O afastamento de Cunha é motivo de alegria, sim. Apesar da descrença geral por parte da esquerda, eu sempre achei que Cunha não se sustentaria. Os poderes que controlam o processo do impeachment não são exclusivamente políticos, mas de "poder puro": tratam-se de forças que emanam do poder econômico, midiático.
A grande mídia, a partir de um certo ponto, já não poupava Cunha, pelo contrário: sua presença era incômoda, porque, de certa forma, confere ao processo a sua aparência real, ou seja, de ilegitimidade.
Cunha deixou de ser relevante assim que deixou de controlar o processo. Neste sentido, a decisão de Teori é boa, vai além do que se imaginava, em princípio (afastamento da presidência da Câmara, apenas), mas veio tarde. Cunha conseguiu conduzir tudo o processo do impeachment sem ser incomodado. Resta saber se o plenário do STF confirmará a decisão - acredito que sim.
Enfim, de alguma maneira, o afastamento de Cunha "justifica" o impeachment de Dilma. Será lido, pela direita, como uma vitória sua, como se de fato conseguíssemos extirpar todos os que delinquiram - mega power trip.
Cunha simplesmente perdeu relevância. Outros perderão em seguida: Moro tá pra sair de cena, aguardando somente a decisão sobre Lula. Depois disso, aí sim, a coisa estará completa e podemos esquecer lava-jato ou qualquer investigação que possa prejudicar o núcleo duro da corrupção brasileira (exceto PT). Sobrarão migalhas, peixes pequenos que virão de vez em quando, pra lembrar à família brasileira que "somos um país sério".
De qualquer forma, a sensação de ver Cunha afastado é aquela de ter cagado algo que nos fazia muito mal.
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