segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Véio safado



Um causo: no meu primeiro ano de faculdade, estava em julho no Museu de Niterói, por ocasião de um ENEA (Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura). Palestra de Niemeyer, o véio Oscar -- que só tinha, olha só, 90 anos na época.
Aquela comoção. Umas meninas chorando. Eu pensava: "ah, que melação".

A palestra era aquela coisa de sempre, várias folhas enormes sendo desenhadas com um traço livre e despreucupado pelo senhor encurvado enquanto falava, essencialmente, as mesmas coisas que fala sobre arquitetura já havia uns 40 anos. (Bom, quarenta anos antes ele já tinha uns 50 anos...)

Depois de tudo, sessão de autógrafos com o decano arquitetônico. Fila imensa, enchi o saco e não fui atrás, medo de, sei lá, perder o ônibus. Um colega veterano da Arquitetura de São Carlos -- conhecido pela significativa alcunha de "le Monstre", "monster" ou apenas "monstro" -- foi pra fila pegar autógrafo. Demorou pra caralho.
Eram desenhinhos autografados que o veím batuta fazia para cada um. A maioria ganhava o rabisco-conceito do MAC de Niterói mesmo. Alguns pediam outros.

Segundo o que me contou, Monstro pediu pra ele fazer um daqueles famosos desenhos de mulher. Pra quem não conhece: uns rabiscos simples e inspirados de mulheres nuas, coisa bem simpática e niemeyeriana.

"Mas, isso é sacanagem!", o veím comentou.

"Arquiteto gosta de sacanagem" argumentou Le monstre.

E recebeu o desenho -- não lembro se acompanhado de um sorrisinho do ancião ou de alguma expressão semelhante à da foto acima.


Deus abençoe o véio cumunista.



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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Vá ao Planalto e fale com o presidente!

Feio...mas queria o quê?



Taí a foto do dia seguinte...o agricultor ângelo da Luz feliz da vida com as suas fotos do

gabinete presidencial. Outra coisa...sabe o que ele foi fazer em Brasília?
Ele queria era falar pro presidente, pra ajudar toda essa gente...o cara é o João de Santo Cristo, com menos sangue nos olhos! Boa hora pra campanha do Jeremias, Gabriel. 

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O Brasil e o descaso ao patrimônio intelectual.

A quem possa interessar...o tema é ciência, evolução do pensamento e respeito àqueles que foram diretamente responsáveis pelo avanço do saber deste país. Os representantes: a ciência geográfica e o professor Aziz Nacib Ab´Saber


Neste ano ganhou força uma tese, segundo a qual com o aquecimento global a Amazônia sofreria um processo de savanização. Essa hipótese é tida como a coisa mais próxima da verdade por 90% dos meteorologistas, e é baseada em modelos computacionais de previsão de tempo, simulações de 100, 150 anos.

Ouvi de alguns geógrafos de algum renome que a tendência é essa, Carlos Nobre, pesquisador do INPE defendeu a hipótese esse ano, no IPCC. Contra tudo isso, apenas uma voz se levantou: a do professor Aziz Nacib Ab´Saber. O professor, que estava na plenáriateve um debate ríspido com Carlos Nobre, afirmando que os estudos paleoclimáticos indicam que tanto a Floresta Amazônica quanto a Mata Atlântica expandiram seus domínios justamente em épocas de aquecimento.

Segundo Francisco Mendonça, outra vedete do mundo geográfico dos tempos atuais, Carlos Nobre não atacou Ab´Saber porque não pega bem contrariar um velhinho de 80 e tantos anos...

Bom...

Matéria publicada hoje, na Folha de São Paulo mostra que esse ano, após uma das maiores estiagens dos últimos tempos, a floresta ficou mais verde.

Os garotos dos modelos computacionais se apressaram em dizer que é o resultado de apenas um ano, que não sabem o que acontecerá se isso se repetir em intervalos cada vez mais curtos...

Ab´Saber 1 x 0 tecnólogos.

