Beati futuri, futura possibilia,
(futuro feliz, futuro possível)
Regozijai-vos, povo da Vera Cruz, pois tempos auspiciosos se anunciam!
Com a derrocada do perverso regime comunista que ameaçava os bons costumes em nossa pátria amada, podemos dormir tranquilos sabendo que o futuro será deveras alvissareiro. As primícias são animadoras: estamos a excisar tudo aquilo que é supérfluo, frívolo e dispensável no nosso novo governo. Começamos por eliminar um tal Ministério da Cultura, que dentre outras cousas, ocupava-se de regar, com os parcos recursos públicos, abonados artistas. Ora, nos bons tempos de outrora a pouquidade de normas que incentivavam a execução das artes jamais impediu o surgimento de baluartes culturais: cito Heitor Villa-Lobos, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Todos homens do povo, e com vantagens: do melhor que existe do povo. Não precisamos de samba nos morros, mas de gente nos campos e fábricas, construindo e alimentando o nosso povo. A retomada do progresso (sempre de forma ordeira, conforme preconiza o lábaro pátrio) não permite adornos e excessos.
Universidade é outro luxo no qual não devemos mais desperdiçar nossos mui-custosos recursos - até porque estes deverão ser sumariamente privatizados, passando às mãos de probos e valorosos homens de negócios, que saberão explorá-los de forma mais cosentânea, abatendo as sobras indesejáveis de nosso Estado. A academia foi uma idéia (com acento, como é o certo) deveras interessante. Bom enquanto durou, mas certamente é uma história de fracasso. Aqueles que educamos para liderar os rumos da terra-mãe infelizmente sucumbiram, ufanosos e iludidos, aos desvarios marxistas. Pergunto: que vantagens nos trouxe a tal academia? Apenas conflitos, nossa gente partida ao meio em dúvidas que lhes foram imputadas por esse povaréu que não entendeu muito bem o que é certo.
Não negamos que o conhecimento oportunize o florescimento de uma nação melhor, mas deixemos isso para aqueles que entendem do assunto: os estadunidenses e cidadãos do velho continente fizeram suas universidades com perícia. Aqueles que quiserem poderão - e serão incentivados - a estudar no estrangeiro, pagando com seus próprios recursos, por óbvio. E não me digam que isso restringirá a educação aos filhos dos abastados. A riqueza é o prêmio de quem trabalha, vivemos, doravante, o regime do mérito. Eu mesmo conheço dois rapazotes crioulos, que após adotados por adoráveis amigos foram capazes de atingir empregos admiráveis: médico e administrador no hospital dos pais. Bonito de se ver.
Devemos desfazer confusão que vem sendo propalada por aqueles que buscam a reconstrução do regime rubro: não é verdade, em absoluto, que a mulher não é valorizada em nosso novo Brazil. Pelo contrário, não acreditamos, por um instante sequer, que homens e mulheres sejam iguais. Não é possível, senhores, que caiamos nesse discurso fácil de lésbicas e feministas mal-amadas de que não existem diferenças de gênero - pelo contrário, existem e exigem que tratemos os diferentes, de forma diferente. Está muito claro que nos últimos tempos, muitas damas tem estado aflitas, preocupadas. A razão disso, amigos, é a inadequação do nosso contra-gênero para absorver de forma adequada, os enigmas das conversas políticas.
Mulheres laborando fora do lar foi outra experiência bem intencionada que fracassou. A tentativa foi pertinente, curiosa, mas não podemos mais arcar com as consequências. Conforme explanamos, a intelectualidade não apraz às mulheres. É importante que as famílias as eduquem, desde pequeninas, para agradar aos seus maridos - não sem serem recompensadas pelos cônjuges varões: flores e chocolates são sempre excelentes presentes. E às que não se casarem, há sempre a serventia necessária para tratar de seus idosos. Não queremos dizer que as atividades profissionais estão fora de alcance, de forma alguma, apenas que há atividades adequadas para mulheres de uma sociedade digna: professora de piano é, há séculos, profissão digna que pode muito bem ser exercida por nossas amáveis mulheres, ao menos para aqueles alunos sem maiores pretensões na música. Lembrem-se também que uma bela mulher ao piano anima qualquer festejo.
Haverão querelas, estamos certos, mas também sabemos que Ciência e Filosofia são efêmeras nas mentes preguiçosas. Pouco tempo de afazeres domésticos, novelas e revistas femininas deverão dar cabo de eliminar as preocupações tão comuns nos dias de hoje. Há ainda mais motivo para júbilo: com os modernos aparelhos inventados pelos homens, as tarefas do lar estão cada vez mais fáceis, de forma que haverá muito tempo livre para se dedicar a atividades como o tricô, bordado ou conversar com as amigas através do muro ou mesmo por video-chamadas! Beati futuri!
Povo da Santa Cruz, verde-louros, súditos do grande pato! Alegrai-vos, pois o futuro é premente! Construiremos uma nova nação, em nome dos pais e das mães, dos filhos e das filhas, da tradição e da propriedade, em nome de Deus.
Tempos auspiciosos se anunciam!
M.
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