Wilbor se Revolta completou dez anos. Pra ser mais preciso, isso ocorreu no dia 16 de setembro. Os poucos que acompanham as revoltas wilborianas sabem que elas sempre foram esporádicas, mas que, de uns tempos pra cá, estão mais pra espasmos eventuais de um blog outrora vibrante.
O Gabriel já analisou, em dois excelentes posts (aqui e aqui), os motivos para o declínio da produção do blog. Sugiro fortemente a leitura pois, mais que uma autoanálise, que foi o mote principal das comemorações de cinco anos (aqui e aqui), trata-se de um belo ensaio sobre a evolução da relação da sociedade com a internet e de como as redes sociais, especialmente o facebook, se tornou a própria internet. Abusando um pouco da autopropaganda, que é um dos motivos por aqui, sugiro para os novos leitores a leitura daqueles posts.
Nos textos mencionados já há uma reflexão divertida sobre o número dez, a importância de se comemorar um decênio, a relação com o nosso número de dedos, de modo que não resta muito a dizer a respeito do tema. Colecionarei ideias para 2017, quando prometo tratar, com alguma profundidade sobre as propriedades místicas e semióticas da dúzia.
De qualquer forma e sabendo que apesar da forte recomendação pouca gente se dá ao trabalho de ler "textões" citados dentro de textões, cito um trecho (rá!):
"Logo de início, toda a trivia de comentários e compartilhamento
de coisas bacanas que costumávamos fazer pelo Wilbor passou rapidamente
para o Face. E com razão: ele se presta ao compartilhamento coletivo de
forma incomparavelmente mais eficiente. Ninguém precisa vir ao nosso
cafofo buscar nossas sugestões de link, elas são oferecidas pelo feed. Os posts do blog ficaram definitivamente reservados para
colocações mais autorais e assuntos mais longos e desenvolvidos --
aquilo que hoje se chama de "textão". Ou seja: coisas para as quais,
coincidentemente, tanto eu quanto Marcelo passamos a ter cada vez menos
tempo, ambos embrenhados em nossas respectivas carreiras e vidas
pessoais.
(...)
Porém, a absorção e a sedução das redes vai mais longe: mais que um espaço de coisas mais rápidas, o Facebook é um espaço de contato público que
o blog nunca pôde ser. É um meio muito mais eficiente em "espalhar a
palavra". Nossas reflexões nunca foram tão lidas quando ficávamos só no
Wilbor. Como consequência, o face passou gradualmente a ser nossa
plataforma primária de produção. Muitos posts do Wilbor dos últimos
tempos foram originados como desenvolvimentos posteriores de posts do
face. E, obviamente, tudo o que colocamos no blog é obrigatoriamente
anunciado em nossas respectivas timelines.
Esse processo não foi
uma exceção isolada: nesse últimos anos, ficou visível que cada vez mais
blogueiros montaram no Face sua base de operações, lateralizando (ou
mesmo quase abandonando) seus blogs. E porque não? O tipo de
visibilidade imediata e velocidade de resposta que ele garante é
impressionante.
O problema, porém, é que um "blog" é nosso de uma maneira que nossa timeline do Facebook nunca foi ou será."
O problema, porém, é que um "blog" é nosso de uma maneira que nossa timeline do Facebook nunca foi ou será."
Não tenho reparos a fazer à discussão, até porque o tema já foi pauta de inúmeras discussões que tivemos ao longo dos últimos cinco anos. Conforme apontado pelo Gabriel, apesar de termos atingido um ápice de produção em 2007, é exatamente a partir de 2011 que a produção do blog cai vertiginosamente. Apesar disso, solicitamos ao Datafolha um gráfico e percebemos que, apesar da queda na produção, houve, à exemplo do crescimento de Marina Silva nas últimas pesquisas eleitorais, um crescimento subjetivo.
Há, claro, uma coincidência com uma utilização mais pesada do facebook. No primeiro quadrimestre deste ano produzimos 13 postagens. É um aumento discreto, impulsionado pelo momento político. Aliás, a atual crise de tudo faz com que o Wilbor pareça um blog de política. Não é, embora o tema tenha sempre estado em pauta em função do interesse pessoal que ambos temos. Tratamos com alguma frequência de ciência, literatura, quadrinhos e humor - produzindo-o ou discutindo-o.
Não faremos qualquer promessa de incremento, mas no entanto, temos uma novidade: articulando esse post com os textos do Gabriel, surgiu a ideia em adotar a mesma estratégia de muitos outros blogs amadores: deixaremos de divulgar as postagens apenas nas nossas timelines que, ao contrário do blog, são restritas aos amigos, e passaremos agora a divulgar os posts na página oficial de Wilbor se Revolta no facebook.
Há algum tempo as discussões dos posts (que nunca foram lá tão frequentes) passou a ser feita nas nossas timelines. O problema é que, ao contrário do que ocorre no blog, as postagens se perdem no facebook, sendo-nos apresentadas uma vez por ano, no aniversário do evento de publicação. Tendo a página, é possível resgatar as postagens com mais facilidade. A exemplo do que eu já faço sempre que me lembro, adicionaremos, a cada postagem, o endereço para o post na página do facebook, de forma a centralizar a discussão.
Enfim, eis a novidade. Nada mais adequado que fazer o lançamento num feriado de Tiradentes: um blog que foi traído pela internet, enforcado pelo facebook e voltou pra contar a história. Uma espécie de Tiradentes zumbi. Subscrevo ao compromisso já assumido pelo meu co-blogger: apesar de não haver qualquer demanda social para sua continuidade, Wilbor não morrerá (ao menos enquanto vivermos). A gente gosta dele. Eu sinceramente espero que essa estratégia de centralizar as operações de divulgação no facebook nos dê mais gás para dar uma animada no bichinho. Se não der, paciência, a gente continua tentando.
É isso. Ainda não completamos 11 anos, de forma que o meu post comemorativo está em dia. Parabéns pra nós e vida longa ao Wilbor. Continuaremos sendo um blog belo, recatado e do lar, aclamados pela autocrítica, produzindo aquele humor obscuro que vocês tanto não entendem.
Abraços!
Pra quem passou despercebido pelo link, aqui está o endereço no facebook. Curtam, compartilhem, convidem o amigos, mostrem pras vovós!!
www.facebook.com/wilborserevolta/
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