Explico: o clima não depende apenas dos fatores climáticos. A vegetação muito menos. Um geossistema será tão complexo quanto a quantidade de variáveis introduzidas pelo pesquisador. Obviamente, computadores são muito ágeis para calcular coisas, mas quem introduz dados nos modelos são os homens. Computadores não interpretam dados. Podem até tentar, mas indicarão sempre o resultado lógico baseado num modelo matemático que estará sempre incompleto, daí a diferença da interpretação feita peloo cara que talvez mais conheça a geografia do Brasil em todos os tempos. Um geógrafo do campo, um intelectual, um cara completo.


Fazendo um paralelo com a questão dos solos: a Amazônia é auto-sustentável nesse quesito...a matéria orgânica que mantém a pujança daquela mata é aquela fornecida pela própria floresta - biociclagem. Esse ano, em Morada Nova-CE observei um campo enorme de terra desnuda, apenas pedras sobre a terra. Após uma estiagem de quase 100 dias, havia umidade debaixo dessas pedras. E debaixo da floresta? Esses modelos consideram essas pequenas variáveis? Haverá lá plantas desconhecidas, que retém água e carbono sob a superfície? Sim. Haverá um animal esquisito que influecia numa cadeia de eventos ainda desconhecidos? Com certeza. Uma coisa é acreditarque o cerrado avance sobre áreas desmatadas, outra é pensar que o cerrado invadirá a floresta. Acho que essa geração de hoje joga demais com a certeza do que se conhece, ignorando fatores novos e antigos.

As vezes penso que por isso a ciência no Brasil vai tão mal das pernas...quando as coisas chegam ao ponto em que alguém se nega a debater com um professor para não ofender os mais velhos...quem tem cu tem medo, meus amigos.

Perguntem se alguém achava Newton, Eisntein ou Darwin uns bobos no final de suas vidas? Nos países desenvolvidos, esses caras são tidos como patrimônios intelectuais, a opinião deles SEMPRE deve ser levada em conta, no mínimo para ser debatida e descartada.

Para a infelicidade de Carlos Nobre, muita gente lá fora sabe quem é (e não quem foi) Ab´Saber. O que ele disse será levado em conta, ainda que daqui a 100 anos provem que ele estava errado. Como estava "errado" Isaac Newton...ciência é um processo cumulativo.

Enfim, que fique bem claro: sou fã do Ab´Saber. Vi esses dias uma entrevista do cara: enxergando mal, mas com a mesma clareza de pensamento de sempre. Certamente um dos grandes pensadores da história do Brasil, e ponto final.



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Sérrebro: o salvador da pátria

Maria Lúcia Amary, líder PSDB na Assembléia de São Paulo teve ontem um projeto seu aprovado por unanimidade.

O projeto pretende fazer de "Deus" disciplina extracurricular e optativa nas escolas públicas do estado de São Paulo.

Qual Deus? É a melhor parte: vão montar um grupo de estudos para chegar num deus "homogêneo, que contemple todas as religiões". Boa sorte, e se conseguirem, que enviem a Maria Lúcia para o Oriente Médio.

1. Não pode, nem optativa. Estado é Estado, igreja é igreja.

2. Como esse "deus homogêneo" vai lidar com certas questões em que os deuses se contradizem, como o universo ter sempre existido ou ter sido criado? O Mundo tem 6.700 anos ou 4.5 bilhões de anos? Os professores irão ensinar criacionismo como se fosse verdade? E os satanistas, como ficam? E os ateus?

Agora já era. E o único que pode salvar o estado de São Paulo desse enorme retrocesso é o governador, através do poder de veto. Contra uma decisão unânime da Assembléia...



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Me engana que eu gosto

Combustível ecológico.


São Carlos do Ivaí-PR. 21 de setembro de 2007.


