- que se constrói a descoberta do filme.

Em Avatar, talvez a única mensagem real, quero dizer, que não é prejudicada pela lente da fábula idealizadora, é a de que sim, o ser humano seria capaz de ignorar tamanha beleza e harmonia como a presente no Planeta Pandora só por conta de sua ignorância e ganância. Isso é bem verdade... Embora, como outros já apontaram, seria muito mais plausível, mais interessante e mais "crítico" à nossa atual situação ver os humanos capitalizando e explorando justamente a "biotecnologia" do planeta e dos nativos (mas essa já seria uma perspectiva genuinamente ciberpunk).


De certa forma -- ou, pelo menos, para mim -- o final de Avatar já está meio que subentendido desde cedo no filme. Não haveria uma descoberta para o público (nem acho que havia pretensão de se ter, claro), mas a reafirmação de sempre de que os justos, fortes e bondosos triunfam e tornam seus sonhos realidade.
Uma "lição" mais útil, ao meu ver, é de que o inseto asqueroso, ignorante e ameaçador na verdade é igual a nós.


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17 comentários:

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Interessante análise, Gabriel.

Eu acho que a relação entre os dois filmes não é tão obscura assim, fui pensar nisso depois de ver que ambos foram indicados ao Oscar de melhor filme - junto com outros OITO filmes.

Não quero mergulhar muito a fundo no mérito da questão, mas na minha opinião, nenhum desses filmes merece levar o oscar de melhor filme...já nas categorias técnicas, é normal que Avatar leve tudo mesmo.

Como eu já havia dito, Avatar é muito Disney mesmo...e como o Gabriel demonstrou (em contribuição dada pelo Dalker), Avatar é Pocahontas tudo de novo outra vez. E a própria Disney já fez filmes melhores que Pocahontas, que, aliás, faz parte de uma leva já meio decadente de longas de animação.

Distrito 9 é de fato a estréia de Neil Blomkamp no grande circuito, com locação estranha e atores desconhecidos...mas é também uma produção de Peter Jackson, que depois da trilogia de "O Senhor dos Anéis" não fica devendo em muita coisa para James Cameron. É portanto, mais uma semelhança entre os dois filmes, não bastasse tudo que o Gabriel explicitou aqui.

Me chama a atenção mesmo o fato de que a linha narrativa de Distrito 9 é propositalmente muito pobre (feito documentario mal feito mesmo), os personagens muito fracos e a forma como nos mostram os aspectos humanos que transformam tudo aquilo num inferno é piegas pra cacete (como é a interpretação do empresariozinho ganancioso de avatar).

Fora isso, os aliens/insetos de distrito 9 me remetem o tempo todo para uma das maiores porcarias que vi em todos os tempos: Spaceship Troopers.

Enfim, não dá pra entender o porque de terem aumentado para 10 o número de concorrentes ao oscar. Dos que eu vi até agora, o Inglourious Basterds é o melhor. Falta ver um aporção deles, sendo que "Educação" parece ser muito legal.

Comentário perdido: "Up in the air", traduzido absurdamente para "Amor sem escalas" mostra o quão pretensioso e overrated é o Jason Reitman. Juno é ok, mas não um filmaço. "Up in the air" retoma (muuuuito de leve) a pegada de "Obrigado por fumar", mas com um terço final muito babaca.

Gabriel G; disse...

Marcelo, a relação é óbvia, mas acho mesmo que muita gente foi se dar conta dela só depois da indicação. A relação entre os dois filmes está na minha cabeça desde que eu assisti Avatar, em dezembro.

Melhor filme nenhum deles merece mesmo -- nem sequer a indicação. Para os dois casos, é a típica indicação "industrial", por pistolão da grana investida. Shame, shame.

Minha opinião é que, com "Inglorious bastards" lá na lista, não deveria ter pra ninguém.

