sábado, 31 de março de 2012

"Pano rápido"

Não é mentira: literalmente há anos tenho imagens de Millôr Fernandes que separei porque queria postar aqui no blog. Fruto de um livro dele que encontrei num sebo, e que me deixou maravilhado: eu já conhecia sua absurda sagacidade na escrita, mas percebi que não tinha real noção da sua genialidade gráfica. Comprei o livro (embora fosse caro, principalmente levando-se em conta que estava meio detonado!!). Depois fotografei algumas imagens dele para eventualmente colocar aqui.
A ocasião não aparecia, ao contrário das ocupações do trabalho e do estudo; fui esquecendo das imagens lá quietinhas, e acabei não o fazendo nenhum post delas.

Este é um dos piores motivos para postá-las, ainda que melhor do que nenhum: Millôr morreu. E o mundo -- e, mais especificamente, o Brasil -- ficou menos inteligente com isso.




Lá pelo fim da adolescência, eu pensei numa frase,que me fazia lembrar do estilão do Millôr: "Deus é grande, mas não é dois". Como quase tudo o que pensamos de bom, alguém já tinha dito isso antes -- no caso, o Lourenço Mutarelli, ainda que com uma entonação completamente distinta e mais melancólica -- mas ainda hoje eu rio quando penso que "em terra de olho, quem tem cego, errei."


Ficaram mais pobres o jornalismo, o humor gráfico, a ilustração, o teatro, as traduções e a intelectualidade livre em geral; o que disseram sobre o Chico Anísio vale aqui, ainda que com entonação distinta: morreram Millôr Fernandes.



segunda-feira, 12 de março de 2012

A Magia da Realidade - em português

Bom, eu já escrevi sobre este livro aqui no blog nesse post, mas acho que vale avisar que a versão brasileira acaba de ser lançada.  A tradução do título ficou bastante próxima do que eu havia previsto:

"A Magia da Realidade - como sabemos o que é verdade"

A capa é diferente da versão britânica e estranhamente diferente também da versão americana, que foi a que eu comprei por engano:

Versão brasileira 



Versão americana


 Versão britânica


Detalhe do livro


Sinceramente, não entendo o motivo dessas alterações, já que nessa obra, o Dave McKean pode ser praticamente considerado co-autor, uma vez que o que ele fez foi muito mais que simples ilustração.  Na minha opinião, a capa britânica é mais bonita.  Em relação à capa norte-americana, a imagem está inexplicavelmente espelhada e reduzida, o subtítulo vem em cima (??) com uma fonte sem graça e os nomes de Dawkins e McKean tem menor destaque...enfim, vai entender.

Bom, tá dado o recado.  Vale a pena pra quem tem criança, vale a pena pra quem não tem.

domingo, 4 de março de 2012

Humor é... (1)

Um dos conceitos mais importantes do chamado neodarwinismo ortodoxo,  é a caracterização da Evolução como uma luta pela sobrevivência, porém, não uma batalha travada pelos indivíduos, mas por seus genes.  Um tatu-bola nada mais é que uma máquina extremamente complexa que tem, por objetivo final, a manutenção  e reprodução de um gene específico, ou de um conjunto deles.  Quando um tatu-bola se reproduz, gera uma prole que carrega exatamente 50% de seu DNA.  Como um tatu-bola macho qualquer compartilha quase todo o seu DNA com uma tatu-bola fêmea, o tatuzinho-bola compartilhará com o pai praticamente 100% de seu código genético.  Trata-se de um processo de transmissão de genes muito eficiente.