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terça-feira, 18 de setembro de 2007

Pra quem não conhece o Saturday Night Live

Essa é do Saturday Night Live, muito engraçada





Dick in a box (pinto numa caixa)

Hey girl, I got somethin' real important to give you
So just sit down and listen
Girl you know we've been together such a long, long time (such a long time)
And now I'm ready to lay it on the line
(Wooow) You know it's Christmas and my heart is open wide (open wide)
Gonna give you something so you know what's on my mind (what is on my mind)
A gift real special, so take off the top
Take a look inside -- it's my dick in a box (it's in a box)
Not gonna get you a diamond ring
That sort of gift don't mean anything
Not gonna get you a fancy car
Girl ya gotta know you're my shining star
Not gonna get you a house in the hills
A girl like you needs somethin' real
Wanna get you somethin' from the heart
Somethin' special girl
It's my dick in a box, my dick in a box girl
It's my dick in a box, my dick in a box girl
See I'm wise enough to know when a gift needs givin' (girl)
And I got just the one, somethin' to show ya that you are second to none
To all the fellas out there with ladies to impress
It's easy to do just follow these steps
1: Cut a hole in a box
2: Put your junk in that box
3: Make her open the box
And that's the way you do it
It's my dick in a box...my dick in a box girl
It's my dick in a box, my dick in a box girl
Christmas; dick in a box
Hanukkah; dick in a box
Kwanzaa; a dick in a box
Every single holiday a dick in a box
Over at your parent's house a dick in a box
Mid day at the grocery store a dick in a box
Backstage at the CMA's a dick in a box (yeah-wow-wow-wow-wow-wow)
A dick in a box, a dick in a box, a dick in a box...


E essa outra é uma paródia sobre um desenho educativo...





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segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Viva a pirataria (de novo)


Um quadro do (pelo que vi até agora) excelente Making Comics do desgraçado do Scott Mccloud.

O livro acabou de sair no Brasil. Eu nem sabia disso. No mesmo dia em que soube (ontem) acabei de baixá-lo em inglês.

Hooray.



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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

googlando

Isso eu vi na Folha. Digitem "Brasil" no google.

Como pode mudar, já coloquei um print da tela...



















O link da primeira foto é esse.

O da segunda, esse.

E o da terceira, esse.


A menina da foto participou de um concurso de biquínis numa etapa da WCT (surf) aqui no Brasil. Se eu fosse ela, imprimia e guardava. Se eu não fosse ela (e é o meu caso), acharia estranho essa ser a primeira coisa que aparece sobre um país ao ser googlado.



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É isso aí!

Frase do deputado Paulo Bornhausen (DEM) ontem:

"Eles (o governo) vão ter o troco (pela absolvição de Renan Calheiros). Vamos derrubar a CPMF, o governo vai perder 40 bilhões de reais por ano".


Nossos aplausos:



idiota.



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Como é, como era

12 de setembro de 2007

Senadores, após votação secreta em sessão fechada "absolvem" Renan Calheiros. "Absolvem" entre aspas porque não houve 41 votos contra a cassação, mas 40, de forma que o presidente do Senado não foi inocentado pelos colegas, o que aconteceu foi a falta da declaração de culpado.

Dá na mesma, Renan continua presidente do Senado Federal.

Um dia antes da votação, eu discutia com um amigo sobre a votação. Não querendo dizer que eu já sabia (embora eu tivesse dito que nã), mas não acreditava em outro resultado, ainda tivesse um fio de esperança de estar redondamente enganado, muito enganado mesmo. O sintoma do resultado era a votação secreta em sessão fechada, e mais do que isso, o fato de que Renan Calheiros não renunciara até o dia da votação. Porque essa atitude? Será que Renan é cabra macho, como todo alagoano que se preze (com minhas desculpas aos alagoanos, aos machos e aos não-machos) ou tinha certeza do resultado? Fico com a segunda.

Voto secreto no Congresso é das maiores, senão a maior, afronta à democracia institucionalizada nesse país. Porque os votantes são representantes da vontade popular, estão lá representando idéias nas quais nós todos votamos...como pode, a gente não saber no que esses caras votam?

Tamanha a safadeza, que numa enquete feita na saída do plenário, 42 senadores declararam ter votado pela cassação, quando o placar eletrônico acusou apenas 35 votos contra Renan Calheiros.