O finalzinho de Distrito 9, com florzinha e tudo, é bem piegas mesmo; mesmo a coisa de colocar o alienígena com um filhinho é sentimentalista demais. (Prefiro a cena da queima dos ovos)

Mas os insetos do Distrito 9 não me lembraram o Starship Troopers em nenhum momento... mas mesmo se me tivessem lembrado, não ia ter o mesmo efeito: eu, ao contrário, me diverti com Starship Troopers! Mas isso porque eu ri do início ao fim!!
Desde o momento em que fica avisado que só os militares tinham cidadania eu pensei: "rárárá, é uma comédia de humor negro!!". Era tão absurdo e descarado que eu não levei a sério... até porque o diretor era o mesmo de Robocop, e lá já havia o tom irônico-apocalíptico de, por exemplo, uma polícia privatizada...
Mas talvez eu tivesse entendido mal...:)

Falando nisso, a PIOR merda recente que eu já vi nesse sentido -- filme de ação estúpido de fundo -- foi Steatlh. Além dos clichês, esse nem dá pra achar que é irônico.

Marcel disse...

Grande análise do filme Gabriel, em que pese eu ter torcido para os Navi serem aniquilados pelos humanos em uma verdadeiro "Apocalipse Now" do Coppola, mas paciência...
De qualquer forma, estive pensando no seu comentário... No fim, você conclui que Gonçalves Dias é pior que Aluísio de Azevedo? Que o Cortiço é melhor que a Cançao do Exílio?

Marcel disse...

Ah sim, quanto ao Robocop, uma policia privada e tals... Cara, isso existe nos tempos atuais se agente pensar... É só atentar para alguns condominios fechados do tamanhos de cidades que existem hoje com segurança armada e tudo o mais. E as inumeras guardas privadas a quem recorremos na atualidade. Na realidade nem é tão escatológico assim... Nem é um processo moderno, na verdade é um retrô com nova roupagem. É a feudalização da sociedade, onde quem tem poder e dinheiro tem soldados e seu pequeno reino de maravilhas consumistas onde o Estado é um entrave para o poderio privatizante...
Xiii.... Viajei no seu post agora...

Gabriel G; disse...

Olá, Marcel!

Concordo plenamente sobre a privatização policial já ser uma realidade. Aliás, vi um documentário interessantíssimo sobre o tráfico e a polícia no rio: "notícias de uma guerra privada".

Sobre Aluízio de Azevêdo e Gonçalves Dias: não me ponha nessa, hehehe!!
Os caras são de épocas históricas e artísticas diferentes, ao contrário de Avatar e Distrito 9, que são da mesma época. E nenhum dos dois é uma montagem de clichês, tampouco. Mas o principal é que:
1.não pretendo dividir uma linha entre "idealização=ruim" e "realismo pessimista=bom";
2. meu conhecimento desses caras não é mais do que o que aprendi no colegial!

Mas pegando o que você falou: Avatar seria mais interessante ("artisticamente" falando) se não tivesse uma estrutura clichê, se os índios fossem menos perfeitos e se no final eles fossem exterminados ou submetidos...

...o que, aliás, FATALMENTE vai acontecer, já que eles deixaram os humanos voltarem pra terra. Se os humanos quiserem, basta voltar, atomizar os cabeças-azuis, pegar o minério e pronto.
Os Naavi deviam ter CHACINADO todo mundo. Mas eram "bons demais" pra isso. Acho que nossos índios tendem a ser mais espertos :)

Marcel disse...

Gabriel, não iria mais comentar nada neste seu post... Mas neste exato momento acabei de assistir o Distrito 9 que ainda não havia assistido...
E sinceramente não gostei. Nem quero me aprofundar muito, mas não gostei, um não gostar viceral como tenta ser o filme.
Na linha dos aliens, ainda tem o Contatos em 4ª Grau, um pseudo documentário ao estilo Bruxa de Blair... Mas este é um filme de terror sem muita pretensão a não ser mentir para os fãs.
Quem assistir pode se deliciar com a cena de susto mais clichê do cinema, qual seja, a pessoa aparentemente morta, ou catatonica embaixo de um lençol que levanta derrepente...
Posso até estar sendo tradicionalista e pouco elevado. Mas dos filmes de aliens foi o que mais gostei... Mas, que ninguém leve isso em linha de conta, vez que eu gosto de filmes como a Hora do Pesadelo e esses horrores pops dos anos oitenta...

Gabriel G; disse...

Bão, eu gostei. Não é um filmaço mesmo, mas foi o Sci-Fi que mais gostei de ver em 2009 (...incluso aí a heresia do Spock bipolar no último Star Trek)

Aliás... o que seria um contato imediato do 4º GRAU??

