sexta-feira, 13 de maio de 2016
Brazil, 2016*
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Cunha afastado
O afastamento de Cunha é motivo de alegria, sim. Apesar da descrença geral por parte da esquerda, eu sempre achei que Cunha não se sustentaria. Os poderes que controlam o processo do impeachment não são exclusivamente políticos, mas de "poder puro": tratam-se de forças que emanam do poder econômico, midiático.
A grande mídia, a partir de um certo ponto, já não poupava Cunha, pelo contrário: sua presença era incômoda, porque, de certa forma, confere ao processo a sua aparência real, ou seja, de ilegitimidade.
Cunha deixou de ser relevante assim que deixou de controlar o processo. Neste sentido, a decisão de Teori é boa, vai além do que se imaginava, em princípio (afastamento da presidência da Câmara, apenas), mas veio tarde. Cunha conseguiu conduzir tudo o processo do impeachment sem ser incomodado. Resta saber se o plenário do STF confirmará a decisão - acredito que sim.
Enfim, de alguma maneira, o afastamento de Cunha "justifica" o impeachment de Dilma. Será lido, pela direita, como uma vitória sua, como se de fato conseguíssemos extirpar todos os que delinquiram - mega power trip.
Cunha simplesmente perdeu relevância. Outros perderão em seguida: Moro tá pra sair de cena, aguardando somente a decisão sobre Lula. Depois disso, aí sim, a coisa estará completa e podemos esquecer lava-jato ou qualquer investigação que possa prejudicar o núcleo duro da corrupção brasileira (exceto PT). Sobrarão migalhas, peixes pequenos que virão de vez em quando, pra lembrar à família brasileira que "somos um país sério".
De qualquer forma, a sensação de ver Cunha afastado é aquela de ter cagado algo que nos fazia muito mal.
domingo, 1 de maio de 2016
Serra no Itamaraty
Fico aqui pensando no significado político dessa nomeação: o objetivo é acomodar o PSDB, além de uma série de outros partidos que deram sustentação ao golpe da dupla Temer/Cunha. Abrir mão de um diplomata de carreira para alojar um político também revela que ou Temer não está muito preocupado com os rumos das relações internacionais do país, ou que a função de negociação com o exterior cabe mesmo a um representante do mercado, e não a alguém que represente, de fato, o Estado brasileiro. Serra cabe bem no último papel. A renegociação da partilha do pré-sal evidencia o que Serra já disse antes, em telegrama revelado pelo Wikileaks:
"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta"
É sabido que o modelo que obriga a Petrobrás se mostrou complicado para a empresa, uma vez que a mesma não tinha capacidade de investimento para explorar em todas as áreas - o golpe fatal sendo a queda do preço do petróleo, que agora se encontra abaixo do custo de exploração do pré-sal. O valor da empresa caiu de US$380 bilhões em 2010 para 149 bilhões no dia 26/04/2016. No entanto, é importante lembrar que em 2002 a empresa se encontrava estagnada, com valor de mercado de US$15,8 bilhões (9,4 vezes menor que o nível atual). Enfim, vamos ver qual será o efeito Serra.
Celso Lafer, no governo FHC, que ocupou o cargo por 702 dias, entre 29/01/2001 a 01/014/2003.
Aliás, da redemocratização até o fim do governo FHC, tivemos 7 ministros (sem contar dois interinos, que somados, ocuparam o cargo por 78 dias), . Sabem quantos desses eram diplomatas?
Dois: Luiz Felipe Lampreia (FHC) e Celso Amorim (Itamar).
De 15/03/1985 a 20/5/1993 não passou um único diplomata pela chefia do Itamaraty, ou seja, todo o período Sarney e Collor, embora tenhamos tido até banqueiro (Olavo Setúbal).
Itamar ocupou a presidência por 821 dias na presidência, dos quais em 591 (71,9%) tivemos um diplomata como chanceler.
O governo FHC começa com um diplomata de carreira no Itamaraty, Luiz Felipe Lampreia, que ocupou o cargo por 2.203 dias, seguido por um interino, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, também diplomata, o que totaliza 75,9% dos 2.922 dias de FHC no poder.