Suplicy continua em alta comigo. O cara não furou feio até agora, declarou seu voto pela cassação há muito tempo. Não sei mais o que pensar do Mercadante, que não votou contra Renan (aaarrgh!!), mas assumiu a sua abstenção. Só não digo que jamais votarei nesse cara porque a política no Brasil proporciona muitos embates entre ruins x piores.

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Para a brava oposição do Brasil, um lembrete:

13 de Março de 2003:

Arthur Virgílio, PSDB-AM, líder do PSDB no senado: "O voto secreto é um instrumento que deixa o parlamentar, seja senador, deputado federal ou estadual ou vereador, a sós com a sua consciência, em uma hora que é sublime, em que vota livre de quaisquer pressões".

12 de Setembro de 2007:

Arthur Virgílio, PSDB-AM, líder do PSDB no senado: "Me sinto em uma reunião da máfia".


A votação de 2003, aliás, era justamente sobre o fim do voto secreto, em sessão que curiosamente foi aberta...outros arautos da moral, naquela ocasião votaram contra o fim do voto secreto, entre eles:

Tasso Jereissati, presidente do PSDB (Ceará);
Gerson Camata (PMDB-ES);
José Agripino Maia, líder dos "democratas" no senado (Rio Grande do Norte).
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Hum.

Ano passado, no meio do escândalo do mensalão, a câmara aprovou em primeiro turno um outro projeto para acabar com o voto secreto...geralmente, o segundo turno dessas votações acontece na mesma sessão, ou no máximo em 45 ou 60 dias. Só que eles esqueceram, faltou aprovar em segundo turno.

Bando de gente sem-vergonha. Bando de filhos-da-puta. Bando de covardes pode até ser...mas esse pessoal aí não se incomoda em ficar mal na fita quando faltam 3 anos para as próximas eleições. É tanto tempo, mas tanto tempo, que dá tempo pra comer o cú do Galvão Bueno e ainda ser eleito, mesmo com os protestos do Galvão (supondo que ele se oponha a tal coisa).

Sei lá, mas não dá pra compreender até qual profundidade essa coisa do Renan vai...ele ameaçou todo mundo, disse que tinha segredos dos outros senadores. Se tinha, deveria mostrar, mas ele nega que tenha dito tal coisa. Agora, se não tinha nada, estranho o cara não ter sido cassado. Estranho mesmo...não tem outro cretino do PMDB pra entrar no lugar? Só pode ser o Renan?

Pensem, a princípio não seria um prejuízo enorme a queda do presidente do Senado, nós já estamos acostumados. A princípio, a queda do Renan não atinge o Lula ou o governo. A princípio não atinge muito nem o próprio PMDB. Será que a ala do Sarney, que apóia Renan é tão importante assim?

Estou achando que é. Não sabemos porque, mas é sim. E se o cara tem dossiês e provas, tem contra todo mundo mesmo. Porque é governista agora. E era governista sob FHC. E tem corrupção agora. E tinha antes.

Deve, portanto, ter poder de fogo contra todos os lados mesmo. Fico pensando que se não fosse óbvio que Renan não iria cair, talvez peemedebistas, tucanos e "democratas" não teriam feito esse "jogo pesado" contra ele. Porque esses caras tem muito rabo preso. E que esse "jogo pesado", é simplesmente parte do jogo.

São todos amigos, amanhã estão jantando e governando juntos.

É assim que as coisas são.



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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Raízes

Só dois videozinhos que eu achei há algum tempo, coisa inofensiva.


video 1: aprenda a comer sushi:




video 2: aprenda a fazer cocô:



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Child abuse nos estádios

As pessoas continuam mandando fotos dessa campanha que tomou os EUA no ano passado. Essa foi enviada por Arthur Myers, de Kentucky.





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Finalmente!

Jorge, clique aqui



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O segundo poder

Nos dias de hoje, chamar a mídia brasileira de "quarto poder" é subestimar o papel dos meios de comunicação nacionais. Já discutimos outras vezes acerca do "difícil" equilíbrio entre liberdade de imprensa e os limites impostos pela ética a qualquer outro profissional: médicos, por exemplo, devem prestar atendimento emergencial sem pensar se a pessoa pode pagar; advogados não devem chutar cãess narua, enfim...