Seguindo essa linha de pensamento, chega-se à conclusão óbvia de que nós, humanos, também somos veículos de transmissão de genes.  Por acaso, veículos bastante espertos.  Certamente mais espertos que tatus-bola.  Foram genes que construíram uma carapaça e deram aos tatus-bola a capacidade de se enrolar para se proteger de predadores.  Esses genes permaneceram no DNA dos tatus porque os indivíduos que não tinham esses genes tinham suas vísceras facilmente mastigadas por carnívoros, e animais que têm suas vísceras mastigadas por carnívoros tem mais dificuldade em se reproduzir.  Dessa forma, um ancestral qualquer do tatu que tivesse um pedacinho pequeno de carapaça já teria alguma vantagem em relação ao seu irmão que não tivesse.  O cérebro humano é também uma criação dos genes, possivelmente, a criação mais complexa e extraordinária desse grupo de moléculas.  O cérebro humano se desenvolveu porque ser um pouco mais inteligente que o macaco vizinho provou ser uma grande vantagem evolutiva.  Como está claro que a inteligência humana é uma manifestação do cérebro, pode-se afirmar que a inteligência é um atributo fenotípico, e deve ter evoluído junto com os cérebros.

Discutir o que é inteligência é uma coisa muito distante do meu campo específico de conhecimento, mas vamos ficar com as duas primeiras definições do Aurélio e com a Wikipedia:

inteligência

[Do lat. intelligentia.]
Substantivo feminino.

1.Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade.
2.Qualidade ou capacidade de compreender e adaptar-se facilmente; capacidade, penetração, agudeza, perspicácia.

Inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender.

Por mais que ainda existam pessoas que não reconheçam qualquer inteligência nos "animais irracionais", a inteligência humana teve que evoluir a partir de uma inteligência menor, e essa, de uma inteligência ainda menor, até o ponto em que teremos uma inteligência muito primitiva evoluindo a partir de alguma outra coisa que não era inteligente.  A primeira inteligência provavelmente foi, como todo o resto, um golpe de sorte: uma mutação que levou a uma vantagem evolutiva.

Não é difícil reconhecer alguma inteligência em animais.  Quem teve cães, gatos e outros bichos sabe que há cães mais e menos espertos.  Todos sabemos que cães são muito mais espertos que galinhas... Já as galinhas são mesmo animais muito estúpidos: eu pretendia continuar o raciocínio afirmando que galinhas são muito mais espertas que as minhocas que devoram, mas tenho minhas dúvidas.  Há quem diga que tudo que um cão faz, faz por "instinto" - normalmente gente que acha que a inteligência vem da alma e que alma é atributo exclusivo dos humanos normalmente têm dificuldades em reconhecer inteligência em animais, ainda que achem que seus bebês estejam se comportando como verdadeiros acadêmicos ao encaixar um cubo em um orifício quadrado, coisa que chimpanzés fazem com facilidade.

Bom, essa longa introdução serve somente para estabelecer que a inteligência é um fenômeno produzido pelos cérebros; existe porque genes capazes de gerar cérebros eficazes em  produzir mais inteligência foram recompensados com a sobrevivência.

Muitas das condições que levaram à evolução do cérebro humano não existem mais - o cara que não sacou que podia jogar sua lança na fera que vinha correndo, urrando e babando em sua direção não sobreviveu - mas o cérebro é um órgão altamente sofisticado e adaptável, e logo pôs-se a produzir outros fenômenos interessantes, sendo um deles o humor.

Humor é uma coisa muito difícil de definir.  Recorrendo novamente ao Aurélio:

humor

(ô) [Do lat. humor, oris.]
Substantivo masculino.

6.Capacidade de perceber, apreciar ou expressar o que é cômico ou divertido.

A Wikipedia deixa clara a dificuldade da definição do termo; em algum ponto, citando São Tomás de Aquino, o artigo diz que o humor pode ser visto como algo fundamental à existência humana.  Pode ser, pode ser...aparentemente rir faz bem, libera endorfinas e várias substâncias ligadas ao prazer.  Parece ser também um momento de alívio mental, e esse lado é explorado em um ótimo texto do Hélio Schwartsman, de 2001 (segundo texto nessa página).  Citando Arthur Koestler diz que o humor ocorre quando percebemos o choque entre dois contextos ou códigos de regras diferentes, coerentes, porém excludentes entre si:

Ou seja: quando observamos uma ação qualquer em curso (ou um raciocínio qualquer), temos uma certa expectativa de resolução; quando acontece alguma coisa e  o resultado não é aquele que esperaríamos, mas o resultado de uma outra ação qualquer, inesperada, nós nos surpreendemos.  Quando há alguma tensão ou expectativa sobre o que deveria acontecer, a  resolução de uma piada é um momento de alívio de tensão.  A gente ri de nervoso.