Sobre esse assunto de humanos e alienígenas... quem já assistiu "Inimigo meu"? Foi um dos filmes que gostei muito de ver quando era criança.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Eu também não curti muito não...mas pra ser justo, vou dizer que foi o melhor sci-fi que vi em 2010...rsrsrs!!

Marcel disse...

Também não sabia o que vinha a ser um Contato imediato de 4ª grau, mas me parece que tem uma gradação.
1º grau - avistar objetos ao longe
2º grau - identificar marcas fisicas como circulos em plantações (que já sabemos serem de Disco Voador, comprovado cientificamente - hehehe)
3º grau - seria ver o tripulante ou fazer contato ao longe.
4º grau - abdução...

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Em tempo:

Não sei se alguém mais notou, mas o ator que interpreta o personagem principal (Wikus), é na verdade o Mahmoud Ahmadinejad.

Gabriel G; disse...

Hehehehehehe! Eu não tinha notado ainda, Marcelo!

Marcel, eu lembro vagamente de que ouvi, muuuitos anos atrás, que havia um grau específico de "contato imediato" referente à relação sexual com alienígenas... sexto grau ou coisa parecida.
Em retrospecto, devia ser só uma piada infame que alguém fez e que eu, ainda criança, não soube indentificar.

...Mas esse contato imediato ocorre factualmente em um dos filmes e é usado como acusação difamatória no outro!

Gabriel G; disse...

Tem duas coisas sobre este post que eu gostaria de reforçar:

1. que minha discussão aqui não é sobre a qualidade cinematográfica de cada um dos filmes, mas sobre o tipo de "metáforas" nas quais eles se ancoram;

2. Que a discussão é muito mais sobre Avatar do que sobre Distrito 9; de fato, eu percebi que quase só pego Ditrito 9 só pra ilustrar por oposição coisas que achei problemáticas em Avatar -- o que dá a impressão de cotraposição de um filme falho a um filme ideal.

Nisso, realmente faltou falar tão criticamente quanto sobre Distrito 9: o filme tem uma porrada de problemas de roteiro, uma certa indecisão básica sobre o que quer realmente ser, vários clichês de personagem e de posição politizada.

Um outro texto poderia ser escrito, por exemplo, fazendo o caminho contrário: usando Avatar para ressaltar a inabilidade de direção e a pretensão de um filme também completamente comercial e igualmente calçado num pusta marketing.

Mas talvez o mais interessantew seja um texto posterior tomando os dois filmes como curiosos caminhos da indústria cinematográfica em meio a uma inspiração política "liberal" (no sentido de esquerda americana).

bruno azevêdo disse...

puta texto, gabriel!

concordo nazora, mas pra mim não passam de mais dois filmes de redenção, com a diferença que em Avatar eu quase rolei de rir de assombro e raiva e medo.

avatar é um filme que morde o próprio rabo várias vezes. é como o eposódio do family guy no qual eles entram num desenho disney, mas sem os judeus.
o distrito 9 é quase legal. gostei da realização e da idéia, mas a redenção tá lá desde a primeira cena. num rola.
tu já vou o curta piloto do distrito 9? "live from juhanesbourg) ou algo assim? os aliens parecem mais o ghioday e NÃO TEM redenção. vale à pena.

avatar tem uma coisa interessante, que é a própria tecnologia, extremamente mecânica, com engrenagens (não informacional) no maquinário humano. todo esse planeta hardware fica anos luz da tecnoogia humana porque eles parecem não ter entrado nesse tipo de valor.
os avatares são uns antropólogos que vão pra comunidades escrever parecer pra passar com trator por cima de terreiro de macumba.

Gabriel G; disse...

Bruno, ótima a tua sacada sobre a tecnologia humana toda mecânica e pesadona, e também sobre os "antropólogos" do Avatar.

Tô baixando o curta original agora mesmo!

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

hehehehe!!!

Pior que não é difícil imaginar o Peter Griffin (family guy) dizendo:

"Puxa Brian, isso é pior do que aquela vez em quem fomos explorar o planeta Pandora!"

Eduardo Pinha disse...

Gabriel, excelente texto. Leio sempre. Aproveito pra fazer uma propaganda do meu flickr www.flickr.com/photos/fotocity , aparece lá.
Abs, Pinha

Gabriel G; disse...

Fala, Pinha! Valeu comentar.

Dei uma passeada no teu álbum de Londres, suas fotos lá tão excelentes.