O tema é extremamente delicado, porque a imprensa brasileira é extremamente sensível, e apresenta o péssimo hábito de gritar ao menor toque dos dedos. Isso é coisa de porco né?

Duas casos recentes são pertinentes para essa discussão: a reação da mídia à proposta de criação de um órgão que regulamentasse os meios de comunicação e a campanha promovida pelas redes de televisão contra as restrições de programação por faixas de horário.

Com relação à ultima, acho a discussão pertinente. A regulamentação por parte de qualquer instituição ligada ao Estado cheira a censura mesmo, ainda que saibamos que as próprias redes não têm qualquer interesse em colocar a ética acima dos lucros dos anunciantes. Da mesma forma, as agências de publicidade reclamam para si os privilégios concedidos à imprensa para anunciar bebidas alcóolicas a qualquer custo, usando bundas e peitos em abundância. Uma das propostas feitas pelo CONAR (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária), foi a de vetar mulheres que "aparentem" ter menos de 25 anos nas propagandas de cerveja.

Dá pra entender. Só o que os publicitários querem é simplesmente a sagrada liberdade de expressão...isso é pedir demais? A sociedade democrática certamente não pode conviver com marqueteiros privados de bundas de crianças para anunciar cerveja pras crianças durante os programas infantis. Não sei se é puritanismo demais de minha parte, talvez o correto seja deixar que os caras que façam o que bem entenderem. Agora, precisa disso tudo pra vender cerveja? Proibiram a propaganda de cigarro e acho que nem os fumantes se incomodaram com isso, nem o Souza Cruz Bisneto não está mais pobre. Isso significa que a liberdade de expressão dos marqueteiros de cigarros não importa tanto assim. Porque liberdade de expressão produzida e embalada não vale. Liberdade de expressão é o direito de falar o que se pensa, não de mentir para induzir outras pessoas a agir de forma diferente, consumir algo, votar em alguém. O marketing é uma atividade econômica, deve ser regulamentada para que nós, consumidores, não sejamos tapeados. Aliás a tradução de "marketing" seria algo como "mercadagem". Equivale a fazer politicagem na política, soa como manipular, "mercadar" as coisas a seu favor...

Engraçado mesmo é o fato de que a imprensa adora criticar a imunidade parlamentar, foro privilegiado e voto secreto. Bom, o dano do voto secreto de um parlamentar eleito, de uma votação de cassação feita à portas fechadas, pode resultar em problemas semelhantes àqueles ocasionados pela falta de regulamentação da imprensa, do que pode ou não pode ser feito por jornalistas para obter certas informações.

Que a mídia tem um grande poder de manipulação ninguém discute. Que a mídia usou, usa e usará esse poder para favorecer grupos que a favoreçam tampouco. Bom exemplo é o do Sarney, que foi um presidente contestadíssimo e hoje posa de senhor respeitável. Ninguém mais lembra da distribuição de concessões de rádio e TV naquela época. Sarney (e outros) deram o poder da mídia para os seus pares. Não por outro motivo temos uma imprensa tão conservadora e esquisita. Não importa o que Lula faça, ele não é o homem que deve estar no planalto.

Por isso, ultimamente tenho pensado que, hierarquicamente, a imprensa é o segundo poder: porque engoliu o legislativo há muito tempo (ou o legislativo é boa parte da imprensa) ; na semana passada terminou de jantar o judiciário:

-
Nunca antes na história desse país houve uma foto da tela no laptop de um ministro do STF. Nem de caderno, de papel de bala com nozinho no meio ou línguas nos ouvidos;

- Nunca antes na história desse país saiu uma matéria no maior jornal do país relatando o que um dos ministros do STF conversava ao celular com um tal Marcelo, que mais tarde se revelaria seun irmão. Nem haviam relatado o que o sujeito jantou e que vinho tomou;

Dá pra entender isso como um "estamos de olho...", ou um "vê lá o que você vai fazer, a gente sabe". Independente do resultado do julgamento - qual será? - alguém acha que esse povo do STF votou tranquilo?

