Foram publicados hoje os dados da última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial. A principal novidade é o empate técnico da candidata petista com o governador Sérrebro, a Dilma de FHC.
Para muitos analistas, o empate aconteceu muito antes do que se previa, e isso sinaliza que a estratégia de Lula tem sido bem sucedida. Outro dado interessante é a estagnação de Ciro e Marina, quando se esperava pelo menos uma leve subida destes candidatos, já que ambos se utilizaram dos 10 minutos de TV de seus partidos.
O que isso indica, em nível nacional, é que a subida de 5 pontos de Dilma estão relacionados à queda de Serra, na mesma proporção. Pesa também o fato de que a rejeição à Serra é a maior e a que mais subiu. Ainda estamos longe das eleições e a rejeição de todos os candidatos deve subir bastante ainda.
A melhor notícia para os petistas foi o fato de Dilma já ter empatado com Serra, apesar de ainda ser menos conhecida pelo eleitorado. Isso indica que ainda teria bastante espaço para crescimento - ao menos mais que Serra. Além disso, na pesquisa espontânea (aquela na qual os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados), Dilma agora empata com Lula, com 10%. Serra tem 7%, e 4% responderam que votarão "no candidato do Lula".
O argumento tucano de que "Dilma não é Lula" vai naufragando aos poucos. Apenas 22% dos entrevistados respondeu que "não votaria no candidato de Lula", contra 42% que dizem ue votariam e 26% dos que dizem que talvez votariam. Lula tem conseguido sim transferir o seu eleitorado para Dilma, e a campanha, ao menos oficialmente, ainda nem começou. Eu não imaginava que pudesse ser diferente, uma vez que Lula se mantém como o presidente mais popular da história recente do país (ao menos desde que começaram os levantamentos deste tipo).
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Clóvis Rossi fez uma análise interessante hoje: Serra (ou qualquer outro) dificilmente se elege falando mal do atual governo, porque dificilmente a população, assistindo os seus DVDs vai engolir isso. Não parece razoável que agora, quando pela primeira vez temos um presidente bem avaliado em fim de governo, o eleitorado esteja propenso a optar por uma guinada, seja ela qual for. Serra precisaria mostrar que, mantendo as mesmas linhas do atual governo, poderia ser "ainda melhor". E isso não parece fácil, pra quem até então vinha dizendo que o governo Lula é uma continuação do governo FHC, que foi tão mal em tudo isso que "inventaram". Além disso, pesa contra o Serra o seu governo no estado de São Paulo onde tem enfiado, com alguma frequência, as patas traseiras pelas dianteiras - sem lembrar do fato de ter deixado de presente, para a cidade de São Paulo, um tal de Kassab.
Resumo da ópera: é uma eleição MUITO difícil para a oposição. Pela primeira vez será impossível utilizar o argumento de que "o candidato petista é burro e analfabeto". O argumento da falta de experiência também não cola, já que Dilma é mais experiente, em termos administrativos, que o próprio Lula quando assumiu. E é bom lembrar que Serra, até assumir a prefeitura de São Paulo, nunca tinha exercido qualquer cargo executivo. Era exatamente o que a Dilma é: um ministro de FHC.
Por fim, com a estagnação de Ciro Gomes, se torna mais provável sua candidatura ao governo de São Paulo (a não ser que aconteça o mais improvável e ele decida ser vice numa chapa encabeçada por Aécio Neves, mencionada anteontem). E a eleição fica do jeito que Lula queria: polarizada entre o seu governo e o de FHC. Dá pra imaginar o resultado disso?
Se eu fosse Serra, ficava no governo de São Paulo. Se fosse Aécio, disputava o senado por Minas mesmo. E se fosse o Sérgio Guerra, mandava o Alckmin pra queimar a cara de novo. Ou apoiava a Marina, sei lá...essa eles não levam.
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