tag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post3022131971992915370..comments2023-10-01T13:26:51.400-03:00Comments on Wilbor se Revolta: histórias únicas e histórias muitasGabriel G;http://www.blogger.com/profile/01420002141110016617noreply@blogger.comBlogger6125tag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-32743881359638400062010-04-05T12:30:26.258-03:002010-04-05T12:30:26.258-03:00Vou expandir ainda a pergunta do Érico. Uma questã...Vou expandir ainda a pergunta do Érico. Uma questão ainda mais louca -- e provavelmente até mais visceral pra nós, brasileiros -- do que o "exotismo pitoresco" no trato com as culturas longínquas é o "exotismo pitoresco" existente no trato com as <i>culturas próximas</i>. <br /><br />É quase impossível pensar nossa cultura de hoje sem considerar a absorção / processamento/ comercialização / turistificação dos "outros" da sociedade normativa brasileira (folclore,Rap, funk, periferia e etc etc etc) e todos os jogos complexos de domesticação, espetacularização e distinção social em jogo.<br /><br />Cultura, afinal, é poder... é difícil liberá-la de sua dimensão de <i>knali</i>. :)Gabriel G;https://www.blogger.com/profile/01420002141110016617noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-90535407442179601912010-04-05T12:29:20.364-03:002010-04-05T12:29:20.364-03:00Hahahahaha!!!! Ótimas as suas histórias, Marcelo. ...Hahahahaha!!!! Ótimas as suas histórias, Marcelo. Acho que essas eu não tinha ouvido ainda... esse seu comentário já daria certamente um outro post, bem divertido.<br /><br />Bom vê-lo por aqui, Érico! <br />O interessante da questão do exotismo atual é que, quando se vai estudar a cultura metropolitana do século XIX, influenciada por Paris e pelo Império Britânico, o "comércio de exotismo" já era fortíssimo. <br />O momento "étnico" na ficção/arte/música foi mesmo um fato marcante do fim do século XX. É de certa forma uma reação ao tipo de estereótipo colonialista oitocentista, e ao mesmo tempo é efeito e expansão do "mercado de exotismo". Mas me parece certamente ser um dos aspectos da "ideologia de globalização" atual.<br />Acho que, nesse processo de "etnicização", ocorreu tanto pluralizações efetivas da experiência quanto processos de achatamento massivo dessas experiências em estereótipos e narrativas pasteurizadas... Como disse o George Clooney no "up in the air", "categorizar é mais fácil". Estereótipos e preconceitos são "formas de navegação" para a vida prática das pessoas... e talvez ainda mais num mundo inundado e pautado pelo excesso informacional desarticulado?<br /><br />Mas e se considerarmos ainda o fato de que essa "etnicização" convergiu com a progressiva transformação da cultura na grande mercadoria contemporânea (como dizem David Harvey e Fredric Jameson, entre muitos outros)? E se formos mais lonbge e considerarmos, como alguns autores, que no mundo "espetacularizado" nos tornamos cada vez mais incapazes de realmente experienciar as coisas... aí a coisa complica bastante, né? :)Gabriel G;https://www.blogger.com/profile/01420002141110016617noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-22218568531947444012010-04-03T20:30:28.810-03:002010-04-03T20:30:28.810-03:00Olá Érico!
Bom te ver (ou ler) por aqui! Concord...Olá Érico!<br /><br />Bom te ver (ou ler) por aqui! Concordo contigo, já há algum tempo tenho notado esse boom de escritores étnicos, que talvez venha, no sentido do que diz a escritora, ser uma coisa ainda mais generalizante do que "literatura africana". Ocorre o mesmo com a categoria "world music", que diabos é isso? Sei que lá fora, a nossa música entra na categoria.<br /><br />Não sei responder a tua pergunta, dá pra passar muitas horas e cervejas sobre o tema, mas não acho que a divulgação dessas coisas "exóticas" realmente contribua para a pluralização do pensamento humano...talvez homogeneize ainda mais tudo que é diferente do padrão ocidental euro-americano.<br /><br /><br />Abração pros dois!<br /><br />P.S. Me mudei pra Sampa, aparecendo por aqui dá um alô!Marcílio, o gêmeo malvadohttps://www.blogger.com/profile/09015368545505607206noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-55684069399681654952010-04-03T14:11:35.761-03:002010-04-03T14:11:35.761-03:00Muito legal seu texto, Gabriel. Recebi de várias p...Muito legal seu texto, Gabriel. Recebi de várias pessoas esse link e também achei muito legal o depoimento da escritora.<br /><br />Tem uma coisa interessante que eu gostaria de acrescentar: é sobre a popularidade de escritores "étnicos" na atualidade. Não sei se vocês perceberam, mas desde os anos 90 essa categoria de romance conquistou o gosto do público americano e do resto do mundo. Minha pergunta é: estamos de fato pluralizando a experiência humana ou apenas estamos passando por mais um surto de "exotismo" decorrente do contato com a alteridade das culturas longínquas? Não sei a resposta ainda. Fica para vocês.