Não sei se há alguém entre os parcos leitores deste dúbio blog que se interessam por questões de cruzamento entre estética, política e sociedade... mas, ainda assim, fica este ponto.
Para quem tem aquela bronca com Adorno e uma suposta "torre de marfim" da arte e da intelectualidade... o texto de Thaís Rivitti "ALIENAÇÃO, PÚBLICO E ARTE CONTEMPORÂNEA", na 2 edição da ótima revista Número.
O text0 é tão curto e esclarecedor que fico desconfiado. Adorno e Debord não são exatamente os mais fáceis e rápidos dos autores, sabe. E se houver uma baboseira, algum sofisma ou alguma grande redução que meu desconhecimentro teórico e repertório esburacado não me permitem detectar?
Se bem que o texto se constrói a partir de uma digestão prévia -- apontamentos de Alselm Jappe. Jappe, no muito pouco que lhe conheço, tem considerável poder de síntese. É dele a melhor expressão que eu, pelo menos, já vi sobre o que é o "espetáculo" debordiano: uma forma de sociedade na qual a vida real é pobre e fragmentária e seus integrantes são obrigados a conviver o tempo todo com imagens de tudo o que lhes falta em sua vida real.
Enfim. Ao final do texto, fiquei do lado do Adorno nessa. Para entender o problema atual da ubiqüidade estética do mundo -- que já passou a fase da "espetacularização" passiva da vida e do império da distância visual, para se tornar a pré-programação da "interatividade" e da "participação" -- a questão de Adorno pode ser crucial.
A questão de Adorno é a da Arte como exercício e como preservação da tensão entre sujeito e objeto; possibilidade de liberdade da compulsão subjetiva (atávica nossa, e o tempo todo instrumentalizada pela lógica progaramadora do sistema) de simplesmente "devorar", incorporar o objeto como seu instrumento, sua extensão.
(Freudiano, não?)
Parando por aqui.
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