quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Som regional é tiroteio

... morando aqui no Rio, eu estava pensando em comentar algo sobre a surrealidade hiperreal desta última semana. Mas aí me mandaram este texto, que de certa forma já diz tudo.
Enquanto não tenho tempo pra elaborar algo especificamente meu pra dizer, segue a porrada do Mate com Angu.


SOM REGIONAL É TIROTEIO

Por matecomangu




Saio do texto. Ouço imagens e vejo sons…

Queremos a democratização e descentralização dos traçantes regionais pros médios e altos. A burguesia folclórica, que curte um tiroteio, tem que ter história pra contar.

É inaceitavel que só as zonas norte e oeste tenham acesso a esse bem cultural.

Dar tiro é arte pra quem ouve e vê. Eu, particularmente,  gosto de bombas e tanques. Fuzis e metralhadoras. Sangue seco escorrendo pelo chão. Uma risada diabólica fazendo o refrão. Foice.

Agora diz pra mim, que cidadão nascido e criado em Ipanema teve o prazer de ter sua alma vomitada por uma rajada de AK-47 no meio de um bloco carnavalesco? Boom! E que criança já teve seu big barraca (mac) arrancado das mãos dos homens de preto?

Silêncio profundo sendo perseguido pelas batidas fortes do coração.

Sacudindo a espinha,  queremos compartilhar essa parada com os desprovidos de informação.

Exijo que o caveirão destrua as caixas de som da Baronneti e jogue gás de pimenta nos mauricinhos que frequentam o Empório. Que as UPPs ocupem o Alto Leblon e que os maconheiros do posto 9 tomem tapa na cara por conta de um baseado. Que o baixo Gávea seja reprimido pelo choque de ordem e que o parque Garota de Ipanema vire reduto dos crackeados.

Que no pedal overdrive, meu fuzil não ganhe flores cor de rosas do último enterro. E que, marcando o ritmo, a Glock 9mm não ecoe longe feito ensaios de segunda à tarde na beira do valão.

Quero ver granada na Vieira Souto e desfile de mortos na Avenida Atlântica.

Queremos igualdade.

E não tem nada melhor do que dividir nossas experiências bebendo água de coco.


Josenstein
o cerol gordinho da baixada.

Um comentário:

Marcel disse...

Gabriel,

Andamos conversando por e-mail e já coloquei algumas preocupações.
Este texto é o outro lado da moeda. Não só a terra de paz e felicidade apresentada midiaticamente com as tropas estaduais e federais.
Mas, há muito o que se pensar nisso e prefiro não tecer comentários sem refletir um pouco mais. Mas, como dizia o adágio popular: "Quando a esmola é demais, o santo desconfia."