sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Só pra constar (III)


Fez muito barulho na época, um monte de gente falou, e nós do Wilbor perdemos o momento; então desistimos de comentar.
Mas agora que veio isto, é legal abrir um espacinho.

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(Impossível pra mim não lembrar do Jorge Caron -- irascível, iracundo e falecido professor --falando: "arquiteto não é importante. Lixeiro é importante.")

A diversão da coisa toda: o discurso-bordão moralista de Casoy, ainda que ancorado na classe média, sempre me pareceu ser justamente o tipo de coisa que fazia sucesso entre o pessoal de baixa renda, do famigerado "povão", que acompanhasse jornais.
E foi justamente com esse público que ele mais queimou o filme.

Seria muito bom se não fosse uma merda.


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5 comentários:

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

Boris Casoy é um idiota. Sempre foi e sempre será.

Aliás, Gabriel, muita gente não viu isso...eu acho que convém anexar o video do "deslize" e das "desculpas".

Marcel disse...

Sem comentários...
O pior é que teve gente não achando nada de mais, e usando um bordão da antiga novela "O salvador da pátria". "...Meninos eu vi!"
Eu vi, gente vendo o vídeo (e não foram uma nem duas) achando normal, ou até, pior, dando razão ao cara...
Parece que perdemos (se é que tivemos) a capacidade de nos indignar...
Já dizia Boaventura de Sousa Santos (Catedrático de Economia da Universidade de Coimbra):
“As pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferente quando a igualdade os descaracteriza”.

Gabriel G; disse...

Belê. Agora tem um link pro vídeo na primeira frase do post.

Gabriel G; disse...

... voltando, o Arnaldo Branco falou coisas interessantes sobre o caso:

"Que o Boris Casoy (com seu passado no CCC e como cabo eleitoral do Maluf) é um sujeito sem critério que pode mesmo muito bem achar gari sub-raça, não nego. Mas o comentário, idiota e sem graça que seja, não é muito diferente do tipo de piada politicamente incorreta que já ouvi em bares da boca de paladinos da justiça social que acreditam ter alvará pra brincar de Caco Antibes.

O problema é que teriam a mesma dificuldade do Casoy em se defender da opinião pública se flagrados com a boutade sem o contexto de sua militância. A revolta de setores da esquerda com o apresentador lembra a indignação simulada da oposição a cada merda ou sifu dito pelo Lula, ou aquelas pessoas, nenhuma delas com mais de 90 anos, que chamaram um top-top de um assessor da presidência de “gesto obsceno”.

Nós gostamos de fingir que somos essencialmente bons e nunca dizemos algo desabonador sobre o próximo. A verdade é que brasileiro perde o emprego, mas não perde a piada."

O texto inteiro, intitulado "esquerda séria", está aqui:
http://www.revistazepereira.com.br/a-esquerda-seria/

Marcílio, o gêmeo malvado disse...

O texto do Arnaldo Branco é muito interessante sim. Acho importante citar um outro tercho do que ele escreveu, anytes de continuar:

"Antes de mais nada, não entendo como esses apresentadores se sentem à vontade para fazer piadinhas desse naipe cercados por tantas câmeras, ainda que seus operadores garantam que elas estejam desligadas."

Bom:

Quando o Lula fala "merda" ou "sifu", não está falando em off. Por mais que a oposição goste de rotular isso como um deslize ou ato falho do presidente, eu acredito que ele saiba muito bem o que tá falando e o que quer conseguir com isso. Tanto que eu ainda não encontrei ainda um agafe que realmente gerasse uma polêmica séria.

Já o Marco Aurélio Garcia, assessor do "top, top, top" estava também em off, mas em uma situação na qual seria impossível imaginar que qualquer coisa pudesse vazar. O caso dele é de espionagem mesmo. Além disso, o motivo do gesto não tem nada tão explicitamente ofensivo - tratava-se de comemoração do fim de uma acusação injusta, de que o governo tivesse "derrubado" o avião da TAM por negligência. Natural.

Já o comentário do Boris Casoy poderia ter sido dito por muita gente, como piada mesmo. Dificilmente alguém em sã consciência diria tal coisa, o próprio Boris Casoy deve conseguir pensar (se tirar algum tempo pra isso) em postos mais baixos na escala do trabalho...mas por algum motivo (possessão demoníaca?), o cara tava morrendo de rir do que disse. Brincadeira, só que de extremo mal gosto e aparentemente um tanto sincera.

E reiterando a citação do Arnaldo Branco, uma falta de noção impressionante, dizer uma merda dessas dentro de um estúdio de TV.

De qualquer forma, o texto é bastante ponderado e sai do lugar-comum dos chiliques que deram a tônica desse caso.

E quanto ao "Nós gostamos de fingir que somos essencialmente bons e nunca dizemos algo desabonador sobre o próximo. A verdade é que brasileiro perde o emprego, mas não perde a piada."...

Tem quem se segure.