Schwartsman segue lembrando que nós rimos de coisas diferentes em idades diferentes: bebês e crianças riem de caretas, pré-adolescentes gostam de piadas escatológicas e adolescentes gostam de piadas sexuais.  A estrutura é sempre a mesma: algo inesperado acontece e leva ao resultado riso.  O comercial "itaú sem papel" é um bom exemplo:


O bebê rola de rir quando o pai rasga um papel na sua frente.  O que será que se passa na cabeça da criança?  "esse negócio é grande, quando meu pai mexe nele, ele se movimenta". De repente, o pai rasga um pedaço - movimentos devem gerar movimentos, não transformar um objeto grande em algo menos, fazendo um barulho estranho.  É uma relação não-óbvia.

Enfim, conforme envelhecemos, vamos percebendo relações não óbvias no plano abstrato.  Algumas pessoa são melhores que outras nisso.  A formação cultural tem algum peso na capacidade humorística das pessoas, mas não é determinante.  Claro que além de fornecer um certo vocabulário e repertório, a imersão cultural é intelectualizante.  Piadas só funcionam se as pessoas compartilham dos elementos necessários para a compreensão.  Ainda assim, há pessoas que são boas em perceber o humor, outras que além de perceber, se divertem produzindo humor.  Essas duas habilidades aparentemente estão relacionadas a algum tipo de inteligência.

Um indivíduo faz uma piada porque:

1. Percebeu uma situação que julgou engraçada e teve vontade de compartilhar.
É o humor situacional: um comentário no metrô, chamar a atenção de alguém com o olhar para uma situação qualquer, lembrar de uma história ou piada que tenha a ver com um determinado contexto;

2. Demonstração de habilidade intelectual.
Já li por aí que a produção humorística é uma característica mais comum em homens que em mulheres.  Embora a capacidade de entender piadas seja igual entre os dois sexos, contar piadas seria uma forma dos homens demonstrarem às mulheres a sua inteligência e habilidades sociais.  A enorme superioridade numérica dos homens entre os humoristas parece indicar que essa é uma hipótese razoável.

Um indivíduo não acha graça em uma piada porque:

1. Não foi capaz de abstrair os elementos que geram a situação contraditória.  Schwartsman traz dois bons exemplos:

"O masoquista é a pessoa que gosta de um banho frio pelas manhãs e, por isso, toma uma ducha quente". 

"O sádico é a pessoa que é gentil com o masoquista"

A compreensão do humor nessas frases requer um pensamento relativamente complexo, que vai além da simples compreensão do que é ser masoquista ou sádico:

- o masoquista é alguém que sente prazer no sofrimento;
- o masoquista da piada sente prazer em tomar banhos frios pela manhã;
- o masoquista toma um banho quente para  não ter o prazer do banho frio, sofre, e assim ter prazer.

No final fica assim: o masoquista gosta de não fazer aquilo que gosta de fazer.  A segunda frase segue uma lógica semelhante.

2. Não entendeu porque não partilha de um certo contexto.
Situação de piadas que só podem ser compreendidas por pessoas que tenham um conhecimento prévio qualquer: o apelido de alguém, gírias ou termos restritos a determinados grupos, idioma ou cultura de locais diferentes (Family Guy é um bom exemplo de humor muito autorreferente à cultura televisiva norte-americana).

3. Entendeu, mas não vê graça porque a piada é óbvia demais.
Conforme as pessoas vão envelhecendo, ganhando cultura e convivendo com humor, certas coisas deixam de ter graça porque a contradição envolvida já foi vista muitas vezes.  Acontece, por exemplo, quando ouvimos anedotas infantis (do tipo "a piada do pintinho caipira é 'pir'").  É um caso de diferença de elaboração intelectual.

