domingo, 30 de novembro de 2008

Indecente

http://www2.csusm.edu/profe/crumb.gif
Robert Crumb é um dos baluartes do Quadrinho Underground americano, espeialmente o da década de 70. Não se conquista uma fama assim à toa.


A maior parte do trabalho de crumb poderia ser enquadrado dentro da categoria ampla de "humor". Crumb, porém, tem um olhar extremamente cruel. Seu humor atormentadamente neurótico e obsessivo por vezes revela certo cansaço desesperançoso para com a vida; mais freqüentemente, porém, ele tende a ser iconoclasta, deliberadamente ofensivo. Com freqüência exuma coisas vergonhosas e proibidas, coisas desagradáveis. É um dos pais (ou, no mínimo, um dos expoentes mais importantes) da auto-análise confessional e autodepreciativa via HQ.



Crumb também é um notório produtor de sacanagem. Sua criação por esta senda -- que nele sempre está ligada ao humor -- vai da autodepreciação mais intrincada até a pornografia mais pueril.
http://www.bookpalace.com/acatalog/Crumb629.jpg

Já vi a atitude “malcriada” e iconoclasta em muitas mãos incapazes, gerando apenas lixo desagradável. Nas mãos de alguém com uma inteligência aguda e de uma capacidade artística sólida como Crumb, é comum render resultados realmente pertubadores. Crumb, mesmo em seu humor mais leve nunca abandona completamente o incômodo.
Robert Crumb
Dito isso, vamos ao que interessa: o motivo deste post é mostrar um resumo da primeira história de Crumb com a qual tomei contato, quando ainda tinha uns 10 anos... Acho que a encontrei em algum número da extinta Animal (uma revista brasileira de quadrinhos adultos, a qual obviamente eu estava a folhear em total clandestinidade).

Tratava-se de uma cômica paródia sacana da vida americana (claro que eu não sabia disso então), com aquilo que os censores chamariam, de maneira geral, de “conteúdo sexual explícito”. O que me motivou a mostrá-la aqui foi o fato de, após passar uns 18 anos com ela apenas memória, poder revê-la no excelente documentário Crumb, de Terry Zwigoff.
Também achei o interessantíssimo o fato dessa HQ curta ser tratada com particular importância no filme: se não me engano, foi a única foi descrita do início ao fim.
O que não surpreende; aliás, considerando o tema, talvez seja ainda hoje uma das mais ofensivas HQs de Crumb que já li. Não é à toa que resistiu por quase 18 anos na minha memória-- e que, nesse tempo todo, nunca consegui deixar de rir dela.

Segue logo mais uns momentos-chave da HQ "pinçadas" desse filme. Em conjunto com as legendas amarelas, eles fornecem um resumo eficiente do que se precisa saber dela. (Considere o fato delas estarem em espanhol como um tipo de "tempero cômico".)













Ah é; talvez seja desnecessário dizer. Mas só quando reencontrei esta HQ neste ano de 2008 é que pude apreciar o humor do título original...


(futuramente ainda falarei mais sobre o R. Crumb e sobre o filme "Crumb")


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