Outra: na semana passada foi publicada uma foto de um bilhete escrito pelo Arthur Virgílio para algum dos anjinhos do DEM. Foto tirada por cima do ombro, com alguma super-lente, lá das tribunas. Nunca tinha visto isso também. Pra não citar o já tão citado caso do Marco Aurélio Garcia.

Talvez devido ao ineditismo da coisa, no momento em que vi aquelas imagens eu tenha pensado que aquilo fosse uma uma exceção, e não o início de uma prática. Engano meu.

Dias depois, o ministro Lewandovski, foi entrevistado pela própria Folha. Perguntado se o assunto relatado pela jornalista intrometida não seria de interesse público, respondeu que "a privacidade também é de interesse público".

Jornalista pode ser investigado? Qual seria a reação da Globo ou da Folha se surgisse uma denúncia contra um de seus editores chefes, acusado de montar um esquema político para favorecer certo grupo político? Já pensaram que absurdo se, um belo dia, um político descobrisse que controlando os meios de comunicação teria muito mais chances de chegar ao poder ou lá se manter?

Brincadeiras a parte, obviamente a imprensa já foi muito usada para fins obscuros. Mas sério, será que alguém tem peito de mandar investigar a imprensa sob a acusação de que está mentido para obter alguma vantagem para alguém?

Como a imprensa reagiria? Talvez eles rapidamente acusassem uma ditadura (convenceriam muita gente!).

Como o governo reagiria? Processando a imprensa por calúnia? Proibindo que divulguem uma mentira na qual muitos acreditam? Parece a história de outro lugar...

E se alguém invadisse a privacidade da imprensa? Talvez a própria imprensa? Sob a justificativa de que a privacidade do outro jornal fosse de interesse público?

P.S. Perdi as malditas fotos do bilhete do Arthur Virgílio e do MSN do Lewandovski e não posso provar mais nada do que disse. Melhor me cuidar. Mas vou publicar mesmo assim. Pronto.



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A canja e a camisinha

Lembrei de uma história:

Certa vez estava comendo canja de madrugada com o Tiago, num desses estabelecimentos familiares e bem frequentados que funcionam nas madrugadas maringaenses, próximo à rodovia (Av. Colombo).

Lá pelas tantas, um grupo muito animado chega e se senta a umas duas mesas de distância: uns dois rapazes vestidos de caubóis, umas três meninas quase não vestidas (ou muito pouco vestidas de putas). A conversa rola animada na mesa de lá enquanto eu e o Tiago tínhamos canja e queijo escorrendo pelos cantos da boca.

O grupo deixa a mesa e lá pelas tantas a gente vê uma camisinha debaixo de uma das cadeiras.

"Que diabos...?"

Primeira coisa que me veio à cabeça:

"A camisinha veio na canja." Como camisinha na canja? "é do cozinheiro, que antes de picar o frango todo de forma aleatória, ele fode o frango, o cara tem alguma tara esquisita. Sei lá, o cara esqueceu a camisinha dentro do frango...mas mesmo assim, porque a camisinha?"

o cara respondia:

"Porque enfiar o pinto dentro de um frango sem camisinha é muito nojento, porra!!"

Não me lembro de ninguém pedir pra trocar a canja..."simplesmente tiraram a camisinha do meio, jogaram debaixo da mesa e continuaram comendo. Gente sem frescura."

Essa hipótese foi posta à mesa. Não, ninguém parou de comer a canja porque ficou com nojo. Não deve ter acontecido e a canja estava boa. Acho que o Tiago riu um pouco de canja pra fora...ou não.



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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Infeliz aniversário



Antes de alguém me acusar de anti-americanismo por ocasião desta piada velha (que eu nunca vi ninguém fazer, mas que certamente alguém já fez), deixem-me explicar o que a motivou.