4. Entendeu, mas não acha graça porque considera a piada "imoral".
Caso de quem, por motivos culturais (postura conservadora), fica chocado com o simples exercício hipotético de situações ofensivas.  É também o caso dos neuróticos do politicamente correto: não pode piada com nada, só de pintinho caipira mesmo.

O humor não lida, necessariamente, com preconceitos, ainda que utilize muito o preconceito como arma.  Talvez isso ocorra porque quando se faz uma piada, pressupõe-se uma certa "imunidade diplomática": percebe-se uma situação que só seria engraçada caso preconceito "x" seja invocado.  O humor do tipo "piadas de salão", dessas que comediantes como Ary Toledo costumam contar, são baseadas, quase que exclusivamente em preconceitos: português, puta, preto, japonês, brasileiro (safado ou esperto), nordestino, padre, freira, judeu, muçulmano, turco, médico, enfermeira, advogado, corintiano.  Outras figuras comuns são o papagaio, que às vezes entra como esperto, às vezes aparece como sidekick de algum espertalhão; o "Joãozinho", garoto travesso.

"O Manoel, viajando pelo Brasil, vê um papagaio falando, fica impressionado com o bicho e resolve comprar um.  O vendedor, um brasileiro meio safado, resolve tirar proveito do gajo e o vende uma coruja, dizendo ser um papagaio.  O Manoel não nota a diferença e leva a ave para Portugal.  Anos depois, volta ao Brasil e o vendedor pergunta: - e aí Manoel, o louro já aprendeu a falar?  E o portuga tasca: - aprender, não aprendeu...mas presta uma atenção!"

Em recente entrevista ao Roda Viva, Angeli perguntou ao Laerte se seria possível fazer humor com gay sem ser preconceituoso.  A pergunta e a resposta estão nos 3 primeiros minutos deste vídeo:


Concordo com o Laerte.  Quando se faz humor com gays (ou qualquer outro grupo), lida-se com o preconceito, porém, há uma tolerância.  Um reflexo disso é a chatice do humor televisivo brasileiro, extremamente limitado pelo que se pode ou não dizer.  Nesse sentido, o humor americano se beneficia do fato de que o país leva muito a sério as tais da Democracia e da Liberdade de Expressão, ainda que o país não se importe muito com democracia em outros países.  No Brasil não há nada na televisão tão ácido e engraçado como Family Guy - aliás, o Laerte citou, em texto recente no seu blog que mesmo a tradução do título do desenho e do tema de abertura foram "babaquizados" para o mercado brasileiro.  Nos EUA pode-se dizer tudo.

Seguindo com a idéia, preconceito é uma estratégia muito utilizada, porém, não a única.  É possível fazer piada sem apelar para preconceitos e, no Brasil, o Laerte é mestre nisso.


Vejam, a graça dessa tirinha vem do desfecho inesperado, completamente independente da sequência dos dois primeiros quadrinhos.  É o non-sense.

Esse é mais elaborado que o humor anedótico, porque requer que o receptor detecte uma mensagem sutil de um contexto no qual a punchline é non-sequitur.  O humor televisivo inglês (e derivados) se apoiou largamente nessa possibilidade humorística, e o fazem muito bem há muito tempo.  Não sei se Monty Python inaugurou o estilo na TV, com o Flying Circus, mas certamente o grupo fez escola.  Pra quem não conhece, aqui vai um quadro clássico da trupe britânica:


Na mesma linha temos "Big Train" e "That Mitchell and Webb look", ambos ingleses, e o canadense "The kids in the Hall", produzido por Lorne Michaels, do Saturday Night Live.

Mas nem por isso o humor inglês abdicou do preconceito como arma humorística.  Recentemente o Gabriel me indicou um seriado inglês, chamado "Life´s too short".  A tradução literal seria "A vida é muito curta", sendo que o short em inglês pode se referir tanto a curto quanto a baixo em estatura.  O programa é dirigido por Ricky Gervais, o criador e diretor do "The Office".  Gervais é brilhante, e se consagrou, sobretudo, por um tipo de humor awckward, ou seja, constrangedor.

