terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!"


Vinícius de Moraes


Faço minhas as palavras do poetinha. Fim de férias, fica a saudade dos amigos que ficam por aqui (Ceará) e a alegria de retornar para os amigos do lar.

Esse blog é uma coisa que me é muito cara - um espaço de amizade. Aqui mantenho viva uma das minhas amizades mais antigas, com o co-autor deste espaço. E sei que 95% das pessoas que lêem são amigos. E quem me conhece sabe o apreço que tenho pelos meus.

Um grande abraço a todos vocês!

P.S. Um abraço especial para um colaborador eventual e muito querido deste blog. Laerte, você sabe do carinho que eu e o0 Gabriel temos por ti, estamos pensando seriamente em te atender e aumentar seu espaço aqui...não sei se você sabe, mas você tem sido elogiado por muita gente. Eu tinha certeza que você tinha futuro nesse negócio de tirinhas...rsrsrs!! Tamos esperando o convite pra cervejinha, viu?


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7 comentários:

sandramilk disse...

Marcilio Malvado me levou as lágrimas hoje....
Como dizer da saudade dos que aqui ficam no Ceará...Este blog também me é caro por você e pelo Gargamel,amigo que nem sabe que é meu amigo e que aprendi a estimar (antes por vc e agora por mim mesmo)... Ser este espaço de encontros que se multiplicam é a especialidade de Wilbor...
Um abraço de laço....

Gabriel G; disse...

(Snif, snif)... Puxa, que emoção...
Muito bonito, Marcelo.

Isso me trouxe à cabeça as mudanças na minha vida. Tenho espalhados por aí uma quantidade imensa de pessoas das quais gosto imensamente e com quem nem falo mais há anos... e para as quais nunca pude dizer quão importantes foram.

Tive poucos amigos de longo prazo, devido ao intenso nomadismo de minha infância e adolescência.

O Marcelo foi a primeira exceção. Mas durante o fim da infância, a adolescência inteira até a idade adulta, mantivemos uma amizade que só sazonalmente envolvia o encontro real.

Com a iniciativa deste blog (ou, na verdade, da versão velha dele), pudemos estreitar e deixar mais freqüente o nosso contato, até que, numa virada surpreendente, eu fui morar no Paraná...

Na história desta nossa amizade, estes dois últimos anos foram anos de proximidade e de encontros freqüentes que me foram simplesmente deliciosos e instigantes.

Assim, aproveitando esse momento de dar a devida importância aos amigos, devo dizer que entre as melhores coisas destes dois anos no Paraná estão sem dúvida nossas conversas.Vou sentir muita saudade disso!

Nessa nova virada atual de minha vida, retomo a antiga condição de distância física de meu grande colaborador e amigo... e meu "best man"!
Mas o que ganhamos não vamos perder. Os encontros continuarão, ainda que sazonais, e o Wilbor continuará sendo um divertido elo de comunicação criativa.

Um abração, meu amigo!

Gabriel G; disse...

(wilbor se revolta: "mantendo constância no nosso diálogo à distância!")

Gabriel G; disse...

Sandra, espero poder conhecê-la este ano... o Marcelo fala muito bem de você. Quem sabe calhará de eu estar em Maringá quando você visitá-lo... espero que sim!

Unknown disse...

Gabriel, Desejo o mesmo...Tenho a estranha mania de gostar das pessoas que são muito caras aos meus afetos... Sempre me senti cativada pela amizade entre vc e Marcelo...

sandramilk disse...

Gabriel, não pude responder ao seu post como gostaria... Estava de saída para o cinema com a Paula,irmã do Marcelo.
Me ocorre que experimentamos esta relação com Marcelo de maneira semelhante, embora vc tenha tido o prazer de estar com ele por mais tempo que eu... Eu só encontro com Marcelo nas férias e nas madrugadas virtuais... Entretanto nossa relação sempre foi de intensa partilha e admiração mútua, de aprendizagem do significa este bem querer que o transformou , como ele mesmo diz , na cola da família, aquele que une, que aprochega (em bom cearês)...
Tempo e distância parecem irrelevantes para a profundidade deste sentimento porque a dialogicidade que se estabeleceu entre nós independe destes fatores...
Poder dizer isso de alguém é uma dádiva que a vida deu a vc e a mim, privilegiados que somos de partilhar tão honrosa companhia...
Embora eu considere o risco de que ele infle ainda mais o peito depois de tanta rasgação de seda.... kkkkkkkkkkkkkk

Ficam as palavras de Patativa...

Saudade dentro do peito
É qual fogo de monturo
Por fora tudo perfeito,
Por dentro fazendo furo.
Há dor que mata a pessoa
Sem dó e sem piedade,
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.

Melhor a dor da saudade que a insossa ausência do vazio....

Depois lhe mando um texto de Borges que adoro e que hoje me ocorreu parecer com seu sentimento do texto do Ano Novo...

Grazie per tudo....

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Pois é, Gabriel...

Essa sazonalidade é a regra na nossa relação, mas quando santo bate...enfim, as coisas serão como sempre serão, a sua amizade é das coisas que eu mais prezo na vida, tenha certeza disso.

Grande abraço!!!