quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Arrá!

Primeiro, minhas desculpas aos amigos maçons. Sei que boa parte deles são boas pessoas, que acreditam estar ajudando a humanidade (e seus pares). Outra parte, está lá por conta somente de seus interesses pessoais, buscando alavancar as próprias carreiras. E por fim, há os que além das próprias carreiras, agem em nome do domínio social, político e econômico do grupo. São com esses, principalmente, com quem tenho alguns problemas.

Mas que fique claro: não acredito, nem por um segundo, que esses caras se reúnam para discutir como proceder para melhorar o mundo. Podem até fazê-lo, eventualmente, mas não dá pra acreditar que numa reunião dos caras mais influentes da sociedade, vão ficar falando de futebol, de misticismo, superstições bobas de Deus ou do Diabo. Por mais que insistam. E também não acho que esses que me falam disso, se de fato participam da maçonaria, possam negar que o principal objetivo deles é dominação política e econômica. Não tentem mais, eu não sou tão bobo assim.

Ontem, vi uma chamadinha MUITO discreta em algum telejormal da GloboNews, mas estava morrendo de sono e não prestei muita atenção. Hoje pela manhã, porém, li no site do Estadão a seguinte notícia:


Magistrados são punidos por desvio de R$ 1,4 mi no MT


Resumindo o caso:


Dez juízes no estado do Mato Grosso foram condenados, em primeira instância, à aposentadoria compulsória por conta de um desvio de verba da ordem de 1,4 milhões de reais. Esse dinheiro foi destinado à uma cooperativa de crédito (SICOOB), vinculada à "Loja Maçônica Grande Oriente do Estado de Mato Grosso".

Os juízes recebiam os valores, que cheagavam a 1,2 milhões de reais, a título de devoluções de imposto, diretamente em suas contas bancárias, sem contracheque, e repassavam então à tal cooperativa de crédito.

Entre os 10 juízes, haviam 3 desembargadores, incluindo aí um ex-presidente do TJ-MT, sr. José Ferreira Leite. Dentre os 7 juízes "menores", ou seja, de primeira instância, estava o filho do ex-presidente, o sr. Marcos Aurélio dos Reis Ferreira. O detalhe é que o desembargador era o Grão-Mestre da loja maçônica.


Discutindo o caso e suas implicações:


Não me incomoda a existência de grupos de qualquer tipo, de gente doida ou não. Também não me incomoda que determinados grupos de pessoas queiram se ajudar, realizando "ações entre amigos", ou que queiram ajudar determinadas pessoas ou grupos sociais menos favorecidos. Dessa forma, a maçonaria não é um assunto importante pra mim, acho que dificilmente virei a depender desses caras.

O problema é que, esse tipo de "auxílio" teria que ser restrito ao setor privado. Por exemplo, digamos que eu fosse maçon e dono de uma grande empresa, como o grupo Pão de açúcar. Não há nenhum problema em contratar o filho de um "irmão" para gerenciar minhas empresas, ainda que ele não fosse a pessoa mais qualificada para fazê-lo. Ou mesmo fechar contrato com um fornecedor que pertencesse a um amigo, ainda que pagando um preço mais alto. O problema está em se utilizar da coisa pública para favorecer os seus pares.

Já ouvi alguns relatos de amigos maçons ou de filhos de maçons sobre como se dá a "ajuda" da maçonaria para os necessitados. Aqui vai um caso real, relatado por um dono de zona, muito frequentada por membros da maçonaria:

Um sujeito que frequentava o bordel, adoeceu e precisava de um transplante de rins. O cara entrou na lista de espera de doação e estava se tratando com hemodiálise, quando sua situação piorou muito. O caso foi comentado e um dos maçons presentes, se propôs a ajudar.

Não se sabe direito como agiram, mas depois da intervenção da maçonaria, o transplante foi marcado com muita rapidez. O sujeito se recuperou, e não sabe direito quem o ajudou. Essa é uma das características da ordem: eles não gostam de "se gabar" do que fazem.

Bom...

Fico feliz pela recuperação do sujeito, mas e as pessoas que foram passadas pra trás na fila de espera por um transplante? Pelo que me consta, a ordem das pessoas na lista leva em consideração, além do tempo de espera, a gravidade do caso. Provavelmente alguém que precisava mais do transplante levou mais tempo para receber seu órgão - aliás, toda a fila foi passada pra trás, é possível que alguém tenha morrido esperando. Se eu fosse responsável por uma ajuda desse tipo, talvez também preferisse o anonimato.

Os dois casos citados, mostram o quão perversa é esse tipo de ação de favorecimento, e também que esses caras atuam em todos os níveis: do transplante de um coitado qualquer que conheceram na zona, ao desvio de dinheiro público em um tribunal de justiça.

Converse com qualquer maçon a respeito do seguinte assunto: em caso de igualdade de condições, pode acontecer o favorecimento de um confrade da ordem, ou de pessoa indicada por maçon?

A resposta é afirmativa.

Exemplificando: em um concurso público, caso aconteça o empate de dois candidatos e caiba a um maçon a decisão de escolha, o escolhido será OBRIGATORIAMENTE aquela pessoa que foi indicada ou que tenha vínculo com a ordem. Claro que há inúmeros critérios de desempate, mas eu estou colocando a hipótese de empate geral, inclusive na idade. O critério justo seria, sei lá, um cara ou coroa.

