quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Dois pesos, duas medidas



Segunda-feira, 02/11/2015:


"Haddad tem sua pior avaliação"


Manchete em cinco colunas, gráficos no cabeçalho e uma chamada de duas colunas.

A avaliação negativa do prefeito chegou em 49%.  Apesar disso, as políticas públicas da prefeitura são aprovadas pela população, ou pelo menos divide as opiniões:

Fechamento da Av. Paulista para carros: 47% a favor x 43% contra

Redução da velocidade nas principais vias: 47% a favor x 47% contra

Implantação das Ciclovias: 56% a favor x 39% contra



Quarta-feira, 04/11/2015:

"Paulistano reprova gestão da crise da água por Alckmin"


Um quadradinho no canto inferior direito da página, uma coluna de largura, com direito a um gráfico acanhado.

48% dos paulistanos consideram a atuação do governador na gestão do0s efeitos da seca como ruim/péssima.

84% (!!!) consideram que o governo "só fornece dados que interessam a ele próprio".

35% dos paulistanos relataram ter ficado sem água em cinco ou mais dias no último mês (aqui no prédio foram 4 dias).

O racionamento, que segundo o governador não existe, atinge mais os mais pobres.  A tendência é curiosa e lindamente linear.  A porcentagem daqueles que citam a interrupção de água em 5 dias ou mais, dividida por estratos de renda fica assim:

até 2 salários mínimos: 42%
de 2 a 5 salários mínimos: 36%
de 5 a 10 salários mínimos: 26%
mais de 10 salários mínimos: 19%

Esse conjunto de dados não mereceu maior atenção do jornal dito imparcial.  Há alguma diferença de tratamento?

Vejamos:

O jornal tenta produzir uma relação entre a desaprovação de  minoria à avaliação negativa da gestão de Fernando Haddad, embora a avaliação dos efeitos de tais políticas seja positiva - políticas públicas de mobilidade urbana e uso do espaço público pelo público, mas especialmente a redução nos acidentes de trânsito relacionados à redução das velocidades máximas.

Ao mesmo tempo, a reprovação do desempenho de Alckmin (48%), essa relacionada ao fato de que mais de um terço da população ficou sem água pelo menos 5 dias no mês, sendo a maioria pobre mais atingida, é tratada no interior do jornal (cada vez mais fino), sem qualquer destaque na primeira página.

Depois o pessoal do SAC não entende por que eu não volto a assinar esse panfleto.



Acompanhe no facebook

Nenhum comentário: