domingo, 30 de agosto de 2009

Capa perfeita

(Não sei se vocês já perceberam, mas 2009 é "o ano do quadrinho no Wilbor"...)

Tirei este post deste blog aqui, que tirou do blog do quadrinhista Mark Waid.
O texto é do Waid, traduzido pelo cara do blog supracitado.

Eis uma capa perfeita....





“Essa é sem dúvida a melhor capa de revista em quadrinhos que eu vi nos últimos tempos, talvez no ano inteiro: THE SPIRIT nº 29, da DC Comics, desenhada por Paul Rivoche. É uma aula de tudo que uma capa deveria ser, e eu vou usá-la como exemplo de “como fazer certo” pelo resto da minha vida. Vamos dar uma olhada:

1) É mais do que uma simples imagem; ela conta uma história. Seus olhos vão primeiro direto ao Spirit, depois à garota, depois ao fato de que cada um deles está olhando para seu relógio, e a linguagem corporal deixa claro que um está esperando o outro. E então seus olhos descem até onde a bomba está colocada. Depois você vê o horário na bomba. Depois seus olhos vagueiam de volta para cima até o relógio digital e você nota que falta 1 minuto para a explosão. Meu deus, essa capa implora que você abra a revista para descobrir o que vai acontecer.

2) Ela está perfeitamente colorida. PER-FEI-TA-MEN-TE. Os olhos imediatamente vão até o Spirit, o personagem central da revista, em seu azul encorpado. A visão naturalmente cai para a esquerda, encontrando a mulher em suas cores brilhantes porém secundárias. Depois os olhos descem até o vermelho vivo da bomba. E as mangas do vilão são coloridas espetacularmente-aparecendo apenas o suficiente para serem visíveis, não se perdendo em meio ao cinza da plataforma do trem e não se destacando antes que você veja a bomba ou perca seu foco. Os 2 elementos mais importantes da ilustração – o herói e a bomba – são os elementos que se destacam mais claramente,
como deveria ser. O logo tem sua cor precisamente retirada de outras cores na ilustração, e ainda assim é perfeitamente legível. Se alguém tivesse feito esse logo, digamos, vermelho vivo, eu teria que bater nessa pessoa. Isso teria arruinado o balanço da capa toda. Da mesma maneira, se os braços do vilão fossem gritantes para chamar atenção, eles brigariam para serem vistos primeiro e teriam estragado a composição.

3) O desenho em si tem a precisão de um ônibus espacial. Tudo aponta em direção às duas figuras principais. Tudo. Os papéis voando. Os braços do vilão. O trem. Os trilhos na parte de cima. O relógio digital, meu deus. A LÂMPADA EM CIMA DO SPIRIT. E ainda assim nenhum desses elementos atrapalha ou chama muita atenção para si mesmo.

Eu tenho sido, como todas as pessoas espertas, fã do trabalho do Paul por muito tempo, mas esse é um gol da harmonia. Jovens ilustradores, jovens editores, quando em dúvida, façam
isso. Isso é uma capa. Eu vou usá-la como objeto de ensino de agora em diante.”




Bem, é isso mesmo.


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domingo, 23 de agosto de 2009

Injustiça



Se você for um tradicional conservative, você pode fazer uma piada de Obama com Coringa e escrever "joke" (piada) no lugar de "hope (esperança), tirando sarro do slogan de Obama, ou usando a frase "eu pareço ter um plano?", tirada do filme Batman: The Dark Knight.

Se você for um exacerbado libertarian, faz sentido você criticar Obama por sua intervenção na economia escrevendo "socialismo" embaixo dele.

Se você for um idiota você pode misturar Obama, Coringa e socialismo.

A injustiça à qual me refiro aqui, obviamente, é com o a figura do Coringa como brilhantemente retratada por Heath Ledger no último filme de Batman.

Do ponto de vista da direita, "socialismo" é sempre identificado com a imposição da ordem de estado sobre a escolha e liberdade individual. Como logo o Coringa de Heath Ledger, um personagem abolutamente anárquico, individualista e caótico, pode ser identificado com uma ordenação excessiva da economia?


Ah, sim: porque não estramos tratando aqui de ordem ou liberdade, mas de "grandes vilões", esses loucos raivosos e/ou invejosos que querem colocar tudo a perder.
E os "marvado", todo mundo sabe, são sempre "os otro". Os socialistas, os terroristas, os sorridentes e traiçoeiros heart-bleeding liberals. os pretos.


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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hey, Oscar Wilde


Achei essa no digital medusa, no meio de uma procura completamente nada-a-ver no google. Sério candidato a melhor cabeçalho de blog que eu já vi até hoje.

("aunt petunia didn't raise no reader". É bom demais.)


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sábado, 15 de agosto de 2009

Exercício (12)









Explicando a "piada"...

Galera, isto aqui foi uma apropriação/brincadeira com a Graphic Novel From Hell, de Alan Moore e Eddie Campbell (lançada em português como "Do Inferno"): uma ficção perturbadora e mística baseada nos assassinatos do século XIX que foram creditados a um tal de Jack the ripper.
Cortei e justapus pedaços da HQ e coloquei nas falas a letra de Are You Experienced, de Jimmy Hendrix...

Acho até que essa brincadeira faria sentido pro Moore (se ele acharia boa, é outra questão). Mas é necessário ler a obra -- e, claro, ouvir a música -- pra entender o porquê...



Se interessar a alguém, aqui vão mais detalhes:

A idéia me veio ao lembrar de uma cena específica do final da Graphic Novel. Todos os quadros em branco e preto que usei saíram dessa cena. Nela, o Dr. William Gull (médico da coroa britânica e também assassino estripador) pergunta ao jovem Sr. Lees (um desafeto de Gull e um pretenso "Vidente" que ganha a vida com charlatanice) se ele, que vivia fingindo convulsões e alegando conversar com espíritos, alguma vez já tivera uma visão verdadeira, uma revelação sobrenatural. E ante o silêncio envergonhado de seu oponente, o cirurgião apenas acrescenta: "eu tive".

Na HQ de Moore e Campbell, ao final de cada assassinato Gull tem alucinações, visões poderosas que se tornam mais fortes a cada ato. E é esse tipo de "experiência" abismal de imersão na loucura e de transe alucinatório que procurei montar na colagem "colorida". Nessa eu usei recortes (ops) das cenas das visões de Gull e das mulheres mutiladas por ele.

O transe mental costuma ser um tema muito importante para Moore, e ocupa um espaço crucial em várias histórias suas. Em From Hell, essa "experiência" é a do frenesi assassino, do sacrifício mágico, "religioso"; em V for Vendetta e Watchmen, por outro lado, o transe vem por meio do uso de drogas (respectivamente, LSD e haxixe).

Daí pro Jimmy Hendrix cantando/perguntando "are you experienced?" foi um pulo.

Bem, no mais: LEIA a HQ original. É longa, densa e difícil, mas é uma das ficções mais fabulosas e perturbadoras que já vi em qualquer meio. E, como em Apocalypse Now, o que há de transtornante não é a violência, mas sim o abismo extático de loucura relacionado a ela.


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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Senso de humor


Meses atrás, assistindo o desenho animado "Family Guy" (o qual é famoso por sua mordacidade), presenciei o seguinte diálogo entre Peter Griffin (praticamente o personagem-título da série) e sua mulher Louis.

Lois: "Estou me sentindo como aquela garota inglesa gorda do Titanic".

Peter: "que garota?"

Lois: "a protagonista de Titanic, aquela junto do Leonardo di Caprio."

Peter: "Querida, aquilo era um cara."

Lois: "O quê??"

Peter: "Aquilo era um cara. Aquele era o Phillip Seymour Hoffman."


Ouça o diálogo original aqui...


Eu achava a Kate Winslet linda mesmo quando era bem mais cheinha que hoje.
kate_winslet.jpg kate winslet image by charlene_patizar

Obviamente, isso não me impediu de gargalhar feito um imbecil.


Pensando bem, humor é por vezes uma espécie de purgativo da maldade interna.
Quem só tira sarro do que despreza não pegou o espírito da coisa.


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