Me dei conta outro dia de que, na minha cabeça, o último acontecimento da história comparável ao atentado das torres foi o lançamento das duas bombas atômicas em 1945.
Obviamente são acontecimentos completamente diferentes.
Por quê compará-los?

Consegue lembrar de algum outro acontecimento de destruição de grandes proporções que fosse repentino, violento, deliberado, voltado contra pessoas inocentes e – o mais importante -- que tenha, de uma tacada só, reconfigurado certos aspectos da dinâmica política do mundo?
E detalhe: reconfigurado as tensões políticas – em termos de discurso, ao menos -- pela pressão e o medo de coisas guardadas ou escondidas, e não tanto daquilo que está sendo efetivamente empregado...

Hiroshima e Nagasaki marcam o auto-coroamento napoleônico dos EUA como nação mais fodona do planeta. E é claro que não é coincidência a ironia de que seu “evento espelho”, o 11/07, ocorra justamente contra os EUA. Curiosamente, não deixa de ser ação e reação.

Agora, cuidado, vamos explicar melhor: não é porque os EUA “mereciam” umas porradas que terroristas se suicidaram com dois aviões sobre duas torres; mas simplesmente porque, desde 1945, eles são a porra do país mais poderoso e espaçoso do planeta (espaçoso no sentido de ocupar espaço, não de tê-lo, veja bem). Aliás, uma redundância: poder só existe na medida em que é exercido; portanto, ser mais poderoso é ser mais espaçoso...
Ser espaçoso é, entre outras coisas, pisar na grama dos outros, dar palpites na comida da vizinha, acotovelar todo mundo a cada movimento mais brusco. Em suma: é atrair inimigos. Mais espaço (territorial, econômico, cultural) se ocupa, maior a superfície de atriro, mais inimigos se faz.

Outro jeito de colocar a coisa: sem Hiroshima (e sem bomba atômica e sem a consagração dos EUA como superpotência) é muito provável que nunca chegássemos a um mundo em que alguém faria algo tão extremado e exagerado como os atentados do dia 11. Simplesmente porque não haveria alguém grande, poderoso e superlativo o suficiente para merecer essa atenção. (Bem, talvez a Rússia de outrora... mas deixemos pra lá).


Lembro de como estava eu e meus colegas de graduação no dia 11.
No meio de uma aula, o Rafael sai da sala para atender o celular. Ele volta interrompendo o professor e falando: “Ô. Terceira guerra mundial. Tacaram um avião no Pentágono”.

(divertido pensar que, no mesmo instante, o presidente da nação atacada estava numa sala de aula também...)

Não houve mais aulas no resto do dia, todos estupefatos diante de TVs à espera de notícias.

Naquele dia e nos dias imediatamente seguintes: lembro que, diante do acontecimento e do choque geral, fomos tomados de uma vaga euforia, ao mesmo tempo leviana e maníaca. Mais fazíamos piadas do que nos horrorizávamos, embora também estivéssemos horrizados e apreensivos – e talvez menos com o atentado do que com suas prováveis conseqüências.

(Claro, isso pra nós, distantes, seguros e estrangeiros, ainda que colonizados. Imagine a comoção deles. Não seria de surpreender se houvesse uma temporária interrupção coletiva do raciocínio lógico nos EUA...)

Essa reação meio-eufórica não era simples algazarra de adolescente ou “anti-americanismo” universitário (embora incluísse algo de ambos); tratava-se, principalmente, da emoção estranha e cruel de ver a história DE VERDADE acontecendo.

Por que era "História de verdade"?

