quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Momento materialista e dialético (4)


Como acho que exagerei na dose de hermetismo deste post, vou dar uma pequena explicação aqui... oa trechos aqui fotografados são todos tirados do mesmo livro, uma Antologia de textos do grupo de arruaceiros vanguardistas intelectuais e artísticos dos anos 60 que se chamavam de Situacionistas.

Eu postei aqui imagens de trechos que me pareceram ao mesmo tempo simples e bastante exemplares da crítica e da retórica Situacionista.

O "núcleo duro" de conceitos da Internacional Situacionista é o livro seminal, ácido e metido-a-besta do francês Guy Debord, A Sociedade do Espetáculo. As idéias de Debord influenciaram (e influenciam) muita gente até hoje, e sua crítica à sociedade do consumo cultural mass-mediático é uma das mais antigas e relevantes.

Um resumo e comentário interessante das idéias pode ser encontrada neste texto aqui, do site Observatório da Imprensa, e neste outro texto aqui de Anselm Jappe, do qual cito um pedacim:


Lançado na França em 1967, A Sociedade do Espetáculo tornou-se inicialmente livro de culto da ala mais extremista do Maio de 68, em Paris; hoje é um clássico em muitos países. Em um prefácio de 1982, o autor sustentava com orgulho que o seu livro não necessitava de nenhuma correção.
O “espetáculo” de que fala Debord vai muito além da onipresença dos meios de comunicação de massa, que representam somente o seu aspecto mais visível e mais superficial. Em 221 brilhantes teses de concisão aforística e com múltiplas alusões ocultas a autores conhecidos, Debord explica que o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real.
Têm de olhar para outros (estrelas, homens políticos etc.) que vivem em seu lugar. A realidade torna-se uma imagem, e as imagens tornam-se realidade; a unidade que falta à vida, recupera-se no plano da imagem. Enquanto a primeira fase do domínio da economia sobre a vida caracterizava-se pela notória degradação do ser em ter, no espetáculo chegou-se ao reinado soberano do aparecer. As relações entre os homens já não são mediadas apenas pelas coisas, como no fetichismo da mercadoria de que Marx falou, mas diretamente pelas imagens.

Quem quiser ler o original pra valer, tem vários links (O livro era copyleft avant la lettre) . Eu conheço este.


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