Há uns 6 anos, recém-formado e ainda muito ligado ao curso de arquitetura, eu tive uma idéia que pensava transformar em história em quadrinhos. Pra ser mais exato, eu andava fascinado em imaginar o que poderia ser o ato projetual do arquiteto quando a tal da "realidade virtual" fosse uma coisa simples, corriqueira, completamente normalizada e instrumentalizada.
Começou com a fascinação pelo que poderia ser projetar e criar mundos em realidade virtual, mas a partir daí fiquei algum tempo imaginando tramas. Ocupado, fui deixando de lado; a verdade, porém, é que nunca cheguei em algo suficientemente interessante como um todo para valer a pena trabalhar de verdade em cima. Ainda assim: imaginei roteiros, cenas, personagens, fios condutores, e até uma incerta metáfora religiosa.
Aí eu achei, no divertido Life without buildings, esse belo curta-metragem (que, por sua vez, o LWB achou no Information Aesthetics).
Em termos de ação, que o solitário e silencioso arquiteto do filme aqui mostrado faz é EXATAMENTE o que eu tinha pensado e imaginado nas minhas fantasias (tirando, obviamente, certos detalhes geniais do vídeo como as paletas de ferramenta e o relógio)
Esse fantástico vídeo aqui mostrado, porém, também me deixou decepcionado. O que me é decepcionante não é o vídeo, obviamente, mas sim o fato dele me mostrar que, como eu temia, alguém ia se adiantar na idéia e fazer antes do que eu algo mais interessante e habilidoso do que eu faria.
(no Information Aesthetics disseram que o filme demorou 2 anos só de pós-produção... pode ser que a idéia estivesse na cabeça do cara mais ou menos ao mesmo tempo que na minha?...)
Pra deixar claro, a linha de história do curta-metragem não tem nada a ver com as meus esboços de enredo antigos. Afora se estruturarem ambos na idéia de criação dentro do mundo virtual, o enredo do curta é simples e eficiente, quase um conto, enquanto minhas idéias eram amplas e mais pretensiosas.
Mas ao ver o vídeo, me desanimei também porque vi logo qual a melhor e óbvia mídia para esse tipo de ficção; quadrinhos aqui, por mais que os ame, me parecem perda de tempo e energia, não vão conseguir retratar o mundo projetual incrível que eu imaginara.
Palmas para os realizadores. Vocês podem se maravilhar, eu vou ali chorar e resmungar num canto qualquer.
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