1. Porque era mortalmente séria, repentina, chocante, de um só golpe e, ao contrário de cataclismas naturais e grandes acidentes, completamente política;

2. Porque era com alguém que, de certa forma, conhecíamos intimamente; Disney, Mathew Broderick, Daryl Hanna, Transformers, Superman, Stallone; nosso big stick, nosso Caramuru; nosso grande irmão lá de cima (com trocadilho)

3. Porque era um fato inteiramente coreografado e formatado especialmente para nós, das gerações nascidas e criadas já sob jugo completo da TV. Em algum recôndito íntimo, talvez nos parecesse que aquele efeito especial real (obra-prima da ficcionalização hiperreal da vida) fosse feito e dedicado apenas a nós -- como, inconscientemente, nos parece o olhar terno ou ardente da atriz através das câmeras. Eis o que permite que nos conectemos tão facilmente a essa ficção: esse buraco, essa incompletude que compartilhamos nós, filhos do tubo catódico, criados côncavos para que a mídia se faça convexa sobre a Terra.



(Nossas piadas na época agora me fazem pensar: muita gente deve ter tirado sarro quando soltaram as bombas nos japoneses...)



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Bang-bang no Rio

Curto e grosso - José Simão a respeito do trem alvejado por bandidos no Rio de Janeiro:

"Ministros vão ao Rio de Janeiro para inaugurar o trem-bala."


sem mais.

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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Listen to the Music (3)



Baixei e ouvi. Viva a pirataria!
Falando sério agora, vale muito a pena ouvir os álbuns "Tim Maia Racional" volume 1 e 2. Sim, aqueles que ficaram mais famosos justamente por terem sido recolhidos e proibidos pelo autor, "sendo encontrado em sebos por no mínimo R$ 250,00", segundo um blog. Com a revogação da proibição após a coisa repentina morte do cantor, os sebos devem ter perdido uns bons negócios....

Vale a pena ouvir, em primeiro lugar, por causa da música: um pusta dum soul e cheio de mojo (groovy, baby, yeah), bons arranjos estilão anos 70, um funkão raçudo e classudo pra James Brown nenhum botar defeito.

Em segundo lugar, vale a pena ouvir porque a letra é impagável: trata-se do mais longo jingle da história da propaganda mundial. O disco inteiro é um mantra, uma lavagem cerebral quase sem conteúdo, destinada pura e declaradamente a fazer a apologia das idéias (sic) e da salvação por meio dos ensinamentos da "seita" (na falta de uma palavra melhor...) "universo em desecanto" e seus conceitos (siiiic!) de "mundo racional", "energia racional", ou da "imunização racional" e o caralho a quatro.

Parece uma missa bizarra, talvez com algo que (pra ouvidos gonorantes como os meus) soa como o gospel dos negros norteamerigringos.

Parece até criação de um poeta concreto: tem meia dúzia de frases e expressões que são repetidas em ordens e melodias e ritmos diferentes na porra do disco todo.


Mas o pior é: o negócio que fica na cabeça mesmo. Dá até medo.

Enfim, se você é obscuramente bem humorado como eu: trata-se de uma obra-prima do humor involuntário. Divertidíssimo.


Leia o livro, descubra a verdade e atinja a imunização racional...



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Listen to the Music (2)

Resumo da ópera

"TIM MAIA RACIONAL"


Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto" Leia o livro "Universo em desencanto"


ad infinitum et nauseum et el carajo 



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Listen to the Music (1)

The proudest monkey
Dave Matthews Band

Swing in this tree
Oh I am bounce around so well
Branch to branch,
Limb to limb you see
All in a days dream
Im stuck
Like the other monkeys here
I am a humble monkey
Sitting up in here again
But then came the day
I climbed out of these safe limbs
Ventured away
Walking tall, head high up and singing
I went to the city
Car horns, corners and the gritty
Now I am the proudest monkey youve ever seen
Monkey see, monkey do
Then comes the day
Staring at myself I turn to question me
I wonder do I want the simple, simple life that I once lived in well
Oh things were quiet then
In a way they were the better days
But now I am the proudest monkey youve ever seen
Monkey see, monkey do
Monkey see, monkey do



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FAROESTE CABOCLO


"Amazônia, uma região de poucos"

Green Peace, fazendeiros e o jeitinho brasileiro numa terra sem xerife



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quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Zappeando

Information is not knowledge

Knowledge is not wisdom

Wisdom is not truth

Truth is not beauty

Beauty is not love

Love is not music.


Music is the BEST.




And that's Zappa for you.




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