O problema, é que esses empates raramente ocorrem. Num concurso para a magistratura, por exemplo, a última etapa é a prova oral. Alguém duvida que ocorra algum tipo de favorecimento?

Pra não parecer teoria da conspiração, vamos pensar em alguns fatos:

Na Inglaterra, ainda sob o governo de Tony Blair, em projeto dirigido pelo próprio, obrigou os juízes que pertençam à maçonaria ou qualquer outra ordem secreta a declarar dua filiação. Não acredito que todos tenham feito, mas em 2006 o número de juízes maçons na Inglaterra era de 1.600, cerca de 5% do total de magistrados do país. Há, na Inglaterra, 360 mil maçons (!!!). Isso representa 0,7% da população inglesa.

Esses dados constam de uma reportagem da Revista Sábado, que é uma publicação semanal portuguesa, a segunda maior do país, salvo engano. É como a Época por aqui. Nesta reportagem, repórteres entrevistaram diversos maçons, que relatam desde detalhes dos rituais até conchavos políticos. Lá pelas tantas, um tal Abel Pinheiro, irmão de um ex-ministro de estado português declara que "a maçonaria é o verdadeiro poder em Portugal". Não duvido.

Transpondo esses dados para o Brasil, creio que por aqui também exista uma proporção muito grande de juízes maçons, bem como uma distorção na maioria dos cargos políticos. Aliás, segundo um outro conhecido meu, também maçon, eles estão por toda a parte. Ele por exemplo, é músico, e relativamente influente nessa área. Certamente estão ocupando altos postos nas universidades, clubes sociais e em qualquer lugar onde possam obter favorecimento e influência que beneficie os "irmãos".

Aqui no Paraná, por exemplo, tanto Álvaro Dias quanto Roberto Requião fazem parte da Ordem. Vinculados a eles, certamente uma infinidade de estrelas menores, todas conseguindo, recebendo e concedendo "auxílios".

O caso do MT não me espanta. O diferente é que dessa vez deve ter acontecido todo um processo de investigação que, por sorte, não passou pela mão de nenhum deles. O fato de pai e filho serem juízes, sob essa ótica, também não me assusta. Não que seja impossível que pai e filho consigam passar em um concurso tão complicado, mas certamente o fato de ser maçon não é indicativo de inteligência ou dedicação aos estudos. E levanta suspeitas de treta...

Espero que, se comprovado o caso, todos os envolvidos percam o direito às suas gordas aposentadorias.




Assunto paralelo:

Não são tão raros assim, os casos de juízes envolvidos em corrupção no Brasil. Muita gente ainda lembra do caso do Lalau (pou não?). O fato é, que o argumento de que altos salários tornam as pessoas relativamente imunes a suborno não se sustenta. Claro que devem ser bem pagos, mas creio que um moleque de 25 anos que começa num salário de uns 13 mil...sei lá. Se o inicial fosse de uns 8 mil reais, a carreira já atrairia os "melhores" dos cursos de direito, sem prejuízo de qualidade nos quadros da magistratura. Digo o mesmo para o máximo...R$26 mil reais mensais é dinheiro de gente muito rica. Não entendo que o Estado deva enriquecer seus funcionários, pelo menos enquanto a população em geral se mantiver tão empobrecida assim.

Mas só pra fechar: altos salários não são garantia de seriedade. Já o contrário, salários muito baixos para outros profissionais, tão necessários ou mais que juízes, são praticamente garantia de péssima qualidade nos serviços prestados (educação e segurança pública, pra ficar só em dois).


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6 comentários:

Eduardo Pinha disse...

Muito bom o texto. Gostaria só de dizer que, segundo seus dados, a maçonaria inglesa corresponde a 0,7% da população.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Opa, tem razão, já foi corrigido.

Muito obrigado pela visita e comentário, abraço!

Marcel disse...

Cuidado o blog pode sair do ar... Eu se fosse você faria um back up de tudo.
E realmente, Marcelo, não me admiraria se isso acontecesse.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Wilbor: ainda no ar!

Marcel disse...

Por enquanto... por enquanto...

Eu teria muito mais medo... Trabalho perto de alguns desses. Poderia ser pego desprevenido na calada da noite... Bem, pelo menos do ponto de vista moral e até ético e de certa forma jurídico o desvio de dinheiro é tão ilícito quanto um assalto de madrugada.
E como advogado posso atestar que há diversos colegas que tomam vantagem de decisões judiciais por serem maçons como os "doutos magistrados", obviamente não citarei nomes e casos específicos, uma porque trairia meus próprios clientes e poderia sofrer sanções ético-disciplinares e outra para preservar minha saúde financeira e física...
Mas é muito diferente, quando você por algum motivo saca que o juiz é maçom e o advogado é também. Por vezes, todas as provas estão contrárias e o julgamento é tendencioso. Claro que não me deparo diariamente, mas uma vez ou outra já vi acontecer.

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Eu imagino que esse tipo de coisa aconteça mesmo...isso é foda, co "F" maiúsculo.