sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Cadernos Paternos II: Anatomia


Lembro de um livro de uma tal velha COLEÇÃO PRISMA sobre corpo humano, que mostrava o crescimento deste e como as proporções corporais variavam muito. Nesse livro e na maioria das imagens que vi, o foco recai sobre a cabeça: sua proporção em relação ao total do corpo é o que mais drasticamente se transforma. No livro velho e vários outros lugares, eles tinham uma forma meio grotesca de mostrar que que a relação cabeça/corpo de um nenê é muitíssimo maior que a mesma relação em um adulto: desenhar um fetão gigante.

(o desenho do livro que vi era ainda mais feito que esse!)

Forma-se nessas imagens um lugar comum de que a cabeça seria aquilo que tem o tamanho "inicial" (recém-nascido) mais parecido com o 'final' (adulto).

De fato, somos seres que nascem cabeçudos. É fácil verificar isso de forma pungente, por exemplo, vendo que o braço de meu filho recém-nascido esticado ao máximo para cima quase não ultrapassava a altura de sua massiva cabeça (tenho fotos para provar).

(Aliás, fiquei uns meses encanado sobre se meu filho não tinha algum problema. Pesquisei na web sobre hidrocefalia e etc. Não havia nada, apenas mais um braquicéfalo arruivado como o pai, e só.)

Há mais do que isso: no lugar-comum científico, nosso cabeção é simbolicamente importante. Somos homo sapiens, somos pensantes, temos o cérebro mais foderoso da natureza conhecida e etc. etc.

Mas então comprova-se? A cabeça é o que menos cresce, o que proporcionalmente já nasce mais próximo do tamanho final?
Bom, ser pai de um menino me mostrou que não. Nenhum livro me preparou, por exemplo, para o tamanho do SACO ESCROTAL de um bebê de poucos meses. Juro: tem horas que parecia não ser muito menor que o de um adulto.
(há uma breve menção a esse fato em 'O Pêndulo de Foucault', do Umberto Eco, com fim narrativo meramente meigo/cômico)

Mas, sim, crianças: embora só vá funcionar de verdade vários anos depois, em termos de tamanho o SACO parece ser a parte do corpo humano (masculino) que mais nasce tal como fica.

Somos bichos escrotos.

(ao menos nós, homens)

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