O programa é estrelado por um anão relativamente famoso, Warwick Davis, que participou de vários filmes (Harry Potter, StarWars - neste último, como ewok). No programa, feito em formato documentário-falso, ele interpreta a si próprio, e tem uma agência que aluga anões para participações em filmes, TV e eventos de toda sorte, a "dwarves for rental".

As coisas que acontecem com ele são as mais chocantes possíveis, uma vez que o cara tem um ego gigante.  Gervais explora desde humilhações a quedas - e Warwick cai muitas vezes.  Uma cena do terceiro episódio se desenrola da seguinte forma:

Warwick inaugura seu website, que é um fracasso de acessos.  Lá pelas tantas, ele começa a receber mensagens humilhantes.  Descobre que se trata de um estudante de uma escola próxima e vai lá tirar satisfação.  Entra na sala e começa a ler, para a sala de aula e o professor, uma mensagem que recebeu:

"Seu trolzinho feioso, eu quero te amarrar e te espancar."
a turma ri, o professor pede silêncio e ele começa a comentar:
"agora, não entendo o porque de tanta fascinação comigo...claramente deve ter um fetiche por anões.
a turma volta a rir, ele gosta de estar sendo divertido e continua:
"quer me amarrar, não?  Me parece meio gay..."
(risadas)
"talvez esteja apaixonado por mim...um fetiche gay por anões.  Seu nome é Justin Palmer."
a turma silencia, claramente constrangida.  O professor chama o tal Justin Palmer.  Nesse momento, escuta-se um barulho de motor, a câmera foca o rosto do anão, que fica consternado.  O garoto indo em direção a ele é um tetraplégico.  O professor interroga o menino:
Justin, isso é verdade?  Você escreveu isso?  Você fez cyber-bullying com este homem?
Sim.
Nesse ponto, o professor obriga o menino a se desculpar.  O anão diz que não é necessário, mas o professor prossegue, o menino se desculpa e começa a voltar pro seu lugar.  Quando está no meio do caminho, alguém joga um papel nele e grita "gay".  A turma ri.  A câmera filma o anão várias vezes, que ocasionalmente olha para a lente, o que transporta o espectador para o constrangimento da cena.  Depois, a câmera filma rapidamente o menino tetraplégico, que tem uma lágrima escorrendo.

É o tipo de coisa que normalmente revolta as pessoas, especialmente quando se transcreve a situação, como fiz aqui.  Cenas como essa despertam o moralismo em muitas pessoas, antes de qualquer possibilidade de compreensão humorística.  Mas quem já viu "The office" sabe como Gervais trabalha, e há uma graça nisso.  O humor nessa cena consiste em alívio...é engraçado porque é muito errado.  E sabemos que é uma encenação, que isso não poderia acontecer.

Infelizmente não achei nenhum vídeo com legenda dessa série, mas deixo aqui uma cena em que Liam Neeson conversa com Gervais a respeito de fazer algum trabalho humorístico.  É o tipo de coisa que jamais poderia ser feito por aqui (e tem muita gente pensando "ainda bem, não queremos essa droga").


No making of, os atores que participam da série falam sobre o programa.  O depoimento mais interessante é o de uma anã, que explica que sim, estão mexendo com preconceitos...mas para atingir uma idéia de humor muito mais profunda do que se imagina numa olhada rápida.

Enquanto isso, no Brasil estamos processando comediantes por conta de piadas.  O post abaixo, do Gabriel, traz bons exemplos de como bobagens foram transformadas em celeumas nacionais.  Além das confusões do Gentili, teve o processo do rafa Bastos.

O humor deve ser entendido como arte.  Um cara como david Letterman, capaz de fazer piadas  todos os dias, um Gervais, capaz de nos fazer rir das situações mais fdps, entre outros, são artistas geniais.  Da mesma forma que não se cogitou censurar os quadros de assassinatos de Lula, FHC e outros na última Bienal, que não se cogita proibir estátuas nuas, fotografias da desgraça humana ou comprometedoras, deve-se respeitar a liberdade humorística - aliás, a liberdade de expressão de forma geral.