<br /><br />Um abraço,<br /><br />Érico.Dr. Silvério Fritzhttps://www.blogger.com/profile/16713471168999462462noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-70234339639029477422010-04-03T04:10:50.522-03:002010-04-03T04:10:50.522-03:00E pra terminar, já que toquei na questão da barrei...E pra terminar, já que toquei na questão da barreira linguística entre nós e os outros chicanos, uma outra história interessante do meu período nos States:<br /><br />Em quase todas as vezes em que a minha família de lá me apresentava e dizia que eu era brasileiro, a primeira coisa que todos me diziam, até com bastante simpatia era:<br /><br />"Ah, que pena...não falo muito bem espanhol" (Às vezes diziam isso em castelhano).<br /><br />Eu sempre respondia:<br /><br />"Eu também não."<br /><br /> - caras de espanto e certo constrangimento - <br /><br />Essas coisas me divertiram bastante.Marcílio, o gêmeo malvadohttps://www.blogger.com/profile/09015368545505607206noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8970043188647514236.post-86111812708286766602010-04-03T04:10:38.813-03:002010-04-03T04:10:38.813-03:00Em primeiro lugar, parabéns pela "diagramação...Em primeiro lugar, parabéns pela "diagramação" do post. Assisti i video depois do seu primeiro parágrafo e antes das suas considerações mais específicas acerca da fala de Chimamanda Adichie.<br /><br />Antes de continuar, vou deixar um aviso aqui, acho que vale a pena incluir no post: pra quem não entende inglês, tem uma opção, ao lado do botão "play" onde se pode escolher a língua da legenda. Acho que o adequado, para a maioria dos nossos leitores, é escolher o português mesmo.<br /><br />Bom, a respeito do que disse o Gabriel, concordo com tudo, e tenho a acrescentar algumas considerações e algumas histórias do meu período nos EUA, acho que a maioria dos amigos já ouviram:<br /><br />O primeiro choque aconteceu quando me perguntaram onde eu tinha nascido. Certo de que São Paulo era relevante o suficiente, respondi a pergunta, e escutei, de um dos melhores alunos da escola o seguinte:<br /><br />"Ah, São Paulo...é uma cidade grande, não?"<br /><br />"Sim, a segunda do mundo..."<br /><br />"Perto de Londres, certo?"<br /><br />"Sim, fica entre Londres e Tóquio."<br /><br />"Claro!"<br /><br />Obviamente também ouvi aquelas "tradicionais", a respeito de índios pelados na rua, existência de TV a cores e canais nacionais e coisas assim...sempre optei pelas respostas sacanas, que se tornavam ainda mais sacanas devido ao fato de que lá pelas tantas eu saquei que podia inventar qualquer bobagm, e que, geralmente, quanto mais absurda fosse a minha resposta, maior era o espanto deles - PORQUE ACREDITAVAM!<br /><br />De qualquer forma, não demorou muito para perceber o que a autora do video relatou: essas reações eram muito normais, uma vez que as pessoas não tinham qualquer informação sobre o Brasil - e, porque teriam? Da mesma forma, países "menores" ocupam pouco ou nenhum espaço nos nossos noticiários: o que se sabe no Brasil a respeito da Austrália, da Bélgica, da China ou da vizinha Argentina? Não muito. Obviamente, entre aqueles com acesso mais amplo às cultura isso muda um pouco, mas quando pensamos na média - ainda que na média dos estudantes universitários, pra ficar no exemplo da parceira de quarto da escritora nigeriana - percebemos que essa realidade não é tão incomum assim.<br /><br />No meu caso, em particular, era até menos provável que alguém pudesse dizer algo sobre o Brasil. Mestiços de europeus e japoneses são muito raros nos EUA, e o meu fenótipo incomum levou muita gente a situar o Brasil na Ásia, ainda que a maioria me identificasse como latino.<br /><br />Aqui está o segundo paralelo: da mesma forma como a autora teve dificuldade em se identificar como "africana", eu jamais me identifiquei como latino americano, e àquela época só conhecia Paraguai e Argentina pelas fronteiras com Foz do Iguaçu. De qualquer forma, não me sinto autorizado a falar pela América Latina, e sinto que o Brasil, em especial, tem uma identificação muito fraca com esse rótulo, muito provavelmente por conta da barreira linguística.<br /><br />Enfim, no fundo, penso que para ter múltiplas histórias de outros lugares, só conhecendo mesmo - não necessariamente pela presença física, mas também pelo acesso à produção cultural, interlocutores e mídia. As histórias únicas me parecem ser consequência da normalidade vigente no mundo.<br /><br />Muito bem lembrado pelo Gabriel o fato de que no presente momento O Brasil tem uma segunda história lá fora, devido ao momento político e econômico...isso é um fato muito interessante, porque torna possível para os gringos imaginar uma classe média educada no país.<br /><br />(continua)Marcílio, o gêmeo malvadohttps://www.blogger.com/profile/09015368545505607206noreply@blogger.com